17/11/2021

Publicações em Novembro 17

 


No deambular diário pelos poierentos caminhos da Palestina os dias passavam intensos e tão repletos de episódios que, confesso, me é difícil eleger um para me expandir.

Chegado o final do dia, quase habitualmente, estendiamos os mantos no chão e procurávamos descansar.

Olhava em volta a ver o que se passava com Jesus.

Como nós, repousando sobre o Seu manto, os olhos fechados, o Seu Rosto apresentava uma serenidade deveras extraordinária.

Ficava-me a pensar como era possível esta serenidade com tantos episódios, alguns quase "dramáticos", que tinham ocorrido durante o dia.

Compreendo, hoje, que a serenidade é o "efeito" lógico e consequente da "causa" que é a certeza de ter cumprido quanto era esperado que se cumprisse.

A serenidade é uma virtude importantíssima para poder não só enfrentar sem receio o que acontece mas, também encontrar a atitude correcta a tomar.

Reagir ao que for precipitadamente sem ponderação prévia nunca é aconselhável.

Para ter serenidade é necessário ter paz interior, estar seguro de o que se pensa e faz é o correcto, dominar a turba-multa das emoções e impulsos e, a paz só se obtém com a certeza razoável de que procedemos com consciência e honestidade absoluta.

A Paz de Cristo, essa que Ele nos oferece... «dou-vos a Minha Paz», é a única que nos interessa sobremaneira obter; é a que Lhe devemos pedir insistentemente.

Com esta PAZ virá a tranquilidade interior que referi, a que nos permite ter o espírito livre de amarras, quais forem e em consequência proceder correctamente.

Se os homens, todos os homens mas principalmente os que têm responsabilidades de governação compreendessem que a paz não se impõe pela força acabariam os confrontos, disputas e guerras.

"Si vis pax para bellum" (se queres a paz prepara-te para a guerra) sugeria um antiquissimo aforismo romano.

Ao longo de milénios a humanidade sofreu por este conceito profundamente errado.

Guerras, algumas bem recentes, outras a decorrer em várias regiões, ceifaram milhões de vidas humanas e continuam a provocar hecatombes um pouco por toda a terra.

Quem serão os verdadeiros "culpados"?

Tomando como referência Hitler, se não tivesse quem seguisse as suas instruções, como os estrategas, generais, etc. que pusessem em marcha fábricas de armamentos, pusessem de pé exércitos formidáveis, planeassem batalhas, invasões, elaborassem estratégias, bem poderia dizer ou ordenar o que a sua locura lhe sugerisse, não passaria disso.

Não sou, definitivamente não quero ser, juiz nem acusador, mas... lembro, uma outra vez, as palavras de Cristo na Cruz: «Pai... perdoa-lhes que não sabem o que fazem».

Hitler era, manifestamente, um homem com profundas deficiências de carácter mas, os Generais e estrategas que puseram em marcha as suas tresloucadas ordens provaram, da pior forma, que eram inteligentes, capazes, competentes. A verdade é que, sem a sua prestação bem poderia Hitler ordenar o que lhe passasse pela tresloucada cabeça… não haveria as consequências terríveis que a humanidade guardará por muitos anos na memória.

A referência que faço ás palavras de Cristo na Cruz aplica-se, quanto a mim aos que cumpriram cegamente as ordens recebidas. Seriam, na maior parte, gente ignara, cega, sem vontade própria. 

Mas, um qualquer membro de uma, como se diz… Força Armada qual for, um vulgar Agente da Autoridade, por exemplo, é um ser humano com responsabilidades próprias a que não pode eximir-se.

Tem de ser responsável – e sê-lo-á sempre – por ter executado ordens iníquas, atentórias da dignidade humana.

Poderá sofrer consequências graves por ter desobedecido mas, a sua consciência e rectidão serão premiadas por Quem o irá julgar definitivamente.

Tenho consciência que o que escrevo se baseia no conhecimento próprio. Também eu estive na guerra. Absolutamente por acaso não tirei a vida a ninguém mas, algumas vezes ultrapassei limites de violência na condução de interrogatórios a prisioneiros.

A obcecação por obter informações sobre as movimentações do inimigo levavam-me a esses excessos. Passados mais de quarenta anos ainda me envergonho e lamento profundamente ter feito tal.

Compreendo que as circunstâncias eram graves, mas nunca terei justificação por ter praticado um mal concreto para tentar obter um possível bem.

É este um dos efeitos que as guerras provocam nas pessoas, quer nos “actores” directos quer em muitos outros: como que uma cegueira que impede ver onde acaba o que é legítimo fazer e onde começa o que é um abuso tentar obter.  

Todos os Papas têm falado, escrito, publicado Encíclicas sobre a paz porque sabem que é o maior bem a que a humanidade pode aspirar.

Uma pequena parte do dinheiro -  milhões de milhões - gastos em armamentos, exércitos, investigações acerca de armas mais potentes e sofisticadas, seria mais que suficiente para acabar com os problemas da fome no mundo e ainda sobraria o bastante para que cada ser humano tivesse recursos para viver com a dignidade que legítimamente espera viver.

Penso o que poderia acontecer se, pelo menos uma das Potências Mundiais abolisse as suas "leis de defesa", destruísse todo o seu aparato militar, incluindo armas e exércitos... seria que qualquer outra "potência" se aproveitaria para a aniquilar?

Sinceramente... duvido muito que tal acontecesse, talvez, ao invés, seguisse o exemplo e aplicasse esses "milhões de milhões" no bem-estar do seu próprio povo.

Tenho por certo que se cada ser humano tiver o necessário para viver com dignidade deixará de sentir desejo de ter mais.

Para quê?

Muito possivelmente alguns pensarão que o que acima escrevi não passa de um sonho irrealista, mas, eu, permito-me pensar que, este, é o "sonho" de Jesus Cristo para a humanidade.

….

Reflectindo

Tranquilidade

 

Não é primeira vez que o tema TRANQUILIDADE é objecto de reflexão e isto porque a situação que vivo me arrasta - sem eu querer e sem aviso - para consideração de factos, situações etc., que me inquietam e perturbam.

 

Tranquilidade tem obviamente que ver com a paz espírito pelo que, se o espírito está em paz a tranquilidade é consequente.

 

Não se trata de ignorar os problemas e muito menos de os adiar, mas sim a certeza que tudo na vida tem remédio porque nada é definitivo.

 

Paz, foi e é, a principal recomendação de Cristo, Ele próprio o Príncipe da Paz, porque Ele sabia muito bem - e disse-o claramente - que a Sua vinda a este mundo iria provocar lutas e dissensões um pouco por todo o lado e em todas as sociedades humanas.

 

Mas também afirmou que tinha vencido o mundo e que, portanto, nada teríamos a temer.

 

«Tende paz em vós», disse.

 

É o que ambicionamos e lhe pedimos ajuda para a conseguir.

 

Tranquilos, pois, tudo tem solução e nada adianta preocupar-nos se ela tarda em concretizar-se. Acontecerá, tenhamos a certeza, quando o Senhor quiser e achar conveniente. Ele  nunca nos abandonará!

 

Não é este um motivo mais que suficiente para estar tranquilos?

 

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