Tempo Comum II Semana
Evangelho: Mc 3 7-12
7 Jesus retirou-Se
com Seus discípulos para o mar, e segiu-O uma grande multidão do povo da
Galileia; também da Judeia, 8 de Jerusalém, da Idumeia, da
Transjordânia e das vizinhanças de Tiro e de Sidónia, tendo ouvido as coisas
que fazia, foram em grande multidão ter com Ele. 9 Mandou aos Seus
discípulos que Lhe aprontassem uma barca para que a multidão não O apertasse. 10
Porque, como curava muitos, todos os que padeciam algum mal lançavam-se sobre
Ele para O tocarem. 11 E os espíritos imundos, quando O viam, prostravam-se
diante d'Ele e gritavam: «Tu és o Filho de Deus». 12 Mas Ele
ordenava-lhes com severidade que não O manifestassem.
Comentário:
Jesus
Cristo quer que os que O seguem acreditem nele pelo que ouvem e vêm e não pelas
“declarações” do demónio.
Jesus
Cristo é a Verdade e esta não pode ser confirmada pelo “pai da mentira”.
(AMA, Comentário sobre Mc 3, 7-12, 2014.12.10)
Leitura espiritual
São Josemaria Escrivá
Temas actuais do
cristianismo [i]
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Quererá
V. Rev.a dizer como e porquê fundou o Opus Dei, e que acontecimentos considera
marcos mais importantes do seu desenvolvimento?
Porquê?...
As obras que nascem da vontade de Deus não têm outra razão de ser senão o
desejo divino de as utilizar como expressão da sua vontade salvífica universal.
Desde
o primeiro momento, a Obra foi universal, católica. Não nasceu para dar solução
aos problemas concretos da Europa da década de 20, mas sim para dizer aos
homens e mulheres de todos os países, de qualquer condição, raça, língua ou
ambiente, e de qualquer estado - solteiros, casados, viúvos, sacerdotes -, que
podiam amar e servir a Deus sem deixar de viver no seu trabalho habitual, com a
sua família, nas suas variadas e normais relações sociais.
Como
se fundou? Sem nenhum meio humano. Eu tinha apenas 26 anos, a graça de Deus e
bom-humor. A Obra nasceu pequena: não era mais que o empenho dum jovem
sacerdote, que se esforçava por fazer o que Deus lhe pedia.
Pergunta-me
por marcos do nosso caminho... Para mim, é marco essencial na Obra qualquer
momento, qualquer instante em que, através do Opus Dei, alguém se aproxima de
Deus, tornando-se assim mais irmão dos homens seus irmãos.
Talvez
quisesse que lhe falasse dos pontos cruciais, na ordem do tempo... Embora não
sejam estes os mais importantes, vou-lhe dar, de memória, umas datas, mais ou
menos aproximadas. Já nos primeiros meses de 1935, estava tudo preparado para
começar a trabalhar em França - concretamente em Paris. Mas vieram, primeiro, a
guerra civil espanhola e, logo a seguir, a segunda guerra mundial - e foi
preciso adiar a expansão da Obra. Mas, como esse desenvolvimento era
necessário, o adiamento foi mínimo. Já em 1940 se iniciava o trabalho em
Portugal. Quase coincidindo com o fim das hostilidades, embora tivesse havido
já algumas viagens em anos anteriores, começou-se na Inglaterra, em França, na
Itália, nos Estados Unidos, no México. Depois, a expansão tem um ritmo
progressivo. A partir de 1949 e 50: na Alemanha, Holanda, Suíça, Argentina,
Canadá, Venezuela e nos restantes países europeus e americanos. Ao mesmo tempo,
o trabalho ia-se alargando a outros continentes: o Norte de África, o Japão, o
Quénia e outros países da África oriental, a Austrália, as Filipinas, a
Nigéria, etc.
Também
sinto prazer em recordar especialmente, como datas capitais, as constantes
ocasiões em que de modo mais palpável se manifestou o carinho dos Sumos
Pontífices pela nossa Obra. Resido normalmente em Roma desde 1946, e assim tive
ocasião de conhecer e tratar com Pio XII, João XXIII e Paulo VI. Em todos
encontrei sempre um carinho de pai.
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Estaria
V. Rev. de acordo com a afirmação, alguma vez feita, de que o ambiente especial
de Espanha durante os últimos trinta anos facilitou o crescimento da Obra nesse
país?
Em
poucos lugares encontramos menos facilidades do que em Espanha. É o país -
custa-me dizê-lo, pois amo profundamente a minha pátria - em que deu mais
trabalho e sofrimento fazer enraizar a Obra. Mal tinha nascido, logo encontrou
a oposição dos inimigos da liberdade individual, e de pessoas tão aferradas às
ideias tradicionais que não podiam compreender a vida dos sócios do Opus Dei:
cidadãos vulgares, que se esforçam por viver plenamente a sua vocação cristã
sem deixar o mundo.
Também
as obras de apostolado da própria Obra não encontraram especiais facilidades em
Espanha. Governos de países onde a maioria dos cidadãos não é católica
ajudaram, com muito maior generosidade do que o Estado espanhol, as actividades
docentes e beneficentes promovidas por membros da Obra. O auxílio que esses
governos concedem ou possam conceder às obras próprias do Opus Dei, como é
habitual com outras obras semelhantes, não significa privilégio, mas
simplesmente o reconhecimento da função social que desempenham, poupando
dinheiro ao Tesouro público.
Na
sua expansão internacional, o espírito do Opus Dei encontrou imediato eco e
profundo acolhimento em todos os países. Se encontrou obstáculos, foi
exactamente por causa de falsidades vindas de Espanha e inventadas por
espanhóis, por alguns sectores bem concretos da sociedade espanhola. Em
primeiro lugar, a organização internacional de que há pouco lhe falei; mas isso
parece certo que é coisa do passado, e eu não guardo rancor a ninguém. Depois,
algumas pessoas que não compreendem o pluralismo, que adoptam atitudes de
grupo, quando não caem em mentalidade estreita ou totalitária e que se servem
do nome católico para fazer política. Alguns desses, não percebo porquê -
talvez por falsos motivos humanos -, parecem achar um gosto especial em atacar
o Opus Dei, e, como dispõem de grandes meios económicos, - o dinheiro dos
contribuintes espanhóis -, os seus ataques podem ser publicados por certa imprensa.
Vejo
bem que o meu amigo está à espera de me ouvir citar nomes concretos de pessoas
e instituições... Não lhos vou dar, e espero que compreenda a razão. Nem a
minha missão nem a da Obra são políticas: o meu ofício é rezar. E não quero
dizer nada que possa interpretar-se sequer como uma intervenção em Política.
Mais ainda, é-me doloroso falar destas coisas. Estive calado durante quase 40
anos, e, se agora digo alguma coisa, é porque tenho obrigação de denunciar como
absolutamente falsas as interpretações torcidas que algumas pessoas pretendem
dar de uma actividade que é exclusivamente espiritual. Por isso, se bem que até
agora me tenha calado, daqui em diante falarei, e, se for necessário, cada vez
com maior clareza.
Mas,
voltando ao tema central da sua pergunta: se, também em Espanha, muitas pessoas
de todas as classes sociais têm procurado seguir Cristo com a ajuda do Opus Dei
e de acordo com o seu espírito, a explicação para isso não se pode ir buscar ao
ambiente ou a outros motivos extrínsecos. A prova do que afirmo está em que aqueles
que tão levianamente o pretendem vêem diminuir os seus próprios grupos; e as
causas exteriores são as mesmas para todos. Humanamente falando, talvez seja
também porque esses formam grupo, e nós não tiramos a liberdade pessoal a
ninguém.
Se
o Opus Dei está bem desenvolvido em Espanha - como também em algumas outras
nações -, pode ser condição disso o facto de a nossa tarefa espiritual aí se
haver iniciado há 40 anos, e, como lhe expliquei antes, a guerra civil
espanhola e, em seguida, a guerra mundial tornarem necessário o adiamento do
início da Obra noutros países. Quero declarar, no entanto, que desde há alguns
anos, os espanhóis são uma minoria no Opus Dei.
Não
pense, repito, que não amo a minha pátria, ou que não me alegro profundamente
com o trabalho que a Obra nela realiza; mas é triste que haja quem propague
equívocos acerca do Opus Dei e acerca de Espanha.
(cont)
[i]
Entrevista realizada por Peter Forbarth,
correspondente de Time (New York), em 15 de Abril de 1967.