Dentro
do Evangelho – (cfr:
São Josemaria, Sulco 253)
(Re
Mt XI…)
Hoje fazia-se sentir um calor sufocante e Jesus
levou-nos a descansar debaixo de um arvoredo na margem de um pequeno curso de
água.
Reclinados nas capas estendidas no chão, começámos
a sentir fome; desde manhãzinha cedo que não comeramos nada.
Jesus também sentia fome e, olhando em volta vendo
uma frondosa figueira foi em busca de figos . mas... não encontrou senão ramos
e folhas, figos... nem um!
Disse, então, algo surpreendente: «Ninguém coma do teu fruto» e, imediatamente a figueira secou.
Fiquei-me a pensar... mas... não é "tempo de
figos", que culpa tem a figueira?
Hoje, passado tanto tempo, compreendo o que Jesus
me quis dizer com a Sua acção; uma árvore de fruto tem de dar frutos, bons,
comestíveis, sadios, é para isso que serve: o "tempo dar frutos" não
lhe diz respeito.
Eu, considerando-me uma árvore fruteira, tenho de
dar frutos, sempre e independentemente da época, quem procura os frutos que eu
possa dar, pode não saber se é, ou não, a "minha época de
frutificar", confia que os terei disponíveis para oferecer ou que, o
agricultor, os tenha guardado em lugar fresco para os conservar comestíveis.
Se, como sei, o meu Agricultor É O Senhor, compreendo
que a minha preocupação deve ser dar frutos, muitos frutos, Ele saberá o que
fazer com eles.
Mais tarde, passá-mos pelo local e um dos
Discípulos disse:
«Senhor,
repara, a figueira que amaldiçoaste secou!»
Jesus responde com uma parábola:
«Um
homem rico possuía uma vinha e, no meio desta uma figueira. Vendo que não dava
frutos ordenou ao vinhateiro:
- corta esta figueira, não dá frutos,
para que estará ela a ocupar lugar; o vinhateiro respondeu: Senhor, deixa-a
ficar nais um tempo, vou cavar-lhe em volta e pôr adubo, esterco e, se mesmo
assim continuar sem dar frutos então cortá-la-ei».
Vejo, agora, que é assim que o Agricultor Divino
procede para com "esta figueira" que sou eu. Vai insistindo uma e
outra vez, com infinita paciência para que eu dê frutos. Cuida de mim,
"aduba" as minhas raízes com o infinito amor das Suas inspirações,
sempre tentando que eu faça o que Ele, legítimamente espera que faça: Dê
frutos!
Reflexão
Houve-se com
frequência dizer a respeito de alguém:
'É muito honesto'.
Isto é dito como se
fosse algo extraordinário, fora do "normal". Mas, então, o normal não
é ser-se honesto! Aliás, não se é "muito honesto", ou se é ou não! Por
isso penso que esta locução não faz qualquer sentido e que o que realmente se
deveria dizer seria: 'Pode confiar-se' (nessa pessoa). Isto sim é o que
realmente queremos pensar a respeito dos outros e que igualmente desejamos que
os outros pensem de nós.
Claro que uma pessoa
digna de confiança é, por natureza, honesta. É que parece haver uma tendência
para considerar que a honestidade se resume e conclui em não se apropriar do
alheio quando, de facto, é muito mais que isso: é viver, pensar e actuar com
critérios sãos e estáveis, que não mudam conforme as circunstâncias, o ambiente
ou outra coisa qualquer.
Considerar alguém
honesto só porque não se apropria do que não lhe pertence é reduzir essa
virtude a um mero comportamento, ou dito de outra forma, que essa virtude é a
consequência lógica de não ter o defeito. Mas... não ter um defeito não determina
possuir uma virtude.
Por exemplo: Se
não me embriago não permite concluir que tenha a virtude da temperança, mas
apenas que sou comedido na bebida; Se cumpro as regras de trânsito não quer
dizer que sou obediente, mas que respeito as leis; As virtudes - tema já
abordado antes - só se adquirem com os bons hábitos praticados com
regularidade e independentemente das circunstâncias. Por isso mesmo é muito
importante a igualdade de vida.
Mas… E o que vem a
ser a "igualdade de vida"?
Para os cristãos, é
proceder de acordo com a Fé que afirmam professar, sem "intervalos"
ou concessões. Que os actos correspondam ao que se diz, que haja coerência,
sintonia, entre o que se pensa e diz e o que se pratica. Que, em suma, se seja
honesto consigo próprio. Mas, sobretudo, se seja honesto com Deus Nosso Senhor
que não pode aceitar nem desculpas nem "justificações" se o nosso
comportamento não corresponde integralmente ao que Ele tem todo o direito de
esperar.
Ele sabe muito bem se
o que fazemos corresponde à Sua Vontade ou aos nossos desejos ou conveniências
de momento. Portanto, pode concluir-se, igualdade de vida é fazer, em tudo, a
Vontade de Deus!
Atentando no que
escrevo nestas "reflexões" verifico que me apresento como um homem
sofredor, cheio de achaques, limitações...
Concluo que estou
como que a "excitar" a piedade própria e dos que eventualmente lerem.
Isto é... desejo ter
pena de mim, que outros tenham pena de mim.
Isto é, pelo menos,
"rasteiro", detestável. É o "EU" de que fala São Tomás
Moro, sempre presente: EU! EU! EU!...
Ah Senhor! Desejo e
preciso que outros rezem por mim mas, não levados pela "piedade" que
lhes transmito mas pela generosidade dos seus corações e, mais, não me esquecer
que a oração "vai e vem" daí que se rezar pelos outros é natural que
os outros rezem por mim.
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