«Ela é lésbica e estamos bem com
isso» – lê-se num cartaz profusamente difundido nas escolas oficiais, a par de
outro análogo, a favor dos «gays». Em ambos, consta também uma séria
advertência contra o «bullying homofóbico», expressão que peca, entre outros
males de maior monta, pelo uso de uma palavra estrangeira que podia e devia ter
sido traduzida, se a tanto chegasse o engenho e a arte dos actuais educadores
oficiais da mocidade portuguesa.
Os adolescentes exibidos nos dois
cartazes, três em cada, mostram-se sorridentes e bem-dispostos, com a maior
naturalidade. Não em vão: deste jeito, insinua-se que a lésbica ou o «gay» do
trio não se diferenciam dos seus colegas. Mas, se são como os outros, porquê
chamar a atenção para a diferença? E, se não são iguais, porquê aparentar que o
são?
Uma coisa é um louvável projecto de
inclusão de todas as minorias étnicas, religiosas, culturais, etc. Mas outra,
muito diferente, é a apologia de certos comportamentos. Ou seja, é bom que
todas as pessoas da escola sejam acolhidas com respeito pela sua diversidade e
comum dignidade, mas legitimar as suas opções morais já não decorre da obrigação
ética do respeito mútuo.
Esta campanha, de facto, visa a
homossexualidade e não as pessoas que têm essa tendência ou que fizeram essa
opção e que, como é óbvio, são dignas de todo o respeito. Se fosse este o caso,
dir-se-ia: «ela é lésbica», ou «ele é gay», e nós «estamos bem com ela», ou
«com ele». Mas os seus colegas não estão bem com ele ou com ela, mas com «isso»
que os distingue e que, por esta via, se pretende legitimar.
Se se dissesse, por absurda
hipótese, «ele é toxicodependente e estamos bem com isso», é evidente que a
mensagem seria de aprovação do consumo de drogas, e não de consideração pelas
pessoas que usam estupefacientes. É óbvio, portanto, que as entidades que promovem
esta campanha publicitária perseguem um claro propósito: incentivar, entre os
adolescentes, a homossexualidade, sob a aparência de uma normalidade que,
aliás, a ciência não confirma.
Por isso, é inquietante a conclusão
autoritária que, depois, se impõe: «o bullying homofóbico não é aceitável na
nossa escola». Primeiro, pelo tom intimidatório da afirmação, sem qualquer
respeito por quem pensa e age de outro modo. Depois, porque contradiz o permissivismo
de que se faz gala, a não ser que se entenda que ser publicamente homossexual é
virtuoso, mas ser contra, mesmo respeitando as pessoas em causa, é ser homofóbico
e, portanto, punível com a irradiação escolar. Mas um tal procedimento não é,
afinal, «bullying» homossexual?!
A campanha em curso pretende ser uma
iniciativa da «nossa escola». Mas, se a escola é nossa, porque razão os pais,
os professores e os alunos não foram ouvidos? Se a escola é nossa, porque
financiada pelo erário público, porque motivo aposta em interesses ideológicos
claramente minoritários?
De facto, este esbanjamento dos
dinheiros do Estado, este relativismo moral, esta rejeição liminar dos
princípios éticos naturais e de todas as religiões que, como a cristã, os afirmam,
não são nossos, mas apenas dos responsáveis por esta campanha, a qual, por tudo
isto e o que fica por dizer, «não é aceitável na nossa escola».
P. Gonçalo Portocarrero de Almada