18/01/2017

A riqueza da fé

Não sejas pessimista. – Não sabes que tudo quanto sucede ou pode suceder é para bem? – O teu optimismo será a consequência necessária da tua fé. (Caminho, 378)


No meio das limitações inseparáveis da nossa situação presente, porque o pecado ainda habita em nós de algum modo, o cristão vê com nova clareza toda a riqueza da sua filiação divina, quando se reconhece plenamente livre porque trabalha nas coisas do seu Pai, quando a sua alegria se torna constante por nada ser capaz de lhe destruir a esperança.


Pois é também nesse momento que é capaz de admirar todas as belezas e maravilhas da Terra, de apreciar toda a riqueza e toda a bondade, de amar com a inteireza e a pureza para que foi criado o coração humano.


Também é nessa altura que a dor perante o pecado não degenera num gesto amargo, desesperado ou altivo porque a compunção e o conhecimento da fraqueza humana conduzem-no a identificar-se outra vez com as ânsias redentoras de Cristo e a sentir mais profundamente a solidariedade com todos os homens. É então, finalmente, que o cristão experimenta em si com segurança a força do Espírito Santo, de tal maneira que as suas quedas pessoais não o abatem; são um convite a recomeçar e a continuar a ser testemunha fiel de Cristo em todas as encruzilhadas da Terra, apesar das misérias pessoais, que nestes casos costumam ser faltas leves, que apenas turvam a alma; e, ainda que fossem graves, acudindo ao Sacramento da Penitência com compunção, volta-se à paz de Deus e a ser de novo uma boa testemunha das suas misericórdias.



Tal é, em breve resumo que mal consegue traduzir em pobres palavras humanas a riqueza da fé, a vida do cristão, quando se deixa guiar pelo Espírito Santo. (Cristo que passa, 138)

Evangelho e comentário

 
Tempo comum

Evangelho: Mc 3, 1-6

1 Novamente entrou Jesus na sinagoga, e encontrava-se lá um homem que tinha uma das mãos atrofiada. 2 Observavam-n'O a ver se curaria em dia de sábado, para O acusarem. 3 Jesus disse ao homem que tinha a mão atrofiada: «Vem para o meio». 4 Depois disse-lhes: «É lícito em dia de sábado fazer bem ou fazer mal? Salvar a vida a uma pessoa ou tirá-la?». Eles, porém, calaram-se. 5 Então olhando-os com indignação, contristado da cegueira de seus corações, disse ao homem: «Estende a tua mão». Ele estendeu-a, e a mão ficou curada .6 Mas os fariseus, retirando-se, reuniram-se logo em conselho com os herodianos contra Ele para ver como O haviam de matar.

Comentário:

Tento imaginar-me como o protagonista desta cena que São Marcos nos relata.

Ao fazê-lo invade-me uma dúvida que me angustia: obedeceria ou não à ordem algo insólita do Senhor?

Estenderia a minha mão anquilosada coisa que sabia não poder fazer?

A cada instante o Senhor manda-me que faça coisas que eu penso não ter capacidade para executar.

É forçoso convencer-me que Ele nunca o fará e que a única coisa que realmente preciso é ter absoluta e incondicional confiança nele.

(ama, comentário sobre Mc 3, 1-6, Carvide, 2016.01.20)





Leitura espiritual


Leitura espiritual


A Cidade de Deus 



Vol. 1

LIVRO IIII

CAPÍTULO XXXI

Quão impudentemente imputam a Cristo os males actuais aque­les a quem não é consentido o culto dos deuses, quando tamanhas desgraças aconteceram no tempo em que eram adorados.

Acusem os seus deuses de tão grandes males aqueles que não agradecem a Cristo tão grandes bens. Com certeza, quando aqueles males apareceram, o fogo ardia nos altares dos numes, o incenso de Sabá e as grinaldas frescas perfumavam-nos, os sacerdócios gozavam de prestígio, os santuários resplandeciam; nos templos faziam-se sacrifí­cios, organizavam-se jogos e entrava-se em transe. Era quando o sangue dos cidadãos, por cidadãos derramado, corria de todos os lados, não apenas em certos lugares, mas mesmo por entre os altares dos deuses. Não foi um templo que Túlio escolheu para seu refúgio, porque em vão o escolhera Múcio. Mas aqueles que com maior indignação amaldiçoaram os tempos cristãos, refugiaram- -se nos lugares especialmente consagrados a Cristo ou foram para aí conduzidos pelos próprios bárbaros para que vivessem.

Eu bem o sei, e comigo o reconhece facilmente qualquer que julgue sem partidarismo (aliás omitirei muitos factos já por mim citados, e outros muito mais que julgo seria longo lembrar): se o género humano tivesse recebido a doutrina cristã antes das guerras púnicas, e se tivessem surgido tantas devastações quantas as que afligiram a Europa e a Ásia durante aquelas guerras, nenhum daqueles, cujos ataques agora suportamos, deixaria de atribuir estes males à religião cristã.

Mas os seus clamores, no que respeita aos Romanos, seriam ainda muito mais insuportáveis se a religião cristã tivesse sido recebida e difundida antes da invasão dos Gauleses ou das devastações e das inundações do Tibre e do incêndio, ou, o que ainda é o pior de todos os males, das guerras civis. Houve ainda outros males tão inconcebí­veis, que eram contados como prodígios. Se tivessem acontecido em tempos cristãos — sobre quem recairia a responsabilidade, como se de crimes se tratasse, senão sobre os cristãos? Não refiro, naturalmente, aqueles acontecimentos que são mais de pasmar do que de temer: bois que falam, crianças por nascer que proferem certas palavras no ventre materno, serpentes que voam, galinhas, mulheres e homens que mudaram de sexo, e outros quejandos. Verdadeiros ou falsos, estes acontecimentos que se lêem nos seus livros não fabulosos mas históricos, causam pasmo às pessoas, mas não as prejudicam. Mas, quando chove terra, quando chove greda, quando chovem pedras (pedras de verdade e não de granizo, como também é costume chamar-se-lhes) — isto pode causar prejuízos mesmo graves. Lemos neles que a lava inflamada do Etna, correndo do cume do monte até ao litoral próximo, fez ferver de tal forma o mar, que as rochas ficaram abrasadas e o pez dos navios se derreteu. Isto é que, sendo incrivelmente espantoso, na verdade causou prejuízos, e não pequenos! Uma idêntica erupção, escrevem, sepultou a Sicília sob uma camada tão espessa de cinzas ardentes, que as casas de Catânia ficaram esmagadas e sepultadas.

Comovidos com esta calamidade, os Romanos, por compaixão, eximiram-na de impostos nesse ano. Contam ainda nos seus livros que, na África, quando já era província romana, se abateu uma praga de gafanhotos que parecia um prodígio. Dizem que depois de terem consumido os frutos e as folhas das árvores, se lançaram ao mar como uma nuvem de ingentes proporções. Conta-se que, tendo  1 eles sido devolvidos já mortos às praias, e por isso tendo corrompido os ares, surgiu uma tão grande epidemia que só no reino de Masinissa morreram oitocentos mil homens e muito mais em terras vizinhas do litoral. Asseguram que, em Útica, dos trinta mil jovens que contava, apenas dez mil teriam sobrevivido.

Uma falta de senso como a que estamos suportando e a que somos constrangidos a responder — qual destes males não teria ela atribuído à religião cristã se os tivesse presenciado nos tempos cristãos? E con­tudo não os atribuem aos seus deuses, cujo culto reclamam de novo para não suportarem males bem menores, quando os seus antepassados, pelos quais eles antes eram venerados, males bem mais pesados tiveram outrora de suportar.

LIVRO IV

Prova-se que a amplidão e a duração do Império Romano não se devem nem a Júpiter nem aos deuses dos pagãos. Os poderes destes deuses estavam restringidos a particulares e ínfimos cometimentos. É obra apenas do verdadeiro Deus, autor da felicidade, por cujo poder e decisão se constituem e se conservam os reinos da Terra.

CAPÍTULO I

O que foi discutido no livro primeiro.

No princípio desta obra sobre A Cidade de Deus, achei que devia começar por responder aos seus inimigos que andam em busca dos gozos terrenos e, ávidos de bens fugazes, acusam a religião cristã — única salutar e verdadeira religião —, das tristezas que eles têm que suportar mas que são mais uma advertência da misericórdia de Deus do que um castigo da sua severidade.

E como entre eles há uma multidão de ignorantes, acende-se mais fortemente o seu ódio contra nós. Baseados na autoridade dos seus doutores e na sua ignorância, julgam que os males insólitos dos seus tempos não teriam acontecido nos tempos passados.

Como esta opinião é ainda reforçada por esses doutores, que sabem que ela é falsa mas dissimulam o que sabem, para que pareça que há justas razões para murmurarem contra nós, — necessário se torna demonstrar, com a ajuda dos livros em que os seus autores consignaram as recordações das épocas passadas, que os aconteci­mentos foram bem diferentes do que julgam, como necessário se tomou ainda esclarecer que os falsos deuses, que publicamente adoravam ou que agora adoram às ocultas, são espíritos imundíssimos, os mais maléficos e os mais enganadores demónios que chegaram a comprazer-se com os seus crimes reais ou fictícios, e quiseram que os representassem solenemente nas suas festas para que a fraqueza humana não deixasse de cometer actos condenáveis quando uma pretensa autoridade divina os oferecia à sua imitação.

Provámo-lo, não com conjecturas nossas, mas, em parte, com recordações recentes — pois nós próprios vimos representar tais infâmias em honra de tais deuses —, e em parte com os escritos dos que deixaram à posteridade o relato dos ritos, não para ultraje dos seus deuses mas em sua honra. Tanto assim é que Varrão, um dos mais doutos e de maior autoridade entre eles, tratou, em obras distintas, as questões humanas e as questões divinas, consagrando umas às humanas outras às divinas, arrumando cada uma dessas questões conforme a sua dignidade: colocou os jogos cénicos, não entre as questões humanas, mas entre as divinas. Na realidade, porém, se na cidade só houvesse homens bons e honestos, nem entre as humanas teriam sido colocados os jogos cénicos. Isto de certo não o fez Varrão por autoridade própria, mas porque, nascido e educado em Roma, os encontrou entre as instituições divinas.

E, como no final do livro primeiro indicámos concisamente o que iríamos de imediato expor, falámos de algumas questões nos dois livros seguintes, sabemos o que falta agora expor para satisfazer a expectativa dos leitores.

(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)


Actos dos Apóstolos

Actos dos Apóstolos

II. EXPANSÃO DA IGREJA FORA DE JERUSALÉM [i]

Capítulo 12

Morte de Agripa

20Herodes estava furioso com os habitantes de Tiro e de Sídon. Estes, de comum acordo, apresentaram-se diante dele e, depois de terem ganhado Blasto, camareiro do rei, à sua causa, pediram a paz, porque o seu país era abastecido pelo rei.

21No dia aprazado, Herodes, revestido com um traje real e sentado na tribuna, dirigiu-lhes um grande discurso. 22E o povo gritava: «É um deus que fala, não é um homem!» 23Mas, no mesmo instante, o Anjo do Senhor feriu Herodes, por não ter dado glória a Deus. E, roído pelos vermes, expirou.

24Entretanto, a palavra de Deus crescia e multiplicava-se. 25Barnabé e Saulo, depois de terem cumprido a sua missão, regressaram de Jerusalém, levando consigo João, de sobrenome Marcos.



[i] (6,8-12,25)

AS ESFERAS MAGNÉTICAS

Ontem os meus netos, Diogo e Leonor, almoçaram comigo.

Mas a curiosidade deste facto é que a minha neta Leonor trazia com ela, umas pequenas esferas magnéticas com as quais ia fazendo diversos objectos, anéis, etc., e, claro, tais esferas tornaram-se a dado momento no nosso foco de atenção.
A certa altura a Leonor, separou as esferas umas das outras e colocou-as suficientemente longe para que não se atraíssem e assim ficassem todas separadas.
Depois pegou numa só, e com essa foi unindo todas as outras até que se tornaram numa só “esfera/bola” maior.

Hoje de madrugada acordei e recordei aquela brincadeira, que entretanto me fez pensar no simbolismo que dali podia retirar para a minha vivência cristã.

Cada esfera separada não pode por si só fazer qualquer construção, qualquer objecto, ter qualquer função, digamos assim.
E cada esfera separada fica ali quieta, sem se mover, sem avançar, nem recuar, sem movimento.
Cada um de nós, somos um pouco assim, ou seja, permanecendo sós nada podemos construir, e, embora possamos andar, sozinhos não encontramos direcção, nem sentido para a vida.

Obviamente que penso naqueles que como eu acreditam em Deus, ou querem, ou desejam acreditar em Deus e ter uma vivência cristã.

Mas depois, uma só esfera, (e podia ser qualquer uma), levada junto das outras une-se a elas, e acabam por formar uma só forma maior, mantendo, no entanto, cada uma a sua própria forma e dimensão.
Se temos em nós a presença de Jesus Cristo, nos deixamos tocar pelo amor do Pai e nos deixamos conduzir pelo Espírito Santo, então, sendo testemunhas disso mesmo, somos cada um de nós como cada uma daquelas esferas, ou seja, somos, (ou deveríamos ser), união para os outros e dos outros connosco, passando a constituir uma só forma, a Igreja, mas mantendo cada um de nós a sua individualidade, embora a mesma se esbata no bem comum que é o sermos um com Ele, que é o sermos Igreja na unidade, com a sua própria diversidade.
Por isso é tão importante a Igreja, porque sós, nada podemos, nem somos, mas unidos em Igreja temos caminho, fazemos caminho e ajudamo-nos a caminhar.

Aquelas esferas têm a particularidade de serem magnéticas, terem ímã, e é por isso mesmo que se atraem, unem e permanecem unidas.
Assim é para nós também, porque é em Igreja que vamos buscar o “ímã” que atrai, que nos atrai e se faz presente em nós e nos outros, cada vez que celebramos unidos, cada vez que O comungamos, sendo assim nós próprios, comunhão com Ele, nEle e por Ele, para os outros e nos outros.

E esse “íman” é, obviamente, Jesus Cristo, que se entregou por nós e que permanentemente nos chama à união em Igreja, no amor de Deus, para nos amarmos uns aos outros como Ele nos ama.


JOAQUIM MEXIA ALVES, Marinha Grande, 16 de Janeiro de 2017


Remédios para acabar com a tristeza - 2

Segundo remédio: chorar

Muitas vezes, um momento de melancolia pode ficar pior quando não conseguimos desabafar; é como se a tristeza se acumulasse dentro de nós, até tornar impossível fazer qualquer coisa.

O choro é uma linguagem, uma maneira de expressar e de desfazer o nó de uma dor que às vezes se torna sufocante. Jesus também chorou. E o Papa Francisco recorda que “certas realidades da vida só podem ser vistas com olhos limpos pelas lágrimas”.

(cont.)


(Cinco Remédios de são tomás de aquino para acabar com a tristeza)


(Revisão da versão portuguesa por ama)

Pequena agenda do cristão




Quarta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?