Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
16/03/2014
Evangelho do dia e comentário
Tempo de Quaresma Semana II |
1 Naquele tempo, num dia de sábado, passava Jesus por umas searas, e
Seus discípulos, tendo fome, começaram a colher espigas e a comê-las. 2
Vendo isto os fariseus, disseram-Lhe: «Olha que os Teus discípulos fazem o que
não é permitido fazer ao sábado». 3 Jesus respondeu-lhes: «Não
lestes o que fez David e os seus companheiros, quando tiveram fome? 4
Como entrou na casa de Deus, e comeu os pães sagrados, dos quais não era lícito
comer, nem a ele, nem aos que com ele iam, mas só aos sacerdotes? 5
Não lestes na Lei que aos sábados os sacerdotes no templo violam o sábado e
ficam sem culpa? 6 Ora Eu digo-vos que aqui está Alguém que é maior
que o templo. 7 Se vós soubésseis o que quer dizer: “Quero
misericórdia e não sacrifício”, jamais condenaríeis inocentes. 8
Porque o Filho do Homem é senhor do próprio sábado».9 Partindo dali,
foi à sinagoga deles,10 onde se encontrava um homem que tinha
atrofiada uma das mãos; e, eles, para terem de que O acusar, perguntaram-Lhe:
«É permitido curar aos sábados?». 11 Ele respondeu-lhes: «Que homem
haverá entre vós que, tendo uma ovelha, se esta cair no dia de sábado a uma
cova, não a agarre, e não a tire de lá? 12 Ora quanto mais vale um
homem do que uma ovelha? Logo, é permitido fazer bem no dia de sábado».
Comentário:
Uma vez mais o Senhor
sublinha o que quer: misericórdia e não sacrifício!
De que vale, podemos
perguntar-nos, os sacrifícios que possamos fazer, se não usamos a misericórdia,
sobretudo, nas nossas relações com os outros?
Que o sacrifício é bom e
útil, sem dúvida, porque fortalece a vontade, enrijece o carácter.
Privar-se de algo por
opção, vontade própria, é bom e meritório, mas, o que define o carácter do
cristão é a misericórdia.
É, além do mais, o que nos
aproxima mais de Deus, Ele próprio, a Suma Misericórdia.
E, até pode muito bem
acontecer, que ao exercer a misericórdia tenhamos que fazer algum sacrifício
pessoal, então estaremos numa posição ideal para oferecer ao Senhor que,
seguramente, o aceitará e lhe dará um valor que nós nem suspeitamos que tenha.
(ama,
comentário sobre Mt 12, 1-8, 2013.07.19)
Leitura espiritual para Mar 16
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Evangelho: Lc 9, 1-22
1 Convocados os doze Apóstolos, deu-lhes poder e autoridade
sobre todos os demónios, e para curar as doenças. 2 Enviou-os a
pregar o reino de Deus e a curar os doentes. 3 Disse-lhes: «Não
leveis nada para o caminho, nem bastão, nem alforge, nem pão, nem dinheiro, nem
leveis duas túnicas. 4 Em qualquer casa em que entrardes, ficai lá,
e não saiais dela até à vossa partida, 5 e se alguém não vos receber,
ao sair dessa cidade, sacudi até o pó dos vossos pés, em testemunho contra
eles». 6 Tendo eles partido, andavam de aldeia em aldeia pregando a
boa nova, e fazendo curas por toda a parte. 7 O tetrarca Herodes
ouviu falar de tudo o que se passava, e não sabia que pensar, porque uns
diziam: 8 «É João que ressuscitou dos mortos»; outros: «É Elias que
apareceu»; outros: «É um dos antigos profetas que ressuscitou».9
Herodes disse: «Eu mandei degolar João. Quem é, pois, Este de quem ouço tais
coisas?». E buscava ocasião de O ver. 10 Tendo voltado os Apóstolos,
contaram-Lhe tudo o que tinham feito. Ele, tomando-os consigo, retirou-Se à
parte a um lugar do território de Betsaida. 11 Sabendo isto, as
multidões foram-n'O seguindo. E as recebeu, falou-lhes do reino de Deus e curou
os que necessitavam de cura. 12 Ora o dia começava a declinar.
Aproximando-se d'Ele os doze, disseram-Lhe: «Despede as multidões, para que,
indo pelas aldeias e herdades circunvizinhas, se alberguem e encontrem que
comer, porque aqui estamos num lugar deserto». 13 Ele
respondeu-lhes: «Dai-lhes vós de comer». Eles disseram: «Não temos mais do que
cinco pães e dois peixes, a não ser que vamos comprar mantimento para toda esta
multidão». 14 Pois eram quase cinco mil homens. Então disse aos
discípulos: «Mandai-os sentar divididos em grupos de cinquenta». 15
Eles assim fizeram, e mandaram-nos sentar a todos. 16 Tendo tomado
os cinco pães e os dois peixes, levantou os olhos ao céu, pronunciou sobre eles
a bênção, partiu-os e distribuiu-os aos Seus discípulos, para que os servissem
à multidão. 17 Comeram todos e ficaram saciados. E recolheram do que
sobrou doze cestos de fragmentos. 18 Aconteceu que, estando a orar
só, se encontravam com Ele os Seus discípulos. Jesus interrogou-os: «Quem dizem
as multidões que Eu sou?». 19 Responderam e disseram: «Uns dizem que
és João Baptista, outros que Elias, outros que ressuscitou um dos antigos
profetas». 20 Ele disse-lhes: «E vós quem dizeis que sou Eu?».
Pedro, respondendo, disse: «O Cristo de Deus». 21 Mas Ele, em tom
severo, mandou que não o dissessem a ninguém, 22 acrescentando: «É
necessário que o Filho do Homem padeça muitas coisas, que seja rejeitado pelos
anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas, que seja morto e
ressuscite ao terceiro dia.
EXORTAÇÃO APOSTÓLICA
EVANGELII GAUDIUM
DO SANTO PADRE FRANCISCO
AO EPISCOPADO, AO CLERO ÀS PESSOAS CONSAGRADAS E AOS
FIÉIS LEIGOS
SOBRE
O ANÚNCIO DO EVANGELHO NO MUNDO ACTUAL
Capítulo
IV
A DIMENSÃO SOCIAL DA
EVANGELIZAÇÃO
IV. O diálogo social como
contribuição para a paz
238.
A evangelização implica também um caminho de diálogo. Neste momento, existem
sobretudo três campos de diálogo onde a Igreja deve estar presente, cumprindo
um serviço a favor do pleno desenvolvimento do ser humano e procurando o bem
comum: o diálogo com os Estados, com a sociedade – que inclui o diálogo com as
culturas e as ciências – e com os outros crentes que não fazem parte da Igreja
Católica. Em todos os casos, «a Igreja fala a partir da luz que a fé lhe dá»,
186 oferece a sua experiência de dois mil anos e conserva sempre na
memória as vidas e sofrimentos dos seres humanos. Isto ultrapassa a razão
humana, mas também tem um significado que pode enriquecer a quantos não creem e
convida a razão a alargar as suas perspectivas.
239.
A Igreja proclama o «evangelho da paz» (Ef 6, 15) e está aberta à colaboração
com todas as autoridades nacionais e internacionais para cuidar deste bem
universal tão grande. Ao anunciar Jesus Cristo, que é a paz em pessoa (cf. Ef
2, 14), a nova evangelização incentiva todo o baptizado a ser instrumento de
pacificação e testemunha credível duma vida reconciliada. 187 É hora
de saber como projectar, numa cultura que privilegie o diálogo como forma de
encontro, a busca de consenso e de acordos mas sem a separar da preocupação por
uma sociedade justa, capaz de memória e sem exclusões. O autor principal, o
sujeito histórico deste processo, é a gente e a sua cultura, não uma classe,
uma fracção, um grupo, uma elite. Não precisamos de um projecto de poucos para
poucos, ou de uma minoria esclarecida ou testemunhal que se aproprie de um
sentimento colectivo. Trata-se de um acordo para viver juntos, de um pacto
social e cultural.
240.
O cuidado e a promoção do bem comum da sociedade compete ao Estado. 188 Este,
com base nos princípios de subsidiariedade e solidariedade e com um grande
esforço de diálogo político e criação de consensos, desempenha um papel
fundamental – que não pode ser delegado – na busca do desenvolvimento integral
de todos. Este papel exige, nas circunstâncias actuais, uma profunda humildade
social.
241.
No diálogo com o Estado e com a sociedade, a Igreja não tem soluções para todas
as questões específicas. Mas, juntamente com as várias forças sociais,
acompanha as propostas que melhor correspondam à dignidade da pessoa humana e
ao bem comum. Ao fazê-lo, propõe sempre com clareza os valores fundamentais da
existência humana, para transmitir convicções que possam depois traduzir-se em
acções políticas.
O
diálogo entre a fé, a razão e as ciências
242.
O diálogo entre ciência e fé também faz parte da acção evangelizadora que
favorece a paz. 189 O cientificismo e o positivismo recusam-se a
«admitir, como válidas, formas de conhecimento distintas daquelas que são
próprias das ciências positivas». 190 A Igreja propõe outro caminho,
que exige uma síntese entre um uso responsável das metodologias próprias das
ciências empíricas e os outros saberes como a filosofia, a teologia, e a
própria fé que eleva o ser humano até ao mistério que transcende a natureza e a
inteligência humana. A fé não tem medo da razão; pelo contrário, procura-a e
tem confiança nela, porque «a luz da razão e a luz da fé provêm ambas de Deus»,
191 e não se podem contradizer entre si. A evangelização está atenta aos
progressos científicos para os iluminar com a luz da fé e da lei natural, tendo
em vista procurar que sempre respeitem a centralidade e o valor supremo da
pessoa humana em todas as fases da sua existência. Toda a sociedade pode ser
enriquecida através deste diálogo que abre novos horizontes ao pensamento e
amplia as possibilidades da razão. Também este é um caminho de harmonia e
pacificação.
243.
A Igreja não pretende deter o progresso admirável das ciências. Pelo contrário,
alegra-se e inclusivamente desfruta reconhecendo o enorme potencial que Deus
deu à mente humana. Quando o progresso das ciências, mantendo-se com rigor
académico no campo do seu objecto específico, torna evidente uma determinada
conclusão que a razão não pode negar, a fé não a contradiz. Nem os crentes
podem pretender que uma opinião científica que lhes agrada – e que nem sequer
foi suficientemente comprovada – adquira o peso dum dogma de fé. Em certas
ocasiões, porém, alguns cientistas vão mais além do objecto formal da sua
disciplina e exageram com afirmações ou conclusões que extravasam o campo da
própria ciência. Neste caso, não é a razão que se propõe, mas uma determinada
ideologia que fecha o caminho a um diálogo autêntico, pacífico e frutuoso.
O
diálogo ecuménico
244.
O compromisso ecuménico corresponde à oração do Senhor Jesus pedindo «que todos
sejam um só» (Jo 17, 21). A credibilidade do anúncio cristão seria muito maior,
se os cristãos superassem as suas divisões e a Igreja realizasse «a plenitude
da catolicidade que lhe é própria naqueles filhos que, embora incorporados pelo
Baptismo, estão separados da sua plena comunhão». 192 Devemos sempre
lembrar-nos de que somos peregrinos, e peregrinamos juntos. Para isso, devemos
abrir o coração ao companheiro de estrada sem medos nem desconfianças, e olhar
primariamente para o que procuramos: a paz no rosto do único Deus. O abrir-se
ao outro tem algo de artesanal, a paz é artesanal. Jesus disse-nos: «Felizes os
pacificadores» (Mt 5, 9). Neste esforço, mesmo entre nós, cumpre-se a antiga
profecia: «Transformarão as suas espadas em relhas de arado» (Is 2, 4).
245.
Sob esta luz, o ecumenismo é uma contribuição para a unidade da família humana.
A presença no Sínodo do Patriarca de Constantinopla, Sua Santidade Bartolomeu
I, e do Arcebispo de Cantuária, Sua Graça Rowan Douglas Williams, 193 foi
um verdadeiro dom de Deus e um precioso testemunho cristão.
246.
Dada a gravidade do contra-testemunho da divisão entre cristãos, sobretudo na
Ásia e na África, torna-se urgente a busca de caminhos de unidade. Os
missionários, nesses continentes, referem repetidamente as críticas, queixas e
sarcasmos que recebem por causa do escândalo dos cristãos divididos. Se nos
concentrarmos nas convicções que nos unem e recordarmos o princípio da
hierarquia das verdades, poderemos caminhar decididamente para formas comuns de
anúncio, de serviço e de testemunho. A imensa multidão que não recebeu o
anúncio de Jesus Cristo não pode deixar-nos indiferentes. Por isso, o esforço
por uma unidade que facilite a recepção de Jesus Cristo deixa de ser mera
diplomacia ou um dever forçado para se transformar num caminho imprescindível
da evangelização. Os sinais de divisão entre cristãos, em países que já estão
dilacerados pela violência, juntam outros motivos de conflito vindos da parte
de quem deveria ser um activo fermento de paz. São tantas e tão valiosas as
coisas que nos unem! E, se realmente acreditamos na acção livre e generosa do
Espírito, quantas coisas podemos aprender uns dos outros! Não se trata apenas
de receber informações sobre os outros para os conhecermos melhor, mas de
recolher o que o Espírito semeou neles como um dom também para nós. Só para dar
um exemplo, no diálogo com os irmãos ortodoxos, nós, os católicos, temos a
possibilidade de aprender algo mais sobre o significado da colegialidade
episcopal e sobre a sua experiência da sinodalidade. Através dum intercâmbio de
dons, o Espírito pode conduzir-nos cada vez mais para a verdade e o bem.
As
relações com o Judaísmo
247.
Um olhar muito especial é dirigido ao povo judeu, cuja Aliança com Deus nunca foi
revogada, porque «os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis» (Rm 11, 29).
A Igreja, que partilha com o Judaísmo uma parte importante das Escrituras
Sagradas, considera o povo da Aliança e a sua fé como uma raiz sagrada da
própria identidade cristã (cf. Rm 11, 16-18). Como cristãos, não podemos considerar
o Judaísmo como uma religião alheia, nem incluímos os judeus entre quantos são
chamados a deixar os ídolos para se converter ao verdadeiro Deus (cf. 1 Ts 1,
9). Juntamente com eles, acreditamos no único Deus que actua na história, e
acolhemos, com eles, a Palavra revelada comum.
248.
O diálogo e a amizade com os filhos de Israel fazem parte da vida dos
discípulos de Jesus. O afecto que se desenvolveu leva-nos a lamentar, sincera e
amargamente, as terríveis perseguições de que foram e são objecto,
particularmente aquelas que envolvem ou envolveram cristãos.
249.
Deus continua a operar no povo da Primeira Aliança e faz nascer tesouros de
sabedoria que brotam do seu encontro com a Palavra divina. Por isso, a Igreja
também se enriquece quando recolhe os valores do Judaísmo. Embora algumas
convicções cristãs sejam inaceitáveis para o Judaísmo e a Igreja não possa
deixar de anunciar Jesus como Senhor e Messias, há uma rica complementaridade
que nos permite ler juntos os textos da Bíblia hebraica e ajudar-nos mutuamente
a desentranhar as riquezas da Palavra, bem como compartilhar muitas convicções
éticas e a preocupação comum pela justiça e o desenvolvimento dos povos.
O
diálogo inter-religioso
250.
Uma atitude de abertura na verdade e no amor deve caracterizar o diálogo com os
crentes das religiões não-cristãs, apesar dos vários obstáculos e dificuldades,
de modo particular os fundamentalismos de ambos os lados. Este diálogo
inter-religioso é uma condição necessária para a paz no mundo e, por
conseguinte, é um dever para os cristãos e também para outras comunidades
religiosas. Este diálogo é, em primeiro lugar, uma conversa sobre a vida humana
ou simplesmente – como propõem os Bispos da Índia – «estar aberto a eles,
compartilhando as suas alegrias e penas». 194 Assim aprendemos a
aceitar os outros, na sua maneira diferente de ser, de pensar e de se exprimir.
Com este método, poderemos assumir juntos, o dever de servir a justiça e a paz,
que deverá tornar-se um critério básico de todo o intercâmbio. Um diálogo, no
qual se procurem a paz e a justiça social, é em si mesmo, para além do aspecto
meramente pragmático, um compromisso ético que cria novas condições sociais. Os
esforços à volta dum tema específico podem transformar-se num processo em que,
através da escuta do outro, ambas as partes encontram purificação e
enriquecimento. Portanto, estes esforços também podem ter o significado de amor
à verdade.
251.
Neste diálogo, sempre amável e cordial, nunca se deve descuidar o vínculo
essencial entre diálogo e anúncio, que leva a Igreja a manter e intensificar as
relações com os não-cristãos. 195 Um sincretismo conciliador seria,
no fundo, um totalitarismo de quantos pretendem conciliar prescindindo de
valores que os transcendem e dos quais não são donos. A verdadeira abertura
implica conservar-se firme nas próprias convicções mais profundas, com uma
identidade clara e feliz, mas «disponível para compreender as do outro» e «sabendo
que o diálogo pode enriquecer a ambos». 196 Não nos serve uma
abertura diplomática que diga sim a tudo para evitar problemas, porque seria um
modo de enganar o outro e negar-lhe o bem que se recebeu como um dom para
partilhar com generosidade. Longe de se contraporem, a evangelização e o
diálogo inter-religioso apoiam-se e alimentam-se reciprocamente. 197
252.
Neste tempo, adquire grande importância a relação com os crentes do Islão, hoje
particularmente presentes em muitos países de tradição cristã, onde podem celebrar livremente o seu culto e viver
integrados na sociedade. Não se deve jamais esquecer que eles «professam seguir
a fé de Abraão, e connosco adoram o Deus único e misericordioso, que há-de
julgar os homens no último dia». 198 Os escritos sagrados do Islão
conservam parte dos ensinamentos cristãos; Jesus Cristo e Maria são objecto de
profunda veneração e é admirável ver como jovens e idosos, mulheres e homens do
Islão são capazes de dedicar diariamente tempo à oração e participar fielmente
nos seus ritos religiosos. Ao mesmo tempo, muitos deles têm uma profunda
convicção de que a própria vida, na sua totalidade, é de Deus e para Deus.
Reconhecem também a necessidade de Lhe responder com um compromisso ético e com
a misericórdia para com os mais pobres.
253.
Para sustentar o diálogo com o Islão é indispensável a adequada formação dos
interlocutores, não só para que estejam sólida e jubilosamente radicados na sua
identidade, mas também para que sejam capazes de reconhecer os valores dos
outros, compreender as preocupações que subjazem às suas reivindicações e fazer
aparecer as convicções comuns. Nós, cristãos, deveríamos acolher com afecto e
respeito os imigrantes do Islão que chegam aos nossos países, tal como
esperamos e pedimos para ser acolhidos e respeitados nos países de tradição
islâmica. Rogo, imploro humildemente a esses países que assegurem liberdade aos
cristãos para poderem celebrar o seu culto e viver a sua fé, tendo em conta a
liberdade que os crentes do Islão gozam nos países ocidentais. Frente a
episódios de fundamentalismo violento que nos preocupam, o afecto pelos
verdadeiros crentes do Islão deve levar-nos a evitar odiosas generalizações,
porque o verdadeiro Islão e uma interpretação adequada do Alcorão opõem-se a
toda a violência.
254.
Os não-cristãos fiéis à sua consciência podem, por gratuita iniciativa divina,
viver «justificados por meio da graça de Deus» 199 e, assim,
«associados ao mistério pascal de Jesus Cristo». 200 Devido, porém,
à dimensão sacramental da graça santificante, a acção divina neles tende a
produzir sinais, ritos, expressões sagradas que, por sua vez, envolvem outros
numa experiência comunitária do caminho para Deus. 201 Não têm o
significado e a eficácia dos Sacramentos instituídos por Cristo, mas podem ser
canais que o próprio Espírito suscita para libertar os não-cristãos do
imanentismo ateu ou de experiências religiosas meramente individuais. O mesmo
Espírito suscita por toda a parte diferentes formas de sabedoria prática que
ajudam a suportar as carências da vida e a viver com mais paz e harmonia. Nós,
cristãos, podemos tirar proveito também desta riqueza consolidada ao longo dos
séculos, que nos pode ajudar a viver melhor as nossas próprias convicções.
______________________________
Notas:
186
Bento XVI, Discurso à Cúria Romana (21 de Dezembro de 2012): AAS 105 (2013),
51.
187
Cf. Propositio 14.
188
Cf. Catecismo da Igreja Católica, 1910; Pont. Conselho «Justiça e Paz»,
Compêndio de Doutrina Social da Igreja, 168.
189
Cf. Propositio 54.
190
João Paulo II, Carta enc. Fides et ratio (14 de Setembro de 1998), 88: AAS 91
(1999), 74.
191
São Tomás de Aquino, Summa contra gentiles, I, 7; cf. João Paulo II, Carta enc.
Fides et ratio (14 de Setembro de 1998), 43: AAS 91 (1999), 39.
192
Conc. Ecum. Vat. II, Decr. sobre o ecumenismo Unitatis redintegratio, 4.
193
Cf. Propositio 52.
194
Conferência dos Bispos da Índia, Decl. final da XXX Assembleia Geral: The
Church’s Role for a Better India (8 de Março de 2012), 8.9.
195
Cf. Propositio 53.
196
João Paulo II, Carta enc. Redemptoris missio (7 de Dezembro de 1990), 56: AAS
83 (1991), 304.
197
Cf. Bento XVI, Discurso à Cúria Romana (21 de Dezembro de 2012): AAS 105
(2013), 51; Conc. Ecum. Vat. II, Decr. sobre a actividade missionária da Igreja
Ad gentes, 9; Catecismo da Igreja Católica, 856.
198
Conc. Ecum. Vat.II, Const. dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, 16.
199
Comissão Teológica Internacional, O cristianismo e as religiões (1996), 72:
Enchiridion Vaticanum 15, n.º 1061.
200 Ibid., 72: o. c., 1061.
201 Cf. ibid., 81-87: o. c.,
1070-1076.
Deus está aqui
Humildade de Jesus: em Belém, em Nazaré, no
Calvário...Porém, mais humilhação e mais aniquilamento na Hóstia Santíssima:
mais que no estábulo, e que em Nazaré e que na Cruz. Por isso, que obrigação
tenho de amar a Missa! (A «nossa» Missa, Jesus...). (Caminho, 533)
Por vezes, talvez nos perguntemos como será
possível corresponder a tanto amor de Deus e até desejaríamos, para o
conseguir, que nos pusessem com toda a clareza diante dos nossos olhos um
programa de vida cristã. A solução é fácil e está ao alcance de todos os fiéis:
participar amorosamente na Santa Missa, aprender a conviver e a ganhar
intimidade com Deus na Missa, porque neste Sacrifício se encerra tudo aquilo
que o Senhor quer de nós.
Permiti que aqui vos recorde o desenrolar das
cerimónias litúrgicas, que já observámos em tantas e tantas ocasiões.
Seguindo-as passo a passo é muito possível que o Senhor nos faça descobrir em
que pontos devemos melhorar, que defeitos precisamos de extirpar e como há-de
ser o nosso convívio, íntimo e fraterno, com todos os homens.
O sacerdote dirige-se para o altar de Deus, do
Deus que alegra a nossa juventude. A Santa Missa inicia-se com um cântico de
alegria, porque Deus está presente. É esta alegria que, juntamente com o
reconhecimento e o amor, se manifesta no beijo que se dá na mesa do altar,
símbolo de Cristo e memória dos santos, um espaço pequeno e santificado, porque
nesta ara se confecciona o Sacramento de eficácia infinita. (Cristo que passa, 88)
Tratado dos vícios e pecados 30
Art. 2 ― Se a ignorância é
pecado.
(Supra, q. 74, a. 1, ad 2 ; a.
5 ; IIª-IIªª, q. 53, a. 2 ; II Sent., dist. XXII, q. 2, a. 1 ; dist. XLII, q.
2, qª 3, ad 3; IV dist. IX, a. 3, qª 2, ad 1 ; De Malo, q. 3, a. 7
; Quodl. I, q. 9, a. 3 ; III Ethic., lect. XI).
O
segundo discute-se assim. – Parece que a ignorância não é pecado.
1.
― Pois, pecado é o dito, feito ou desejado contra a lei de Deus, como já se
estabeleceu (q. 71, a. 6). Ora, a ignorância não implica nenhum acto interior
nem exterior. Logo, não é pecado.
2.
― O pecado opõe-se mais directamente à graça que à ciência. Ora, a privação da
graça não é pecado, mas antes, pena consequente do pecado. Logo, a ignorância,
privação da ciência, não é pecado.
3.
― Demais. ― Se a ignorância é pecado, só por ser voluntária o é. Ora, se a ignorância
só é pecado quando voluntária, resulta que o pecado consiste antes nesse próprio
acto da vontade do que na ignorância. Logo, esta não é pecado, mas antes, uma consequência
dele.
4.
― Demais. ― Todo pecado é delido pela penitência, não há nenhum, salvo o
original, que, transite quanto ao reato, permaneça actual. Ora, a ignorância
não desaparece com a penitência, mas permanece ainda actual, embora removido
pela penitência todo o reato. Logo, a ignorância não é pecado, a não ser talvez
o original.
5.
― Demais. ― Se a ignorância, em si mesma, fosse pecado, este permaneceria actual
enquanto aquela perdurasse. Ora, ela perdura sempre no ignorante. Logo, este
estaria sempre pecando, o que é de evidentemente falso, pois, de contrário, a
ignorância seria pecado gravíssimo. Portanto, não é pecado.
Mas,
em contrário. ― Nada merece pena, a não ser o pecado. Ora, a ignorância merece-a,
segundo a Escritura (I Cor 14, 38): mas se alguém o quer ignorar, será
ignorado. Logo, a ignorância é pecado.
A ignorância difere da nesciência em que esta significa a simples negação da
ciência, por isso, de quem não possui a ciência de alguma coisa podemos dizer
que a não sabe. E deste modo, Dionísio atribui aos anjos a nesciência 1.
A ignorância, porém, implica a privação da ciência, quando nos falta a ciência,
do que entretanto deveríamos saber naturalmente. Ora, há certas coisas que
somos obrigados a saber e sem a ciência das quais não podemos proceder com rectidão.
Donde, todos comumente são obrigados a saber as coisas da fé e os preceitos
universais do direito, e cada um em particular o que lhe respeita ao estado ou
ao dever. Há porém algumas outras, que embora possamos naturalmente sabê-las,
não estamos entretanto obrigados a tal, assim os teoremas de geometria e os
contingentes particulares, salvo em determinados casos.
Ora,
como é claro, todo aquele que omite o ter ou fazer o que está obrigado peca por
pecado de omissão. Donde, o ser pecado de negligência a ignorância do que
estamos obrigados a fazer. Mas a ninguém, se lhe imputa como negligência o que
não souber ou não puder saber. E por isso a esta ignorância se chama
invencível, por não poder ser superada pelo esforço. Donde, não sendo
voluntária, por não estar em nosso poder o arredá-la, não é pecado. Portanto, é
claro que nenhuma ignorância invencível é pecado, a ignorância vencível, pelo
contrário, é, se for do que estamos obrigados a saber, não o é, porém, se for
do que não estamos obrigados a saber.
DONDE
A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. ― Como já disse (q. 71, a. 6, ad 1), as
expressões ― o dito, feito ou desejado ― compreendem também as negações
opostas, em virtude do que a omissão implica essencialmente o pecado. E assim,
a negligência, que torna pecado a ignorância, está contida na referida definição
do pecado, quando omitimos o que devíamos dizer, fazer ou desejar para adquirir
a ciência devida.
RESPOSTA
À SEGUNDA. ― A privação da graça embora não seja pecado, em si mesma, contudo
pode vir a sê-lo em razão da negligência em nos prepararmos para ela como
também se dá com a ignorância. Há entretanto aqui uma dissemelhança, porque,
pelos nossos actos, podemos adquirir a ciência, ao passo que, não por eles, mas
só por dom de Deus podemos adquirir a graça.
RESPOSTA
À TERCEIRA. ― Assim como o pecado de transgressão não consiste no só acto de
vontade, mas também no acto querido, imperado pela vontade, assim também, no
pecado de omissão, não só o acto da vontade é pecado mas também a própria omissão
enquanto de certo modo voluntária. E deste modo, a própria negligência da
ciência ou a inconsideração é pecado.
RESPOSTA
À QUARTA. ― Delido o reato, pela penitência, permanece a ignorância, enquanto
privação da ciência, não permanece porém a negligência, que leva a considerar a
ignorância como pecado.
RESPOSTA
À QUINTA. ― Como nos demais pecados por omissão, o nosso acto pecaminoso só o é
ao tempo em que o preceito afirmativo obriga, assim, também no pecado de
ignorância. Por isso o ignorante não está sempre em acto de pecar, mas só ao
tempo de adquirir a ciência que está obrigado a ter.
Revisão da tradução portuguesa por ama
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Notas:
1.
VII Cael. Hierar.
Temas para meditar 44
Sementeira
Todos
receberam a sua parte como de sementeira que cai não só no terreno bom, mas
também pelo caminho, entre os espinhos e as pedras, a fim de que todos fiquem
sem desculpa diante do Redentor se não empregam redenção tão superabundante
para a sua própria salvação eterna.
(são francisco de sales, Tratado do Amor de Deus, livro 2, Cap.
7)
Pequena agenda do cristão
Domingo
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito: Viver a família.
Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.
Lembrar-me: Cultivar a Fé.
São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.
Pequeno exame: Cumpri o propósito que me propus ontem?
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