Novo Testamento [i]
Evangelho
Mc
XV 23 – 47
Crucificação
23 Queriam dar-lhe vinho misturado com mirra, mas Ele não
quis beber. 24 Depois, crucificaram-no e repartiram entre si as suas vestes,
tirando-as à sorte, para ver o que cabia a cada um. 25 Eram umas nove horas da
manhã, quando o crucificaram. 26 Na inscrição com a condenação, lia-se: «O rei
dos judeus.» 27 Com Ele crucificaram dois ladrões, um à sua direita e o outro à
sua esquerda. 28 Deste modo, cumpriu-se a passagem da Escritura que diz: Foi
contado entre os malfeitores. 29 Os que passavam injuriavam-no e, abanando a
cabeça, diziam: «Olha o que destrói o templo e o reconstrói em três dias! 30
Salva-te a ti mesmo, descendo da cruz!» 31 Da mesma forma, os sumos sacerdotes
e os doutores da Lei troçavam dele entre si: «Salvou os outros mas não pode
salvar-se a si mesmo! 32 O Messias, o Rei de Israel! Desça agora da cruz para
nós vermos e acreditarmos!» Até os que estavam crucificados com Ele o
injuriavam.
Agonia e morte de Jesus
33 Ao chegar o meio-dia, fez-se trevas por toda a terra,
até às três da tarde. 34 E às três da tarde, Jesus exclamou em alta voz: «Eloí,
Eloí, lemá sabachtáni?», que quer dizer: Meu Deus, meu Deus, porque me
abandonaste? 35 Ao ouvi-lo, alguns que estavam ali disseram: «Está a chamar por
Elias!» 36 Um deles correu a embeber uma esponja em vinagre, pô-la numa cana e
deu-lhe de beber, dizendo: «Esperemos, a ver se Elias vem tirá-lo dali.» 37 Mas
Jesus, com um grito forte, expirou. 38 E o véu do templo rasgou-se em dois, de
alto a baixo. 39 O centurião que estava em frente dele, ao vê-lo expirar
daquela maneira, disse: «Verdadeiramente este homem era Filho de Deus!» 40
Também ali estavam algumas mulheres a contemplar de longe; entre elas, Maria de
Magdala, Maria, mãe de Tiago Menor e de José, e Salomé, 41 que o seguiam e
serviam quando Ele estava na Galileia; e muitas outras que tinham subido com
Ele a Jerusalém.
Sepultura de Jesus
42 Ao cair da tarde, visto ser a Preparação, isto é,
véspera do sábado, 43 José de Arimateia, respeitável membro do Conselho que
também esperava o Reino de Deus, foi corajosamente procurar Pilatos e pediu-lhe
o corpo de Jesus. 44 Pilatos espantou-se por Ele já estar morto e, mandando
chamar o centurião, perguntou-lhe se já tinha morrido há muito. 45 Informado
pelo centurião, Pilatos ordenou que o corpo fosse entregue a José. 46 Este,
depois de comprar um lençol, desceu o corpo da cruz e envolveu-o nele. Em
seguida, depositou-o num sepulcro cavado na rocha e rolou uma pedra sobre a entrada
do sepulcro. 47 Maria de Magdala e Maria, mãe de José, observavam onde o
depositaram.
Textos
Oração
É o
caso, por exemplo, dos que desejam conseguir satisfações pessoais imediatas na
oração.
Isto é
errado porque a oração, sendo uma conversa com Deus, não tem que emocionar nem,
de qualquer outra forma, influenciar os sentimentos.
Se Deus concede emoções na oração – arroubos
espirituais, consolações, sentimentos de paz – tanto melhor, mas não tem porque
o fazer.
Oramos,
fundamentalmente, para dar Glória a Deus, prestar contas, pedir-lhe coisas,
agradecer.
Ou
seja: rezamos para satisfazer a Deus e não a nós próprios.
Muitas
vezes, estas pessoas são infelizes porque, quando não sentem as emoções que
procuram, não têm apetite para rezar.
É o
que se chama tibieza e a tibieza, pode, de facto constituir uma séria provação.
Quando
aparece, a tibieza deixa a pessoa como que adormecida sem ânimo para fazer o
que deve, quando deve.
Vivendo numa espécie de limbo, o tíbio não se
sente obrigado a assumir uma posição clara, a decidir-se por algo concreto, a
manter uma constância no comportamento e nas opiniões.
A pessoa tíbia está de acordo com tudo e não
concorda com nada, é-lhe indiferente o que possa acontecer e, mesmo, o que a
sua postura possa provocar.
Não é
possível confiar numa pessoa dominada pela tibieza.
A sua postura perante a vida não dá qualquer
garantia de fidelidade a um compromisso, por exemplo, ou confidencialidade de
um desabafo.
Egoísmo
Alvitra-se
que a tibieza começa com o egoísmo, ou melhor, é uma fase avançada do egoísmo.
O egoísta,
olhando unicamente para o próprio umbigo, desinteressa-se pelo que o rodeia:
pessoas, coisas, acontecimentos.
A
pessoa egoísta é tanto mais indiferente aos outros quanto maior é o conceito
que faz de si mesma e da sua excelência, qualidades e virtudes.
Deste
egoísmo parte para a indiferença e, consequentemente, para a tibieza.
Muitas
vezes estas pessoas, como que jogam um jogo duplo, têm duas velas acesas,
repetem a um, de modo diferente o que ouviram a outro, nunca dizem claramente
nem sim nem não!
Fazer
isto, dizer sim ou não, que é o normal, implica um comprometimento, uma
responsabilidade e, isso, o egoísta não está disposto a fazer.
Uma
das atitudes mais frequentes na pessoa egoísta é a consideração que tem pelo
que possui – ou julga possuir – os seus bens, as suas coisas, os seus êxitos,
as suas conquistas.
Considera-os como seus, de direito e não está
disponível para os partilhar com outros.
Avareza
Avareza
é uma palavra forte mas, de facto, aplica-se ao egoísta.
Quando
se fala de avareza pensa-se imediatamente em riquezas, ou melhor, alguém
agarrado aos bens materiais.
Nem
sempre se aplica.
A
avareza pode existir nas coisas mais comezinhas e insignificantes.
No entanto, traduz sempre um apego
desmesurado a algo.
A
avareza nasce sempre da consideração das coisas como próprias.
E não
só bens, mas até atributos como facilidade de expressão, compreensão dos
problemas, educação e cultura.
Não partilhando ou distribuindo com rigorosa
parcimónia e reserva aquilo que se julga ter, é uma forma de avareza.
O
avarento é alguém pouco dado à esmola e à partilha com os demais daquilo que
detém.
Tem um tão alto conceito da sua sabedoria e
cultura, das suas capacidades que tende a isolar-se num castelo de altas
muralhas.
É,
sempre, uma pessoa só.
Uma
das consequências da avareza é a solidão.
Uma
pessoa avarenta não é simpática, não cativa os outros, não participa nem
convive.
Provoca, assim, o afastamento e o
desinteresse dos demais e acaba sozinho.
Ser
avarento pode ser, também, uma excessiva preocupação com a saúde pessoal.
Tende a pôr em primeiro lugar a sua pessoa, o
seu bem-estar e as suas capacidades físicas.
Normalmente, vive numa angústia de cair
doente e acaba por ter um medo obsessivo da morte.
Porque é assim, avarento com a sua saúde, as
doenças ou problemas físicos dos outros não lhe interessam, não pode ocupar-se
deles.
E,
claro, uma vez mais se verifica que avareza e egoísmo andam de mãos dadas.
[i] Sequencial todos os dias do ano