Mas a curiosidade deste facto é que a minha neta Leonor
trazia com ela, umas pequenas esferas magnéticas com as quais ia fazendo
diversos objectos, anéis, etc., e, claro, tais esferas tornaram-se a dado
momento no nosso foco de atenção.
A certa altura a Leonor, separou as esferas umas das
outras e colocou-as suficientemente longe para que não se atraíssem e assim
ficassem todas separadas.
Depois pegou numa só, e com essa foi unindo todas as
outras até que se tornaram numa só “esfera/bola” maior.
Hoje de madrugada acordei e recordei aquela brincadeira,
que entretanto me fez pensar no simbolismo que dali podia retirar para a minha
vivência cristã.
Cada esfera separada não pode por si só fazer qualquer
construção, qualquer objecto, ter qualquer função, digamos assim.
E cada esfera separada fica ali quieta, sem se mover, sem
avançar, nem recuar, sem movimento.
Cada um de nós, somos um pouco assim, ou seja,
permanecendo sós nada podemos construir, e, embora possamos andar, sozinhos não
encontramos direcção, nem sentido para a vida.
Obviamente que penso naqueles que como eu acreditam em
Deus, ou querem, ou desejam acreditar em Deus e ter uma vivência cristã.
Mas depois, uma só esfera, (e podia ser qualquer uma),
levada junto das outras une-se a elas, e acabam por formar uma só forma maior, mantendo,
no entanto, cada uma a sua própria forma e dimensão.
Se temos em nós a presença de Jesus Cristo, nos deixamos
tocar pelo amor do Pai e nos deixamos conduzir pelo Espírito Santo, então,
sendo testemunhas disso mesmo, somos cada um de nós como cada uma daquelas
esferas, ou seja, somos, (ou deveríamos ser), união para os outros e dos outros
connosco, passando a constituir uma só forma, a Igreja, mas mantendo cada um de
nós a sua individualidade, embora a mesma se esbata no bem comum que é o sermos
um com Ele, que é o sermos Igreja na unidade, com a sua própria diversidade.
Por isso é tão importante a Igreja, porque sós, nada
podemos, nem somos, mas unidos em Igreja temos caminho, fazemos caminho e
ajudamo-nos a caminhar.
Aquelas esferas têm a particularidade de serem
magnéticas, terem ímã, e é por isso mesmo que se atraem, unem e permanecem
unidas.
Assim é para nós também, porque é em Igreja que vamos
buscar o “ímã” que atrai, que nos atrai e se faz presente em nós e nos outros,
cada vez que celebramos unidos, cada vez que O comungamos, sendo assim nós
próprios, comunhão com Ele, nEle e por Ele, para os outros e nos outros.
E esse “íman” é, obviamente, Jesus Cristo, que se
entregou por nós e que permanentemente nos chama à união em Igreja, no amor de
Deus, para nos amarmos uns aos outros como Ele nos ama.
JOAQUIM MEXIA ALVES, Marinha Grande, 16 de Janeiro de
2017
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