Textos de S. Josemaria
Vejo-me
como um pobre passarinho que, acostumado a voar apenas de árvore em árvore ou,
quando muito, até à varanda de um terceiro andar..., um dia, na sua vida,
meteu-se em brios para chegar até ao telhado de certa casa modesta, que não era
propriamente um arranha-céus... Mas eis que o nosso pássaro é arrebatado por
uma águia – que o julgou erradamente uma cria da sua raça – e, entre as suas
garras poderosas, o passarinho sobe, sobe muito alto, por cima das montanhas da
terra e dos cumes nevados, por cima das nuvens brancas e azuis e cor-de-rosa,
mais acima ainda, até olhar o sol de frente... E então a águia, soltando o
passarinho, diz-lhe: anda, voa!... – Senhor, que eu não volte a voar pegado à
terra, que esteja sempre iluminado pelos raios do divino Sol – Cristo – na
Eucaristia, que o meu voo não se interrompa até encontrar o descanso do teu
Coração! (Forja,
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O
coração sente então a necessidade de distinguir e adorar cada uma das pessoas
divinas. De certo modo, é uma descoberta que a alma faz na vida sobrenatural,
como as de uma criancinha que vai abrindo os olhos à existência. E entretém-se
amorosamente com o Pai e com o Filho e com o Espírito Santo; e submete-se
facilmente à actividade do Paráclito vivificador, que se nos entrega sem o
merecermos: os dons e as virtudes sobrenaturais!
Corremos
como o veado que anseia pelas fontes da água; com sede, a boca gretada pela
secura. Queremos beber nesse manancial de água viva. Sem atitudes
extravagantes, mergulhamos ao longo do dia nesse caudal abundante e claro de
águas frescas que saltam até à vida eterna. As palavras tornam-se supérfluas,
porque a língua não consegue expressar-se; o entendimento aquieta-se. Não se
discorre, olha-se! E a alma rompe outra vez a cantar um cântico novo, porque se
sente e se sabe também olhada amorosamente por Deus a toda a hora.
Não
me refiro a situações extraordinárias. São, podem muito bem ser, fenómenos
ordinários da nossa alma: uma loucura de amor que, sem espectáculo, sem
extravagâncias, nos ensina a sofrer e a viver, porque Deus nos concede a
Sabedoria. Que serenidade, que paz então, metidos no caminho estreito que
conduz à vida! (Amigos de Deus, nn. 306–307)
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