05/01/2015

Temos de ser humildes

Não ponhas o teu "eu" na tua saúde, no teu nome, na tua carreira, na tua ocupação, em cada passo que dás... Que coisa tão maçadora! Parece que te esqueceste que "tu" não tens nada, é tudo d'Ele. Quando ao longo do dia te sentires, talvez sem razão, humilhado; quando pensares que o teu critério deveria prevalecer; quando notares que a cada instante borbota o teu "eu", o teu, o teu, o teu..., convence-te de que estás a matar o tempo e que estás a precisar que "matem" o teu egoísmo. (Forja, 1050)

Pertransiit benefaciendo... Que fez Jesus para derramar tanto bem, e só bem, por onde quer que passou? Os Santos Evangelhos transmitiram-nos outra biografia de Jesus, resumida em três palavras latinas, que nos dá a resposta: erat subditus illis, obedecia. Hoje, que o ambiente está cheio de desobediência, de murmuração, de desunião, havemos de estimar especialmente a obediência.

Sou muito amigo da liberdade e precisamente por isso amo tanto essa virtude cristã. Devemos sentir-nos filhos de Deus e viver com o empenho de cumprir a vontade do nosso Pai, de realizar tudo segundo o querer de Deus, porque nos dá na gana, que é a razão mais sobrenatural.


O espírito do Opus Dei, que tenho procurado praticar e ensinar desde há mais de trinta e cinco anos, fez-me compreender e amar a liberdade pessoal. Quando Deus Nosso Senhor concede a sua graça aos homens, quando os chama com uma vocação específica, é como se lhes estendesse a mão, uma mão paternal, cheia de fortaleza, repleta sobretudo de amor, porque nos busca um a um, como filhas e filhos seus, e porque conhece a nossa debilidade. O Senhor espera que façamos o esforço de agarrar a sua mão, essa mão que Ele nos estende. Deus pede-nos um esforço, prova da nossa liberdade. E para conseguirmos isso, temos de ser humildes, temos de sentir-nos filhos pequenos e amar a bendita obediência com que respondemos à bendita paternidade de Deus. (Cristo que passa, 17)

Temas para meditar - 325


Perfeição


Não se deve nunca pensar que se fez algum bem, ou ficar satisfeito com qualquer grau de perfeição que se possa ter atingido, porque Cristo deu-nos a medida da nossa perfeição, ao pôr-nos perante a perfeição do Pai Eterno. Sede pois perfeitos como o vosso Pai Celeste é perfeito (Mt 5. 48).


(SÃO FILIPE DE NERI, Maxim’s, F.W.Faber, Cromwell Press, nr. 3-21, trad AMA)

Ev. diário, coment. e L. esp. (Amigos de Deus)

Epifania
        
Evangelho: Mt 4 12-17 23-25

12 Tendo Jesus ouvido dizer que João fora preso, retirou-Se para a Galileia. 13 Depois, deixando Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, situada junto do mar, nos confins de Zabulon e Neftali, 14 cumprindo-se o que tinha sido anunciado pelo profeta Isaías, quando disse: 15 “Terra de Zabulon e terra de Neftali, terra que confina com o mar, país além do Jordão, Galileia dos gentios! 16 Este povo, que jazia nas trevas, viu uma grande luz, e uma luz levantou-se para os que jaziam na sombra da morte”. 17 Desde então, começou Jesus a pregar: «Fazei penitência porque está próximo o Reino dos Céus».
23 Jesus percorria toda a Galileia, ensinando nas sinagogas e pregando o Evangelho do reino de Deus, e curando todas as enfermidades entre o povo. 24 A Sua fama espalhou-se por toda a Síria, e trouxeram-Lhe todos os que tinham algum mal, possuídos de vários achaques e dores: possessos, lunáticos, paralíticos. E Ele curava-os. 25 Seguiam-n'O grandes multidões de povo da Galileia, da Decápole, de Jerusalém, da Judeia e de além do Jordão.

Comentário:

Jesus abandona Nazaré a povoação onde passara trinta anos da Sua vida
Não o faz, com certeza, por conveniência mas sim, como de resto mais tarde se confirmará, o grandioso trabalho que vai iniciar, o anúncio da chegada do Reino de Deus, precisa de um ambiente onde não haja preconceitos por parte dos que com Ele conviveram.
Em Cafarnaum deverá encontrar os corações bem-dispostos para receberem as Suas palavras, a Sua doutrina.
Ainda poderíamos opinar: onde encontrar pescadores - a maioria dos futuros Apóstolos  - senão à beira-mar?

(ama, comentário sobre MT 4, 12-17; 23-25, 2014.01.26)


Leitura espiritual


São Josemaria Escrivá

Amigos de Deus 259 a 267

259         
Fainas de pesca

Eis que mandarei muitos pescadores, promete o Senhor, e pescarei esses peixes. Assim nos indica Deus o nosso grande trabalho: pescar.

Falando ou escrevendo, às vezes compara-se o mundo com o mar. E há muita verdade nessa comparação. Na vida humana, tal como no mar, há períodos de calma e períodos de borrasca, de tranquilidade e de forte ventania. Muitas vezes, os homens nadam em águas amargas, no meio de grandes vagas; caminham no meio de tormentas; viajam cheios de tristeza, mesmo quando parece que têm alegria, mesmo quando falam ruidosamente: gargalhadas que pretendem encobrir o seu desalento, o seu desgosto, a sua vida sem caridade nem compreensão. E devoram-se uns aos outros, tanto os homens como os peixes...

É missão dos filhos de Deus conseguir que todos os homens entrem - com liberdade - dentro da rede divina, para que se amem. Se somos cristãos, temos de converter-nos nos pescadores de que fala o profeta Jeremias. Jesus Cristo também utilizou repetidamente essa metáfora: "Segui-me e Eu vos farei pescadores de homens", diz a Pedro e a André.

260         
Acompanhemos Jesus nesta pesca divina. Jesus está junto do lago de Genesaré e as pessoas comprimem-se à sua volta, ansiosas por ouvirem a palavra de Deus. Tal como hoje! Não estais a ver? Estão desejando ouvir a mensagem de Deus, embora o dissimulem exteriormente. Talvez alguns se tenham esquecido da doutrina de Cristo; talvez outros, sem culpa sua, nunca a tenham aprendido e olhem para a religião como coisa estranha... Mas convencei-vos de uma realidade sempre actual: chega sempre um momento em que a alma não pode mais; em que não lhe bastam as explicações vulgares; em que não a satisfazem as mentiras dos falsos profetas. E, mesmo que nem então o admitam, essas pessoas sentem fome, desejam saciar a sua inquietação com os ensinamentos do Senhor.

Deixemos S. Lucas continuar a sua narrativa: E viu duas barcas à beira do lago; e os pescadores tinham saído e lavavam as redes. Entrando numa das barcas, que era a de Simão Pedro, pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra. E sentando-se dentro, ensinava o povo. Quando acabou a sua catequese, ordenou a Simão: Faz-te mais ao largo e lançai as vossas redes para pescar; é Cristo o dono da barca; é Ele quem prepara a faina. Para isso é que veio ao mundo: para tratar de que os seus irmãos descubram o caminho da glória e do amor ao Pai. Não fomos nós, portanto, quem inventou o apostolado cristão. Nós, os homens, só o dificultamos, com a nossa rudeza, com a nossa falta de fé.

261          
Replicou-lhe Simão: Mestre, trabalhámos durante toda a noite e não apanhámos nada. A resposta de Simão parece razoável. Costumavam pescar de noite, e precisamente aquela noite tinha sido infrutífera. Para que haviam de pescar de dia? Mas Pedro tem fé: Porém, sobre a tua palavra, lançarei a rede. Resolve proceder como Cristo lhe sugeriu; compromete-se a trabalhar, fiado na Palavra do Senhor. E que acontece? Tendo feito isto, apanharam tão grande quantidade de peixes, que a sua rede se rompia. Então fizeram sinal aos companheiros que estavam na outra barca, para que os viessem ajudar. Vieram e encheram tanto ambas as barcas, que quase se afundavam.

Ao sair para o mar com os discípulos, Jesus não pensava só nesta pesca. E por isso, quando Pedro se lança aos seus pés e confessa com humildade: Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador, Nosso Senhor respondeu-lhe: Não temas. De hoje em diante serás pescador de homens. E nessa nova pesca também não faltará a eficácia divina, pois, apesar das suas misérias pessoais, os Apóstolos serão instrumentos de grandes prodígios

262         
Os milagres repetem-se

Atrevo-me a assegurar que também o Senhor fará de nós instrumentos capazes de realizar milagres e até, se for preciso, dos mais extraordinários, se lutarmos diariamente por alcançar a santidade, cada um dentro do seu estado, no meio do mundo, no exercício da sua profissão, na vida normal e corrente. Daremos luz aos cegos... Quem não poderia contar mil casos de cegos, quase de nascença, que recobraram a vista, recebendo todo o esplendor da luz de Cristo? E de outros que eram surdos, e outros mudos, que não podiam ouvir ou articular uma palavra como filhos de Deus... E que purificaram os seus sentidos, e já ouvem, e já se exprimem como homens, não como animais!... In nomine Iesu!, em nome de Jesus, os seus Apóstolos dão agilidade àquele aleijado, que era incapaz de uma acção útil... E àquele outro, um poltrão, que conhecia as suas obrigações mas não as cumpria... - Em nome do Senhor, surge et ambula!; levanta-te e caminha! E um outro, já morto, apodrecido, que tresandava a cadáver, também ouviu a voz de Deus, como no milagre do filho da viúva de Naim - Rapaz, eu te ordeno: levanta-te! Faremos milagres como os de Cristo, milagres como os dos primeiros Apóstolos... Talvez esses prodígios se tenham dado contigo mesmo, ou comigo... Talvez fôssemos cegos, ou surdos, ou estropiados, ou cheirássemos a cadáver, e a palavra do Senhor nos tivesse levantado da nossa prostração... Pois bem: se amamos Cristo, se o seguimos com sinceridade, se não nos procuramos a nós mesmos mas tão só a Ele, em seu nome poderemos transmitir a outros de graça, o que de graça nos foi concedido.

263         
Tenho pregado constantemente sobre esta possibilidade sobrenatural e humana que Deus, nosso Pai, pôs nas mãos dos seus filhos: a de participar na Redenção operada por Cristo. E enche-me de alegria encontrar esta mesma doutrina nos textos dos Padres da Igreja. S. Gregório Magno explica: Os cristãos tiram as serpentes, quando arrancam o mal do coração dos outros com a exortação ao bem... A imposição das mãos sobre os enfermos ocorre quando se vê que o próximo enfraquece na prática do bem e se lhe oferece ajuda de mil maneiras, robustecendo-o com a força do exemplo. Estes milagres são tanto maiores quanto se passam no campo espiritual, dando vida, não aos corpos, mas às almas. Também vós, se não vos desleixardes, podereis operar estes prodígios com a ajuda de Deus.

Deus quer que todos se salvem. Isto é um convite e uma responsabilidade que pesam sobre cada um de nós. A Igreja não é um reduto de privilegiados. A grande Igreja será porventura uma exígua parte da Terra? A grande Igreja é o mundo inteiro. Assim escrevia Santo Agostinho, acrescentando: Aonde quer que te dirijas, aí está Cristo. Tens por herança os confins da Terra. Vem! Toma posse dela toda comigo.

Recordais como estavam as redes? Carregadas, a transbordar. Não cabiam mais peixes. Deus espera ardentemente que se encha a sua casa. É Pai e gosta de viver com todos os filhos à sua volta.

264         
Apostolado na vida corrente

Vejamos agora aquela outra pesca que se deu depois da Paixão e Morte de Jesus Cristo. Pedro negou três vezes o Mestre e chorou de pena humildemente. O galo, com o seu canto, recordou-lhe as advertências do Senhor e ele pediu perdão do fundo da alma. Enquanto espera, contrito, na promessa da Ressurreição, exerce o seu ofício e vai pescar. A propósito desta pesca, pergunta-se com frequência por que é que Pedro e os filhos de Zebedeu voltaram à ocupação que tinham antes de o Senhor os chamar. Efectivamente eram pescadores quando o Senhor lhes disse: Segui-me e Eu vos farei pescadores de homens. Aos que se surpreendem com esta conduta deve-se responder que não estava proibido aos Apóstolos exercer a sua profissão, visto que se tratava de coisa legítima e honesta.

O apostolado, essa ânsia que vibra no íntimo do cristão, não é coisa separada da vida de todos os dias; confunde-se com o próprio trabalho, convertido em ocasião de encontro pessoal com Cristo. Nesse trabalho, ombro a ombro com os nossos colegas, com os nossos amigos, com os nossos parentes, lutando pelos mesmos interesses, podemos ajudá-los a chegar a Cristo, que nos espera na margem do lago... Antes de ser apóstolo, pescador. Também, pescador depois de ser apóstolo. Antes e depois, a mesma profissão.

265         
Que mudança há então? Há mudança na alma, porque nela entrou Cristo, tal como entrou na barca de Pedro. Abrem-se amplos horizontes, maior ambição de servir e um desejo irreprimível de anunciar a todas as criaturas as magnalia Dei, as coisas maravilhosas que o Senhor faz, se lho permitimos. Aqui não posso deixar de recordar que o trabalho, digamos profissional dos sacerdotes é um ministério divino e público, que abarca exigentemente toda a sua vida. Pode-se dizer até, de um modo geral, que se a um sacerdote lhe sobra tempo para trabalhos que não sejam propriamente sacerdotais, é certo que não cumpre os deveres do seu ministério.

Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que era de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu, e outros dois dos seus discípulos. Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Responderam-lhe: Também nós vamos contigo. Foram, pois, e entraram numa barca. Naquela noite nada apanharam. Chegada a manhã, Jesus apresentou-se na praia.

Passa ao lado dos seus Apóstolos, junto daquelas almas que se lhe entregaram... E eles não se dão conta disso! Quantas vezes está Cristo, não perto de nós, mas dentro de nós, e temos uma vida tão humana! Cristo está ao nosso lado e não recebe um olhar de carinho, uma palavra de amor, uma obra de serviço por parte dos seus filhos!

266         
Os discípulos, todavia - escreve S. João - não sabiam que era Jesus. Disse-lhes, pois, Jesus: Moços, tendes alguma coisa de comer? Esta cena tão familiar de Cristo, a mim, enche-me de alegria. Que diga isto Jesus Cristo, Deus! Ele, que já tem corpo glorioso! Lançai a rede para o lado direito da barca e encontrareis. Lançaram a rede e já não a podiam tirar por causa da grande quantidade de peixes. Agora compreendem. Recordam o que tinham ouvido tantas vezes dos lábios do Mestre: pescadores de homens, apóstolos!... E compreendem que tudo é possível, porque é Ele quem dirige a pesca.

Então aquele discípulo que Jesus amava disse a Pedro: É o Senhor! O amor vê. E de longe. O amor é o primeiro a captar aquela delicadeza. O Apóstolo adolescente, com o firme carinho que sentia por Jesus, pois amava Cristo com toda a pureza e toda a ternura de um coração que nunca se corrompera, exclamou: É o Senhor!

Simão Pedro, mal ouviu dizer que era o Senhor, cingiu a túnica e lançou-se ao mar. Pedro é a fé. E lança-se ao mar, com uma audácia maravilhosa. Com o amor de João e a fé de Pedro, aonde podemos nós chegar!?

267         
As almas são de Deus

Os outros discípulos foram com a barca, porque não estavam distantes de terra, senão duzentos côvados, tirando a rede cheia de peixes. Em seguida põem a pesca aos pés do Senhor, porque é sua, para que aprendamos que as almas são de Deus, que ninguém nesta terra pode atribuir a si mesmo essa propriedade, que o apostolado da Igreja - a palavra e a realidade da salvação - não se baseia no prestígio de algumas pessoas, mas na graça divina.

Jesus Cristo interroga Pedro por três vezes, como se lhe quisesse dar a oportunidade de reparar a sua tripla negação. Pedro já aprendeu, escarmentado com a sua própria miséria: está profundamente convencido de que são inúteis aqueles seus alardes temerários; tem consciência da sua debilidade. Por isso, põe tudo nas mãos de Cristo: Senhor, tu sabes que eu te amo... Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo. E que responde Cristo? Apascenta os meus cordeiros; apascenta as minhas ovelhas. Não as tuas, não as vossas; as minhas! Porque foi Ele quem criou o homem, Ele quem o redimiu, Ele quem comprou cada alma, uma a uma, repito, com o preço do seu Sangue.

Quando os donatistas, no século V, lançavam os seus ataques contra os católicos, diziam ser impossível que o bispo de Hipona, Agostinho, professasse a verdade, porque tinha sido um grande pecador. E Santo Agostinho sugeria aos seus irmãos na fé como haviam de replicar: Agostinho é bispo na Igreja Católica. Ele leva a carga, de que há-de dar contas a Deus. Conheci-o entre os bons. Se é mau, ele o sabe; se é bom, nem por isso deposito nele a minha esperança. Porque a primeira coisa que aprendi na Igreja Católica foi a não pôr a minha esperança num homem.

Não fazemos o nosso apostolado. Então, como havemos de dizer? Fazemos - porque Deus o quer, porque assim no-lo mandou: ide por todo o mundo e pregai o Evangelho - o apostolado de Cristo. Os erros são nossos; os frutos, do Senhor.

(cont)







Tratado do verbo encarnado 81

Questão 11: Da ciência inata ou infusa da alma de Cristo

Art. 6 — Se a alma de Cristo só tinha um hábito de ciência.

O sexto discute-se assim. — Parece que a alma de Cristo tinha só um hábito de ciência.

1. — Pois, quanto mais a ciência é perfeita tanto mais una é, por isso os anjos superiores conhecem mediante formas mais universais, como se disse na Primeira Parte. Ora, a ciência de Cristo era perfeitíssima. Logo, una por excelência. Portanto não se distinguia por muitos hábitos.

2. Demais. — A nossa fé deriva da ciência de Cristo, como diz o Apóstolo: Pondo os olhos no autor e consumador da fé, Jesus. Ora, há um só hábito da fé para todas as coisas que ela faz crer, como se disse na Segunda Parte. Logo, com maior razão, Cristo só tinha um hábito da ciência.

3. Demais. — As ciências distinguem-se pela diversidade formal dos seus objectos, Ora, a alma de Cristo sabia tudo por uma só razão formal - o lume infuso por Deus. Logo, em Cristo só havia um hábito de ciência.

Mas, em contrário, a Escritura diz que, sobre uma pedra única, isto é, Cristo, estão sete olhos. E por olhos se entende a ciência. Logo em Cristo havia muitos hábitos de ciência.

Como se disse, a ciência infusa na alma de Cristo assumia um modo conatural à alma humana. Ora, é conatural à alma humana receber as espécies em menor universalidade que o anjo, de modo que conheça diversas naturezas específicas mediante diversas espécies inteligíveis. Donde vem que há em nós diversos hábitos de ciência, por haver diversos géneros de cognoscíveis, isto é, enquanto tudo o que está compreendido num mesmo género é conhecido pelo mesmo hábito de ciência, assim, como diz Aristóteles, a ciência é una quando pertence ao mesmo género do sujeito. Logo, a ciência infusa da alma de Cristo distinguia-se conforme a diversidade dos hábitos

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Como se disse, a ciência da alma de Cristo é perfeitíssima e excede a ciência dos anjos, se considerarmos nele o que procede da influência de Deus, mas é inferior à ciência angélica quanto ao modo do sujeito recipiente. E é fundada nesse modo que a sua ciência se distingue por muitos hábitos, como existindo por espécies mais particulares.

RESPOSTA À SEGUNDA. — A nossa fé baseia-se na Verdade primeira. Donde, Cristo é o autor da nossa fé, pela sua ciência divina, una, absolutamente falando.

RESPOSTA À TERCEIRA. — O lume infuso da divindade é a razão comum de inteligir o que é revelado por Deus, assim como o lume do intelecto, o de inteligir o que conhecemos naturalmente. Donde, é necessário atribuir à alma de Cristo espécies próprias das coisas particulares, para que conhecesse cada uma delas por um conhecimento próprio. E, assim sendo, era necessário que a alma de Cristo tivesse diversos hábitos de ciência, como se disse.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.


Pequena agenda do cristão


SeGUNDa-Feira

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)





Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.

Senhor que eu faça ‘boa cara’, que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.

Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.

Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.

Que o Senhor assista e vivifique o Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.

Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.

Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.

Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?