Dentro
do Evangelho
Reclinados
sobre a abundante erva verde que como manto cobria o chão, os Doze aguardavam
Jesus que Se retirara para orar.
Eu estava um
pouco afastado mas não tanto que não ouvisse distintamente o que diziam.
Todos olhávamos
para a Figura solitária do Mestre a cerca de uns Cincoenta metros, de joelhos,
os olhos postos no Céu, os lábios movendo-se em oração silenciosa.
A serenidade do
Seu semblante revelava bem o Seu recolhimento interior.
Jesus a orar!
Que imagem extraordinária!
Parecia que
nada existia à Sua volta!
Um dos Doze
disse:
- «Vede como
reza»!
Eu debatia-me
com uma complicada questão:
Mas... se Ele É
Deus está a rezar a Si Mesmo?
Mergulhei
dentro de mim e conclui que Jesus Cristo sendo Deus É também a Segunda Pessoa
da Santíssima Trindade, O Filho, logo, como Filho, reza a Seu Pai.
De facto,
também concluo, tudo isto é um mistério e, como tal não tem uma explicação lógica,
daí que abandono decididamente estas locubrações porque, também concluo, são
tentatações insidiosas do demónio.
Eu que sou
Filho de Deus, devo rezar... falar com O meu Pai, constantemente porque Ele
constantemente me tem na Sua Presença e, sendo assim como tenho a certeza que
é, não posso, não devo, não quero falar com Ele a espaços, quando me apetecer
ou precisar mas, continuamente, sem hiatos nem interrupções quando não estarei perdido.
Só pensar que
se Ele procedesse de igual modo me aterra!
Sou fraco,
volúvel mas Ele sabe tudo isso muito bem e o que na verdade Lhe interessa é
que...
Senhor,
ajuda-me a ter-Te sempre presente!!!
Reflectindo
Insatisfação
Uma aparente insatisfação de não fazer o que devia fazer, como e quando.
Sinto esta ânsia de perfeição pessoal que a cada momento parece estar ao meu alcance
para logo se afastar para bem longe.
Queria um julgamento agora, que o Senhor me dissesse claramente:
‘Não posso prosseguir sem que primeiro aproveites todas as oportunidades
que te dou continuamente.
Choras?
Mas choras por Mim ou por ti?
Porque não alcanças o que desejas ou porque não te esforças o suficiente?
Choras porque és pouca coisa e gostavas de ser mais ou choras porque nem
mesmo o pouco que és consegues fazer o que deves?
Falta-te a vontade e sobra-te o desejo.
Choras porque não passas das intenções, das belas palavras, dos propósitos
bem estruturados e não segues em frente como deves com o que tens, tudo o que
tens e é muito porque fui Eu Quem to deu e bem sabes como sou generoso.
Sim, António, o que tens é o bastante, suficiente para me dares o que te
exijo: que sejas bom, puro e santo’.
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