18/06/2016

Vinde, ó Deus santificador, eterno e omnipotente

Sê alma de Eucaristia! – Se o centro dos teus pensamentos e esperanças está no Sacrário, filho, que abundantes os frutos de santidade e de apostolado! (Forja, 835)

Falava de corrente trinitária de amor pelos homens. E onde poderá alguém aperceber-se melhor dela do que na Missa? Toda a Trindade actua no santo sacrifício do altar. Por isso agrada-me tanto repetir na colecta, na secreta e na oração depois da comunhão aquelas palavras finais: Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, – dirigimo-nos ao Pai – , que conVosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, Deus por todos os séculos dos séculos. Ámen.

Na Santa Missa, a oração ao Pai é constante. O sacerdote é um representante do Sacerdote eterno, Jesus Cristo, que é ao mesmo tempo a Vítima. E a acção do Espírito Santo não é menos inefável nem menos certa. Pela virtude do Espírito Santo, escreve S. João Damasceno, dá-se a conversão do pão no Corpo de Cristo.

Esta acção do Espírito Santo exprime-se claramente, quando o sacerdote invoca a bênção divina sobre a oferenda: Vinde, ó Deus santificador, eterno e omnipotente, e abençoai este sacrifício preparado para o vosso santo nome, o holocausto que dará ao Nome santíssimo de Deus a glória que lhe é devida. A santificação, que imploramos, é atribuída ao Paráclito, que o Pai e o Filho nos enviam. Reconhecemos também essa presença activa do Espírito Santo no sacrifício quando dizemos, pouco antes da comunhão: Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus vivo, que, por vontade do Pai, com a cooperação do Espírito Santo, com a vossa morte destes a vida ao mundo... (Cristo que passa, 85)


Verdades que o egoísmo esconde - 7

Resultado de imagem para egoísmo

A prosperidade alcançada por outros não pode ser vista como algo que nos prejudica.


Fonte: REVISTA SER PERSONA

(Revisão da versão portuguesa por ama)

Leitura espiritual

Leitura Espiritual


INTRODUÇÃO AO CRISTIANISMO

"Creio em Deus" – Hoje

SEGUNDA PARTE

JESUS CRISTO

CAPÍTULO SEGUNDO

Desenvolvimento da Fé em Cristo nos Artigos Cristológicos do Símbolo

6."Donde há de vir para julgar os vivos e os mortos".

Rudolf Bultmann considera como liquidada para o homem moderno a ideia da volta do Senhor, na qualidade juiz no fim do mundo, equiparando-a com a descida aos infernos e a subida ao céu, como coisas míticas: qualquer pessoa está convencida de que o mundo avança do mesmo modo como progrediu durante quase dois mil anos após a pregação escatológica do Novo Testamento. Uma tal purificação do pensamento parece impor-se aqui, tanto mais, porque a mensagem bíblica neste ponto contém indiscutivelmente fortes elementos cosmológicos, isto é, avança no terreno que consideramos campo das ciências naturais. Certamente, na linguagem sobre o fim do mundo, o termo "mundo" não denota primeiramente a estrutura física do cosmos, mas o mundo dos homens, a história humana; portanto, o seu sentido imediato é que esta espécie de mundo – o mundo humano – há-de chegar ao fim determinado e concretizado por Deus. Contudo, não se pode negar que a Bíblia reveste esse acontecimento essencialmente antropológico de imagens cosmológicas (e em parte também políticas). Será difícil decidir até que ponto se trata de imagens e até onde elas se referem ao próprio objecto.

Seguramente é viável dizer algo a respeito, partindo do contexto mais vasto da cosmovisão da Bíblia. Ora, para a Bíblia cosmos e homem não representam duas grandezas completamente separáveis, como se o cosmos formasse, por exemplo, o cenário ocasional da existência humana, a qual poderia ser separada dele, desenvolvendo-se independente do mundo. Mundo e homem pertencem-se necessariamente, de modo a não se poder imaginar o homem sem o mundo e o mundo sem o homem. O primeiro é-nos evidente, sem mais; o segundo, após as lições de Teilhard de Chardin, também não deveria ser completamente incompreensível. Nessa perspectiva surgiria a tentação de afirmar que a mensagem bíblica do fim do mundo e do retorno do Senhor não é pura antropologia revestida de imagens cósmicas, nem que ela apresenta um aspecto cosmológico ao lado de outro antropológico, mas que, dentro da lógica interna da visão bíblica total, ela representa a coincidência de antropologia e cosmologia na cristologia definitiva e, exactamente ali, o fim do "mundo" que sempre continua polarizado para esta união como sua meta, devido à sua binário-una construção de cosmos e homem. Cosmos e homem que sempre pertenceram um ao outro, muito embora tantas vezes se encontrem em oposição, tornar-se-ão um, pela sua complexão no maior, no amor a envolver e ultrapassar o bios, como dissemos antes: com isto volta a ser claro o quanto se identificam o escatológico final e o avanço realizado na ressurreição de Jesus; torna-se evidente que o Novo Testamento tem razão ao apontar a ressurreição como o facto escatológico por excelência.

Para irmos adiante cumpre desenvolver um pouco mais claramente os nossos pensamentos. Acabamos de dizer que o cosmos não é apenas um espaço externo da história humana, nem uma imagem estática – uma espécie de vaso-continente onde se encontram diversos seres que, por si, poderiam perfeitamente estar em outro vaso qualquer. Positivamente, isto significa que o cosmos é movimento; que não apenas existe uma história nele; mas que ele mesmo é história. Não forma apenas o cenário da história humana, mas ele mesmo já é "história", antes dela e com ela. Em última análise, existe uma única história completa do mundo, a qual mantém um rumo geral e vai "adiante" com seus altos e baixos, nos progressos e regressos que a assinalem. Certamente, para quem apenas considerar uma parcela, mesmo que seja realmente grande, a história parecerá estática, sempre na mesma rotina. Não se descobre um rumo, mas o perene girar em torno do mesmo centro. Somente consegue percebê-lo quem começar a observar o conjunto. Ora, no seio do movimento cósmico,  o espírito, como antes o constatamos, não produto secundário dos azares da evolução, produto sem importância para o todo; antes, averiguamos a matéria e o seu desenvolvimento formam a pré-história do espírito.

A fé no retorno de Jesus Cristo e na consumação do mundo nele poderia esclarecer-se como convicção de que a nossa história avança rumo a um ponto ómega, no qual se revelará com claridade definitiva e meridiana que aquele elemento estável, a dar-nos a impressão de ser como que o solo da realidade a nos suster, não é a simples matéria inconsciente, mas que o fundamento propriamente dito e sólido é a razão: ela conserva o ser coeso, confere-lhe a realidade; ela é a realidade – não é de baixo, mas do alto que o ser recebe a sua existência. A existência deste processo da complexidade do ser material mediante o espírito e do espírito mediante a síntese numa nova forma de união pode ser constatada, em certo sentido, mesmo hoje em dia, na reformulação, quase recriadora, do mundo, tal como se vem realizando graças à técnica. Na manipulação do real já começam a esvair-se os limites entre natureza e técnica, que já não é mais possível conservar a ambos distintamente separados entre si, sem confusão. Certamente, a analogia é duvidosa em mais de um ponto de vista. Não obstante, tais processos preconizam uma figura do mundo, na qual espírito e natureza não se acham simplesmente um ao lado do outro, mas o espírito, em nova complexidade, absorve em si o puramente natural, criando assim um mundo novo, conotando ao mesmo tempo o desaparecimento do antigo. Ora, o fim do mundo em que o cristão acredita é completamente diferente da vitória total da técnica. Mas, a fusão de natureza e espírito, concretizada na técnica, possibilita-nos imaginar de modo novo em que direcção a realidade da fé no retorno de Cristo há de ser pensada: como fé na definitiva união do real, a partir do espírito.

Agora podemos prosseguir mais um pouco. Dissemos que natureza e espírito formam uma única história a avançar continuamente de modo tal que o espírito se revele sempre mais do que aquilo que envolve tudo, desembocando finalmente antropologia e cosmologia numa única torrente. Mas, afirmar a crescente complexidade do mundo pelo espírito conota necessariamente uma união sua em algum centro pessoal, porquanto o espírito não é algo indeterminado, mas, onde ele existe em sua peculiaridade, existe como indivíduo, como pessoa. Existe algo assim como "espírito objectivo", espírito investido em máquinas, em obras multiformes; mas em tudo isto o espírito não se encontra na sua forma original: "espírito objectivo" sempre deriva de espírito subjectivo, apontando para uma pessoa, que é a única e exclusiva modalidade existencial do espírito. Por conseguinte, a afirmação de que o mundo avança rumo a uma complexidade pelo espírito, inclui a afirmação de que o cosmos se dirige na direcção de uma união pessoal.

Ora, isto torna a comprovar a infinita primazia do indivíduo sobre a colectividade. Este princípio anteriormente analisado torna a revelar-se agora em toda a sua amplitude. O mundo movimenta-se na direcção da unidade na pessoa. O conjunto recebe o seu sentido do individual e não o inverso. Essa evidência justifica novamente o aparente positivismo da Cristologia, ou seja, a convicção, tão escandalosa para os homens de todos os tempos, que considera um único como centro da história e do todo. Este "positivismo" volta a mostrar-se aqui na sua necessidade interna: se é verdade que no desfecho se encontra o triunfo do espírito, isto é, da verdade, liberdade e amor, então não é uma força qualquer que consegue a vitória final; no ponto final há-de encontrar-se um rosto. Então o ómega do mundo é um "tu", uma pessoa, um indivíduo. Então a complexidade total, a envolver e unir tudo de maneira infinita, é, ao mesmo tempo, negação de qualquer colectivismo, de qualquer fanatismo da ideia pura, inclusive de uma assim chamada ideia do cristianismo. O homem, a pessoa, sempre conservou a sua primazia sobre a ideia.

Aqui inclui-se outra e muito importante consequência. Se a vitória da ultra-complexidade final está baseada no espírito e na liberdade, não se trata absolutamente de um caudal cósmico neutro, mas de um princípio que inclui responsabilidade. Não acontece automaticamente, como qualquer processo físico, mas baseando-se em decisões. Por esta razão, o retorno do Senhor é não somente salvação, não apenas o ómega a recolocar tudo em seu lugar, mas também julgamento. Aliás, nesta altura, estamos em condições até de definir o sentido do discurso sobre juízo final. Ele diz-nos que o estágio final do mundo não é resultado de um desenvolvimento natural, mas da responsabilidade baseada na liberdade. Do seio destas conexões também se há-de procurar compreender porque o Novo Testamento, apesar da sua mensagem da graça, insiste em que no fim os homens serão julgados "pelas suas obras", não havendo possibilidade para ninguém de escapar a esta prestação de contas sobre a própria vida. Existe uma liberdade que não é eliminada pela graça, mas, muito pelo contrário, é por ela levada à sua plenitude: o destino definitivo do homem não lhe será imposto fora de sua decisão vital. O que, aliás, também é necessário acentuar como limite contra um falso dogmatismo e uma segurança cristã errada quanto à vida. Só uma tal averiguação preserva a igualdade dos homens, mantendo a identidade da sua responsabilidade. Desde a época patrística foi e continua sendo esta uma das tarefas decisivas da pregação cristã: trazer à consciência essa identidade da responsabilidade, contrapondo-a à falsa confiança no "dizer: Senhor, Senhor".

Nesse contexto não seria inútil aduzir as considerações do grande teólogo judeu Leo Baeck, com as quais o cristão não concordará, mas cuja seriedade não o deixará indiferente. Baeck lembra que a razão peculiar da existência de Israel se transformou em consciência do serviço em prol do futuro da humanidade. "Exige-se uma vocação especial, não se anuncia, porém, nenhuma exclusividade da salvação. O judaísmo escapou à tentação de circunscrever-se à estreiteza religiosa do conceito de uma Igreja, fonte única da salvação. Onde não é a fé, mas a acção que conduz a Deus, onde a comunidade oferece aos seus filhos, como sinal espiritual de pertença, o ideal e a tarefa, ali o facto de estar na aliança da fé ainda não pode garantir a salvação da alma". Baeck mostra, a seguir, de que maneira esse universalismo da salvação baseada na obra, se cristalizou sempre mais no judaísmo, para finalmente desabrochar totalmente no "clássico": "também os piedosos que não são israelitas participam da salvação eterna". Ninguém será capaz de ler sem consternação o que Baeck diz a seguir, a saber, que bastará comparar esta frase "com a descrição que Dante apresenta do lugar da condenação, local do destino até dos melhores de entre os pagãos, com a inflacção de seus quadros de horror, correspondentes à mentalidade eclesiástica dos séculos antes e depois, para sentir o contraste em toda a sua agudeza".

Certamente muita coisa desta citação pode ser contestada, por não exacta; contudo vejo nela uma verdade muito séria. A seu modo, Baeck pode esclarecer em que consiste a irremissibilidade do artigo sobre o juízo final de todos os homens "de acordo com as suas obras". Não é tarefa nossa analisar em detalhe como essa afirmação pode impor-se com todo o seu peso, ao lado da doutrina da graça. Talvez no fim de contas não se consiga fugir a um paradoxo, cuja lógica só poderá abrir-se completamente à experiência de uma vida de fé. Quem se confiar à fé, tornar-se-á consciente de que existem ambas as coisas: a radicalidade da graça a libertar o homem impotente e, não menos, a seriedade perene da responsabilidade que desafia o homem dia e noite. As duas coisas reunidas significam que o cristão dispõe, por um lado, da tranquilidade libertadora e desinibidora daquele que vive da super-abundância da divina justiça e se chama Jesus Cristo. Existe uma serenidade que conta com a certeza: em última análise nada posso destruir do que ele construiu. Em si o homem carrega a terrível certeza de que o seu poder destruidor é infinitamente maior do que o seu poderio construtivo. Mas sabe igualmente que, em Cristo, o poder de reconstruir se revelou infinitamente mais potente. Daí decorre uma profunda liberdade, um saber sobre o amor não arrependido de Deus, que, atravessando todas as confusões, continua a querer-nos bem. Torna-se possível fazer, sem medo, a própria obra que perdeu o seu aspecto pavoroso, por ter perdido o seu poder destruidor: o resultado do mundo não depende de nós, mas está nas mãos de Deus. Mas, ao mesmo tempo, o cristão sabe não ter sido colocado dentro de uma coisa qualquer, sabe que a sua actividade não éum brinquedo que Deus lhe deixa nas mãos, sem o tomar a sério. Sabe que deve responder; que, como administrador, deve prestar contas do que lhe foi confiado. Responsabilidade só existe onde houver um que a exige e examina. O artigo sobre o Juízo Final mostra-nos ante os olhos de modo inequívoco este exame final da nossa vida. Nada e ninguém nos confere credenciais para minimizar a imensa seriedade que paira sobre um acontecimento assim, que revela a nossa vida como sendo caso sério, que lhe confere assim a sua dignidade.

"Para julgar os vivos e os mortos", o que, certamente, significa que ninguém, senão ele tem o direito último de julgar. Com isto está dito que a injustiça do mundo não retém a última palavra, também não se afirma que ela será eliminada indiferentemente por meio de um acto geral de graça; existe, antes, uma instância última de apelação que defende o direito para poder realizar o amor. Um amor que destruísse o direito criaria a injustiça, não passando assim de caricatura de amor. O verdadeiro amor conota excesso de direito, excesso sobre o justo, nunca porém destruição da justiça, que há-de ser e permanecer a forma básica do amor.

Naturalmente devemos defender-nos também contra outro extremo. Não se pode impugnar que o artigo sobre o juízo final se desenvolveu, de tempos a tempos, numa forma na qual, praticamente, deveria conduzir à destruição da fé na redenção, e da promessa da graça. Aduz-se, à guisa de exemplo, a profunda antítese entre Maran atha e dies irae. O cristianismo primitivo, na sua invocação deprecatória: "Senhor nosso, vem! Maran atha" interpretou o retorno de Jesus como um acontecimento cheio de esperança e de alegria, suspirando por ele como o instante da grande realização. Para o cristão da Idade Média, ao contrário, aquele instante surgia como o terrível "dia da ira" (dies irae) diante do qual o homem gostaria de se desfazer em dor e terror, e para qual olha com receio e com horror. O retorno do Cristo é simplesmente julgamento É o dia da grande prestação de contas a ameaçar a cada um. Em semelhante perspectiva foram esquecidos elementos decisivos: o Cristianismo ficou reduzido praticamente ao moralismo, privado de qualquer sombra de esperança e de alegria, onde, porém, está a sua expressão vital mais autêntica.

Talvez se deva dizer que o primeiro impulso para essa evolução falha, que percebe apenas o risco da responsabilidade e não a liberdade do amor, se encontra no nosso símbolo, onde, ao menos para quem examinar o texto no seu sentido literal, o retorno de Cristo se apresenta totalmente centrado e reduzido à ideia do julgamento: "donde há de vir para julgar os vivos e os mortos". Sem dúvida, nos círculos familiarizados com o símbolo, a herança cristã primitiva ainda estava bem viva; sentia-se ainda a palavra sobre o juízo em ligação natural com a mensagem da graça: o facto de ser Jesus o juiz por si mesmo mergulhava o julgamento em uma atmosfera de esperança. Permito-me aduzir um trecho da chamada Segunda Carta de Clemente em que esta mentalidade se revela de maneira muito clara: "Irmãos, devemos pensar sobre Jesus Cristo como sobre Deus, como aquele que julga vivos e mortos. Não devemos pensar na nossa salvação de maneira mesquinha, pois pensando nela assim, também estaremos amesquinhando a nossa esperança".

Torna-se visível agora onde está exactamente o acento do nosso texto: não é meramente – como seria de esperar – Deus, o infinito, o desconhecido, o eterno, quem julga. Antes, Deus confiou o julgamento a um que, como homem, é irmão nosso. Não é um estranho que nos julgará, mas aquele ao qual conhecemos pela fé. O juiz virá ao nosso encontro, não como um inteiramente outro, mas como um dos nossos, que conheceu e sofreu por dentro o "ser-homem".

E assim, automaticamente, paira sobre o juízo a aurora da esperança; não é apenas dia de ira, mas dia do retorno de Nosso Senhor. Acorre a grandiosa visão de Cristo com que principia o Apocalipse (1,19): o vidente tomba como morto diante do vulto cheio de medonho poder. Mas o Senhor põe a mão sobre ele e dirige-lhe a palavra que, outrora, lhe tinha dito nos dias em que atravessavam juntos o lago de Genezaré em meio à tempestade: "Não temas, sou eu" (1,17). O Senhor de todo o poder é aquele Jesus, de quem o vidente se havia tornado outrora companheiro de viagem pela fé. O artigo sobre o juízo final transfere precisamente este pensamento para o nosso encontro com o juiz do mundo. Naquele dia de medo, o cristão constatará, tomado de sagrada administração, que aquele "ao qual foi dado todo o poder no céu e na terra" (Mt 28,18) fora seu companheiro de jornada nos dias do peregrinar terreno, pela fé, e é como se ele, já agora, lhe pusesse as mãos sobre a cabeça por meio das palavras do símbolo e dissesse: "Não tenhas receio; sou eu". Talvez não se possa responder mais belamente ao problema do entrelaçamento de juízo e graça, do que mediante a ideia oculta por trás do nosso Credo.

(cont)

joseph ratzinger, Tübingen, verão de 1967.


(Revisão da versão portuguesa por ama)

Pequena agenda do cristão


SÁBADO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

Lembrar-me:

Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?



Doutrina – 178

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ
SEGUNDA SECÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ
CAPÍTULO SEGUNDO

CREIO EM JESUS CRISTO, O FILHO UNIGÉNITO DE DEUS
«E EM JESUS CRISTO, SEU ÚNICO FILHO, NOSSO SENHOR»

82. Porque é que Jesus é chamado «Cristo»?


«Cristo» em grego, «Messias» em hebraico, significa «ungido». Jesus é o Cristo porque é consagrado por Deus, ungido pelo Espírito Santo para a missão redentora. Ele é o Messias esperado por Israel, enviado ao mundo pelo Pai. Jesus aceitou o título de Messias, precisando porém o seu sentido: «descido do céu» (Jo 3,13), crucificado e depois ressuscitado, Ele é o Servo Sofredor «que dá a sua vida em resgate pela multidão» (Mt 20,28). Do nome Cristo é que veio para nós o nome de cristãos.

Tratado da vida de Cristo 110

Questão 47: Da causa eficiente da paixão de Cristo

Art. 3 — Se Deus Pai entregou Cristo à Paixão.

 O terceiro discute-se assim. — Parece que Deus Pai não entregou Cristo à Paixão.

1. — Pois, é iníquo e cruel entregar um inocente à Paixão e à morte. Ora, como diz a Escritura, Deus é fiel e sem nenhuma iniquidade. Logo, não entregou Cristo inocente à Paixão e à morte.

2. Demais. — Ninguém pode ser entregue à morte por si mesmo e por outrem. Ora, Cristo entregou-se a si mesmo por nós, segundo a Escritura: Entregou a sua alma à morte. Logo, parece que não o entregou o Pai.

3. Demais. — Judas foi censurado por ter entregue Cristo aos judeus, como o lemos no Evangelho: Um de vós é o diabo; o que ele dizia por Judas Iscariotes, que o havia de entregar. Semelhantemente, também foram censurados os judeus, que o entregaram a Pilatos, como o próprio Cristo o disse: A tua nação e os teus pontífices são os que te entregaram nas minhas mãos: Pilatos também o entregou para que fosse crucificado, como se lê no Evangelho. Ora, segundo o Apóstolo, não há nenhuma união entre a justiça e a iniquidade. Logo, parece que Deus Pai não entregou Cristo à Paixão.

Mas, em contrário, o Apóstolo: Ao seu próprio Filho não perdoou Deus, mas por nós todos o entregou.

Como se disse, Cristo sofreu voluntariamente, para obedecer ao Pai. Donde Deus Pai entregou Cristo à Paixão de três modos. — Primeiro, porque, na sua vontade eterna, preordenou a Paixão de Cristo para a liberação do género humano, segundo a Escritura: O Senhor carregou sobre ele a iniquidade de todos nós. E ainda: O Senhor quis quebrantá-la na sua enfermidade. — Segundo, por lhe ter inspirado a vontade de sofrer por nós, infundindo-lhe a caridade. Por isso, a Escritura acrescenta: Foi oferecido porque ele mesmo o quis. — Terceiro, porque, longe de o livrar da paixão, o expôs aos perseguidores. Donde o dito do Evangelho, que, pendente da Cruz, Cristo exclamava: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste? E isso porque o entregou ao poder dos que o perseguiam como diz Agostinho.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — É ímpio e cruel entregar ao sofrimento e à morte um homem inocente, contra a sua vontade. Mas não foi assim que Deus Pai entregou Cristo, senão inspirando-lhe a vontade de sofrer por nós. E isso mostra a severidade de Deus, na expressão do Apóstolo, que não quis perdoar o pecado, sem a pena: o que o Apóstolo o indica assinaladamente com as palavras: Não poupou ao seu próprio Filho. E também mostra a sua bondade, pois, como o homem não lhe pudesse suficientemente satisfazer por nenhuma pena que sofresse, deu-lhe quem o satisfizesse por ele; o que o Apóstolo assinala, dizendo: Por nós todos o entregou. E noutro lugar: Ao qual, isto é, Cristo, propôs Deus para ser vítima de propiciação pela fé no seu sangue.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Cristo, enquanto Deus entregou-se a si mesmo à morte, pela mesma vontade e acção pela qual também o Pai o entregou. Mas, enquanto homem entregou-se a si mesmo por uma vontade inspirada pelo Pai. Por isso não houve contradição entre o Pai ter entregue Cristo e o ter-se ele entregue a si mesmo.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Uma mesma acção é diversamente julgada como boa ou má, segundo a raiz diversa donde ela procede. O Pai, pois, entregou Cristo, e este a si mesmo, pela caridade; por isso são louvados. Ao passo que Judas o entregou por cobiça, os Judeus, por seu lado, por inveja; e Pilatos, pelo temor mundano, com que temia a César. Por isso é que foram censurados.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.




Evangelho e comentário


Tempo Comum

Evangelho: Mt 6, 24-34

24 «Ninguém pode servir a dois senhores: porque ou há-de odiar um e amar o outro, ou há-de afeiçoar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas. 25 «Portanto vos digo: Não vos preocupeis, nem com a vossa vida, acerca do que haveis de comer, nem com o vosso corpo, acerca do que haveis de vestir. Porventura não vale mais a vida que o alimento, e o corpo mais que o vestido? 26 Olhai para as aves do céu que não semeiam, nem ceifam, nem fazem provisões nos celeiros, e, contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura não valeis vós muito mais do que elas? 27 Qual de vós, por mais que se afadigue, pode acrescentar um só côvado à duração da sua vida? 28 «E porque vos inquietais com o vestido? Considerai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam. 29 Digo-vos, todavia, que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles. 30 Se, pois, Deus veste assim uma erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé? 31 Não vos aflijais, pois, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Com que nos vestiremos? 32 Os gentios é que procuram com excessivo cuidado todas estas coisas. Vosso Pai sabe que tendes necessidade delas. 33 Buscai, pois, em primeiro lugar, o reino de Deus e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas por acréscimo. 34 Não vos preocupeis, pois, pelo dia de amanhã; o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia bastam os seus trabalhos.

Comentário:

O que o Senhor pretende com este discurso é fundamentalmente transmitir-nos dois princípios basilares de toda Vida  Cristã:

Primeiro ter ordenadas as prioridades, depois ter confiança ilimitada na providência divina.

Uma vez postos os meios que dispomos confiar que o Senhor providenciará o que faltar.

(ama, comentário sobre Mt 6,24-34 2015,06.20)