21/07/2016

A tristeza é a escória do egoísmo

Que ninguém leia tristeza nem dor na tua cara, quando difundes pelo ambiente do mundo o aroma do teu sacrifício. Os filhos de Deus têm de ser sempre semeadores de paz e de alegria. (Sulco, 59)

E se somos filhos de Deus, por que havemos de estar tristes? A tristeza é a escória do egoísmo. Se queremos viver para Nosso Senhor, não nos faltará a alegria, mesmo que descubramos os nossos erros e as nossas misérias. A alegria entra na vida de oração de tal maneira que, a certa altura, não poderemos deixar de cantar: porque amamos, e cantar é próprio de apaixonados.

Se vivermos assim, realizaremos no mundo uma obra de paz; saberemos tornar amável aos outros o serviço a Nosso Senhor, porque Deus ama quem dá com alegria O cristão é uma pessoa igual às outras na sociedade; mas do seu coração transbordará a alegria de quem se propõe cumprir, com a ajuda constante da graça, a Vontade do Pai: e não se sente vítima, nem inferiorizado, nem coagido. Caminha de cabeça erguida, porque é homem e é filho de Deus.


A nossa fé dá todo o seu relevo a estas virtudes, que pessoa alguma deveria deixar de cultivar. Ninguém pode vencer o cristão em humanidade. Por isso, quem segue Cristo é capaz – não por mérito próprio, mas pela graça de Nosso Senhor – de comunicar aos que o rodeiam o que às vezes eles pressentem, embora não consigam compreender: que a verdadeira felicidade, o verdadeiro serviço ao próximo passa pelo Coração do Nosso Redentor; perfectus Deus, perfectus, homo. (Amigos de Deus, nn. 92–93)

Temas para meditar - 651

Próximo

Não poderíamos, desde já, olhar os outros de forma que os seus defei­tos não nos descorçoem?

Chegará um momento em que as feridas serão esquecidas (...).

Na maior parte muitas das coisas que nos entristeceram neste dia ou nestes últimos tempos vão ser esquecidas.

Temos defeitos, mas podemos gostar uns dos outros!

Porque somos irmãos, porque Cristo nos quer verdadeiramente... como somos.


(A. Mª. Gª. dorronsoro, Dios y la gente, Rialp, 2ª ed. Madrid 1974, pg. 150, trad ama

Evangelho e comentário


Tempo Comum

São Lourenço de Brindes – Doutor da Igreja

Evangelho: Mt 13, 10-17

10 Chegando-se a Ele os discípulos, disseram-Lhe: «Por que razão lhes falas por meio de parábolas?». 11 Ele respondeu-lhes: «Porque a vós é concedido conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não lhes é concedido. 12 Porque ao que tem lhe será dado ainda mais, e terá em abundância, mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado. 13 Por isso lhes falo em parábolas, porque vendo não vêem e ouvindo não ouvem nem entendem. 14 E cumpre-se neles a profecia de Isaías, que diz: “Ouvireis com os ouvidos e não entendereis; olhareis com os vossos olhos e não vereis. 15 Porque o coração deste povo tornou-se insensível, os seus ouvidos tornaram-se duros, e fecharam os olhos, para não suceder que vejam com os olhos, e oiçam com os ouvidos, e entendam com o coração, e se convertam, e Eu os cure”. 16 Ditosos, porém, os vossos olhos, porque vêm e os vossos ouvidos, porque ouvem. 17 Em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não o viram, ouvir o que ouvis e não o ouviram.

Comentário:

Alguns detêm-se nas palavras aparentemente contraditórias de Jesus para tentar justificar porque não acreditam nas mesmas. 
Aduzem que, o Senhor, não quis, declaradamente, ser claro nas Suas afirmações.

Laboram em, pelo menos, dois erros crassos:

Em primeiro lugar avaliam as palavras em vez de perscrutar o seu sentido;
Depois não entendem que os “olhos” e os “ouvidos” são as disposições interiores de cada um.

Com preconceitos e julgamentos apressados não há possibilidade alguma de entender e, entendendo, praticar.

(AMA, comentário sobre Mt 13, 10-17, 2014.07.24)










Leitura espiritual

Leitura Espiritual

Temas actuais do cristianismo 



São Josemaria Escrivá
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pergunta:

Sabemos que pertencem ao Opus Dei homens e mulheres de todas as condições sociais, solteiros ou casados.
Qual é, pois, o elemento comum que caracteriza a vocação para a Obra?
Que compromissos assume cada sócio para realizar os fins do Opus Dei?

resposta:

Vou dizer-lho em poucas palavras: procurar a santidade no meio do mundo, no meio da rua.
Quem recebe de Deus a vocação específica para o Opus Dei sabe e vive que deve alcançar a santidade no seu próprio estado, no exercício do seu trabalho, manual ou intelectual.
Disse sabe e vive, porque não se trata de aceitar um simples postulado teórico, mas de o realizar dia a dia, na vida ordinária.

Querer alcançar a santidade - apesar dos erros e das misérias pessoais, que durarão enquanto vivermos - significa esforçar-se, com a graça de Deus, por viver a caridade, plenitude da lei e vínculo da perfeição.
A caridade não é algo de abstracto; quer dizer entrega real e total ao serviço de Deus e de todos os homens: desse Deus que nos fala no silêncio da oração e no rumor do mundo; desses homens, cuja existência se cruza com a nossa.

Vivendo a caridade - o Amor -, vivem-se todas as virtudes humanas e sobrenaturais do cristão, que formam uma unidade e que não se podem reduzir a enumerações exaustivas.
A caridade exige que se viva a justiça, a solidariedade, a responsabilidade familiar e social, a pobreza, a alegria, a castidade, a amizade...

Vê-se imediatamente que a prática destas virtudes conduz ao apostolado.
Mais, é já apostolado.
Porque, ao procurar viver assim, no meio do trabalho diário, a conduta cristã torna-se bom exemplo, testemunho, ajuda concreta e eficaz: aprende-se a seguir as pisadas de Cristo, que coepit facere et docere [i], que começou a fazer e a ensinar, unindo ao exemplo a palavra. Por isso, chamei a este trabalho, há já quarenta anos, apostolado de amizade e confidência.

Todos os sócios do Opus Dei têm este mesmo afã de santidade e de apostolado.
Por isso, na Obra não há graus ou categorias de membros.
O que há é uma multiplicidade de situações pessoais - a situação que cada um tem no mundo - a que se adapta a mesma e única vocação específica e divina: a chamada a entregar-se, a empenhar-se pessoalmente, livremente e responsavelmente, no cumprimento da vontade de Deus manifestada para cada um de nós.

Como pode ver, o fenómeno pastoral do Opus Dei é algo que nasce de baixo, quer dizer, da vida corrente do cristão que vive e trabalha junto dos outros homens.
Não está na linha de uma mundanização - dessacralização - da vida monástica ou religiosa: não é o último estádio de aproximação dos religiosos ao mundo.

Aquele que recebe a vocação para o Opus Dei adquire uma nova visão das coisas que tem à sua volta: luzes novas nas suas relações sociais, na sua profissão, nas suas preocupações, nas suas tristezas e nas suas alegrias; mas nem por um momento deixa de viver no meio de tudo isso.
E não se pode de modo algum falar de adaptação ao mundo, ou à sociedade moderna: ninguém se adapta àquilo que tem como próprio; naquilo que se tem como próprio está-se.
A vocação recebida é igual à que surgia na alma daqueles pescadores, camponeses, comerciantes ou soldados que, sentados ao pé de Jesus Cristo na Galileia, O ouviam dizer: sede perfeitos, como vosso Pai celestial é perfeito [ii].

Repito que esta perfeição - que os sócios do Opus Dei procuram - é a perfeição própria do cristão, sem mais: quer dizer, aquela a que são chamados todos os cristãos e que implica viver integralmente as exigências da fé.
Não nos interessa a perfeição evangélica, que se considera própria dos religiosos e de algumas instituições assimiladas aos religiosos; e ainda menos nos interessa a chamada vida de perfeição evangélica, que se refere canonicamente ao estado religioso.

O caminho da vocação religiosa parece-me bendito e necessário na Igreja, e quem não o estimasse não teria o espírito da Obra.
Mas esse caminho não é o meu nem o dos sócios do Opus Dei. Pode-se dizer que, ao virem ao Opus Dei, todos e cada um dos seus sócios o fizeram com a condição explícita de não mudar de estado.
A nossa característica específica é santificar o próprio estado no mundo, e procurar que cada um dos sócios se santifique no lugar do seu encontro com Cristo: este é o compromisso que cada sócio assume para realizar os fins do Opus Dei.

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pergunta:

Como é organizado a Opus Dei?

resposta:

Se a vocação para a Obra, como acabo de lhe dizer, encontra o homem ou a mulher na sua vida normal, no meio do seu trabalho, compreenderá que o Opus Dei não assente em comités, assembleias, encontros, etc.
Algumas vezes, perante o assombro de alguém, cheguei a dizer que o Opus Dei neste sentido é uma organização desorganizada.
A maioria dos sócios - a quase totalidade - vive por sua conta, no lugar em que viveria se não fosse do Opus Dei: na sua casa, com a sua família, no sítio em que tem o seu trabalho.

E aí onde está, cada membro da Obra cumpre o fim do Opus Dei: procurar ser santo, fazendo da sua vida um apostolado ordinário, corrente, miúdo se quiser, mas perseverante e divinamente eficaz.
Isto é o que importa: e para alimentar esta vida de santidade e de apostolado cada um recebe do Opus Dei a necessária ajuda espiritual, o conselho, a orientação.
Mas apenas no terreno estritamente espiritual.
Em tudo o resto - no seu trabalho, nas suas relações sociais, etc. -, cada um actua como deseja, sabendo que esse terreno não é neutro, mas sim matéria santificante e santificável, e meio de apostolado.

Assim, todos vivem a sua própria vida, com as consequentes relações e obrigações, e dirigem-se à Obra para receberem ajuda espiritual. Isto exige uma certa estrutura, mas sempre muito elementar: põem-se os meios oportunos para que seja a estritamente indispensável. Organiza-se uma formação doutrinal-religiosa - que dura toda a vida - e que conduz a uma piedade activa, sincera e autêntica, e a um fervor que implica necessariamente a oração contínua do contemplativo e a actividade apostólica pessoal e responsável, isenta de fanatismos de qualquer espécie.

Todos os sócios sabem, além disso, onde podem encontrar um sacerdote da Obra com quem tratar as questões de consciência. Alguns sócios - muito poucos em comparação com o total - para dirigirem uma actividade apostólica ou para atenderem à assistência espiritual dos outros, vivem juntos, formando um lar corrente de família cristã e continuam a trabalhar ao mesmo tempo na sua respectiva profissão.

Existe, em cada país, um governo sempre de carácter colegial, presidido por um Conselheiro: e um governo central - constituído por profissionais de nacionalidades muito diversas - com sede em Roma.
O Opus Dei está estruturado em duas secções, uma para varões e outra para mulheres, que são absolutamente independentes, a ponto de constituírem duas associações distintas, unidas apenas na pessoa do Presidente Geral. [iii]

Espero que tenha ficado claro o que quer dizer organização desorganizada: que se dá primazia ao espírito sobre a organização, que a vida dos sócios não se espartilha em directivas, planos ou reuniões. Cada um é livre, unido aos outras por um comum espírito e um comum desejo de santidade e de apostolado, e procura santificar a sua própria vida ordinária.

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pergunta:

Tem-se falado por vezes do Opus Dei como uma organização de aristocracia intelectual, que deseja penetrar nos ambientes políticos, económicos e culturais de maior relevo, para os controlar a partir de dentro, ainda que com fins bons.
É verdade?

resposta:

Quase todas as instituições que trouxeram uma mensagem nova, ou que se esforçaram por servir seriamente a humanidade vivendo plenamente o cristianismo, sofreram a incompreensão, sobretudo nos começos.
É isto que explica que, no princípio, algumas pessoas não entendessem a doutrina sobre o apostolado dos leigos que o Opus Dei vivia e proclamava.

Devo dizer também - embora não goste de falar destas coisas - que no nosso caso não faltou, além disso, uma campanha organizada e perseverante de calúnias.
Houve quem dissesse que trabalhávamos secretamente - isso talvez fosse o que eles faziam -, que queríamos ocupar postos elevados, etc.
Posso dizer-lhe, concretamente, que esta campanha foi iniciada, há aproximadamente trinta anos, por um religioso espanhol que depois deixou a sua ordem e a Igreja, contraiu casamento civil e agora é pastor protestante.

A calúnia, uma vez lançada, continua a viver por inércia durante algum tempo: porque há quem escreva sem se informar, e porque nem todos são como os jornalistas competentes, que não se consideram infalíveis e têm a nobreza de rectificar quando verificam a verdade.
E foi isso o que aconteceu, embora estas calúnias estejam desmentidas por uma realidade que toda a gente tem podido verificar; além de que logo à primeira vista são inacreditáveis.
Basta dizer que os falatórios a que se referiu, apenas respeitam à Espanha; e, para já, pensar que uma instituição internacional como o Opus Dei gravita em torno dos problemas de um só país, demonstra ter horizontes estreitos, ser vítima de provincianismo.

Entrevista realizada por Enrico Zuppi e António Fugardi, publicada em L'Osservatore della Domenica (Cidade do Vaticano) nos dias 19 e 26 de Maio e 2 de Junho de 1968

(cont)





[i] (Act. 1, 1)
[ii] (Mt. 5, 48)
[iii] Cfr. a nota do n.º 35. Desde a erecção do Opus Dei como Prelatura pessoal, em vez de Presidente Geral o termo correcto é Prelado, que é o Ordinário próprio do Opus Dei, e que é ajudado no exercício do trabalho de governa pelos seus Vigários e Conselhos. O Prelado é eleito pelo Congresso Geral do Opus Dei; esta eleição requer a confirmação do Papa, como é norma canónica tradicional para os Prelados com jurisdição eleitos por um Colégio.

Pequena agenda do cristão


Quinta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Participar na Santa Missa.


Senhor, vendo-me tal como sou, nada, absolutamente, tenho esta percepção da grandeza que me está reservada dentro de momentos: Receber o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do Rei e Senhor do Universo.
O meu coração palpita de alegria, confiança e amor. Alegria por ser convidado, confiança em que saberei esforçar-me por merecer o convite e amor sem limites pela caridade que me fazes. Aqui me tens, tal como sou e não como gostaria e deveria ser.
Não sou digno, não sou digno, não sou digno! Sei porém, que a uma palavra Tua a minha dignidade de filho e irmão me dará o direito a receber-te tal como Tu mesmo quiseste que fosse. Aqui me tens, Senhor. Convidaste-me e eu vim.


Lembrar-me:
Comunhões espirituais.


Senhor, eu quisera receber-vos com aquela pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu Vossa Santíssima Mãe, com o espírito e fervor dos Santos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?