10/04/2017

Fátima: Centenário - Poemas

MÃE AMÁVEL


Como és admirável, como és bela e santa,
ó Virgem-Mãe escrínio de candor,
que o mundo inteiro admira, adora e canta,
em mil hinos de glória ao Criador!

Teu vulto – ideal sublime – prende e encanta
a terra e o Céu num êxtase de amor.
Que pureza a Tua! É tão grande, é tanta…
flor… estrela… sorriso do Senhor!

Maravilha de graça e de bondade,
Mãe do Verbo, escol da virgindade,
raio de Sol divino, luz do Céu…
és querida na terra e nas alturas,
pois só Tu, entre tantas criaturas,
és bela e nobre, és pura e sem labéu!

Visconde de Montelo, Paráfrase da Ladainha Lauretana, 1956 [i]



[i] Cónego Manuel Nunes Formigão
1883 - Manuel Nunes Formigão nasce em Tomar, a 1 de Janeiro. 1908 - É ordenado presbítero a 4 de Abril em Roma. 1909 - É laureado em Teologia e Direito Canónico pela Universidade Gregoriana de Roma. 1909 - No Santuário de Lourdes, compromete-se a divulgar a devoção mariana em Portugal. 1917 - Nossa Senhora aceita o seu compromisso e ele entrega-se à causa de Fátima. 1917 / 1919 - Interroga, acompanha e apoia com carinho os Pastorinhos. - Jacinta deixa-lhe uma mensagem de Nossa senhora, ao morrer. 1921 - Escreve o livro: "Os Episódios Maravilhosos de Fátima". 1922 - Integra a comissão do processo canónico de investigação às aparições. 1922 - Colabora e põe de pé o periódico "Voz de Fátima". 1924 - A sua experiência de servita de Nossa Senhora em Lurdes, leva-o a implementar idêntica actividade em Fátima. 1928 - Escreve a obra mais importante: "As Grandes Maravilhas de Fátima". 1928 - Assiste à primeira profissão religiosa da Irmã Lúcia, em Tuy. Ela comunica-lhe a devoção dos primeiros sábados e pede-lhe que a divulgue. 1930 - Escreve "Fátima, o Paraíso na Terra". 1931 - Escreve "A Pérola de Portugal". 1936 - Escreve " Fé e Pátria". 1937 - Funda a revista "Stella". 1940 - Funda o jornal "Mensageiro de Bragança". 1943 - Funda o Almanaque de Nossa Senhora de Fátima. 1954 – Muda-se para Fátima a pedido do bispo de Leiria-Fátima 1956 - Escreve sonetos compilados na "Ladainha Lauretana". 1958 – Morre em Fátima. 06/01/1926 - Funda a congregação das Religiosas Reparadoras de Nossa Senhora das Dores de Fátima. 11/04/1949 – A congregação por ele fundada é reconhecida por direito diocesano. 22/08/1949 – Primeiras profissões canónicas das Religiosas. 16/11/2000 - A Conferência Episcopal Portuguesa concede a anuência por unanimidade, para a introdução da causa de beatificação e canonização deste apóstolo de Fátima. 15/09/2001 - Festa de Nossa Senhora das Dores, padroeira da congregação - É oficialmente aberto o processo de canonização do padre Formigão. 16/04/2005 – É oficialmente encerrado e lacrado o processso de canonização do padre Formigão.
Fátima, 28 Jan 2017 (Ecclesia) – Decorreu hoje a cerimónia de trasladação dos restos mortais do padre Manuel Nunes Formigão, conhecido como 'o apóstolo de Fátima, do cemitério local para um mausoléu construído na Casa de Nossa Senhora das Dores.
A celebração de trasladação deste sacerdote e servo de Deus começou com uma concentração, rua Francisco Marto, 203, com centenas de pessoas, seguida de saída para o cemitério da Freguesia de Fátima.
Na eucaristia inserida neste evento, na Basílica da Santíssima Trindade, do Santuário de Fátima, D. António Marto destacou uma figura que "se rendeu ao mistério e à revelação do amor de Deus, da beleza da sua santidade tal como brilhou aos pastorinhos de Fátima".
O bispo de Leiria-Fátima recordou ainda o padre Manuel Formigão como alguém que "captou de uma maneira admirável para o seu tempo, a dimensão reparadora da vivência da fé tão sublinhada na mensagem de Fátima".

Nota de AMA:
Este livro de Sonetos foi por sua expressa vontade, depois da sua morte, devidamente autografado, entregue a meu Pai. Guardo o exemplar como autêntica relíquia.

Fátima: Centenário - Oração diária


Senhora de Fátima:

Neste ano do Centenário da tua vinda ao nosso País, cheios de confiança vimos pedir-te que continues a olhar com maternal cuidado por todos os portugueses.
No íntimo dos nossos corações instala-se alguma apreensão e incerteza em relação a este nosso País.

Sabes bem que nos referimos às diferenças de opinião que se transformam em desavenças, desunião e afastamento; aos casais desfeitos com todas as graves consequências; à falta de fé e de prática da fé; ao excessivo apego a coisas passageiras deixando de lado o essencial; aos respeitos humanos que se traduzem em indiferença e falta de coragem para arrepiar caminho; às doenças graves que se arrastam e causam tanto sofrimento.
Faz com que todos, sem excepção, nos comportemos como autênticos filhos teus e com a sinceridade, o espírito de compreensão e a humildade necessárias para, com respeito de uns pelos outros, sermos, de facto, unidos na Fé, santos e exemplo para o mundo.

Que nenhum de nós se perca para a salvação eterna.

Como Paulo VI, aqui mesmo em 1967, te repetimos:

Monstra te esse Matrem”, Mostra que és Mãe.

Isto te pedimos, invocando, uma vez mais, ao teu Dulcíssimo Coração, a tua protecção e amparo.


AMA, Fevereiro, 2017

Fátima: Centenário - Oração Jubilar de Consagração


Salve, Mãe do Senhor,
Virgem Maria, Rainha do Rosário de Fátima!
Bendita entre todas as mulheres,
és a imagem da Igreja vestida da luz pascal,
és a honra do nosso povo,
és o triunfo sobre a marca do mal.

Profecia do Amor misericordioso do Pai,
Mestra do Anúncio da Boa-Nova do Filho,
Sinal do Fogo ardente do Espírito Santo,
ensina-nos, neste vale de alegrias e dores,
as verdades eternas que o Pai revela aos pequeninos.

Mostra-nos a força do teu manto protector.
No teu Imaculado Coração,
sê o refúgio dos pecadores
e o caminho que conduz até Deus.

Unido/a aos meus irmãos,
na Fé, na Esperança e no Amor,
a ti me entrego.
Unido/a aos meus irmãos, por ti, a Deus me consagro,
ó Virgem do Rosário de Fátima.

E, enfim, envolvido/a na Luz que das tuas mãos nos vem,
darei glória ao Senhor pelos séculos dos séculos.


Ámen.

Hoy el reto del amor es que le pidas al Señor que te sorprenda

ZONA SUR DORMIDA

Se oían voces alteradas detrás de la puerta. Miré el despertador, 6:54 am. Seis minutos para empezar el coro. ¡¿Pero qué ha pasado con el despertador?! Pegué un salto de la cama y me vestí corriendo. Mi sorpresa fue que, al salir de la celda, descubrí que toda la zona sur del Noviciado (Lety, Joane y yo) nos habíamos quedado dormidas. Un pasillo largo nos separa de Sión e Israel.

Lo que podía haber sido causa de mal humor, me llevó a dar muchísimas gracias al Señor. La noche anterior estaba muerta cuando me fui a la cama, y he de reconocer que le pedí al Señor que hiciese algo para levantarnos más tarde, cosa de la que no tenía ninguna esperanza, porque la campana suena sí o sí. Pero el Señor, como siempre, nos sorprende de mil maneras diferentes: no sólo hizo que mi despertador se volviese loco y decidiese dejar de funcionar, sino que el de Lety y el de Joane tampoco sonaron, así no se dieron cuenta de que me había dormido y no vinieron a despertarme.

Y es que Cristo cada día te quiere sorprender con muchos detalles, sin embargo, hay veces estamos tan cerrados en nosotros mismos que no los vemos. Puede que pienses que esto son cosas de monjas, pero Cristo es para todos los cristianos. Y tú también puedes verle. Pero Él tiene sus maneras, nosotras no nos podíamos quedar hasta las 12 en la cama, pero nos dejó disfrutar de media hora más.

Él está deseando abrirte los ojos; ve hacia Él y deja que te limpie los ojos para poder verle. Muchas veces no le vemos por la cantidad de problemas y obstáculos que se nos van poniendo, son como una venda que poco a poco nos va quitando la visión. Cristo quiere mirarte a los ojos hoy y decirte lo mucho que te quiere con miles de detalles. Desde una sonrisa de la persona que normalmente está de mal humor, un abrazo inesperado, un poco de tiempo libre, tu comida favorita... ¡somos unos mimados! Y, como buenos mimados, tenemos que pedirle...

Hoy el reto del amor es que le pidas al Señor que te sorprenda. Pídele poder ver cada regalo que Él te haga hoy. Y por la noche, cuando te acuestes, dale gracias por cada uno de ellos.


VIVE DE CRISTO

Cuando nos apartamos de Dios

El gran problema de la moralidad humana es la existencia o inexistencia de Dios. 

De la solución que demos a este problema, va a depender nuestra concepción de la moral.

He leído un texto de un Papa que dice lo siguiente: “Sobre la fe en Dios, genuina y pura, se funda la moralidad del género humano. Todos los intentos de separar la doctrina del orden moral de la base granítica de la fe, para reconstruirla sobre la arena movediza de normas humanas, conducen, pronto o tarde, a los individuos y a las naciones a la decadencia moral”.

Lo que afirma este texto es muy claro: el gran problema de la moralidad humana es la existencia o inexistencia de Dios. De la solución que demos a este problema, va a depender nuestra concepción de la moral.

En la concepción atea su idea central consiste en que no es posible determinar lo que es moralmente bueno o malo partiendo de unas normas generales y abstractas, válidas para todos los casos sin excepción, sino que únicamente se puede partir de la situación bien determinada con la que se enfrenta existencialmente la persona concreta. Y puesto que esta situación considerada bajo todos sus aspectos y en su totalidad es única para cada uno, y por consiguiente irrepetible y no generalizable, los partidarios de la ética de situación creen que las reglas generales abstractas no tienen ningún valor normativo, o por lo menos ningún valor normativo absoluto, siendo muchos en la práctica los que se dejan guiar por esta concepción a la hora de actuar moralmente en la vida cotidiana.

Pero si no hay valores normativos absolutos, la libertad humana no tiene absolutamente ningún límite. El principio fundamental de esta ética es el llamamiento a la libertad, llamamiento que no intenta dictar normas de conducta, siendo la única exigencia moral el desarrollo de la libertad. Las normas de la vida moral no pueden provenir ni de Dios, que no existe, ni de una pretendida naturaleza humana, ya que el hombre no es una naturaleza, sino una libertad, es decir una indeterminación que tiene que determinarse mediante una toma de postura libre. Según esta tendencia, cada uno encuentra por sí mismo las normas de su acción.

Una postura semejante la toman aquellos para quienes el criterio ético supremo vendría ofrecido por la satisfacción de los instintos. Una ética de la postmodernidad parece primar el placer como máximo valor y prescindir de la racionalidad necesaria en la selección de las respuestas humanas, siendo la postmodernidad no sólo una reflexión teórica sobre el mundo y su historia, sino también una actitud ética.

Es decir, detrás de toda decisión humana no hay ninguna finalidad ni existe ningún orden consistente que le ilumine en su camino, pues al eliminar el concepto de naturaleza se derrumba toda moral con pretensión universal y por tanto también la moral sexual, social, económica y política. En cuanto a la idea de Dios, para muchos representantes del ateísmo moderno esta idea constituye un obstáculo para el libre desarrollo humano. Con ello somos llevados al subjetivismo e incluso al solipsismo absoluto en materia de valores.

En esta tendencia, la conciencia individual tiene las prerrogativas de instancia suprema del juicio moral, decidiendo categórica e infaliblemente sobre el bien y el mal, y desapare­ciendo la necesaria exigencia de verdad. Queda abandonada la idea de una verdad universal que la razón humana puede conocer y se concede a la conciencia individual el privilegio de fijar, de modo autónomo, los criterios del bien y del mal, de lo que es verdad o mentira y de actuar en consecuencia.

Un muy conocido relativista, don José Luis Rodríguez Zapatero, decía así en unas declaraciones sobre la Ley Natural: “La idea de una ley natural por encima de las leyes que se dan los hombres es una reliquia ideológica frente a la realidad social y a lo que ha sido su evolución. Una idea respetable, pero no deja ser un vestigio del pasado”.

Sospecho que Pío XI, autor en 1937 del párrafo que entrecomillo al comienzo del artículo, párrafo tomado de su encíclica contra el nazismo Mit brennender Sorge, se hubiese quedado horrorizado al darse cuenta hasta qué punto tenía razón. Hoy el problema es la ideología de género, otra ideología atea, que tampoco respeta los derechos humanos y lo que pretende es favorecer el aborto, así como corromper a nuestros niños, adolescentes y jóvenes y destruir el matrimonio, la familia, la maternidad y la religión. Es decir estamos ante una ausencia total de valores y una democracia sin valores es un totalitarismo visible o encubierto. En pocas palabras, el ateísmo conduce al abismo totalitario.

Por ello el Concilio Vaticano II enseña: “La Iglesia afirma que el reconocimiento de Dios no se opone en modo alguno a la dignidad humana, ya que esta dignidad tiene en el mismo Dios su fundamento y perfección. Es Dios creador el que constituye al hombre inteligente y libre en la sociedad. Y, sobre todo, el hombre es llamado, como hijo, a la unión con Dios y a la participación de su felicidad. Enseña además la Iglesia que la esperanza escatológica no merma la importancia de las tareas temporales, sino que más bien proporciona nuevos motivos de apoyo para su ejercicio. Cuando, por el contrario, faltan ese fundamento divino y esa esperanza de la vida eterna, la dignidad humana sufre lesiones gravísimas -es lo que hoy con frecuencia sucede-, y los enigmas de la vida y de la muerte, de la culpa y del dolor, quedan sin solucionar, llevando no raramente al hombre a la desesperación” (Gaudium et Spes 21).

Pedro Trevijano


Leitura espiritual

A Cidade Deus
A CIDADE DE DEUS

Vol. 2


LIVRO X

CAPÍTULO V

Não se deve imaginar uma extensão infinita de tempos antes do Mundo, nem também uma extensão infinita de lugares fora do Mundo, porque antes do Mundo não há tempos nem fora dele há lugares.

Quanto àqueles que admitem connosco que Deus é o autor do Mundo, mas nos põem a objecção do tempo do Mundo, vejamos o que esses mesmos respondem acerca do lugar do Mundo. Porque da mesma forma que nos perguntam: 

porque o fez Ele em tal momento em vez de o ter feito em tal outro?, assim também se lhes pode perguntar:

— porque o fez aí em vez de o ter feito noutro sítio? 

Efectivamente, se imaginam antes do Mundo extensões infinitas de tempos no decurso das quais, parece-lhes, Deus não podia ficar inactivo, — pois imaginem também, fora do Mundo, extensões infinitas de lugares. E se disserem que também aí o Omnipotente não se pode manter inactivo, não serão eles obrigados a sonhar, como Epicuro, com inúmeros mundos (com a única diferença de que em vez de, como ele, atribuírem a sua formação e dissolução aos movimentos fortuitos dos átomos, dirão que foram criados por Deus)? Não será o que se conclui, se não admitirem que Deus se mantém inactivo na imensidade sem limites desses lugares que se estendem por todos os lados à volta do Mundo, nem será o que se conclui, se não admitirem que esses mundos não poderão ser destruídos por causa alguma, como eles pensam também do nosso Mundo. Lidamos com os que pensam, como nós, que Deus é um ser incorpóreo, criador de todas as naturezas distintas da sua. Quanto aos outros, seria demasiado indigno admiti-los nesta discussão acerca da religião; principalmente porque, àqueles que creem que se deve prestar culto a uma multidão de deuses, estes filósofos os superam em nobreza e autoridade e por isso, por muito afastados que pareçam estar da verdade, estão, todavia, dela mais próximos que todos os outros.

A respeito da substância de Deus, que não incluem num lugar, nem nele a delimitam , nem fora dele a deixam, mas antes, como convém pensar acerca de Deus, reconhecem que ela está inteiram ente toda com um a presença incorpórea em toda a parte — acaso dirão que ela está ausente desses espaços tamanhos que se estendem para fora do Mundo? Acaso dirão que ela ocupa unicamente o lugar deste M undo tão exíguo em comparação dos espaços infinitos? Não creio que cheguem a cair em tal palavreado. Reconhecem, pois, que não há senão um Mundo, formando sem dúvida uma massa corpórea imensa, mas limitada e circunscrita no seu lugar e que é obra de Deus. O que eles respondem a propósito dos espaços que se estendem sem limites para fora do Mundo quando perguntam: porque é que Deus nada fez aí? que o digam a si próprios a propósito dos tempos ilimitados decorridos antes do Mundo, quando perguntam: porque é que Deus nada fez então? Se Deus estabeleceu o Mundo no lugar onde está e não noutro, quando nesses espaços infinitos todos os lugares tinham os mesmos direitos de serem escolhidos, — não se segue por certo que Ele o fez por acaso e não por uma razão divina, embora esta razão escape a toda a inteligência humana. Pela mesma razão não é lógico atribuir a uma decisão fortuita que Deus criou o Mundo em tal tempo em vez de em tal outro, mesmo que no passado tenha havido uma infinidade de tempos igualmente anteriores sem diferença algum a para ser preferido um tempo a outro.


Se dizem que são vãos os pensamentos dos homens que imaginam espaços infinitos, pois que não há lugar algum fora do Mundo, responder-se-lhes-á que também é vão imaginar tempos passados em que Deus nada fazia, já que tempo não há antes do Mundo.

CAPÍTULO VI

Para o Mundo como para os tempos o começo é o mesmo: um não precede o outro.

Se, de facto, a verdadeira diferença entre a eternidade e o tempo consiste em que não há tempo sem mudança sucessiva, ao passo que a eternidade não admite mudança alguma, — quem não verá que o tempo não teria existido, se não tivesse sido feita uma criatura que desloca tal ou tal coisa por um qualquer movimento? Essa mudança, esse movimento cedem o seu lugar e sucedem-se, e, não podendo existir ao mesmo tempo em intervalos mais curtos ou prolongados de espaço, dão origem ao tempo. Pois que Deus, cuja eternidade exclui a menor mudança, é o criador e o ordenador dos tempos, como é que se poderá dizer que Ele criou o Mundo depois dos espaços de tempo? Eu não o vejo — a não ser que se diga que antes do Mundo já existia uma criatura cujos movimentos teriam determinado o curso dos tempos. Mas as Sagradas Escrituras, absolutamente verídicas, afirmam que «no princípio fez Deus o Céu e a Terra» (Gén. I, 1), para nos darem a entender que Ele nada tinha feito antes; porque, se tivesse feito alguma coisa antes de tudo o que fez, seria dessa coisa que estaria escrito «no princípio Deus fê-la». Está, pois, fora de dúvida que o Mundo foi feito, não no tempo, mas com o tempo. O que efectivamente se faz no tempo, faz-se depois de algum tempo e antes de outro — depois do que foi (praeteritum), antes do que será {juturum). Mas não poderia haver passado algum, porque não havia criatura alguma capaz, pelos seus movimentos sucessivos de realizar o tempo. Foi, pois, com o tempo que o Mundo foi feito pois que, ao criar o Mundo, Deus criou nele o movimento sucessivo. Assim o demonstra a própria ordem dos seis ou sete primeiros dias: estão lá nomeadas uma manhã e uma tarde, até que, acabadas todas as obras de Deus no sexto dia, o sétimo nos descobre, num grande mistério, o repouso de Deus. Mas de que dias se trata — é difícil, impossível mesmo, fazer disso um a ideia, quanto mais exprimi-la.

Capitulo VII

Natureza dos primeiros dias que, segundo a tradição, tiveram manhã e tarde ainda antes da criação do Sol.

Como, efectivamente, vemos, os dias, com o os conhecemos, têm tarde porque há um ocaso, e têm manhã porque há nascer do Sol. Mas os três primeiros dias decorreram sem Sol, feito, segundo a Escritura, ao quarto dia. É certo que ela nos conta que a luz foi feita em primeiro lugar pela palavra de Deus e que Deus a separou das trevas chamando dia à luz e noite às trevas. Mas que luz era esta e por que movimento alternante fazia ela a tarde e a manhã, é coisa que escapa aos nossos sentidos e não podemos compreender o que seja. Todavia, devemo-lo crer sem hesitação. De facto, ou é um a luz corpórea situada longe dos nossos olhares nas regiões superiores do mundo — um fogo de que mais tarde se iluminou o Sol; ou a palavra luz designa a Cidade Santa dos anjos e dos espíritos bem-aventurados de que fala o Apóstolo:

Ela é a Jerusalém do alto, nossa mãe eterna nos céus.[i]

e noutro lugar:

Vós sois todos filhos da luz e filhos do dia; nós não somos filhos da noite nem das trevas,[ii]

se é que nós podemos compreender a tarde e a manhã desse dia.

Com parada à ciência do Criador, a ciência da criatura é semelhante a um crepúsculo; também ela começa a clarear e a tornar-se como que manhã, quando é dirigida ao louvor e ao amor do Criador. E não pende para a noite senão quando abandona o Criador para amar a criatura. Enfim, a Escritura, quando enumera aqueles dias pela sua ordem, em parte nenhuma intercala a palavra noite. Efectivamente, em parte nenhuma diz: a noite foi feita, mas sim:

Fez-se uma tarde, fez-se uma manhã: é um dia[iii].

E da mesma maneira, do segundo e dos outros dias. Na verdade, a ciência da criatura em si mesma é, por assim dizer, mais descolorida do que quando se conhece na Sabedoria de Deus com o no modelo de que ela procede. Por isso, o nome de tarde convém melhor do que o de noite. Todavia, com o disse, quando essa ciência se dirige ao louvor e ao amor do Criador, torna-se manhã,

quando a ciência se realiza no conhecimento de si própria, isto é o primeiro dia;

quando ela se realiza no conhecimento do firmamento, que, situado entre as águas do alto e de baixo, se chama Céu, é o segundo dia;
quando se realiza no conhecimento da terra e do mar e de todos os seres que se reproduzem , que se continuam através das raízes da terra, é o terceiro dia;

quando se realiza no conhecimento dos luzeiros maior e menor e dos astros, é o quarto dia;

quando se realiza no dos animais que nadam nas águas e voam, é o quinto dia;

e quando se realiza no dos animais terrestres e do
próprio homem, é o sexto dia.


CAPÍTULO VIII

Com o compreender a existência e a natureza
do repouso de Deus no sétimo dia, depois de seis de trabalho.

Que Deus descansou de todos os seus trabalhos ao sétimo dia e que o santificou — é facto que não deve ser compreendido puerilmente no sentido de que Deus se fatigou com o trabalho. A palavra

 falou e as coisas se fizeram [iv]

deve ser entendida com o um a palavra inteligível e eterna, não sonora nem temporal. Mas o repouso de Deus significa o repouso dos que nele descansam, com o a alegria de uma casa significa a alegria dos que nela se alegram, mesmo que não seja a casa, mas um outro objecto que os torne alegres. Quanto mais se a própria casa pela sua beleza torna felizes os que nela habitam! Neste caso
chama-se alegre, não por essa figura de linguagem em que o continente é tom ado pelo conteúdo (como se diz: o teatro aplaudiu, os prados mugem, quando num os espectadores aplaudem e nos outros mugem os bois), — mas pela figura em que se toma o efeito pela causa (como se diz: uma carta alegre, para significar a alegria que ela comunica aos leitores). É por isso que com muita propriedade, quando a autoridade profética nos conta que Deus descansou, se quer significar o repouso dos que descansam n ’Ele, a quem Ele próprio faz descansar. Refere-se também aos homens a quem se dirige e para quem foi escrita a profecia: esta promete-lhes, a eles também, o repouso eterno em Deus depois das boas obras que Deus opera neles e por eles, se antes, nesta vida, se aproximaram, por assim dizer, d’Ele pela fé. Este repouso é ainda figurado pelo do sabbat prescrito pela lei ao antigo Povo de Deus. Mas disto é minha intenção tratar mais pormenorizadamente no seu lugar próprio.


(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)





[i] Gálat.,V, 5.
[ii] 1 Tessal., V, 5.
[iii] Gen., I, 5.
[iv] Salmo CXLVIII, 5.

Evangelho comentário

Semana Santa


Evangelho: Jo 12, 1-11

Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde vivia Lázaro, que Ele tinha ressuscitado dos mortos. Ofereceram-Lhe lá um jantar: Marta andava a servir e Lázaro era um dos que estavam à mesa com Jesus. Então Maria tomou uma libra de perfume de nardo puro, de alto preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-Lhos com os cabelos; e a casa encheu-se com o perfume do bálsamo. Disse então Judas Iscariotes, um dos discípulos, aquele que havia de entregar Jesus: «Porque não se vendeu este perfume por trezentos denários, para dar aos pobres?» Disse isto, não porque se importava com os pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa comum, tirava o que nela se lançava. Jesus respondeu-lhe: «Deixa-a em paz: ela tinha guardado o perfume para o dia da minha sepultura. Pobres, sempre os tereis convosco; mas a Mim, nem sempre Me tereis». Soube então grande número de judeus que Jesus Se encontrava ali e vieram, não só por causa de Jesus, mas também para verem Lázaro, que Ele tinha ressuscitado dos mortos. Entretanto, os príncipes dos sacerdotes resolveram matar também Lázaro, porque muitos judeus, por causa dele, se afastavam e acreditavam em Jesus.

Comentário:

O Evangelista fala de Judas com palavras duras que não admitem duas interpretações.

Refere-se particularmente ao seu comportamento como guarda da bolsa comum da qual retirava dinheiro. Seria, portanto, algo do conhecimento geral.

Jesus não saberia disto?

Com toda a certeza saberia.

Porque, então, não tomou qualquer atitude?

Penso que fundamentalmente porque como ele próprio afirmou, não veio nem para julgar nem para condenar mas justamente para salvar e levar ao arrependimento.

No mistério insondável da Sua bondade vê-se bem que esperou até ao "último momento" por este desgraçado homem, pelo seu arrependimento e reconvenção.


(ama, comentário sobre Jo 12, 1-11, 13.12.2016)

Tu és sal, alma de apóstolo

Tu és sal, alma de apóstolo. – "Bonum est sal" – o sal é bom, lê-se no Santo Evangelho; "si autem sal evanuerit" – mas se o sal se desvirtua... de nada serve, nem para a terra, nem para o esterco; deita-se fora como inútil. Tu és sal, alma de apóstolo. – Mas se te desvirtuas... (Caminho, 921)

Os católicos têm de andar pela vida como apóstolos: com luz de Deus, com sal de Deus. Sem medo, com naturalidade, mas com tal vida interior, com tal união com Nosso Senhor, que iluminem, que evitem a corrupção e as sombras, que repartam o fruto da serenidade e a eficácia da doutrina cristã. (Forja, 969)

Em momentos de desorientação geral, quando clamas ao Senhor pelas suas almas!, parece que não te ouve, que está surdo aos teus apelos. Inclusivamente chegas a pensar que o teu trabalho apostólico é vão.
– Não te preocupes! Continua a trabalhar com a mesma alegria, com a mesma vibração, com o mesmo afinco. Permite-me que insista: quando se trabalha por Deus, nada é infecundo! (Forja, 978)

– Filho: todos os mares deste mundo são nossos, e lá onde a pesca é mais difícil é também mais necessária. (Forja, 979)


Com a tua doutrina de cristão, com a tua vida íntegra e com o teu trabalho bem feito, tens que dar bom exemplo, no exercício da tua profissão e no cumprimento dos deveres do teu cargo, aos que te rodeiam: os teus parentes, os teus amigos, os teus companheiros, os teus vizinhos, os teus alunos... – Não podes ser um embusteiro (Forja, 980).

Bento XVI – Pensamentos espirituais 140

Gerar Cristo

O Senhor encontra uma morada na nossa alma e na nossa vida.

Mas não devemos trazê-l'O só no coração, devemos levá-l'O ao mundo de tal maneira que também nós possamos, no nosso tempo, gerar Cristo.

Catequese da audiência geral, (15.Fev.06)

(in “Bento XVI, Pensamentos Espirituais”, Lucerna 2006)

Diálogos apostólicos

Diálogos apostólicos II Parte

Pergunto:

3. Como saber se uma acção concreta é boa?

Respondo:


Além da reflexão sincera, convém preguntar a um bom cristão que entenda destas coisas; e consultar encíclicas e outros documentos dos Papas, por exemplo, o Catecismo da Igreja Católica.

Epístolas de São Paulo – 41

2ª Epístola de São Paulo aos Coríntios

I. DEFESA DO APÓSTOLO (1,12-7,16)

Capítulo 6

O Ministério apostólico

1E como seus colaboradores, exortamo-vos a não receber em vão a graça de Deus. 2Pois Ele diz: No tempo favorável, ouvi-te e, no dia da salvação, vim em teu auxílio. É este o tempo favorável, é este o dia da salvação.
3Não damos em nada qualquer motivo de escândalo, para que o nosso ministério não seja desacreditado. 4Ao contrário, em tudo nos recomendamos como ministros de Deus, com muita paciência nas tribulações, nas necessidades e nas angústias, 5nos açoites e nas prisões, nos tumultos e nas fadigas, nas vigílias e nos jejuns, 6pela pureza e pela ciência, pela magnanimidade e pela bondade, pelo Espírito Santo e pelo amor sem fingimento, 7pela palavra da verdade e pelo poder de Deus, pelas armas ofensivas e defensivas da justiça; 8na honra e na desonra, na má e na boa fama; tidos por impostores e, no entanto, verdadeiros; 9por desconhecidos e, no entanto, bem conhecidos; por agonizantes e, no entanto, eis-nos com vida; por condenados e, no entanto, livres da morte; 10por tristes, nós que estamos sempre alegres; por pobres, nós que enriquecemos a muitos; por nada tendo e, no entanto, tudo possuindo.
11A nossa boca tem-se aberto para vós, ó coríntios; dilatou-se o nosso coração. 12Não é estreito o espaço que tendes em nós; o vosso íntimo é que se estreitou. 13Pagai-nos com a mesma moeda - como a filhos vos falo: dilatai, também vós, o vosso coração.

Templos de Deus

14Não vos prendais ao mesmo jugo com os infiéis. Que união pode haver entre a justiça e a impiedade ou que há de comum entre a luz e as trevas? 15Que acordo pode existir entre Cristo e Belial ou que parte tem o fiel com o infiel? 16Que compatibilidade é possível entre o templo de Deus e os ídolos? Porque nós somos o templo do Deus vivo, como o mesmo Deus disse: Habitarei e andarei no meio deles, Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. 17Por isso, saí do meio dessa gente e afastai-vos, diz o Senhor. Não toqueis no que é impuro e Eu vos acolherei, 18e serei para vós um pai e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso.

Doutrina – 265

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ

SEGUNDA SECÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ

CAPÍTULO PRIMEIRO CREIO EM DEUS PAI

OS SÍMBOLOS DA FÉ

44. Qual é o mistério central da fé e da vida cristã?

O mistério central da fé e da vida cristã é o mistério da Santíssima Trindade. Os cristãos são baptizados no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.



Pequena agenda do cristão

SeGUNDa-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)







Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.

Senhor que eu faça ‘boa cara’, que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.

Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.

Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.

Que o Senhor assista e vivifique o Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.

Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.

Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?


Oração:

Começa hoje uma nova semanaajuda-me, Senhor, a vivê-la de tal modo que todas as minhas acções e desejos sirvam para Te louvar e servir.