RESUMOS
DA FÉ CRISTÃ
TEMA 10 A Paixão e Morte na Cruz
4.
Sacrifício e Redenção
Jesus morreu pelos nossos
pecados (cfr. Rm 4, 25) para nos livrar deles e nos resgatar da escravidão que
o pecado introduz na vida humana.
A Sagrada Escritura diz que a paixão e morte
de Cristo é:
a) sacrifício de aliança,
b) sacrifício de expiação,
c) sacrifício de propiciação
e de reparação pelos pecados,
d) acto de redenção e
libertação dos homens.
a)
Jesus, oferecendo a sua vida a Deus na Cruz,
instituiu a Nova Aliança, quer dizer, a nova forma de união de Deus com os
homens que tinha sido profetizada por Isaías [i],
Jeremias [ii] e
Ezequiel [iii].
O novo Pacto é a aliança
selada no corpo de Cristo entregue e no seu sangue derramado por nós [iv].
b)
O sacrifício de Cristo na Cruz tem um valor
de expiação, quer dizer, de limpeza e purificação do pecado [v].
c) A
Cruz é sacrifício de propiciação e de reparação pelo pecado [vi].
Cristo manifestou ao Pai o
amor e a obediência que os homens Lhe tínhamos negado com os nossos pecados.
A sua entrega fez justiça e
satisfez o amor paterno de Deus, que tínhamos recusado desde a origem da
história.
d) A
Cruz de Cristo é acto de redenção e de libertação do homem.
Jesus pagou a nossa
liberdade com o preço do seu sangue, quer dizer, dos seus sofrimentos e da sua
morte [vii].
Mereceu com a sua entrega a
nossa salvação para nos incorporar no reino dos céus:
«Ele livrou-nos do poder das
trevas e transferiu-nos para o Reino do Seu muito amado Filho, no Qual temos a
redenção, a remissão dos pecados» [viii].
5.
Os efeitos da Cruz
Principal efeito da Cruz é
eliminar o pecado e tudo o que se opõe à união do homem com Deus.
A Cruz, além de eliminar os
pecados, livra-nos também do diabo, que dirige ocultamente a trama do pecado e
da morte eterna.
O diabo nada pode contra
quem está unido a Cristo [ix] e a
morte deixa de ser separação eterna de Deus e fica apenas como porta de acesso
ao último destino [x].
Removidos todos estes
obstáculos, a Cruz abre a via da salvação para a humanidade, a possibilidade
universal da graça.
Juntamente com a
Ressurreição e a gloriosa Exaltação, a Cruz é causa da justificação do homem,
quer dizer, não só da eliminação do pecado e dos outros obstáculos, mas também
da infusão da vida nova (a graça de Cristo que santifica a alma).
Cada sacramento é um modo
diverso de participar na Páscoa de Cristo e de se apropriar da salvação que
dela provém. Concretamente, o Baptismo livra-nos da morte introduzida pelo
pecado original e permite-nos viver a vida nova do Ressuscitado.
Jesus é a causa única e
universal da salvação humana, o único mediador entre Deus e os homens.
Toda a graça de salvação
dada aos homens provém da sua vida e, em particular, do seu mistério pascal.
6.
Corredimir com Cristo
Como acabamos de dizer, a
Redenção operada por Cristo na Cruz é universal, estende-se a todo o género
humano.
Mas é preciso que chegue a
aplicar-se a cada um o fruto e os méritos da Paixão e Morte de Cristo,
principalmente por meio da fé e dos Sacramentos
Nosso Senhor Jesus Cristo é
o único mediador entre Deus e os homens [xi].
Mas Deus Pai quis que
fôssemos, não só redimidos, mas também co-redentores [xii].
Chama-nos a tomar a sua Cruz
e a segui-Lo [xiii],
porque Ele «sofreu por nós deixando-nos exemplo para que sigamos as Suas
pegadas» [xiv].
São Paulo escreve:
a) «Estou pregado com Cristo
na Cruz; vivo, mas já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim» [xv]:
para alcançar a identificação com Cristo há que abraçar a Cruz;
b) «Completo na minha carne
o que falta à Paixão de Cristo, pelo seu Corpo que é a Igreja» [xvi]:
podemos ser co-redentores com Cristo.
Deus não nos quis livrar de
todas as adversidades desta vida, para que, aceitando-as, nos identifiquemos
com Cristo, mereçamos a vida eterna e cooperemos na tarefa de levar aos outros
os frutos da Redenção.
A doença e a dor, oferecidas
a Deus em união com Cristo, obtêm grande valor redentor, como também a
mortificação corporal praticada com o mesmo espírito com que Cristo padeceu,
livre e voluntariamente, na sua Paixão por amor a fim de nos redimir expiando pelos
nossos pecados.
Na Cruz, Jesus Cristo dá-nos
exemplo de todas as virtudes:
a) de caridade: «não há
maior amor do que dar a própria vida pelos seus amigos» [xvii];
b) de obediência: fez-se
«obediente até à morte, e morte de Cruz» [xviii];
c) de humildade, mansidão,
paciência: suportou os sofrimentos sem os evitar nem os suavizar, como manso
cordeiro [xix];
d) de desprendimento das
coisas terrenas:
o Rei dos Reis e Senhor dos
que dominam aparece na Cruz nu, zombado, cuspido, açoitado e coroado de
espinhos, tudo por Amor.
O Senhor quis associar a sua
Mãe, mais intimamente do que ninguém, ao mistério do Seu sofrimento redentor [xx].
Nossa Senhora ensina-nos a
estar junto da Cruz do seu Filho [xxi].
ANTONIO
DUCAY
Bibliografia
básica
-
Catecismo da Igreja Católica, 599-618. - Compêndio do Catecismo da Igreja
Católica, 112-124.- S. João Paulo II, O Valor redentor da Paixão de Cristo,
Catequese: 7-IX-1988, 28-IX1988, 5-X-1988, 19-X-1988, 26-X-1988. - S. João
Paulo II, A Morte de Cristo: o seu carácter redentor, Catequese: 14-XII-88,
11I-89.
Leituras
recomendadas
-
São Josemaria, Homilia «A morte de Cristo vida do cristão», em Cristo que
Passa, 95101. - Diccionario de Teología, C. Izquierdo et al. (ed.),
vozes:Jesucristo (IV) e Cruz, Eunsa, Pamplona 2006.
Notas
[v] cfr. Rm 3, 25; Hb 1,
3; 1 Jn 2, 2; 4, 10
[vi] cfr. Rm 3, 25; Hb 1,
3; 1 Jn 2, 2; 4, 10
[xii] cfr. Catecismo, 618
[xx] cfr. Lc 2, 35;
Catecismo, 618
[xxi] Cfr. São Josemaria,
Caminho, 508.