07/06/2022

Publicações em Junho 7



 

Dentro do Evangelho –  (cfr: São Josemaria, Sulco 253)

EVANGELHO

 

(Re Jo, XV, 15…)

 

 

O servo do centurião

Nessa altura fora também um Centurião a implorar pelo seu servo doente. Não se achara digno de comparecer ante Jesus e, assim pedira por interpostas pessoas. Fez mais, declarou expressamente ao Mestre que se sentia indigno de O receber em sua casa, mas que sabia que bastaria uma palavra Sua para se cumprir o que desejava. Jesus ficou admirado com a sua fé e fez o que lhe pedia. [i]   Agora o que se passa é mais grave. Jesus sabe muito bem que a filha de Jairo já morreu. Pode, se quiser, devolvê-la à vida em qualquer momento, em não importa que local, mas encontra uma ocasião propícia para edificar o povo que O seguia e, talvez principalmente, os três discípulos que convocará para O acompanharem. Estes três escolhidos terão sempre um lugar muito particular nos grandes momentos da vida pública de Jesus. Estiveram nas bodas de Caná como São João diz expresamente [ii] – era usual os “rabis” fazerem-se acompanhar de alguns dos seus discípulos mais chegados -, talvez, na altura, não se tivessem dado bem conta do portentoso milagre que, a instâncias de Sua Mãe, Jesus operou. Por uma razão simples e muito humana, poder-se-ia dizer: “salvar a face” dos noivos aflitos com a falta de vinho. Não são necessárias grandes causas ou magnos problemas para que Cristo Se compadeça do ser humano. O Seu Coração amantíssimo move-se pelos mais singelos problemas dos homens e, ainda mais, quando a Sua Mãe intervém. ‘A ti, Mãe, recorro nesta hora de preocupação. Como em Caná intervieste em favor dos noivos que, sem terem pedido, obtiveram por teu intermédio uma graça inesperada, diz-lhe também agora: Este meu filho não tem! E como é uma graça que por tua maternal intercessão, solicito, tenho a certeza que a obterei.  

Terão os discípulos percebido que fora devido à intervenção da Virgem que, Jesus decidira, definitivamente, fazer o milagre? Talvez não. Podemos supor que sendo a primeira vez que o poder divino de Jesus se manifestava de forma tão evidente, eles não estivessem preparados para dar atenção aos pormenores. Mais tarde, sim. No fragor dos dias que se seguiram à Crucifixão e Morte do Senhor, hão-de procurar refúgio junto da Mãe e, será junto dela, no Cenáculo, que receberão o Espírito Santo que lhes abrirá definitivamente a compreensão de todas as coisas. Junto dela encontramos, sempre, refúgio e protecção, a luz necessária para distinguir os caminhos que Jesus quer que percorramos e, também, a compreensão das incidências e agruras que inevitavelmente surgem na vida de cada um. Pedro, que será a coluna sobre a qual assentará a Igreja de Cristo, duvidará muito, terá momentos de desânimo, sem compreender o que Jesus lhe diz acerca do sofrimento, da Cruz. Maria, ajudá-lo-á a compreender, a confiar e, sobretudo, a aceitar. Repetirá, vezes sem conta, o que dissera em Caná: Fazei tudo o que Ele vos disser[iii] Chamá-los-á também para testemunhar a Sua Transfiguração, para verem com os seus olhos tão humanos a glória do Filho de Deus. Ainda aqui, não entendiam nada. Com os olhos carregados de sono, a Pedro só lhe ocorre dizer que se sente bem, que não quer afastar-se daquela visão, daquele local. Depois, nos momentos derradeiros, convidá-los-á, aos mesmos três, para O acompanharem no Horto das Oliveiras para testemunharem a Sua Agonia. Mais uma vez, o sono vence-os. Este sono é a figura do desânimo, da preocupação, da incerteza, do medo.   Tristeza e sono… como andam juntas estas “fraquezas” do homem! Consentir na tristeza é caminho certo para adormecer. Ficamos absortos no problema ou na situação que nos aflige e nos entristece. Tudo parece cinzento à nossa volta, não vemos nem saída nem escapatória e, se nos deixarmos ir por aí, o mais certo é os nossos olhos deixarem de ver o que realmente se passa à nossa volta e cerrarem-se com sono.  E, a tristeza, que tem a ver com isto, que, afinal, são coisas pequenas que procuramos reprimir de imediato? Tem, e muito, a ver. Porque essa alegria e esse contentamento depressa se desvanecem quando nos damos conta da nossa fraqueza, do pouco que somos, da nossa tendência para considerar detidamente tudo quanto é agradável aos nossos sentidos e, em contrapartida, a fuga ao sacrifício, à entrega, à renúncia, à simples contenção de pensamentos, atitudes e palavras. Os discípulos agora, não sentem sono. Estão bem despertos, talvez preocupados com a multidão que cerca Jesus num turbilhão de pessoas de todas as condições sociais, homens, mulheres, jovens e anciãos, gente humilde e de posses, letrados e ignorantes, sãos e doentes, que quer aproximar-se, ouvir, tocar o Mestre. A sua preocupação é protegê-Lo, resguardá-Lo e, talvez, também darem a perceber que são os discípulos, os próximos, os íntimos. Talvez haja algum orgulho, vaidade até. Afinal, são eles os confidentes de Jesus…‘Que são orgulho! Que justificada vaidade! Estar próximo de Jesus. Ser Seu íntimo!’

Mas, como se pode ser íntimo de alguém se não convivemos com esse alguém com regularidade, com interesse?

 

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[i] Cfr. Lc 7, 1-10.

[ii] Jo II,2

[iii] Jo 2, 5