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VI. LEITURA DA SAGRADA ESCRITURA
b ) Ciclo de leituras da Sagrada Escritura no Ofício da Leitura
143. No ciclo das leituras da Sagrada Escritura para o Ofício da Leitura, teve-se em conta quer os tempos sagrados em que a tradição manda ler determinados livros quer o ciclo das leituras da Missa. Assim, a Liturgia das Horas combina-se com a Missa, de forma que a leitura da Sagrada Escritura no Ofício venha completar a que se faz na Missa. Deste modo, ter-se-á uma visão geral da história da salvação.
144. Salva a excepção referida no n. 73, na Liturgia das Horas não se lê o Evangelho, uma vez que é lido integralmente todos os anos na Missa.
145. Há um duplo ciclo de leituras bíblicas: o primeiro abrange um ano só, e é o que vem no livro da Liturgia das Horas; o segundo, facultativo, é bienal, como o ciclo ferial «per annum» das leituras da Missa, e vem no Suplemento.
146. O ciclo bienal das leituras está organizado por forma a lerem-se em cada ano quase todos os livros da Sagrada Escritura, reservando para a Liturgia das Horas os textos mais extensos ou mais difíceis que não é possível ler na Missa. O Novo Testamento é lido integralmente todos os anos, parte na Missa, parte na Liturgia das Horas. Quanto aos livros do Antigo Testamento, foram escolhidas aquelas partes que têm maior importância quer para compreender a história da salvação quer para alimentar a piedade.
As leituras da Liturgia das Horas e as da Missa combinam-se entre si de maneira a evitar a repetição dos mesmos textos no mesmo dia ou a fixação dos mesmos livros nos mesmos tempos litúrgicos, o que viria a deixar para a Liturgia das Horas as perícopas menos importantes e a alterar a ordem dos textos. Isto exige necessariamente que o mesmo livro seja lido, alternadamente, um ano na Missa, outro ano na Liturgia das Horas; ou pelo menos, quando se tenha de ler (duas vezes) no mesmo ano, decorra um certo intervalo de tempo entre uma leitura e outra.
147. No Tempo do Advento, de acordo com a antiga tradição, lêem-se perícopas do livro de Isaías, em forma de leitura semi-contínua, em anos alternados. A esta leitura, junta-se também o livro de Rute e algumas profecias do profeta Miqueias. Os dias 17 a 24 de Dezembro têm leituras especiais, deixando de parte as leituras da terceira semana do Advento que não tiverem lugar.
148. Do dia 29 de Dezembro a 5 de Janeiro, lê-se: no primeiro ano, a Epístola aos Colossenses, onde a Encarnação do Senhor nos é apresentada dentro do contexto geral da história da salvação; no segundo ano, lê-se o Cântico dos Cânticos, no qual é prefigurada a união de Deus e do homem em Cristo: «Deus Pai celebrou as bodas de Deus Filho quando O
uniu à natureza humana no seio da Virgem, quando Deus, que é antes dos séculos, Se quis fazer homem no fim dos séculos»7.
149. De 7 de Janeiro ao sábado depois da Epifania, lêem-se os textos escatológicos do livro de Isaías (60-66) e do livro de Baruc. As leituras que não tenham lugar nesse ano, omitem-se.
150. Durante a Quaresma, no primeiro ano lêem-se extractos do livro do Deuteronómio e da Epístola aos Hebreus. No segundo ano, apresenta-se uma visão global da história da salvação, com textos escolhidos dos livros do Êxodo, Levítico e Números. Na Epístola aos Hebreus, é interpretada a antiga aliança à luz do mistério pascal de Cristo. Desta Epístola é tirada a leitura da Sexta-feira da Paixão (Sexta-feira Santa), referente ao sacrifício de Cristo (9, 11-28), e a do Sábado Santo, referente ao repouso do Senhor (4, 1-16). Nos outros dias da Semana Santa, lêem-se: no primeiro ano, os cantos terceiro e quarto do
Servo do Senhor, tirados do livro de Isaías, e perícopas do livro das Lamentações; no segundo ano, o profeta Jeremias como figura de Cristo sofredor.
151. No Tempo Pascal, com excepção do primeiro e segundo domingo da Páscoa e as solenidades da Ascensão e do Pentecostes, lêem-se, de acordo com a tradição: no primeiro ano, a primeira Epístola de S. Pedro, o livro do Apocalipse e as Epístolas de S. João; no segundo ano, os Actos dos Apóstolos.
152. Da segunda-feira a seguir ao domingo do Baptismo do Senhor até à Quaresma, e da segunda-feira depois do Pentecostes até ao Advento, tem lugar a série contínua das 34 semanas do Tempo Comum.
Esta série é interrompida desde a Quarta-feira de Cinzas até ao domingo do Pentecostes. Na segunda-feira a seguir ao domingo do Pentecostes, retoma-se a leitura do Tempo Comum, a contar da semana seguinte àquela em que foi interrompida pela Quaresma, omitindo a leitura marcada para o domingo.
Nos anos em que há somente 33 semanas do Tempo Comum, omite-se a semana que viria logo a seguir ao Pentecostes, de modo a ficar sempre com as leituras das últimas semanas, de carácter escatológico.
Os livros do Antigo Testamento estão distribuídos seguindo a história da salvação: Deus revela-Se ao longo da vida do povo: este vai sendo conduzido e iluminado por
fases sucessivas. Consequentemente, os livros dos profetas são lidos com os livros históricos, inseridos no tempo em que os mesmos profetas viveram e ensinaram. E assim,
no primeiro ano, a série das leituras do Antigo Testamento apresenta simultaneamente os livros históricos e os oráculos dos profetas desde o livro de Josué até ao tempo do exílio. No segundo ano, depois do livro do Génesis que se lê antes da Quaresma, retoma-se a história da salvação a partir do exílio até à época dos Macabeus. Neste ano, inserem-se os profetas mais recentes, os livros sapienciais e as narrativas dos livros de Ester, Tobias e Judite.
As Epístolas dos Apóstolos que não são lidas em tempos litúrgicos especiais são distribuídas tendo em conta, por um lado, o ciclo das leituras da Missa, por outro, a ordem cronológica em que foram escritas.
153. O ciclo de um só ano foi abreviado, de tal modo que se leiam todos os anos perícopas selectas da Sagrada Escritura, combinando-as com o duplo ciclo das leituras da Missa, de que são o complemento.
154. As solenidades e festas têm leituras próprias; se não, tomam-se do Comum dos Santos.
155. Cada perícopa, tanto quanto possível, mantém certa unidade. Por isso, e para não ir além de uma extensão razoável, aliás variável consoante o género literário de cada livro, omitem-se aqui ou além alguns versículos, omissão esta que vai sempre indicada. Pode-se, porém, e é mesmo louvável, fazer uma leitura integral, utilizando para isso um texto aprovado.
7 S. Gregório Magno, Homilia 34 in Evangelia: PG 76, 1282.
Retirado do site do Secretariado Nacional de Liturgia
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