PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO
Quinta-Feira
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito: Participar na Santa Missa.
Senhor, vendo-me tal como sou, nada, absolutamente, tenho esta percepção da grandeza que me está reservada dentro de momentos: Receber o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do Rei e Senhor do Universo.
O meu coração palpita de alegria,
confiança e amor. Alegria por ser convidado, confiança em que saberei
esforçar-me por merecer o convite e amor sem limites pela caridade que me
fazes. Aqui me tens, tal como sou e não como gostaria e deveria ser.
Não sou digno, não sou digno, não sou
digno! Sei porém, que a uma palavra Tua a minha dignidade de filho e irmão me
dará o direito a receber-te tal como Tu mesmo quiseste que fosse. Aqui me tens,
Senhor. Convidaste-me e eu vim.
Lembrar-me: Comunhões espirituais.
Senhor, eu quisera receber-vos com aquela pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu Vossa Santíssima Mãe, com o espírito e fervor dos Santos.
Pequeno exame: Cumpri o propósito que me propus ontem?
LEITURA ESPIRITUAL
Mc III, 1-35
O homem com a mão atrofiada
1
Novamente entrou na sinagoga. E estava lá um homem que tinha uma das mãos
paralisada. 2 Ora eles observavam-no, para ver se iria curá-lo ao Sábado, a fim
de o poderem acusar. 3 Jesus disse ao homem da mão paralisada: «Levanta-te e
vem para o meio.» 4 E a eles perguntou: «É permitido ao sábado fazer bem ou
fazer mal, salvar uma vida ou matá-la?» Eles ficaram calados. 5 Então,
olhando-os com indignação e magoado com a dureza dos seus corações, disse ao
homem: «Estende a mão.» Estendeu-a, e a mão ficou curada. 6 Assim que saíram,
os fariseus reuniram-se com os partidários de Herodes para deliberar como
haviam de matar Jesus.
Jesus e a multidão
7
Jesus retirou-se para o mar com os discípulos. Seguiu-o uma imensa multidão
vinda da Galileia. E da Judeia, 8 de Jerusalém, da Idumeia, de além-Jordão e
das cercanias de Tiro e de Sídon, uma grande multidão veio ter com Ele, ao
ouvir dizer o que Ele fazia. 9 E disse aos discípulos que lhe aprontassem um
barco, a fim de não ser molestado pela multidão, 10 pois tinha curado muita
gente e, por isso, os que sofriam de enfermidades caíam sobre Ele para lhe
tocarem. 11 Os espíritos malignos, ao vê-lo, prostravam-se diante dele e
gritavam: «Tu és o Filho de Deus!» 12 Ele, porém, proibia-lhes severamente que
o dessem a conhecer.
Escolha dos Apóstolos
13
Jesus subiu depois a um monte, chamou os que Ele queria e foram ter com Ele. 14
Estabeleceu doze para estarem com Ele e para os enviar a pregar, 15 com o poder
de expulsar demónios. 16 Estabeleceu estes doze: Simão, ao qual pôs o nome de
Pedro; 17 Tiago, filho de Zebedeu, e João, irmão de Tiago, aos quais deu o nome
de Boanerges, isto é, filhos do trovão; 18 André, Filipe, Bartolomeu, Mateus,
Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o Cananeu, 19 e Judas Iscariotes,
que o entregou. 20 Tendo Jesus chegado a casa, de novo a multidão acorreu, de
tal maneira que nem podiam comer. 21 E quando os seus familiares ouviram isto,
saíram a ter mão nele, pois diziam: «Está fora de si!»
Blasfémia dos escribas
22
E os doutores da Lei, que tinham descido de Jerusalém, afirmavam: «Ele tem
Belzebu!» E ainda: «É pelo chefe dos demónios que expulsa os demónios.» 23
Então, Jesus chamou-os e disse-lhes em parábolas: «Como pode Satanás expulsar
Satanás? 24 Se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode
perdurar; 25 e se uma família se dividir contra si mesma, essa família não pode
subsistir. 26 Se, portanto, Satanás se levanta contra si próprio, está dividido
e não poderá subsistir; é o seu fim. 27 Ninguém consegue entrar em casa de um
homem forte e roubar-lhe os bens sem primeiro o amarrar; só depois poderá
saquear-lhe a casa. 28 Em verdade vos digo: todos os pecados e todas as
blasfémias que proferirem os filhos dos homens, tudo lhes será perdoado; 29
mas, quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca mais terá perdão: é réu de
pecado eterno.» 30 Disse-lhes isto porque eles afirmavam: «Tem um espírito
maligno.»
Os parentes de Jesus
31
Nisto chegam sua mãe e seus irmãos que, ficando do lado de fora, o mandam
chamar. 32 A multidão estava sentada em volta dele, quando lhe disseram: «Estão
lá fora a tua mãe e os teus irmãos que te procuram.» 33 Ele respondeu: «Quem
são minha mãe e meus irmãos?» 34 E, olhando para os que estavam sentados à
volta d’Ele, disse… «Eis Minha mãe e Meus irmãos. 35 Porque quem fizer a
vontade de Deus, esse é Meu irmão, Minha irmã e Minha mãe».
Comentário
Detenho-me apenas nesta resposta de Jesus:
«quem
fizer a vontade de Deus, esse é Meu irmão, Minha irmã e Minha mãe».
Não podem, não cabem interpretações, é claríssimo, concludente: Faço a Vontade de Deus… sou da Família de Cristo!
Não um parente mais ou menos próximo… não!
Sou a Mãe, o Irmão, a Irmã de Jeus Nosso Senhor!
Há, no entanto, essa exigência claríssima: Fazer a Vontade de Deus.
Com as minhas limitações e desejos absorventes não me sobra muito para saber, em cada momento, qual é essa Vontade.
Compreendo que por mais que me esforce - e tenho de esforçar-me realmente - preciso sempre de auxílio.
O Director Espiritual está disponível para me ajudar mas, por si só, não será suficiente.
Preciso colaborar, pôr o que posso para o conseguir e, o que posso, o que devo fazer é recolher-me dentro de mim e pedir com insistente perseverança à minha Santíssima Mãe, ao Anjo da Minha Guarda que me inspirem e guiem nessa procura.
Ela, a minha Mãe do Céu é o caminho seguro para Deus “iter para tuto”.
Ele, o Anjo da Minha Guarda está sempre a meu lado para me guiar pelo caminho certo.
Eu… só tenho que ser dócil e humilde.
Dócil para os seguir sem me deter;
Humilde para reconhecer que, por mim só não posso nada.
E, finalmente poder afirmar:
Eu, pobre homem, sou da Família de Cristo!
Que honra!
Que dignidade!
(AMA,
2021)
FILOSOFIA, RELIGIÃO, VIDA HUMANA
O demónio não tem maior temor que da
oração.
Percebe-se porquê.
A oração põe o homem em contacto
estreito com Deus e quanto mais intensa e profunda mais forte é esse contacto.
O diálogo que se estabelece entre o
orante e Deus torna-se assim íntimo e o demónio não ousa interferir nem o
Senhor lho permite.
O Senhor aconselha a oração persistente
e perseverante não para Sua satisfação mas exactamente para que a nossa relação
com Ele se fortaleça cada vez mais e a união se torne real, constante,
inquebrantável.
«Tudo é possível a quem crê» esta
declaração de Jesus é, digamos assim, a “chave” de toda a Fé.
(J Duque,Teologia Fundamental)
REFLEXÃO
Tentar
ser mais do que homem é conseguir as virtudes humanas e sobrenaturais para as
quais estamos capacitados. Mas não é num aglomerado de qualidades pessoais o
que faz o homem feliz. É antes uma síntese a que podemos chegar através da
fidelidade, que quando entrelaçada na caridade – que é a forma de todas as
virtudes -, na prudência – que é a sua condutora – e na humildade, que lhe
serve de fundamento. A fidelidade é como que o coração de todas sãs virtudes.
Por isso, ser fiel é um dever central entre todos os demais deveres, alento de
toda a vida moral e fonte de plenitude.
(Javier
Abad Goméz, Fidelidade, Quadrante, 1989, pg 43)
SÃO JOSEMARIA – textos
Que bonito ser jogral de Deus!
Em
certa altura, alguém me disse: – Padre, mas se eu me encontro cansado e frio;
se, quando rezo ou cumpro outra norma de piedade, me parece que estou a fazer
teatro... A esse amigo e a ti, se te encontrares na mesma situação, respondo: –
Teatro? Grande coisa, meu filho! Faz teatro! O Senhor é o teu espectador!: o
Pai, o Filho, o Espírito Santo; a Santíssima Trindade estará a contemplar-nos,
naqueles momentos em que "fazemos teatro". Actuar assim diante de
Deus, por amor, para lhe agradar, quando se vive a contragosto, que bonito! Ser
jogral de Deus! Que maravilhoso é esse recital realizado por Amor, com
sacrifício, sem nenhuma satisfação pessoal, para dar gosto a Nosso Senhor! Isso
sim que é viver de Amor. (Forja, 485)
Lê-se
na Escritura: Iudens in orbe terrarum,
que Ele brinca em toda a superfície da terra. Mas Deus não nos abandona, porque
imediatamente acrescenta: deliciæ meæ
esse cum filiis hominum, a minha delícia é estar com os filhos dos homens.
O Senhor brinca connosco. E quando nos parecer que estamos a representar uma
comédia, por nos sentirmos gelados e apáticos, quando estivermos aborrecidos e
sem vontade de fazer nada, quando nos custar cumprir o nosso dever e alcançar
as metas espirituais que nos tínhamos proposto, é altura de pensar que Deus
brinca connosco e espera então que saibamos representar a nossa comédia com
galhardia. Não me importo de vos contar que, em algumas ocasiões, o Senhor me
concedeu muitas graças, mas que geralmente vou a contrapelo. Prossigo o meu
plano de vida, não porque me agrade, mas porque devo fazê-lo por Amor. Mas,
Padre, pode-se representar uma comédia diante de Deus? Não será uma hipocrisia?
Não te inquietes, pois chegou para ti o momento de entrares numa comédia humana
que tem um espectador divino. Persevera, pois o Pai, o Filho e o Espírito Santo
assistem a essa tua comédia. Faz tudo por amor de Deus, para lhe agradar, mesmo
que te custe. Que bonito é ser jogral de Deus! Como é belo representar essa
comédia por Amor, com sacrifício, sem nenhuma satisfação pessoal, para agradar
ao nosso Pai Deus, que brinca connosco! Põe-te diante do Senhor e diz-lhe
confiadamente: não me apetece nada fazer isto, mas oferecê-lo-ei por Ti. E
ocupa-te a sério desse trabalho, ainda que penses que é uma comédia. Abençoada
comédia! (Amigos de Deus, 152)