23/02/2018

Nunca actueis por medo ou por rotina

Atravessas uma etapa crítica: um certo vago temor; dificuldade em adaptares o plano de vida; um trabalho angustiante, porque não te chegam as vinte e quatro horas do dia para cumprir todas as tuas obrigações... Já experimentaste seguir o conselho do Apóstolo: "Faça-se tudo com decoro e com ordem", quer dizer, na presença de Deus, com Ele, por Ele e só para Ele? (Sulco 512)

E como é que vou conseguir – parece que me perguntas – actuar sempre com esse espírito, que me leve a concluir com perfeição o meu trabalho profissional? A resposta não é minha. Vem de S. Paulo: Trabalhai varonilmente, sede fortes. Que tudo, entre vós, se realize na caridade. Fazei tudo por Amor e livremente. Nunca actueis por medo ou por rotina: servi ao Nosso Pai Deus.

Gosto muito de repetir – porque tenho experimentado bem a sua mensagem – aqueles versos pouco artísticos, mas muito gráficos: Minha vida é toda amor / Se em amor sou entendido, / Foi pela força da dor, / Pois ninguém ama melhor / Que quem muito haja sofrido.

Ocupa-te dos teus deveres profissionais por Amor. Faz tudo por Amor – insisto – e comprovarás as maravilhas que produz o teu trabalho, precisamente porque amas, embora tenhas de saborear a amargura da incompreensão, da injustiça, da ingratidão e até do próprio fracasso humano. Frutos saborosos, sementes de eternidade!


Acontece, porém, que algumas pessoas – são boas, bondosas – afirmam por palavras que aspiram a difundir o formoso ideal da nossa fé, mas se contentam na prática com uma conduta profissional superficial e descuidada, própria de cabeças-no-ar. Se nos encontrarmos com alguns destes cristãos de fachada, temos de ajudá-los com carinho e com clareza e recorrer, quando for necessário, a esse remédio evangélico da correcção fraterna: Irmãos, se porventura alguém for surpreendido nalguma falta, vós, os espirituais, corrigi-o com espírito de mansidão; e tu, acautela-te a ti mesmo, não venhas também a cair na tentação. Levai os fardos uns dos outros e desse modo cumprireis a lei de Cristo. (Amigos de Deus, nn. 68–69)

Temas para reflectir e meditar

Frutos da meditação


A meditação considera minuciosamente, um a um, os objectos mais próprios a comover-nos, mas a contemplação lança um olhar simples e concentrado no objecto que ama; a consideração assim concentrada, produz um movimento mais vivo e forte.
Pode-se apreciar a beleza de uma rica coroa de duas formas: ou analisando um por um, todos os florões e pedras preciosas de que é composta, ou então, depois de examinar deste modo cada uma das peças, observando com um simples olhar o efeito brilhante do conjunto.
Na meditação parece que examinamos em separado as perfeições divinas que resultam dum mistério; na contemplação juntamo-las num total.

S. Francisco de Sales Tratado do Amor de Deus Livro VI Cap. V


Evangelho e comentário

Tempo de Quaresma

Evangelho: Mt 5, 20-26

20 Porque Eu vos digo: Se a vossa justiça não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, não entrareis no Reino do Céu.» 21 «Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás. Aquele que matar terá de responder em juízo. 22 Eu, porém, digo-vos: Quem se irritar contra o seu irmão será réu perante o tribunal; quem lhe chamar ‘imbecil’ será réu diante do Conselho; e quem lhe chamar ‘louco’ será réu da Geena do fogo. 23 Se fores, portanto, apresentar uma oferta sobre o altar e ali te recordares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24 deixa lá a tua oferta diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão; depois, volta para apresentar a tua oferta. 25 Com o teu adversário mostra-te conciliador, enquanto caminhardes juntos, para não acontecer que ele te entregue ao juiz e este à guarda e te mandem para a prisão. 26 Em verdade te digo: Não sairás de lá até que pagues o último centavo.»

Comentários:

Este trecho do Evangelho pode considerar-se um autêntico e definitivo aviso de Jesus Cristo sobre o comportamento de qualquer ser humano.

Não há meias palavras nem tergiversações, mas tão só afirmações muito concretas e reais sobre o procedimento a ter como norma de vida.

Pagar o que se deve, ter atenção ao próximo e ás suas necessidades, viver, em suma, com inteireza e verdade nos actos como nas acções concretas.

Estas é que tem valor não as intenções nem os desejos.

Como posso estar "bem" com Deus quando estou "mal" com o meu próximo?

Acaso o Senhor poderia aceitar tal coisa?



(AMA, comentário sobre MT 5, 20-26, Carvide, 09.06.2016)

Leitura espiritual

RESUMOS DA FÉ CRISTà

TEMA 10 A Paixão e Morte na Cruz

4. Sacrifício e Redenção

Jesus morreu pelos nossos pecados (cfr. Rm 4, 25) para nos livrar deles e nos resgatar da escravidão que o pecado introduz na vida humana.
 A Sagrada Escritura diz que a paixão e morte de Cristo é:
a) sacrifício de aliança,
b) sacrifício de expiação,
c) sacrifício de propiciação e de reparação pelos pecados,
d) acto de redenção e libertação dos homens.

a)   Jesus, oferecendo a sua vida a Deus na Cruz, instituiu a Nova Aliança, quer dizer, a nova forma de união de Deus com os homens que tinha sido profetizada por Isaías [i], Jeremias [ii] e Ezequiel [iii].

O novo Pacto é a aliança selada no corpo de Cristo entregue e no seu sangue derramado por nós [iv].

b)   O sacrifício de Cristo na Cruz tem um valor de expiação, quer dizer, de limpeza e purificação do pecado [v].

c) A Cruz é sacrifício de propiciação e de reparação pelo pecado [vi].
Cristo manifestou ao Pai o amor e a obediência que os homens Lhe tínhamos negado com os nossos pecados.
A sua entrega fez justiça e satisfez o amor paterno de Deus, que tínhamos recusado desde a origem da história.

d) A Cruz de Cristo é acto de redenção e de libertação do homem.
Jesus pagou a nossa liberdade com o preço do seu sangue, quer dizer, dos seus sofrimentos e da sua morte [vii].
Mereceu com a sua entrega a nossa salvação para nos incorporar no reino dos céus:
«Ele livrou-nos do poder das trevas e transferiu-nos para o Reino do Seu muito amado Filho, no Qual temos a redenção, a remissão dos pecados» [viii].

5. Os efeitos da Cruz

Principal efeito da Cruz é eliminar o pecado e tudo o que se opõe à união do homem com Deus.

A Cruz, além de eliminar os pecados, livra-nos também do diabo, que dirige ocultamente a trama do pecado e da morte eterna.
O diabo nada pode contra quem está unido a Cristo [ix] e a morte deixa de ser separação eterna de Deus e fica apenas como porta de acesso ao último destino [x].
Removidos todos estes obstáculos, a Cruz abre a via da salvação para a humanidade, a possibilidade universal da graça.
Juntamente com a Ressurreição e a gloriosa Exaltação, a Cruz é causa da justificação do homem, quer dizer, não só da eliminação do pecado e dos outros obstáculos, mas também da infusão da vida nova (a graça de Cristo que santifica a alma).
Cada sacramento é um modo diverso de participar na Páscoa de Cristo e de se apropriar da salvação que dela provém. Concretamente, o Baptismo livra-nos da morte introduzida pelo pecado original e permite-nos viver a vida nova do Ressuscitado.
Jesus é a causa única e universal da salvação humana, o único mediador entre Deus e os homens.
Toda a graça de salvação dada aos homens provém da sua vida e, em particular, do seu mistério pascal.

6. Corredimir com Cristo

Como acabamos de dizer, a Redenção operada por Cristo na Cruz é universal, estende-se a todo o género humano.
Mas é preciso que chegue a aplicar-se a cada um o fruto e os méritos da Paixão e Morte de Cristo, principalmente por meio da fé e dos Sacramentos
Nosso Senhor Jesus Cristo é o único mediador entre Deus e os homens [xi].
Mas Deus Pai quis que fôssemos, não só redimidos, mas também co-redentores [xii].
Chama-nos a tomar a sua Cruz e a segui-Lo [xiii], porque Ele «sofreu por nós deixando-nos exemplo para que sigamos as Suas pegadas» [xiv].

São Paulo escreve:
a) «Estou pregado com Cristo na Cruz; vivo, mas já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim» [xv]: para alcançar a identificação com Cristo há que abraçar a Cruz;
b) «Completo na minha carne o que falta à Paixão de Cristo, pelo seu Corpo que é a Igreja» [xvi]: podemos ser co-redentores com Cristo.
Deus não nos quis livrar de todas as adversidades desta vida, para que, aceitando-as, nos identifiquemos com Cristo, mereçamos a vida eterna e cooperemos na tarefa de levar aos outros os frutos da Redenção.
A doença e a dor, oferecidas a Deus em união com Cristo, obtêm grande valor redentor, como também a mortificação corporal praticada com o mesmo espírito com que Cristo padeceu, livre e voluntariamente, na sua Paixão por amor a fim de nos redimir expiando pelos nossos pecados.

Na Cruz, Jesus Cristo dá-nos exemplo de todas as virtudes:
a) de caridade: «não há maior amor do que dar a própria vida pelos seus amigos» [xvii];
b) de obediência: fez-se «obediente até à morte, e morte de Cruz» [xviii];
c) de humildade, mansidão, paciência: suportou os sofrimentos sem os evitar nem os suavizar, como manso cordeiro [xix];
d) de desprendimento das coisas terrenas:
o Rei dos Reis e Senhor dos que dominam aparece na Cruz nu, zombado, cuspido, açoitado e coroado de espinhos, tudo por Amor.
O Senhor quis associar a sua Mãe, mais intimamente do que ninguém, ao mistério do Seu sofrimento redentor [xx].

Nossa Senhora ensina-nos a estar junto da Cruz do seu Filho [xxi].

ANTONIO DUCAY

Bibliografia básica
- Catecismo da Igreja Católica, 599-618. - Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 112-124.- S. João Paulo II, O Valor redentor da Paixão de Cristo, Catequese: 7-IX-1988, 28-IX1988, 5-X-1988, 19-X-1988, 26-X-1988. - S. João Paulo II, A Morte de Cristo: o seu carácter redentor, Catequese: 14-XII-88, 11I-89.
Leituras recomendadas
- São Josemaria, Homilia «A morte de Cristo vida do cristão», em Cristo que Passa, 95101. - Diccionario de Teología, C. Izquierdo et al. (ed.), vozes:Jesucristo (IV) e Cruz, Eunsa, Pamplona 2006.

Notas




[i] cfr. Is 42, 6
[ii] cfr. Jr 31, 31-33
[iii] cfr. Ez 37, 26
[iv] cfr. Mt 26, 27-28
[v] cfr. Rm 3, 25; Hb 1, 3; 1 Jn 2, 2; 4, 10
[vi] cfr. Rm 3, 25; Hb 1, 3; 1 Jn 2, 2; 4, 10
[vii] cfr. 1 Pe 1, 18
[viii] Cl 1, 13-14
[ix] cfr. Rm 8, 31-39
[x] cfr. 1 Co 15, 55-56
[xi] cfr. 1 Tm 2, 5
[xii] cfr. Catecismo, 618
[xiii] cfr. Mt 16, 24
[xiv] 1 Pe 2, 21
[xv] Gl 2, 20
[xvi] Cl 1, 24
[xvii] cfr. Jn 15, 13
[xviii] Fl 2, 8
[xix] cfr. Jr 11, 19
[xx] cfr. Lc 2, 35; Catecismo, 618
[xxi] Cfr. São Josemaria, Caminho, 508.

Devoción a la Virgen


Francisco honró mañana y tarde a la Inmaculada Concepción y le pidió que nos libre de «los virus de nuestro tiempo»

Doutrina – 404

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ
SEGUNDA SECÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ
CAPÍTULO TERCEIRO

CREIO NA SANTA IGREJA CATÓLICA

Os fiéis: hierarquia, leigos, vida consagrada

182. Qual é a missão do Papa?


O Papa, Bispo de Roma e Sucessor de S. Pedro, é o perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade da Igreja.

É o vigário de Cristo, cabeça do colégio dos Bispos e pastor de toda a Igreja, sobre a qual, por instituição divina, tem poder, pleno, supremo, imediato e universal.

Pequena agenda do cristão

Sexta-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:

Contenção; alguma privação; ser humilde.


Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.

Lembrar-me:
Filiação divina.

Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?