Tempo comum X Semana |
São Barnabé - Apóstolo
Evangelho: Mt 10, 7-13
7 Ide, e anunciai que está
próximo o Reino dos Céus. 8 «Curai os enfermos, ressuscitai os
mortos, limpai os leprosos, lançai fora os demónios. Dai de graça o que de
graça recebestes. 9 Não leveis nos vossos cintos nem ouro, nem
prata, nem dinheiro, 10 nem alforge para o caminho, nem duas
túnicas, nem sandálias, nem bordão; porque o operário tem direito ao seu
alimento. 11 «Em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes,
informai-vos de quem há nela digno de vos receber, e ficai aí até que vos
retireis. 12 Ao entrardes na casa, saudai-a, dizendo: “A paz seja
nesta casa”. 13 Se aquela casa for digna, descerá sobre ela a vossa
paz; se não for digna, a vossa paz tornará para vós.
Comentário:
As famílias, os grupos, os
Estados, a própria Comunidade internacional, necessitam de abrir-se ao perdão
para restaurar os laços interrompidos, superar situações estéreis de mútua
condenação, vencer a tentação de excluir os outros, negando-lhes a
possibilidade de apelo. A capacidade de perdão está na base de cada projecto de
uma sociedade futura mais justa e solidária.
Pelo contrário, a falta de
perdão, especialmente quando alimenta o prolongamento de conflitos, supõe
custos enormes para o desenvolvimento dos povos. Os recursos são destinados
para manter a corrida aos armamentos, as despesas de guerra, as consequências
das represálias económicas. Acabam assim por faltar os recursos financeiros
necessários para gerar desenvolvimento, paz e justiça. Quantos sofrimentos
padece a humanidade por não saber reconciliar-se, e quantos atrasos por não
saber perdoar! A paz é a condição do desenvolvimento, mas uma verdadeira paz
torna-se possível somente com o perdão.
A proposta do perdão não é
de imediata compreensão nem de fácil aceitação; é uma mensagem de certo modo
paradoxal. De facto, o perdão implica sempre uma aparente perda a curto prazo,
mas garante, a longo prazo, um lucro real. Com a violência é exactamente o
contrário: opta-se por um lucro de vencimento imediato, mas prepara para depois
uma perda real e permanente. À primeira vista, o perdão poderia parecer uma
fraqueza, mas não: tanto para ser concedido quanto para ser aceite supõe uma
força espiritual e uma coragem moral a toda a prova. Em vez de humilhar a
pessoa, o perdão leva-a a um humanismo mais pleno e mais rico, capaz de
reflectir em si um raio do esplendor do Criador.
(Beato João Paulo II,
Mensagem para o Dia Mundial da Paz 2002, §9-10)