1
Oração
Minha querida Mãe do Céu, escrevo esta pequena carta para te confirmar a
minha devoção e o meu amor. Posso imaginar-me a teus pés na Capelinha em Fátima
a dizer-te o que me vai na alma: a alegria e felicidade que sinto por te ter a
ti, como tão excelente Mãe, que te louvo e exalto como a mais excelsa criatura,
a mais doce, a mais pura, a mais piedosa, a mais venerável, admirável, poderosa
sempre Virgem Mãe de Deus e minha Mãe!
O que me acontece e o que penso
Meu filho: Acreditas em Mim? Mas... a sério? Então como podes estar
triste, interrogar-te sobre o futuro que puseste nas Minhas Mãos? Alguma vez te
faltei? Nunca, Senhor, nunca me
faltaste, bem ao contrário, sempre me deste muito mais do que pedi. Então?
Mas... sabes, Senhor, eu sou um pobre homem que conheces tão bem e quero
sempre que faças - logo - imediatamente - o que Te peço.Vê bem até onde vai a
minha confiança? António! Isso não é confiança, isso é uma exigência! Pois é,
Senhor, mas, Tu, habituas-te-me mal, eu, quero... sim... quero que faças o que
Te peço sem tardança. Mas, se tardo algum tempo, não vês que ganhas? Tem
paciência! Sacrifica-te! Faz merecer!
Entendi, Senhor, mas não Te esqueças que eu sou um pobre homem pendente
e dependente em absoluto de Ti.
Ajuda-me e desculpa-me.
3
Santíssima Virgem Glória e Graça
Meditação
Instituição do Sacramento do perdão
Perdão
Poderei
julgar - e talvez inconscientemente o faças - que sei muito bem o que é o
perdão.
Talvez
o que o que me convenha ter claro seja: o que é PERDOAR!
Sim...
digo bem - o que é PERDOAR!
Parece
muito claro que PERDOAR consiste em relevar uma ofensa - intencionalmente
cometida contra a nossa pessoa.
Parece
que sim, é uma conclusão aceitável, mas há algumas "condições" que se
impõem:
Realmente
o que ficou "ferido": a minha personalidade ou a minha soberba?
«Oiço
falar de soberba e talvez pense numa atitude despótica e avassaladora, com
grande barulho de vozes que aclamam o triunfador que passa, como um imperador
romano, debaixo dos altos arcos, inclinando a cabeça, pois teme que a sua
fronte gloriosa toque o alvo mármore...
Tenho
de ser realista. Este tipo de soberba só tem lugar numa fantasia louca. Tenho
de lutar contra outras formas mais subtis, mais frequentes: o orgulho de
preferir a própria excelência à do próximo; a vaidade nas conversas, nos pensamentos
e nos gestos; uma susceptibilidade quase doentia, que se sente ofendida com
palavras ou acções que não são de forma alguma um agravo... Tudo isto, sim,
pode ser, é uma tentação corrente. Cconsidero-me como o sol e o centro dos que
estão ao meu redor. Tudo deve girar em torno de mim. Por isso, não raramente
acontece que recorro, com o meu afã mórbido, à própria simulação da dor, da
tristeza e da doença: para que os outros se preocupem conmigo e me mimem.
A
maior parte dos conflitos que se apresentam na minha vida interior, fabrica-os
a imaginação: é que disseram isto ou aquilo, são capazes de pensar aqueloutro,
não me consideram... E a minha pobre alma sofre, graças à sua triste fatuidade,
com suspeitas que não são reais. Nessa aventura desgraçada, a minha amargura é
contínua e procura desassossegar os outros, porque não sei ser humilde, porque
não aprendi a esquecer-me de mim mesmo para me entregar, generosamente, ao
serviço dos outros por amor de Deus.
A
"ofensa" foi real, concreta, feita directamente ou por "me ter
constado"?
Trata-se
de uma falsidade a meu respeito ou de uma crítica a alguma faceta do meu
carácter ou comportamento?
Qual
foi a minha primeira reacção?
A
estas duas perguntas só é possível responder fazendo um exame sério,
“desapaixonado” e justo.
A minha
susceptibilidade é muitas vezes exagerada considerando agravos e ofensas o que,
talvez, não passe de uma manifestação de “correcção fraterna”, ou seja, de
amizade.
Há
uma frase de Jesus que me deve tranquilizar a este respeito: «Em verdade vos digo que aos filhos dos
homens serão perdoados todos os pecados e todas as blasfémias que proferirem».
Que afirmação extraordinária, esta, de Jesus! Que entranhas de misericórdia!
Quem, entre os homens, poderia alguma vez dizer tal coisa?
Eu
que, muitas vezes ando carregado com uma lista de agravos, desconsiderações,
atropelos; que, penso, me são feitos; a minha dignidade ferida, a importância
que me atribuíuo desprezada, as qualidades, que julgo possuir, ignoradas… não me
lembrando, quase nunca, das vezes que fiz juízos, pensei ou pior, avistei
defeitos, erros, incongruências, coisas estranhas; os comentários, as
lucubrações, insinuando, levantando a dúvida, a suspeita… Vou, assim, pela
vida, muitas vezes, com uma postura de personagem ferida sem reparar que, a
maior parte das vezes, o único ferimento que ostento está no meu orgulho.
Jesus,
não! Perdoa tudo, absolutamente, quando arrependido e contrito, me ajoelho aos
Seus pés e Lhe peço perdão. Mas não me só perdoa, o que já seria muito, esquece
e coloca-me novamente ao pé de Si como se nunca dali tivesse saído.
Como
o pai do filho pródigo, restitui-me a posição, a dignidade e a liberdade: o
anel no dedo, o melhor vestido, as sandálias nos pés. E eu, pecador miserável,
vou e venho, uma e outra vez, quase sempre pelos mesmos motivos, com as mesmas
faltas, numa repetição de erros, abandonos, fraquezas e, Ele, sempre à minha
espera e mal me avista ao longe «corre ao
nosso encontro a lançar-se ao nosso pescoço e a beijar-nos».
Eu,
na hora de perdoar, guardo, quase sempre, uma pequena “reserva” que, mais
tarde, a propósito e a despropósito, talvez lembre.
Claro,
Jesus, é Deus e, eiu sou humano, mas, não
obstante, Ele quer que O imitem em tudo, mas, sobretudo, no perdão. Por isso
fez constar na oração que ensinou, de uma forma muito clara, essa necessidade
de perdoar para ser perdoado. Se Deus fizesse exactamente o que Lhe peço e me
perdoasse só na medida em que perdoo os outros – tal
como rezo no Pai-nosso – que desgraçado sería!
Felizmente,
que o Senhor sabe muito bem de que “massa sou feito” e, na Sua Infinita
Misericórdia concede-me um “desconto” precioso no meu compromisso.
Tão
difícil perdoar! Tão difícil não julgar!
«Senhor, ajuda-me a conter-me no meu tão frequente julgamento dos
outros. Intimamente e de viva voz. Põe na minha frente o espelho dos meus
próprios defeitos e faltas de carácter, tudo aquilo que julgo ver nos outros.
Não valho nada, não sei nada, não tenho nada, não sou nada»