30/11/2021

Publicações em Novembro 30

 


Quando, como agora mesmo, leio o Evangelho procuro entrozar-me no que leio, como se estivesse ali presente, para melhor entender o que estou a ler.

Já o disse mas não me importo repetir: o Evangelho é a "História" por excelência, relata factos reais que aconteceram, não tem como interpretar-se ou tentar "ler as entrelinhas" o que não está lá escrito, é o relato puro e fiel que o Divino Espírito Santo inspirou aos Evangelistas que escrevessem.

Ler e meditar o Evangelho deve ser uma oração, a minha principal oração diária.

Talvez durante não mais de Quinze Minutos ficar tranquila e pausadamente a considerar quanto leio, é, posso assegurar, um tempo muitíssimo bem empregue, traz consigo luz, tranquilidade e paz interiores, obtenho como que um "guião" para novo dia que começa.

Por isso mesmo esforço-me para que a leitura do Evangelho seja ou a última ou a primeira de cada dia.

A última porque a noite será, seguramente, mais tranquila, a primeira porque fico com sobejos motivos para fazer quanto possa para merecer a graça que me é dada.

Sim... o Evangelho é uma GRAÇA que o Divino Espírito Santo me quis dar como guia seguro para fazer o que devo sem me perder em acções espúrias, em desejos inconsequentes.

Sem qualquer receio de ser contraditado afirmo que a leitura diária do Evangelho é como que "meio-caminho andado" na busca da santidade pessoal.

Bom... convenhamos... eu, definitivamente quero ser santo!

Não um "Santinho" que a piedade popular usa para recorrer nas dificuldades... não!

Quero ser um santo autêntico, real porque tenho a certeza que se lutar por o conseguir nesta vida que vivo o hei-de ser na Vida Eterna.

                              S. ANDRÉ, Apóstolo

 


 

 

29/11/2021

Publicações em Novembro 29

 


Como muitas vezes estavamos junto ao mar, na praia.

A multidão era de tal ordem numerosa que Jesus teve de subir a uma barca para que todos O pudessem ver.

E... não só ver mas, sobretudo ouvir.

Já referi algumas vezes este facto espantoso: todos O ouviam fosse qual fosse a distância a que estivessem; falava num tom normal, de colóquio como se Se dirisse a cada um em particular e eu testemunhei isso mesmo... as pessoas ficavam como que em suspenso do que Jesus dizia.

Hoje voltou a um tema muito recorrente mas que continuava a ser o principal para aquela gente: o Reino dos Céus.

Queriam saber mais, entender melhor algo tão extraordinário que ansiavam: pertencerem a esse Reino.

Penso que ninguém em seu perfeito juízo deseje pertencer a um Reino medíocre, sem grande expressão, todos, absolutamente, somos súbditos de um Reino qualquer sendo legítimo portanto desejar pertencer ao Reino mais grandioso que possa existir e... que o Rei seja o mais justo e reuna os melhores atributos para reinar.

Surge-nos, assim, o Reino de Deus preenchendo esse anseio.

Um Reino Cujo Rei É o Criador, Dono e Senhor de todas as coisas.

Qualquer cristão tem, portanto, este estatuto extraordinário: pertencer ao Reino de Deus!

Desta realidade emerge uma obrigação eminente, importante: ser digno de pertencer a esse Reino. Como? Pois fazendo por ser súbdito fiel e cumpridor, em tudo, da Suprema Vontade do Rei.

Ele É muito exigente mas Sumamente Justo e, por isso nunca nos exigirá nada além das nossas capacidades mas, espera que Lhe demos inteiramente o que temos como nosso, mesmo que seja pouco ou, mesmo, muito pouco; como diz o povo... "quem dá o que tem a mais não é obrigado".

Dar o que se tem torna-nos mais ricos que antes porque passamos a receber a gratidão daquele a quem demos e, este, é seguramente um bem inestimável.

A forma como Deus demonstra essa gratidão excede em tudo a nossa expectativa, nem "um copo de água" deixa de ser compensado.

O meu Querido Pai dizia que "quem dá... empresta a Deus" e, eu agora compreendo bem o que queria dizer: ser credor de Deus!

Um credor que não se atraza na devolução do empréstimo e que paga juros altíssimos pelo emprestado.

Sou muito interesseiro e, por isso, quero ser "credor de Deus".

Logo ao acordar, depois de agradecer um novo dia que deseja que eu viva, ofereço-Lhe quanto nesse dia faça e, isto, obriga-me a fazer, o que for, o melhor possível para que a oferta seja o mais digna possível.

Como sei o "pouca coisa" que sou peço-Lhe que me ajude a dignificar essa oferta.

Talvez possa parecer algo estranho pedir tal coisa mas, eu não tenho qualquer receio que Ele não entenda o meu pedido.

Afinal o que está em "jogo" é a minha Salvação e sei muito bem que Ele compreende e aceita os "blufs" de que uso e abuso para ganhar o "jogo".

Hoje aconteceu, aconteceu-me, algo extraordinário que jamais esquecerei.

Há tanto tempo, já lá vai mais de um ano que, misturado nas turbas, sigo Jesus no Seu deambular diário pelas terras da Palestina e, hoje Ele, por momentos, fixou em mim o olhar.

Fiquei estarrecido!

Um olhar, como sempre, calmo tranquilo mas que parece como que o que hoje se chama uma "radiografia" que lê as entranhas do nosso ser.

Foi como se me dissesse: 'Eu conheço-te, sei quem és e o que pretendes'.

Levei algum tempo, confesso, a "digerir" tal coisa.

Ganhei coragem e atrevi-me: 'Senhor eu sei que sabes tudo e que me conheces muito melhor que eu me conheço a mim próprio, que achas que devo fazer?'

A resposta não tardou: 'Sê o que és e procede de acordo, sê um homem inteiro, de uma só peça, não te deixes ir ao sabor da corrente, das conveniências, cumpre os teus deveres de Pai, Avô, Irmão, Amigo,  alegre mesmo quando tenhas motivos para chorar, satisfaz os compromissos que assumes, comporta-te como um Filho de Deus, Meu irmão'.

Agradeci a resposta e quedei-me a pensar que, na verdade, ela encerra um programa de vida.

Um programa exigente, sem dúvida, mas que não me cabe avaliar sobre a minha capacidade para o levar a cabo. Se este programa é o que o Senhor acha que me convém tenho a certeza que Ele também sabe que preciso de ajuda... ah! como preciso!... para o cumprir. E confio plenamente que essa ajuda não me faltará nunca.

Lanço-me para a frente, encaro cada momento como o último que terei para cumprir o que devo: fazer, em tudo, a Amabilissima Vontade de Deus.

Tarefa grande de mais? Muito para além do que posso?

Tenho a certeza... NÃO! ELE nunca me pediria nada que não estivesse ao meu alcance conseguir e providenciará o que possa faltar-me. Estará sempre disponível para mim mas... quer que eu Lhe peça, o que for que julgo que preciso,com a confiança absoluta que se o que peço for para meu bem Ele mo dará, se e quando for mais conveniente. Não Se enfadará se eu achar que tarda em satisfazer o meu pedido, bem ao contrário... agrada-Lhe que eu insista uma e outra vez porque tal significará que a minha confiança e esperança na Sua Providência não esmorecem.

Ele Próprio deu como que um "mote" de como deve ser insistente a minha petição ao pronunciar a Parábola do Juiz Iníquo que acaba por atender os pedidos contínuos de uma viúva que para que lhe faça justiça, não porque estivesse preocupado com a administração da justiça mas para deixar de ser importunado.

O que Jesus quis que concluísse é muito claro: se com a sua permanente insistência a viúva alcançou o que pretendia como desistir na minha insistência para que Ele me dê o que peço?

Uma das "provas" que considero que procedo bem ao inssistir nos pedidos é a hábil insinuação do tentador... 'outra vez! Repetes vezes sem conta o mesmo pedido e nunca obténs reposta... porquê continuar?', esta é, como escrevi, a "prova", para mim mais concludente, de que estou no bom caminho.

É extraordinário constatar como o Senhor Se serve da tentação do demónio  das insinuações manhosas e hábeis que usa para me levar a considerar o me convém em cada momento ou circunstância. É, concluo, a Sua forma de consubstanciar o que me ensinou no Pai-Nosso: Livrai-me da tentação.

De uma mal aparente, possível, o Senhor tira sempre um bem concreto.

De facto... a tentação é, para mim, um mistério, porquê o Senhor a consente?

Julgo que a resposta está na Suprema Justiça de Deus. A herança que recebi dos meus primeiros pais, Adão e Eva, tem um "preço"... estar sujeito à tentação porque é a consequência directa do seu pecado.

Não a posso ignorar e muito menos rejeitar, uma herança é o que é. No entanto,  Ele, quer ajudar-me a usar essa herança da melhor forma e está sempre à minha disposição para me ajudar no seu correcto uso.

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28/11/2021

Publicações em Novembro 28

 


Jesus disse a Pedro: «O que atares na terra ficará atado nos céus, e o que desatares na terra ficará desatado nos céus

Atar e desatar é outra comparação utilizada por Jesus para manifestar a Sua vontade de conferir a Simão um poder universal e completo, garantido e autenticado pela aprovação divina.

Não se trata só do poder de enunciar afirmações doutrinais ou dar directrizes gerais de acção: segundo Jesus, é o poder de atar e desatar, ou seja, de tomar todas as medidas necessárias para a vida e o desenvolvimento da Igreja.

A contraposição atar-desatar serve para mostrar a totalidade do poder.

Ora bem, é necessário acrescentar em seguida que a finalidade deste poder consiste em abrir o acesso ao reino, não em fechá-lo: “abrir”, isto é tornar possível a entrada no reino dos Céus, e não pôr obstáculos, que equivaleriam a “fechar”.

Como não aceitar inteiramente como guia e chefe o que foi escolhido para esse lugar?

A missão do Papa é uma missão divina porque emana do próprio Jesus Cristo, com um mandato preciso e claro.

O que Jesus disse a Pedro não foram generalidades mais ou menos abrangentes, algo vago, indefinido. Não! É, portanto, claro que um cristão tem o dever de acatar as directrizes emanadas desde a Cátedra de Pedro.

Seja quem for o homem que a ocupe, ele é sempre o Vigário de Cristo na terra e, a palavra “vigário” significa exactamente, aquele que substitui alguém.

Na sua viagem no mar da vida, Jairo, encontra-se com a tempestade. O drama da doença, da morte eminente da sua filha querida. É um personagem importante, mas perante a gravidade da situação sabe, no mais íntimo do seu coração que só um milagre podia curar a filha e alguém lhe terá dito que, Jesus, poderia fazer esse milagre. Talvez tenha ouvido falar dos milagres recentes que Ele fizera.

Na sequência do Evangelho de São Mateus, Jesus tinha vindo de Gerasa e, decerto, os acontecimentos extraordinários, os dois mil porcos precipitados no mar como “preço”, da cura do endemoninhado, teriam chegado ao seu conhecimento; também poderá ter ouvido falar do filho da viúva de Naim, ressuscitado em pleno cortejo fúnebre. Vai, portanto, ter com Ele à praia, não espera que o chame, adianta-se e decide-se.

A situação é grave, a tormenta violentíssima. «Cai-lhe aos pés», diz expressamente o Evangelho. Uma atitude de enorme humildade, de profunda entrega.

Cair aos pés de Jesus é “meio caminho andado” para alcançar a misericórdia que se implora.

Que tem de mais ajoelharmo-nos? Não é Ele o Criador e Senhor de todas as coisas?

Esta passagem tão linear deve fazer-nos pensar na facilidade com que, por vezes, nos aproximamos de Jesus. Por exemplo, em frente do Sacrário, onde Ele está presente em Corpo, Alma e Divindade como nos comportamos? Ajoelhamos reverentemente ou, se não o podemos fazer, detemo-nos sem pressas e fazemos uma vénia conveniente, sentida, própria de quem se sabe servo quem cumprimenta o seu Senhor? E como O recebemos na Sagrada Comunhão? Aproximamo-nos com respeito, com profundo recolhimento interior? Se Ele Se nos entrega em Corpo, Alma e Divindade para nosso alimento, não será para nós bastante recebê-Lo como alimento? 

A comunhão deve ser um acto íntimo e respeitoso, feito com decoro e compenetração. Diria até, com cerimónia. Trata-se de Deus Nosso Senhor, Criador dos Céus e da Terra e de todas as coisas visíveis e invisíveis. O respeito, nunca demasiado, pelas coisas sagradas e, sobretudo, pela Sagrada Eucaristia, deve ser uma atitude permanente em nós e deveríamos esforçar-nos para o fazer também sentir aos outros.

Lembra-me de antigamente se comungar de joelhos, que é a atitude natural de recolhimento interior e respeito do homem para com Deus. Os tempos são outros, evidentemente, e a prática comum hoje em dia é comungar-se de pé. No entanto, não podemos, nem devemos transigir com novas práticas, - a menos que a Santa Igreja assim o recomende -, com facilidades ou, como dizia, familiaridades, sob pena de a Sagrada Comunhão se ir tornando uma coisa banal e corriqueira em vez de um acto profundamente reflectido e de extraordinária importância.

Ajoelhar-se diante de Jesus é uma atitude constante no Evangelho.

Pouco antes deste relato sobre Jairo, São Marcos conta-nos o que aconteceu com um leproso: «Vem ter com Ele um leproso que, suplicando e lançando-se de joelhos Lhe diz: Se quiseres, podes limpar-me».

De facto, qualquer atitude corporal pode ser adequada para se falar com Deus. Perante o nosso progenitor também não costumamos tomar nenhuma atitude especial, claro está, dentro das normas do respeito que nos merece. Mas, na oração, que é o nosso diálogo com Deus a nossa postura deverá ser, além de amor filial, e preferencialmente de recolhimento, de veneração, de reconhecimento do nosso “nada” perante o Criador de todas as coisas. A resposta de Jesus a esta postura de humildade e entrega confiante é sempre generosa, pronta, extraordinária. Ele comove-Se, enternece-Se, sente-Se movido a satisfazer o que pedimos.             

Jairo não sabe nada destas coisas, sabe apenas que, aquele Homem em frente do qual se prostra é a sua única esperança naquela grande aflição. Reconhece, assim, a Omnipotência de Jesus e, por causa deste reconhecimento que é já, em si mesmo, uma graça de Deus, toma a atitude de entrega, de submissão, de profundo respeito por Quem, sabe no íntimo do seu coração de pai amargurado, pode salvar a sua filha.

Jesus tem de se deter junto daquele homem que se ajoelha aos Seus pés.

A conversa interrompe-se, faz-se silêncio na multidão próxima, todos ficam expectantes do que se vai seguir. Jairo explica, certamente com um acento de ansiedade: «A minha filhinha está em agonia, Vem impor-lhe as mãos, para que se salve e viva!»         

Jesus entende muito bem a mensagem. Nela, Jairo, diz tudo quanto quer, o que precisa, o que deseja do Mestre. Diz o que o traz ali, à Sua presença, a urgência que o impele, a gravidade da situação que o consome e, com total confiança, faz o pedido, simples, concreto, objectivo. É assim que devemos rezar. Não nos ficarmos por “generalidades”. Como as crianças, dizer exactamente o que desejamos, pedir o que queremos, abrir a alma e o coração sem medos nem receios. Como as crianças – Pai, quero isto, quero aquilo , sem rodeios nem falsas razões. O Senhor sabe muito bem o que precisamos e o que é melhor para nós e nunca deixará de nos ouvir como desejamos ser ouvidos. Dar-nos o que pedimos depende da Sua Vontade e do bem que o que pedimos pode, ou não, ser para nós. Mas, Ele, sabe mais, sempre, fará o que é melhor para nós, por isso mesmo podemos – e devemos dizer: ‘Sei que farás sempre melhor que aquilo que Te peço. Aceito a Tua Vontade Santa sobre todas as coisas. Ámen’

Voltamos ao leproso. «Se quiseres podes limpar-me».   Que manifestação de fé, confiança absoluta no Senhor!

Uma confissão tão simples, sem rodeios, sem muitas palavras não pode deixar de tocar no fundo do Coração amantíssimo de Jesus. Ele olha para aquele homem, um destroço humano de quem todos se afastam com repulsa e compadece-Se de tal forma que faz algo tão extraordinário, que deve ter espantado tanto os circunstantes, que o evangelista achou que o deveria fazer constar: «Ele, enternecido, estendeu a mão e tocou-o».  Jesus não sente repulsa por ninguém, por mais doente que o homem possa estar, por mais grave ou horroroso que seja o mal que o afecta. Pois se não há pior mal que o pecado, nem nada mais horrível, e, Ele, nos acolhe, esquece, perdoa! Jesus não nos afasta nunca, somos nós que nos afastamos deLe.  

 

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27/11/2021

Publicações em Novembro 27

 


Desde sempre o mar atrai o ser humano talvez pelo que encerra de mistério e desconhecido. Constitui um desafio que está ali, poderosamente presente aguardando que alguém se aventure à descoberta do que esconde. E o que é a nossa vida senão um navegar num oceano desconhecido onde a cada momento precisamos acertar o rumo, corrigir a rota, guiando-nos pela bússola que nos indica o porto onde queremos chegar.

Há muitíssimos portos que, aparentemente, podem parecer-nos atraentes, interessantes. Talvez, até, adequados àquilo que costumamos chamar “a nossa maneira de ser”.

Vamos por ali, navegando como sabemos e podemos, determinados, umas vezes, tergiversando, outras, lutando contra os ventos e as marés, as tempestades ou as faltas de vento que enfunem as velas da nossa esperança.

Consideramo-nos marinheiros experimentados, sabendo muito bem como fazer para chegar ao porto?

Temos a certeza que os meios que usamos são os mais adequados, em cada momento e circunstância, para atingir o nosso fim?

Não seria muito melhor deixar nas mãos de Cristo o leme da nossa barca?

Ele sabe como fazer – sempre – para levar essa barca, que é a nossa vida, pelas águas mais tranquilas, pelo rumo mais certeiro, com os ventos mais favoráveis. Nas borrascas, estará firme no Seu posto, no cansaço da luta não Se deixará vencer nem pela fadiga nem pelo desânimo. No fim e ao cabo, Ele, é o Caminho!

Cristo está junto ao mar porque quer ver como nos comportamos na nossa barca, na nossa navegação. Ele sabe muito bem os perigos que o mar desta vida tem, conhece profundamente e em detalhe as nossas incapacidades e deficiências como “marinheiros”. Está ali, para “o que der e vier”. Da praia, se nos vir em perigo, aflitos com a perda do rumo, acenar-nos-á para que vamos ter com Ele.

É tão bom saber que Cristo está na praia do nosso mar! Que confiança nos dá o sabê-Lo ali, disponível para o que for preciso! Mesmo quando não nos damos conta, ou pior, quando ignoramos a Sua presença, Ele está lá, sempre, solícito e pronto a acudir-nos. Até se nos consideramos importantes, capazes, instruídos, sabedores, Ele não Se afasta, continua sempre disponível e expectante à nossa espera.

Foi na praia que Jesus começou a fantástica história da salvação humana.

Eram homens do mar os que, em primeiro lugar, Jesus escolheu para concretizar a Sua Missão Salvadora. Muito particularmente, estes três: Pedro, Tiago e João, acompanhá-Lo-ão sempre mais perto da Sua intimidade.

Quantas longas horas deve ter passado instruindo a sua pouca cultura, limando as rudezas do seu carácter, cimentando a sua dedicação!

Desejou tê-los conSigo nos momentos mais marcantes, que conhecemos, da Sua vida pública: Nos grandes milagres, como a ressurreições de Lázaro  e da filha de Jairo, como testemunhas particulares da Sua Divindade – na Transfiguração do Tabor - nas horas dramáticas de Getsémani.

A Pedro, impetuoso, decidido e… cobarde, desculpar-lhe-á a traição, o abandono e confere-lhe a suprema honra de ser o Seu primeiro representante na terra. Sabe que, apesar de tudo, pode contar com ele. A sua maneira de ser é por vezes irreflectida, mas, quando o Mestre o chama, mesmo sabendo que não lhe é possível caminhar sobre as águas lança-se impetuosamente ao mar para ir ter com Ele. Depois, cai em si, encara a situação e a sua confiança no Senhor, esmorece e como resultado começa a afundar-se. Mas Cristo está ali a pouca distância, o Seu olhar tranquilo não se despega do seu cheio de temor e grita: «Salva-me, Senhor!»

Jesus conversa com eles de forma que eles entendem bem: Fala-lhes do mar e da faina da pesca. Diz-lhes que o que espera deles, a tarefa grandiosa, extraordinária que lhes tem reservada. Talvez não tenham percebido completamente o que encerrava esta primeira lição, mas não precisaram de mais para se decidirem. Na escolha feita por Jesus, o que contou, de facto, foi a pronta decisão de O seguirem assim que os chamou.

Certamente haveria, na Palestina, outros homens de igual ou melhor carácter, com qualidades, talvez, mais marcantes, muito provavelmente mais capazes de apreenderem com maior rapidez a missão que lhes destinaria. Mas, no mar, sozinho entre o céu e a as águas profundas e misteriosas, o homem sente-se mais entregue a si mesmo, percebe que a sua vida depende da sua perícia, da sua aptidão, da sua capacidade de enfrentar as dificuldades. Os pescadores estão habituados a trabalhar em equipa, a obedecer a um chefe, o patrão da barca, a quem confiam as suas vidas. É ele quem dá as ordens, quem destina o que se deve fazer em cada momento, quem escolhe o rumo, quem melhor conhece os ventos e a força das ondas.

Pedro, não só é, deles, o que tem mais experiência, mas é quem sabe sempre o que fazer em todos os momentos. Mantém a calma e a serenidade perante os perigos sempre à espreita, sabe mandar e, muito importante, é capaz de substituir quem, por este ou aquele motivo, se encontre incapacitado para o trabalho que lhe compete.

São solidários uns com os outros, se um, por qualquer motivo, falha no que lhe está cometido, é substituído sem demora e sem recriminações.

Parece lógico que, a Igreja, venha a ser confiada a homens assim.

Mais tarde, é na margem do mar, que Cristo Ressuscitado lhes aparece.

Sabe onde os encontrar nas horas da desilusão e atordoamento que se seguiram à Sua Paixão e Morte; «Disse-lhes então Jesus: Não temais. Ide dar a notícia aos Meus irmãos, para que vão para a Galileia e lá Me verão».

 

Jesus e o mar…

 

Ele sabe bem o que espera os homens da Sua Igreja até ao final dos tempos. A agitação, os ventos contrários, os naufrágios, as vagas alterosas, o velame que se rompe, os mastros que quebram. Por isso, escolhe, sempre, um “patrão” para a Sua barca que sabe guiá-la através de todas estas dificuldades, que será sempre fiel ao rumo e que acabará sempre por alcançar bom porto. Esses homens que ao longo dos séculos se têm sucedido no comando da barca de Cristo, da Sua Igreja, são sempre as melhores escolhas porque, quem os escolhe, é Ele.

Como não confiar inteiramente naquele que foi escolhido para esse lugar?

Sozinho, entre o mundo e Cristo, o Papa encontra sempre o rumo certo para a Igreja, porque não confia em si próprio, na sua sabedoria ou aptidões, mas, sim, em Cristo a quem obedece fielmente nesse constante duc in altum.

Nem um “til”, nem um “jota” jamais será mudado ou alterado até ao final dos tempos. Jesus afirma: «Sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.» Estas palavras atestam a vontade de Jesus em edificar a Sua Igreja com uma referência especial à missão e o poder específicos que Ele, por Sua vez, conferirá a Simão.

Jesus define Simão Pedro como cimento sobre o qual construirá a Sua Igreja. A relação Cristo-Pedro reflecte-se, assim, na relação Pedro-Igreja. Confere-lhe valor e clarifica o seu significado teológico e espiritual, que objectiva e eclesialmente está na base do seu significado jurídico.

 

 

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