16/03/2014

Diário: 16 Mar 2014

Publicações de hoje





Evangelho do dia e comentário

Tempo de Quaresma Semana II

Evangelho: Mt 12, 1-9

1 Naquele tempo, num dia de sábado, passava Jesus por umas searas, e Seus discípulos, tendo fome, começaram a colher espigas e a comê-las. 2 Vendo isto os fariseus, disseram-Lhe: «Olha que os Teus discípulos fazem o que não é permitido fazer ao sábado». 3 Jesus respondeu-lhes: «Não lestes o que fez David e os seus companheiros, quando tiveram fome? 4 Como entrou na casa de Deus, e comeu os pães sagrados, dos quais não era lícito comer, nem a ele, nem aos que com ele iam, mas só aos sacerdotes? 5 Não lestes na Lei que aos sábados os sacerdotes no templo violam o sábado e ficam sem culpa? 6 Ora Eu digo-vos que aqui está Alguém que é maior que o templo. 7 Se vós soubésseis o que quer dizer: “Quero misericórdia e não sacrifício”, jamais condenaríeis inocentes. 8 Porque o Filho do Homem é senhor do próprio sábado».9 Partindo dali, foi à sinagoga deles,10 onde se encontrava um homem que tinha atrofiada uma das mãos; e, eles, para terem de que O acusar, perguntaram-Lhe: «É permitido curar aos sábados?». 11 Ele respondeu-lhes: «Que homem haverá entre vós que, tendo uma ovelha, se esta cair no dia de sábado a uma cova, não a agarre, e não a tire de lá? 12 Ora quanto mais vale um homem do que uma ovelha? Logo, é permitido fazer bem no dia de sábado».

Comentário:

Uma vez mais o Senhor sublinha o que quer: misericórdia e não sacrifício!

De que vale, podemos perguntar-nos, os sacrifícios que possamos fazer, se não usamos a misericórdia, sobretudo, nas nossas relações com os outros?

Que o sacrifício é bom e útil, sem dúvida, porque fortalece a vontade, enrijece o carácter.

Privar-se de algo por opção, vontade própria, é bom e meritório, mas, o que define o carácter do cristão é a misericórdia.

É, além do mais, o que nos aproxima mais de Deus, Ele próprio, a Suma Misericórdia.

E, até pode muito bem acontecer, que ao exercer a misericórdia tenhamos que fazer algum sacrifício pessoal, então estaremos numa posição ideal para oferecer ao Senhor que, seguramente, o aceitará e lhe dará um valor que nós nem suspeitamos que tenha.


(ama, comentário sobre Mt 12, 1-8, 2013.07.19)

Leitura espiritual para Mar 16

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)

Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Evangelho: Lc 9, 1-22

1 Convocados os doze Apóstolos, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demónios, e para curar as doenças. 2 Enviou-os a pregar o reino de Deus e a curar os doentes. 3 Disse-lhes: «Não leveis nada para o caminho, nem bastão, nem alforge, nem pão, nem dinheiro, nem leveis duas túnicas. 4 Em qualquer casa em que entrardes, ficai lá, e não saiais dela até à vossa partida, 5 e se alguém não vos receber, ao sair dessa cidade, sacudi até o pó dos vossos pés, em testemunho contra eles». 6 Tendo eles partido, andavam de aldeia em aldeia pregando a boa nova, e fazendo curas por toda a parte. 7 O tetrarca Herodes ouviu falar de tudo o que se passava, e não sabia que pensar, porque uns diziam: 8 «É João que ressuscitou dos mortos»; outros: «É Elias que apareceu»; outros: «É um dos antigos profetas que ressuscitou».9 Herodes disse: «Eu mandei degolar João. Quem é, pois, Este de quem ouço tais coisas?». E buscava ocasião de O ver. 10 Tendo voltado os Apóstolos, contaram-Lhe tudo o que tinham feito. Ele, tomando-os consigo, retirou-Se à parte a um lugar do território de Betsaida. 11 Sabendo isto, as multidões foram-n'O seguindo. E as recebeu, falou-lhes do reino de Deus e curou os que necessitavam de cura. 12 Ora o dia começava a declinar. Aproximando-se d'Ele os doze, disseram-Lhe: «Despede as multidões, para que, indo pelas aldeias e herdades circunvizinhas, se alberguem e encontrem que comer, porque aqui estamos num lugar deserto». 13 Ele respondeu-lhes: «Dai-lhes vós de comer». Eles disseram: «Não temos mais do que cinco pães e dois peixes, a não ser que vamos comprar mantimento para toda esta multidão». 14 Pois eram quase cinco mil homens. Então disse aos discípulos: «Mandai-os sentar divididos em grupos de cinquenta». 15 Eles assim fizeram, e mandaram-nos sentar a todos. 16 Tendo tomado os cinco pães e os dois peixes, levantou os olhos ao céu, pronunciou sobre eles a bênção, partiu-os e distribuiu-os aos Seus discípulos, para que os servissem à multidão. 17 Comeram todos e ficaram saciados. E recolheram do que sobrou doze cestos de fragmentos. 18 Aconteceu que, estando a orar só, se encontravam com Ele os Seus discípulos. Jesus interrogou-os: «Quem dizem as multidões que Eu sou?». 19 Responderam e disseram: «Uns dizem que és João Baptista, outros que Elias, outros que ressuscitou um dos antigos profetas». 20 Ele disse-lhes: «E vós quem dizeis que sou Eu?». Pedro, respondendo, disse: «O Cristo de Deus». 21 Mas Ele, em tom severo, mandou que não o dissessem a ninguém, 22 acrescentando: «É necessário que o Filho do Homem padeça muitas coisas, que seja rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas, que seja morto e ressuscite ao terceiro dia.



EXORTAÇÃO APOSTÓLICA
EVANGELII GAUDIUM
DO SANTO PADRE FRANCISCO
AO EPISCOPADO, AO CLERO ÀS PESSOAS CONSAGRADAS E AOS FIÉIS LEIGOS
SOBRE
O ANÚNCIO DO EVANGELHO NO MUNDO ACTUAL


Capítulo IV

A DIMENSÃO SOCIAL DA EVANGELIZAÇÃO

IV. O diálogo social como contribuição para a paz

238. A evangelização implica também um caminho de diálogo. Neste momento, existem sobretudo três campos de diálogo onde a Igreja deve estar presente, cumprindo um serviço a favor do pleno desenvolvimento do ser humano e procurando o bem comum: o diálogo com os Estados, com a sociedade – que inclui o diálogo com as culturas e as ciências – e com os outros crentes que não fazem parte da Igreja Católica. Em todos os casos, «a Igreja fala a partir da luz que a fé lhe dá», 186 oferece a sua experiência de dois mil anos e conserva sempre na memória as vidas e sofrimentos dos seres humanos. Isto ultrapassa a razão humana, mas também tem um significado que pode enriquecer a quantos não creem e convida a razão a alargar as suas perspectivas.

239. A Igreja proclama o «evangelho da paz» (Ef 6, 15) e está aberta à colaboração com todas as autoridades nacionais e internacionais para cuidar deste bem universal tão grande. Ao anunciar Jesus Cristo, que é a paz em pessoa (cf. Ef 2, 14), a nova evangelização incentiva todo o baptizado a ser instrumento de pacificação e testemunha credível duma vida reconciliada. 187 É hora de saber como projectar, numa cultura que privilegie o diálogo como forma de encontro, a busca de consenso e de acordos mas sem a separar da preocupação por uma sociedade justa, capaz de memória e sem exclusões. O autor principal, o sujeito histórico deste processo, é a gente e a sua cultura, não uma classe, uma fracção, um grupo, uma elite. Não precisamos de um projecto de poucos para poucos, ou de uma minoria esclarecida ou testemunhal que se aproprie de um sentimento colectivo. Trata-se de um acordo para viver juntos, de um pacto social e cultural.

240. O cuidado e a promoção do bem comum da sociedade compete ao Estado. 188 Este, com base nos princípios de subsidiariedade e solidariedade e com um grande esforço de diálogo político e criação de consensos, desempenha um papel fundamental – que não pode ser delegado – na busca do desenvolvimento integral de todos. Este papel exige, nas circunstâncias actuais, uma profunda humildade social.

241. No diálogo com o Estado e com a sociedade, a Igreja não tem soluções para todas as questões específicas. Mas, juntamente com as várias forças sociais, acompanha as propostas que melhor correspondam à dignidade da pessoa humana e ao bem comum. Ao fazê-lo, propõe sempre com clareza os valores fundamentais da existência humana, para transmitir convicções que possam depois traduzir-se em acções políticas.

O diálogo entre a fé, a razão e as ciências

242. O diálogo entre ciência e fé também faz parte da acção evangelizadora que favorece a paz. 189 O cientificismo e o positivismo recusam-se a «admitir, como válidas, formas de conhecimento distintas daquelas que são próprias das ciências positivas». 190 A Igreja propõe outro caminho, que exige uma síntese entre um uso responsável das metodologias próprias das ciências empíricas e os outros saberes como a filosofia, a teologia, e a própria fé que eleva o ser humano até ao mistério que transcende a natureza e a inteligência humana. A fé não tem medo da razão; pelo contrário, procura-a e tem confiança nela, porque «a luz da razão e a luz da fé provêm ambas de Deus», 191 e não se podem contradizer entre si. A evangelização está atenta aos progressos científicos para os iluminar com a luz da fé e da lei natural, tendo em vista procurar que sempre respeitem a centralidade e o valor supremo da pessoa humana em todas as fases da sua existência. Toda a sociedade pode ser enriquecida através deste diálogo que abre novos horizontes ao pensamento e amplia as possibilidades da razão. Também este é um caminho de harmonia e pacificação.

243. A Igreja não pretende deter o progresso admirável das ciências. Pelo contrário, alegra-se e inclusivamente desfruta reconhecendo o enorme potencial que Deus deu à mente humana. Quando o progresso das ciências, mantendo-se com rigor académico no campo do seu objecto específico, torna evidente uma determinada conclusão que a razão não pode negar, a fé não a contradiz. Nem os crentes podem pretender que uma opinião científica que lhes agrada – e que nem sequer foi suficientemente comprovada – adquira o peso dum dogma de fé. Em certas ocasiões, porém, alguns cientistas vão mais além do objecto formal da sua disciplina e exageram com afirmações ou conclusões que extravasam o campo da própria ciência. Neste caso, não é a razão que se propõe, mas uma determinada ideologia que fecha o caminho a um diálogo autêntico, pacífico e frutuoso.

O diálogo ecuménico

244. O compromisso ecuménico corresponde à oração do Senhor Jesus pedindo «que todos sejam um só» (Jo 17, 21). A credibilidade do anúncio cristão seria muito maior, se os cristãos superassem as suas divisões e a Igreja realizasse «a plenitude da catolicidade que lhe é própria naqueles filhos que, embora incorporados pelo Baptismo, estão separados da sua plena comunhão». 192 Devemos sempre lembrar-nos de que somos peregrinos, e peregrinamos juntos. Para isso, devemos abrir o coração ao companheiro de estrada sem medos nem desconfianças, e olhar primariamente para o que procuramos: a paz no rosto do único Deus. O abrir-se ao outro tem algo de artesanal, a paz é artesanal. Jesus disse-nos: «Felizes os pacificadores» (Mt 5, 9). Neste esforço, mesmo entre nós, cumpre-se a antiga profecia: «Transformarão as suas espadas em relhas de arado» (Is 2, 4).

245. Sob esta luz, o ecumenismo é uma contribuição para a unidade da família humana. A presença no Sínodo do Patriarca de Constantinopla, Sua Santidade Bartolomeu I, e do Arcebispo de Cantuária, Sua Graça Rowan Douglas Williams, 193 foi um verdadeiro dom de Deus e um precioso testemunho cristão.

246. Dada a gravidade do contra-testemunho da divisão entre cristãos, sobretudo na Ásia e na África, torna-se urgente a busca de caminhos de unidade. Os missionários, nesses continentes, referem repetidamente as críticas, queixas e sarcasmos que recebem por causa do escândalo dos cristãos divididos. Se nos concentrarmos nas convicções que nos unem e recordarmos o princípio da hierarquia das verdades, poderemos caminhar decididamente para formas comuns de anúncio, de serviço e de testemunho. A imensa multidão que não recebeu o anúncio de Jesus Cristo não pode deixar-nos indiferentes. Por isso, o esforço por uma unidade que facilite a recepção de Jesus Cristo deixa de ser mera diplomacia ou um dever forçado para se transformar num caminho imprescindível da evangelização. Os sinais de divisão entre cristãos, em países que já estão dilacerados pela violência, juntam outros motivos de conflito vindos da parte de quem deveria ser um activo fermento de paz. São tantas e tão valiosas as coisas que nos unem! E, se realmente acreditamos na acção livre e generosa do Espírito, quantas coisas podemos aprender uns dos outros! Não se trata apenas de receber informações sobre os outros para os conhecermos melhor, mas de recolher o que o Espírito semeou neles como um dom também para nós. Só para dar um exemplo, no diálogo com os irmãos ortodoxos, nós, os católicos, temos a possibilidade de aprender algo mais sobre o significado da colegialidade episcopal e sobre a sua experiência da sinodalidade. Através dum intercâmbio de dons, o Espírito pode conduzir-nos cada vez mais para a verdade e o bem.

As relações com o Judaísmo

247. Um olhar muito especial é dirigido ao povo judeu, cuja Aliança com Deus nunca foi revogada, porque «os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis» (Rm 11, 29). A Igreja, que partilha com o Judaísmo uma parte importante das Escrituras Sagradas, considera o povo da Aliança e a sua fé como uma raiz sagrada da própria identidade cristã (cf. Rm 11, 16-18). Como cristãos, não podemos considerar o Judaísmo como uma religião alheia, nem incluímos os judeus entre quantos são chamados a deixar os ídolos para se converter ao verdadeiro Deus (cf. 1 Ts 1, 9). Juntamente com eles, acreditamos no único Deus que actua na história, e acolhemos, com eles, a Palavra revelada comum.

248. O diálogo e a amizade com os filhos de Israel fazem parte da vida dos discípulos de Jesus. O afecto que se desenvolveu leva-nos a lamentar, sincera e amargamente, as terríveis perseguições de que foram e são objecto, particularmente aquelas que envolvem ou envolveram cristãos.

249. Deus continua a operar no povo da Primeira Aliança e faz nascer tesouros de sabedoria que brotam do seu encontro com a Palavra divina. Por isso, a Igreja também se enriquece quando recolhe os valores do Judaísmo. Embora algumas convicções cristãs sejam inaceitáveis para o Judaísmo e a Igreja não possa deixar de anunciar Jesus como Senhor e Messias, há uma rica complementaridade que nos permite ler juntos os textos da Bíblia hebraica e ajudar-nos mutuamente a desentranhar as riquezas da Palavra, bem como compartilhar muitas convicções éticas e a preocupação comum pela justiça e o desenvolvimento dos povos.

O diálogo inter-religioso

250. Uma atitude de abertura na verdade e no amor deve caracterizar o diálogo com os crentes das religiões não-cristãs, apesar dos vários obstáculos e dificuldades, de modo particular os fundamentalismos de ambos os lados. Este diálogo inter-religioso é uma condição necessária para a paz no mundo e, por conseguinte, é um dever para os cristãos e também para outras comunidades religiosas. Este diálogo é, em primeiro lugar, uma conversa sobre a vida humana ou simplesmente – como propõem os Bispos da Índia – «estar aberto a eles, compartilhando as suas alegrias e penas». 194 Assim aprendemos a aceitar os outros, na sua maneira diferente de ser, de pensar e de se exprimir. Com este método, poderemos assumir juntos, o dever de servir a justiça e a paz, que deverá tornar-se um critério básico de todo o intercâmbio. Um diálogo, no qual se procurem a paz e a justiça social, é em si mesmo, para além do aspecto meramente pragmático, um compromisso ético que cria novas condições sociais. Os esforços à volta dum tema específico podem transformar-se num processo em que, através da escuta do outro, ambas as partes encontram purificação e enriquecimento. Portanto, estes esforços também podem ter o significado de amor à verdade.

251. Neste diálogo, sempre amável e cordial, nunca se deve descuidar o vínculo essencial entre diálogo e anúncio, que leva a Igreja a manter e intensificar as relações com os não-cristãos. 195 Um sincretismo conciliador seria, no fundo, um totalitarismo de quantos pretendem conciliar prescindindo de valores que os transcendem e dos quais não são donos. A verdadeira abertura implica conservar-se firme nas próprias convicções mais profundas, com uma identidade clara e feliz, mas «disponível para compreender as do outro» e «sabendo que o diálogo pode enriquecer a ambos». 196 Não nos serve uma abertura diplomática que diga sim a tudo para evitar problemas, porque seria um modo de enganar o outro e negar-lhe o bem que se recebeu como um dom para partilhar com generosidade. Longe de se contraporem, a evangelização e o diálogo inter-religioso apoiam-se e alimentam-se reciprocamente. 197

252. Neste tempo, adquire grande importância a relação com os crentes do Islão, hoje particularmente presentes em muitos países de tradição cristã, onde  podem celebrar livremente o seu culto e viver integrados na sociedade. Não se deve jamais esquecer que eles «professam seguir a fé de Abraão, e connosco adoram o Deus único e misericordioso, que há-de julgar os homens no último dia». 198 Os escritos sagrados do Islão conservam parte dos ensinamentos cristãos; Jesus Cristo e Maria são objecto de profunda veneração e é admirável ver como jovens e idosos, mulheres e homens do Islão são capazes de dedicar diariamente tempo à oração e participar fielmente nos seus ritos religiosos. Ao mesmo tempo, muitos deles têm uma profunda convicção de que a própria vida, na sua totalidade, é de Deus e para Deus. Reconhecem também a necessidade de Lhe responder com um compromisso ético e com a misericórdia para com os mais pobres.

253. Para sustentar o diálogo com o Islão é indispensável a adequada formação dos interlocutores, não só para que estejam sólida e jubilosamente radicados na sua identidade, mas também para que sejam capazes de reconhecer os valores dos outros, compreender as preocupações que subjazem às suas reivindicações e fazer aparecer as convicções comuns. Nós, cristãos, deveríamos acolher com afecto e respeito os imigrantes do Islão que chegam aos nossos países, tal como esperamos e pedimos para ser acolhidos e respeitados nos países de tradição islâmica. Rogo, imploro humildemente a esses países que assegurem liberdade aos cristãos para poderem celebrar o seu culto e viver a sua fé, tendo em conta a liberdade que os crentes do Islão gozam nos países ocidentais. Frente a episódios de fundamentalismo violento que nos preocupam, o afecto pelos verdadeiros crentes do Islão deve levar-nos a evitar odiosas generalizações, porque o verdadeiro Islão e uma interpretação adequada do Alcorão opõem-se a toda a violência.

254. Os não-cristãos fiéis à sua consciência podem, por gratuita iniciativa divina, viver «justificados por meio da graça de Deus» 199 e, assim, «associados ao mistério pascal de Jesus Cristo». 200 Devido, porém, à dimensão sacramental da graça santificante, a acção divina neles tende a produzir sinais, ritos, expressões sagradas que, por sua vez, envolvem outros numa experiência comunitária do caminho para Deus. 201 Não têm o significado e a eficácia dos Sacramentos instituídos por Cristo, mas podem ser canais que o próprio Espírito suscita para libertar os não-cristãos do imanentismo ateu ou de experiências religiosas meramente individuais. O mesmo Espírito suscita por toda a parte diferentes formas de sabedoria prática que ajudam a suportar as carências da vida e a viver com mais paz e harmonia. Nós, cristãos, podemos tirar proveito também desta riqueza consolidada ao longo dos séculos, que nos pode ajudar a viver melhor as nossas próprias convicções.

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Notas:
186 Bento XVI, Discurso à Cúria Romana (21 de Dezembro de 2012): AAS 105 (2013), 51.
187 Cf. Propositio 14.
188 Cf. Catecismo da Igreja Católica, 1910; Pont. Conselho «Justiça e Paz», Compêndio de Doutrina Social da Igreja, 168.
189 Cf. Propositio 54.
190 João Paulo II, Carta enc. Fides et ratio (14 de Setembro de 1998), 88: AAS 91 (1999), 74.
191 São Tomás de Aquino, Summa contra gentiles, I, 7; cf. João Paulo II, Carta enc. Fides et ratio (14 de Setembro de 1998), 43: AAS 91 (1999), 39.
192 Conc. Ecum. Vat. II, Decr. sobre o ecumenismo Unitatis redintegratio, 4.
193 Cf. Propositio 52.
194 Conferência dos Bispos da Índia, Decl. final da XXX Assembleia Geral: The Church’s Role for a Better India (8 de Março de 2012), 8.9.
195 Cf. Propositio 53.
196 João Paulo II, Carta enc. Redemptoris missio (7 de Dezembro de 1990), 56: AAS 83 (1991), 304.
197 Cf. Bento XVI, Discurso à Cúria Romana (21 de Dezembro de 2012): AAS 105 (2013), 51; Conc. Ecum. Vat. II, Decr. sobre a actividade missionária da Igreja Ad gentes, 9; Catecismo da Igreja Católica, 856.
198 Conc. Ecum. Vat.II, Const. dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, 16.
199 Comissão Teológica Internacional, O cristianismo e as religiões (1996), 72: Enchiridion Vaticanum 15, n.º 1061.
200 Ibid., 72: o. c., 1061.
201 Cf. ibid., 81-87: o. c., 1070-1076.




Deus está aqui

Humildade de Jesus: em Belém, em Nazaré, no Calvário...Porém, mais humilhação e mais aniquilamento na Hóstia Santíssima: mais que no estábulo, e que em Nazaré e que na Cruz. Por isso, que obrigação tenho de amar a Missa! (A «nossa» Missa, Jesus...). (Caminho, 533)

Por vezes, talvez nos perguntemos como será possível corresponder a tanto amor de Deus e até desejaríamos, para o conseguir, que nos pusessem com toda a clareza diante dos nossos olhos um programa de vida cristã. A solução é fácil e está ao alcance de todos os fiéis: participar amorosamente na Santa Missa, aprender a conviver e a ganhar intimidade com Deus na Missa, porque neste Sacrifício se encerra tudo aquilo que o Senhor quer de nós.

Permiti que aqui vos recorde o desenrolar das cerimónias litúrgicas, que já observámos em tantas e tantas ocasiões. Seguindo-as passo a passo é muito possível que o Senhor nos faça descobrir em que pontos devemos melhorar, que defeitos precisamos de extirpar e como há-de ser o nosso convívio, íntimo e fraterno, com todos os homens.


O sacerdote dirige-se para o altar de Deus, do Deus que alegra a nossa juventude. A Santa Missa inicia-se com um cântico de alegria, porque Deus está presente. É esta alegria que, juntamente com o reconhecimento e o amor, se manifesta no beijo que se dá na mesa do altar, símbolo de Cristo e memória dos santos, um espaço pequeno e santificado, porque nesta ara se confecciona o Sacramento de eficácia infinita. (Cristo que passa, 88)

Tratado dos vícios e pecados 30

Questão 76: Das causas do pecado em especial.

Art. 2 ― Se a ignorância é pecado.

(Supra, q. 74, a. 1, ad 2 ; a. 5 ; IIª-IIªª, q. 53, a. 2 ; II Sent., dist. XXII, q. 2, a. 1 ; dist. XLII, q. 2, qª 3, ad 3; IV dist. IX, a. 3, qª 2, ad 1 ; De Malo, q. 3, a. 7 ; Quodl. I, q. 9, a. 3 ; III Ethic., lect. XI).

O segundo discute-se assim. – Parece que a ignorância não é pecado.

1. ― Pois, pecado é o dito, feito ou desejado contra a lei de Deus, como já se estabeleceu (q. 71, a. 6). Ora, a ignorância não implica nenhum acto interior nem exterior. Logo, não é pecado.

2. ― O pecado opõe-se mais directamente à graça que à ciência. Ora, a privação da graça não é pecado, mas antes, pena consequente do pecado. Logo, a ignorância, privação da ciência, não é pecado.

3. ― Demais. ― Se a ignorância é pecado, só por ser voluntária o é. Ora, se a ignorância só é pecado quando voluntária, resulta que o pecado consiste antes nesse próprio acto da vontade do que na ignorância. Logo, esta não é pecado, mas antes, uma consequência dele.

4. ― Demais. ― Todo pecado é delido pela penitência, não há nenhum, salvo o original, que, transite quanto ao reato, permaneça actual. Ora, a ignorância não desaparece com a penitência, mas permanece ainda actual, embora removido pela penitência todo o reato. Logo, a ignorância não é pecado, a não ser talvez o original.

5. ― Demais. ― Se a ignorância, em si mesma, fosse pecado, este permaneceria actual enquanto aquela perdurasse. Ora, ela perdura sempre no ignorante. Logo, este estaria sempre pecando, o que é de evidentemente falso, pois, de contrário, a ignorância seria pecado gravíssimo. Portanto, não é pecado.

Mas, em contrário. ― Nada merece pena, a não ser o pecado. Ora, a ignorância merece-a, segundo a Escritura (I Cor 14, 38): mas se alguém o quer ignorar, será ignorado. Logo, a ignorância é pecado.

A ignorância difere da nesciência em que esta significa a simples negação da ciência, por isso, de quem não possui a ciência de alguma coisa podemos dizer que a não sabe. E deste modo, Dionísio atribui aos anjos a nesciência 1. A ignorância, porém, implica a privação da ciência, quando nos falta a ciência, do que entretanto deveríamos saber naturalmente. Ora, há certas coisas que somos obrigados a saber e sem a ciência das quais não podemos proceder com rectidão. Donde, todos comumente são obrigados a saber as coisas da fé e os preceitos universais do direito, e cada um em particular o que lhe respeita ao estado ou ao dever. Há porém algumas outras, que embora possamos naturalmente sabê-las, não estamos entretanto obrigados a tal, assim os teoremas de geometria e os contingentes particulares, salvo em determinados casos.

Ora, como é claro, todo aquele que omite o ter ou fazer o que está obrigado peca por pecado de omissão. Donde, o ser pecado de negligência a ignorância do que estamos obrigados a fazer. Mas a ninguém, se lhe imputa como negligência o que não souber ou não puder saber. E por isso a esta ignorância se chama invencível, por não poder ser superada pelo esforço. Donde, não sendo voluntária, por não estar em nosso poder o arredá-la, não é pecado. Portanto, é claro que nenhuma ignorância invencível é pecado, a ignorância vencível, pelo contrário, é, se for do que estamos obrigados a saber, não o é, porém, se for do que não estamos obrigados a saber.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. ― Como já disse (q. 71, a. 6, ad 1), as expressões ― o dito, feito ou desejado ― compreendem também as negações opostas, em virtude do que a omissão implica essencialmente o pecado. E assim, a negligência, que torna pecado a ignorância, está contida na referida definição do pecado, quando omitimos o que devíamos dizer, fazer ou desejar para adquirir a ciência devida.

RESPOSTA À SEGUNDA. ― A privação da graça embora não seja pecado, em si mesma, contudo pode vir a sê-lo em razão da negligência em nos prepararmos para ela como também se dá com a ignorância. Há entretanto aqui uma dissemelhança, porque, pelos nossos actos, podemos adquirir a ciência, ao passo que, não por eles, mas só por dom de Deus podemos adquirir a graça.

RESPOSTA À TERCEIRA. ― Assim como o pecado de transgressão não consiste no só acto de vontade, mas também no acto querido, imperado pela vontade, assim também, no pecado de omissão, não só o acto da vontade é pecado mas também a própria omissão enquanto de certo modo voluntária. E deste modo, a própria negligência da ciência ou a inconsideração é pecado.

RESPOSTA À QUARTA. ― Delido o reato, pela penitência, permanece a ignorância, enquanto privação da ciência, não permanece porém a negligência, que leva a considerar a ignorância como pecado.

RESPOSTA À QUINTA. ― Como nos demais pecados por omissão, o nosso acto pecaminoso só o é ao tempo em que o preceito afirmativo obriga, assim, também no pecado de ignorância. Por isso o ignorante não está sempre em acto de pecar, mas só ao tempo de adquirir a ciência que está obrigado a ter.


Revisão da tradução portuguesa por ama

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Notas:
1. VII Cael. Hierar.




Temas para meditar 44


Sementeira

Todos receberam a sua parte como de sementeira que cai não só no terreno bom, mas também pelo caminho, entre os espinhos e as pedras, a fim de que todos fiquem sem desculpa diante do Redentor se não empregam redenção tão superabundante para a sua própria salvação eterna.


(são francisco de sales, Tratado do Amor de Deus, livro 2, Cap. 7)

Pequena agenda do cristão


Domingo

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)

Propósito: Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me: Cultivar a Fé.

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame: Cumpri o propósito que me propus ontem?