Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
27/12/2018
Para obedecer, é preciso humildade
Quando
tiveres de mandar, não humilhes: procede com delicadeza; respeita a
inteligência e a vontade de quem obedece. (Forja,
727)
Muitas
vezes fala-nos através doutros homens e pode acontecer que, à vista dos
defeitos dessas pessoas ou pensando que não estão bem informadas ou que talvez
não tenham entendido todos os dados do problema, surja uma espécie de convite a
não obedecermos.
Tudo
isso pode ter um significado divino, porque Deus não nos impõe uma obediência
cega, mas uma obediência inteligente, e temos de sentir a responsabilidade de
ajudar os outros com a luz do nosso entendimento. Mas sejamos sinceros connosco
próprios: examinemos em cada caso se o que nos move é o amor à verdade ou o
egoísmo e o apego ao nosso próprio juízo. Quando as nossas ideias nos separam dos
outros, quando nos levam a quebrar a comunhão, a unidade com os nossos irmãos,
é sinal certo que não estamos a actuar segundo o espírito de Deus.
Não
o esqueçamos: para obedecer, repito, é preciso humildade. Vejamos de novo o
exemplo de Cristo. Jesus obedece, e obedece a José e a Maria. Deus veio à Terra
para obedecer, e para obedecer às criaturas. São duas criaturas perfeitíssimas
– Santa Maria, Nossa Mãe; mais do que Ela só Deus; e aquele varão castíssimo,
José. Mas criaturas. E Jesus, que é Deus, obedecia-lhes! Temos de amar a Deus,
para amar assim a sua vontade, e ter desejos de responder aos chamamentos que
nos dirige através das obrigações da nossa vida corrente: nos deveres de
estado, na profissão, no trabalho, na família, no convívio social, no nosso
próprio sofrimento e no sofrimento dos outros homens, na amizade, no empenho de
realizar o que é bom e justo... (Cristo
que passa, 17)
Leitura espiritual
ATENÇÃO
AMOROSA
Não desprezar.
Aqui temos o que
poderíamos chamar o “primeiro mandamento” da benignidade.
Valorizar e confiar, esta
é a versão positiva desse mandamento.
Uma das manifestações mais
comoventes da bondade de Cristo é a sua infinita capacidade de prestar uma
atenção amorosa e confiante a todos, mesmo aos que parecem mais pervertidos e irrecuperáveis.
É uma atitude que vemos a
cada passo nos relatos evangélicos, ao contemplarmos o modo acolhedor e
esperançado com que Cristo encara os pecadores, os miseráveis, todos aqueles que
aparecem como o rebotalho imprestável do mundo.
Há, concretamente, uma
passagem do Evangelho em que essa atitude se revela com grande transparência.
São Lucas pinta a cena com
os traços de um drama em que intervêm dois personagens, Cristo e um fariseu
chamado Simão.
Ambos contemplam o mesmo
facto: a irrupção inesperada de uma mulher pecadora na casa do fariseu, onde
Jesus estava à mesa juntamente com outros convidados.
E eis que uma mulher, que
era pecadora na cidade, quando soube que Ele estava à mesa em casa do fariseu,
levou um vaso de alabastro cheio de bálsamo.
Estando a seus pés, detrás
d’Ele, começou a banhar-lhe os pés com lágrimas, enxugava-os com os cabelos da
sua cabeça, beijava-os e ungia-os com bálsamo (Lc 7, 37-38). Aquela pobre
mulher, tocada na alma pela divina bondade de Cristo, não sabe o que fazer para
expressar a sua dor, o seu arrependimento.
Dois pares de olhos
fixam-se especialmente nela: os do fariseu Simão e os de Cristo. Ambos observam
a mesma cena, a mesma pessoa, os mesmos gestos. Mas vêem coisas inteiramente diferentes.
O fariseu fixa na pecadora
o olhar do desprezo: Vendo isto, o fariseu que o tinha convidado disse consigo:
Se este fosse profeta, com certeza saberia quem e qual é a mulher que o toca, e
que é pecadora. Simão só vê o “lado mau”.
Cristo, pelo contrário,
dirige à pecadora o olhar do amor benigno. Mansamente, volta-se para o fariseu
e diz-lhe: Simão, tenho uma coisa a dizer-te... E o que Cristo vai dizer-lhe,
com um laivo de tristeza, é que Simão ainda não aprendeu a enxergar com
bondade, ainda não aprendeu a apreciar o valor dos outros com uma “atenção amorosa”.
Um credor – começa Cristo
– tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos denários, o outro cinquenta.
Não tendo ele com que pagar, perdoou a ambos a dívida. Qual deles, pois, mais
o amará? O que equivale a
dizer: Simão, onde tu vês um atrevimento despudorado, eu vejo amor.
Esta pobre criatura chora
a pena do arrependimento e a alegria do perdão.
E prossegue: Vês esta
mulher?... – sim, é necessário, é importante conseguir “ver” os outros –, vês
esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para os pés; e esta com as
suas lágrimas banhou os meus pés e enxugou-os com os seus cabelos. Não me deste
o beijo da paz, mas esta, desde que entrou, não cessou de beijar os meus pés.
Não ungiste a minha cabeça com bálsamo, mas esta ungiu com bálsamo os meus pés.
Pelo que te digo: São-lhe perdoados os seus muitos pecados porque muito amou
(cfr. Lc 7, 40-47).
Como se percebe bem aqui o
modo de olhar de Jesus! Mais do que ninguém, Cristo era capaz de penetrar no
abismo de mal que o pecado cavara naquela alma. E mais do que ninguém, por ser
Ele Deus – Deus feito homem –, podia sentir-se atingido pelo pecado, pois este
é, acima de tudo, ofensa a Deus.
Nada disso, porém, passa
para o primeiro plano no olhar de Cristo. Na escuridão do pecado que envolve a
alma daquela mulher, não detém a vista no que o ofende; só vê brilhar – como a
luz que cintila numa noite escura – a bondade que começa a desabrochar naquela
alma dolorida.
Apenas vê o “lado bom”, a
raiz de bondade que está a despertar e que Ele pode e quer ajudar a O fariseu,
sem dúvida, teria expulsado asperamente a pecadora, e com isso certamente a teria
ferido, teria abafado a sua esperança, tê-la-ia acorrentado, talvez para
sempre, ao seu mal.
Cristo estende-lhe a mão e
a salva: A tua fé te salvou; vai em paz (Lc 7, 50).
Na atitude de Cristo
encontramos matéria abundante para meditar.
Francisco
Faus [i]
[i]
Francisco Faus é licenciado em Direito pela
Universidade de Barcelona e Doutor em Direito Canónico pela Universidade de São
Tomás de Aquino de Roma. Ordenado sacerdote em 1955, reside em São Paulo, onde
exerce uma intensa atividade de atenção espiritual entre estudantes
universitários e profissionais. Autor de diversas obras literárias, algumas
delas premiadas, já publicou na coleção Temas Cristãos, entre outros, os
títulos O valor das dificuldades, O homem bom, Lágrimas de Cristo, lágrimas dos
homens, Maria, a mãe de Jesus, A voz da consciência e A paz na família.
Evangelho e comentário
TEMPO DE NATAL
São João - Apóstolo
Evangelho: Jo 20, 2-8
2 Correndo, foi ter com Simão Pedro e
com o outro discípulo, o que Jesus amava, e disse-lhes: «O Senhor foi levado do
túmulo e não sabemos onde o puseram.» 3 Pedro saiu com o outro discípulo e
foram ao túmulo. 4 Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo correu mais do
que Pedro e chegou primeiro ao túmulo. 5 Inclinou-se para observar e reparou
que os panos de linho estavam espalmados no chão, mas não entrou. 6 Entretanto,
chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no túmulo e ficou admirado ao
ver os panos de linho espalmados no chão, 7 ao passo que o lenço que tivera em
volta da cabeça não estava espalmado no chão juntamente com os panos de linho,
mas de outro modo, enrolado noutra posição. 8 Então, entrou também o outro
discípulo, o que tinha chegado primeiro ao túmulo. Viu e começou a crer,
Comentário:
A João, bastou-lhe ver os panos que envolveram Jesus morto para acreditar.
Tomé precisa de pôr o dedo nos buracos deixados pelos pregos que O prenderam na Cruz e meter a mão no Seu lado trespassado para a lança.
João vê e cala-se.
Tomé depois de confirmada a Ressurreição pronuncia a mais ardente declaração de Fé:
«Meu Senhor e meu Deus!»
A ambos move-os o amor.
Quanto mais e puro é o amor menos provas necessita para acreditar no que ama.
(AMA, comentário sobre Jo 20, 2-8, 27.12.2013)
Temas para reflectir e meditar
Pequena agenda do cristão
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito:
Participar na Santa Missa.
Senhor, vendo-me tal como sou, nada, absolutamente, tenho esta percepção da grandeza que me está reservada dentro de momentos: Receber o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do Rei e Senhor do Universo.
O meu coração palpita de alegria, confiança e amor. Alegria por ser convidado, confiança em que saberei esforçar-me por merecer o convite e amor sem limites pela caridade que me fazes. Aqui me tens, tal como sou e não como gostaria e deveria ser.
Não sou digno, não sou digno, não sou digno! Sei porém, que a uma palavra Tua a minha dignidade de filho e irmão me dará o direito a receber-te tal como Tu mesmo quiseste que fosse. Aqui me tens, Senhor. Convidaste-me e eu vim.
Lembrar-me:
Comunhões espirituais.
Senhor, eu quisera receber-vos com aquela pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu Vossa Santíssima Mãe, com o espírito e fervor dos Santos.
Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?
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