Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
11/03/2019
Cenas da vida corrente – 4
E agora: que é que eu faço? Que é que
eu digo?
Perguntam-me:
Quando
rezas, tens absoluta certeza que Deus te ouve?
Digo
o seguinte:
Sim!
Tenho absoluta certeza que Deus me ouve.
Nem
faria sentido nenhum rezar sem ter essa certeza.
Perguntam-me:
Mas
como podes ter essa certeza?
Digo
o seguinte:
Em
primeiro lugar porque foi o próprio Jesus Cristo que nos aconselhou a rezar ao
Pai.
Não
o faria se Ele não nos escutasse.
Em
segundo lugar porque é natural um Pai escutar um filho quando este se lhe
dirige.
AMA,
reflexões.
Evangelho e comentário
TEMPO DA QUARESMA
Evangelho: Mt 25, 31-46
31 «Quando o Filho do Homem vier na sua glória, acompanhado
por todos os seus anjos, há-de sentar-se no seu trono de glória. 32 Perante
Ele, vão reunir-se todos os povos e Ele separará as pessoas umas das outras,
como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. 33 À sua direita porá as ovelhas
e à sua esquerda, os cabritos. 34 O Rei dirá, então, aos da sua direita:
‘Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que vos está preparado
desde a criação do mundo. 35 Porque tive fome e destes-me de comer, tive sede e
destes-me de beber, era peregrino e recolhestes-me, 36 estava nu e destes-me
que vestir, adoeci e visitastes-me, estive na prisão e fostes ter comigo.’ 37 Então,
os justos vão responder-lhe: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te
demos de comer, ou com sede e te demos de beber? 38 Quando te vimos peregrino e
te recolhemos, ou nu e te vestimos? 39 E quando te vimos doente ou na prisão, e
fomos visitar-te?’ 40 E o Rei vai dizer-lhes, em resposta: ‘Em verdade vos
digo: Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim
mesmo o fizestes.’ 41 Em seguida dirá aos da esquerda: ‘Afastai-vos de mim,
malditos, para o fogo eterno, que está preparado para o diabo e para os seus
anjos! 42 Porque tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes
de beber, 43 era peregrino e não me recolhestes, estava nu e não me vestistes,
doente e na prisão e não fostes visitar-me.’ 44 Por sua vez, eles perguntarão:
‘Quando foi que te vimos com fome, ou com sede, ou peregrino, ou nu, ou doente,
ou na prisão, e não te socorremos?’ 45 Ele responderá, então: ‘Em verdade vos
digo: Sempre que deixastes de fazer isto a um destes pequeninos, foi a mim que
o deixastes de fazer.’ 46 Estes irão para o suplício eterno, e os justos, para
a vida eterna.»
Comentário:
Este
trecho de São Mateus bem poderia chamar-se o “Evangelho das obras de
Misericórdia”, ou, se quisermos, “Evangelho do Segundo Mandamento”.
De
facto o Senhor enumera repetidamente as obrigações de solidariedade e de
serviço de uns pelos outros, não só por amor ao próximo mas, também, ao próximo
por amor de Deus.
Quem
se esquece do outro e vai pela vida solitário e como que imune às necessidades
concretas do seu semelhante não pode esperar senão repúdio e desinteresse por
parte do Senhor.
Não
poderia ser mais claro!
(AMA,
comentário sobre Mt 25, 31-46, 12.12.2018)
Ele é bom..., e Ele ama-te
Penas? Contradições por aquele acontecimento ou outro qualquer?...
Não vês que é o que o teu Pai-Deus que o quer..., e Ele é bom..., e Ele ama-te
– a ti só! – mais que todas as mães do mundo juntas podem amar os seus filhos? (Forja, 929)
Mas não esqueçamos que estar com Jesus é seguramente encontrar-se
com a sua Cruz. Quando nos abandonamos nas mãos de Deus, é frequente que Ele
permita que saboreemos a dor, a solidão, as contradições, as calúnias, as
difamações, os escárnios, por dentro e por fora: porque quer conformar-nos à
Sua imagem e semelhança e permite também que nos chamem loucos e que nos tomem
por néscios.
É a altura de amar a mortificação passiva que vem – oculta, ou
descarada e insolente – quando não a esperamos. Chegam a ferir as ovelhas com
as pedras que deviam atirar-se aos lobos: quem segue Cristo experimenta na
própria carne que aqueles que o deviam amar se comportam com ele de uma maneira
que vai da desconfiança à hostilidade, da suspeita ao ódio. Olham-no com
receio, como um mentiroso, porque não acreditam que possa haver relação pessoal
com Deus, vida interior; em contrapartida, com o ateu e com o indiferente,
geralmente rebeldes e desavergonhados, desfazem-se em amabilidades e
compreensão.
E talvez Nosso Senhor permita que o Seu discípulo se veja atacado
com a arma, que nunca é honrosa para aquele que a empunha, das injúrias
pessoais; com lugares comuns, fruto tendencioso e delituoso de uma propaganda
massificada e mentirosa... Porque o bom gosto e a cortesia não são coisas muito
comuns.
Assim vai Jesus esculpindo as almas dos Seus, sem deixar de lhes
dar interiormente serenidade e alegria, porque eles entendem muito bem que –
com cem mentiras juntas – os demónios não são capazes de fazer uma verdade: e
grava nas suas vidas a convicção de que só se sentirão bem quando renunciarem à
comodidade. (Amigos de Deus, 301)
Pequena agenda do cristão
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.
Senhor que eu faça "boa cara" que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.
Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.
Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.
Que o Senhor assista e vivifique o Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.
Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.
Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.
Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?
Leitura espiritual
EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL
AMORIS LÆTITIA
DO SANTO PADRE FRANCISCO
AOS BISPOS AOS PRESBÍTEROS E AOS DIÁCONOS
ÀS PESSOAS CONSAGRADAS AOS ESPOSOS CRISTÃOS E A TODOS OS FIÉIS LEIGOS SOBRE O AMOR NA FAMÍLIA
CAPÍTULO III
O OLHAR FIXO EM JESUS: A VOCAÇÃO DA FAMÍLIA
O sacramento do matrimónio.
«A
Sagrada Escritura e a Tradição abrem- -nos o acesso a um conhecimento da Trindade
que Se revela com traços familiares. A família é imagem de Deus, que (…) é comunhão
de pessoas.
No
baptismo, a voz do Pai chamou a Jesus Filho amado; e, neste amor, podemos
reconhecer o Espírito Santo[i]. Jesus, que tudo reconciliou em Si mesmo e redimiu o
homem do pecado, não só voltou a levar o matrimónio e a família à sua forma
original, mas também elevou o matrimónio a sinal sacramental do seu amor pela
Igreja.[ii]
Na
família humana, reunida em Cristo, é restaurada a “imagem e semelhança” da
Santíssima Trindade[iii],
mistério donde brota todo o amor verdadeiro.
O
matrimónio e a família recebem de Cristo, através da Igreja, a graça para
testemunhar o Evangelho do amor de Deus».
O
sacramento do matrimónio não é uma convenção social, um rito vazio ou o mero
sinal externo dum compromisso. O sacramento é um dom para a santificação e a
salvação dos esposos, porque «a sua pertença recíproca é a representação real,
através do sinal sacramental, da mesma relação de Cristo com a Igreja. Os
esposos são, portanto, para a Igreja a lembrança permanente daquilo que aconteceu
na cruz; são um para o[iv] outro,
e para os filhos, testemunhas da salvação, da qual o sacramento os faz participar».
O
matrimónio é uma vocação, sendo uma resposta à chamada específica para viver o
amor conjugal como sinal imperfeito do amor entre Cristo e a Igreja. Por isso,
a decisão de se casar e formar uma família deve ser fruto dum discernimento
vocacional.
«O
dom recíproco constitutivo do matrimónio sacramental está enraizado na graça do
baptismo, que estabelece a aliança fundamental de cada pessoa com Cristo na Igreja.
Na mútua recepção e com a graça de Cristo, os noivos prometem-se entrega total,
fidelidade e abertura à vida, e também reconhecem como elementos constitutivos
do matrimónio os dons que Deus lhes oferece, tomando a sério o seu mútuo
compromisso, em nome de Deus e perante a Igreja. Ora, na fé, é possível assumir
os bens do matrimónio como compromissos que se podem cumprir melhor com a ajuda
da graça do sacramento. (...) Portanto, o olhar da Igreja volta-se para os
esposos como o coração da família inteira, que, por sua vez, levanta o seu
olhar para Jesus».
O
sacramento não é uma « coisa » nem uma «força», mas o próprio Cristo, na
realidade, «vem ao encontro dos esposos cristãos com o sacramento do matrimónio.
Fica com eles, dá-lhes [v] a
coragem de O seguirem, tomando sobre si a sua cruz, de se levantarem depois das
quedas, de se perdoarem mutuamente, de levarem o fardo um do outro».
O
matrimónio cristão é um sinal que não só indica quanto Cristo amou a sua Igreja
na Aliança selada na Cruz, mas torna presente esse amor na comunhão dos
esposos. Quando se unem numa só carne, representam o desposório do Filho de
Deus com a natureza humana. Por isso, «nas alegrias do seu amor e da sua vida
familiar, Ele dá-lhes, já neste mundo, um antegozo do festim das núpcias do
Cordeiro».
Embora
«a analogia entre o casal marido-esposa e Cristo-Igreja» seja uma «analogia
imperfeita», convida a invocar o Senhor para que derrame o seu amor nas
limitações das relações conjugais. Vivida de modo humano e santificada pelo
sacramento, a união sexual é, por sua vez, caminho de crescimento na vida da
graça para os esposos. É o «mistério nupcial».
O
valor da união dos corpos está expresso nas palavras do consentimento, pelas
quais se acolheram e doaram reciprocamente para partilhar a vida toda. Estas
palavras conferem um significado à sexualidade, libertando-a de qualquer ambiguidade.
Mas, na realidade, toda a vida em comum dos esposos,[vi]. toda a rede de relações que hão-de tecer entre si,
com os seus filhos e com o mundo, estará impregnada e robustecida pela graça do
sacramento que brota do mistério da Encarnação e da Páscoa, onde Deus exprimiu
todo o seu amor pela humanidade e Se uniu intimamente com ela. Os esposos nunca
estarão sós, com as suas próprias forças, a enfrentar os desafios que surgem.
São chamados a responder ao dom de Deus com o seu esforço, a sua criatividade,
a sua perseverança e a sua luta diária, mas sempre poderão invocar o Espírito
Santo que consagrou a sua união, para que a graça recebida se manifeste sem
cessar em cada nova situação.
No
sacramento do matrimónio, segundo a tradição latina da Igreja, os ministros são
o homem e a mulher que se casam, os quais, ao manifestar o seu consentimento e
expressá-lo na sua entrega corpórea, recebem um grande dom. O seu consentimento
e a união dos seus corpos são os instrumentos da acção divina que os torna uma
só carne. No baptismo, ficou consagrada a sua capacidade de se unir em
matrimónio como ministros do Senhor, para responder à vocação de Deus. Por
isso, quando dois cônjuges não-cristãos recebem o baptismo, não é necessário
renovar a promessa nupcial sendo suficiente que não a rejeitem, pois, pelo
baptismo que recebem,[vii] essa união
torna-se automaticamente sacramental.
O
próprio direito canónico reconhece a validade de alguns matrimónios que se
celebram sem um ministro ordenado. É que a ordem natural foi assumida pela
redenção de Jesus Cristo, pelo que, «entre baptizados, não pode haver contrato
matrimonial válido que não seja, pelo mesmo facto, sacramento».
A
Igreja pode exigir que o acto seja público, a presença de testemunhas e outras
condições que foram variando ao longo da história, mas isto não tira, aos dois
esposos, o seu carácter de ministros do sacramento, nem diminui a centralidade
do consentimento do homem e da mulher, que é aquilo que, de por si, estabelece
o vínculo sacramental. Em todo o caso, precisamos de reflectir mais sobre a
acção divina no rito nupcial, que aparece muito evidenciada nas Igrejas Orientais
ao ressaltarem a importância da bênção sobre os contraentes como sinal do dom
do Espírito.
Sementes do Verbo e situações imperfeitas.
«O
Evangelho da família nutre também as sementes ainda à espera de desenvolver-se
e deve cuidar das árvores que perderam vitalidade e necessitam que não as
transcurem», de modo que, partindo do dom de Cristo no sacramento, «sejam
conduzidas pacientemente mais além, chegando a um conhecimento mais rico e uma
integração mais plena deste mistério na sua vida». Assumindo o ensinamento
bíblico de que tudo foi criado por Cristo e para Cristo[viii], os Padres sinodais lembraram que «a ordem da redenção
ilumina e realiza a da criação. Assim, o matrimónio natural compreende-se plenamente
à luz da sua realização sacramental: só fixando o olhar em Cristo é que se conhece
cabalmente a verdade das relações humanas.
“Na
realidade, o mistério do homem só no mistério do Verbo encarnado se esclarece
verdadeiramente. (...) Cristo, novo Adão, na própria revelação do mistério do
Pai e do seu amor, revela o homem a si mesmo e descobre-lhe a sua vocação
sublime”[ix].
Em particular é oportuno compreender, em chave cristocêntrica, (...) o bem dos
cônjuges (bonum coniugum)», que inclui
a unidade, a abertura à vida, a fidelidade, a indissolubilidade e, no matrimónio
cristão, também a ajuda mútua no caminho que leva a uma amizade mais plena com
o Senhor. «O discernimento da presença das semina
Verbi nas outras culturas[x] pode aplicar-se também à realidade matrimonial e
familiar. Para além do verdadeiro matrimónio natural, há elementos positivos
também nas formas matrimoniais doutras tradições religiosas»,76 74[xi] embora não faltem também as sombras. Podemos dizer que
«toda a pessoa que deseja formar, neste mundo, uma família que ensine os filhos
a alegrar-se por cada acção que se proponha vencer o mal – uma família que
mostre que o Espírito está vivo e operante – encontrará gratidão e estima, independentemente
do povo, região ou religião a que pertença».
«O
olhar de Cristo, cuja luz ilumina todo o homem[xii], inspira o cuidado pastoral da Igreja pelos fiéis que
simplesmente vivem juntos, que contraíram matrimónio apenas civil ou são divorciados
que voltaram a casar. Na perspectiva da pedagogia divina, a Igreja olha com
amor para aqueles que participam de modo imperfeito na vida dela: com eles,
invoca a graça da conversão; encoraja-os a fazerem o bem, a cuidarem com amor
um do outro e colocarem-se ao serviço da comunidade onde vivem e trabalham.
(...) Quando a união alcança uma estabilidade notável por meio dum vínculo
público – e se reveste de afecto profundo, responsabilidade pela prole, capacidade
de superar as provações –, pode ser vista como uma oportunidade a encaminhar
para o sacramento do matrimónio, sempre que este seja possível».[xiii] «Perante situações difíceis e famílias feridas, é
preciso lembrar sempre um princípio geral: “Saibam os pastores que, por amor à
verdade, estão obrigados a discernir bem as situações”[xiv]. O grau de responsabilidade não é igual em todos os casos,
e podem existir factores que limitem a capacidade de decisão. Por isso, ao
mesmo tempo que se exprime com clareza a doutrina, há que evitar juízos que não
tenham em conta a complexidade das diferentes situações, e é preciso estar
atentos ao modo como as pessoas vivem e sofrem por causa da sua condição».
(cont)
(revisão
da versão portuguesa por AMA)
[v] João Paulo II,
Exort. ap. Familiaris consortio (22 de Novembro de 1981), 13: AAS 74 (1982),
94. 65 Relatio Synodi 2014, 21
[vi] Catecismo da Igreja
Católica, 1642. 67 Ibidem. 68 Francisco, Catequese (6 de Maio de 2015):
L’Osservatore Romano (ed. semanal portuguesa de 7/V/2015), 20. 69 Leão Magno,
Epistula Rustico narbonensi episcopo, inquis. IV: PL 54, 1205A; cf. Incmaro de
Reims, Epist. 22: PL 126, 142
[vii] Cf. Pio XII, Carta
enc. Mystici Corporis Christi (29 de Junho de 1943): AAS 35 (1943), 202: «Matrimonio enim quo coniuges sibi invicem
sunt ministri gratiae…»
[xi] João Paulo II,
Exort. ap. Familiaris consortio (22 de Novembro de 1981), 9: AAS 74 (1982), 90.
75 Relatio Finalis 2015, 47. 76 Ibidem.
[xiii] Francisco, Homilia
na Santa Missa de encerramento do VIII Encontro Mundial das Famílias em Filadélfia
(27 de Setembro de 2015): L´Osservatore Romano (ed. semanal portuguesa de
08/X/2015), 4. 78 Relatio Finalis 2015, 53-54.
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