04/08/2018

Se os cristãos soubessem servir!


Quando te falo do "bom exemplo", quero indicar-te também que hás-de compreender e desculpar, que hás-de encher o mundo de paz e de amor. (Forja, 560)

Se os cristãos soubessem servir! Vamos confiar ao Senhor a nossa decisão de aprender a realizar esta tarefa de serviço, porque só servindo é que poderemos conhecer e amar Cristo e dá-Lo a conhecer e conseguir que os outros O amem mais.

Como o mostraremos às almas? Com o exemplo: que sejamos testemunho seu, com a nossa voluntária servidão a Jesus Cristo em todas as nossas actividades, porque é o Senhor de todas as realidades da nossa vida, porque é a única e a última razão da nossa existência. Depois, quando já tivermos prestado esse testemunho do exemplo, seremos capazes de instruir com a palavra, com a doutrina. Assim procedeu Cristo: coepit facere et docere, primeiro ensinou com obras, e só depois com a sua pregação divina.

Servir os outros, por Cristo, exige que sejamos muito humanos. Se a nossa vida é desumana, Deus nada edificará nela, porque habitualmente não constrói sobre a desordem, sobre o egoísmo, sobre a prepotência. Precisamos de compreender todas as pessoas, temos de conviver com todos, temos de desculpar todos, temos de perdoar a todos. Não diremos que o injusto é o justo, que a ofensa a Deus não é ofensa a Deus, que o mau é bom. Todavia, perante o mal, não responderemos com outro mal, mas com a doutrina clara e com a boa acção; afogando o mal em abundância de bem. (Cristo que passa, 182).

Evangelho e comentário


Evangelho 

Evangelho: Mt 14, 1-12

1 Por aquele tempo, a fama de Jesus chegou aos ouvidos de Herodes, o tetrarca, 2 e ele disse aos seus cortesãos: «Esse homem é João Baptista! Ressuscitou dos mortos e, por isso, se manifestam nele tais poderes miraculosos.» 3 De facto, Herodes tinha prendido João, algemara-o e metera-o na prisão, por causa de Herodíade, mulher de seu irmão Filipe. 4 Porque João dizia-lhe: «Não te é lícito possuí-la.» 5 Quisera mesmo dar-lhe a morte, mas teve medo do povo, que o considerava um profeta. 6 Ora, quando Herodes festejou o seu aniversário, a filha de Herodíade dançou perante os convidados e agradou a Herodes, 7 pelo que ele se comprometeu, sob juramento, a dar-lhe o que ela lhe pedisse. 8 Induzida pela mãe, respondeu: «Dá-me, aqui num prato, a cabeça de João Baptista.» 9 O rei ficou triste, mas, devido ao juramento e aos convidados, ordenou que lha trouxessem 10 e mandou decapitar João Baptista na prisão. 11 Trouxeram, num prato, a cabeça de João e deram-na à jovem, que a levou à sua mãe. 12 Os discípulos de João vieram buscar o corpo e sepultaram-no; depois, foram dar a notícia a Jesus.

Comentário:

Jurar é algo que deveria ser inaceitável por desnecessário e inconsequente.

Desnecessário porque significa que de alguma forma se pede como que uma garantia que a pessoa a quem se pede não merece total credibilidade.

Inconsequente porque se a palavra dada não é suficiente como o será o juramento?


(AMA, comentário sobre Mt 14,1-12, 30.07.2016)

Temas para reflectir e meditar


Formação humana e cristã - 22

A tentação da memória é talvez uma das mais insidiosas porque nos assalta quando menos esperamos e por vezes em circunstâncias absolutamente inesperadas.

Por exemplo quando nos aproximamos da comunhão eucarística.

É de facto terrível e chega a incomodar bastante.

Não nos deixemos assaltar pelos escrúpulos, pensando, talvez, que se assim somos tentados talvez seja preferível não comungar.


De modo nenhum!


Isso é exactamente o que o demónio pretende.

(AMA, reflexões)

Doutrina – 453


CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Compêndio


PRIMEIRA SECÇÃO
A ECONOMIA SACRAMENTAL


CAPÍTULO PRIMEIRO

O MISTÉRIO PASCAL NOS SACRAMENTOS DA IGREJA

Pergunta:

232. Qual é a relação entre os sacramentos e a vida eterna?


Resposta:

Nos sacramentos, a Igreja recebe já as arras da vida eterna, embora «aguardando a ditosa esperança e manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo» (Tit 2,13).

Leitura espiritual


São Josemaria Escrivá


Amigos de Deus

179
        
Alguns, quando ouvem falar de castidade, sorriem.
É um sorriso - um esgar - sem alegria, morto, de mentes retorcidas. A grande maioria, repetem, não acredita nisso!
Eu costumava dizer aos rapazes que me acompanhavam pelos hospitais e bairros da periferia de Madrid, há muitos anos atrás: pensai que há um reino mineral; outro, mais perfeito, o reino vegetal, no qual, à mera existência se acrescenta a vida; e, depois outro, o reino animal, formado quase sempre por seres com sensibilidade e movimento.

Explicava-lhes também, de um modo pouco académico mas expressivo, que deveríamos instituir outro reino: o hominal, o reino dos humanos.
Na verdade, as criaturas racionais possuem uma inteligência admirável, reflexo da Sabedoria divina, que lhes permite raciocinar por sua conta e exercer essa liberdade maravilhosa, com que podem aceitar ou recusar uma coisa ou outra por seu arbítrio.

Pois neste reino dos homens - comentava-lhes eu, com a experiência do meu trabalho sacerdotal tão intenso - para uma pessoa normal, o tema do sexo ocupa um quarto ou quinto lugar.
Primeiro, estão as aspirações da vida espiritual, aquela que cada um tiver; a seguir, as questões que interessam ao homem e à mulher corrente: o pai, a mãe, o seu lar; depois a profissão e, muito além, em quarto ou quinto lugar aparece o impulso sexual.

Por isso, sempre que conheci pessoas que convertiam este assunto no tema central da sua conversa e dos seus interesses, pensei que eram anormais, uns pobres desgraçados, talvez doentes.
E acrescentava, provocando com isto um momento de riso e de piada entre os rapazes, que esses infelizes me faziam tanto dó como um rapaz com a cabeça grande, enorme, de um metro de perímetro!
São gente infeliz e, da nossa parte, além das orações, nasce uma fraterna compaixão, porque desejamos que se curem de tão triste doença.
O que não são é nem mais homens nem mais mulheres que aqueles que como nós, não estão obcecados pelo sexo.

180
         
A castidade é possível

Todos nós temos paixões e todos enfrentamos, em qualquer idade, as mesmas dificuldades.
Temos, por isso, de lutar.
Lembrai-vos do que escrevia S. Paulo: datus est mihi stimulus carnis meæ, angelus Satanæ, qui me colaphizet, rebela-se o estímulo da carne, que é como um anjo de Satanás, que me esbofeteia para que eu não seja soberbo.

Não se pode viver uma vida limpa sem assistência divina.
Deus quer que sejamos humildes e peçamos o seu auxílio.
Deves pedir com confiança a Nossa Senhora, agora mesmo, na solidão acompanhada do teu coração, silenciosamente:
Minha Mãe, este meu pobre coração rebela-se tolamente... se tu não me proteges...
E amparar-te-á para que o guardes puro e percorras o caminho a que Deus te chamou.

Filhos: humildade, humildade!
Aprendamos a ser humildes.
Para guardar o Amor é preciso prudência, é preciso vigiar com cuidado e não se deixar dominar pelo medo.
Entre os clássicos de espiritualidade, muitos comparam o demónio a um cão raivoso, preso a uma corrente: se não nos aproximarmos, não morde, ainda que ladre continuamente.
Se fomentardes a humildade nas vossas almas, de certeza que evitareis as tentações, reagireis com a valentia de fugir e socorrer-vos-eis diariamente do auxílio do Céu para avançar com garbo por este caminho de apaixonados.

181
         
Reparai que aquele que está apodrecido pela concupiscência da carne não consegue andar espiritualmente e é incapaz de qualquer obra boa.
É um aleijado que permanece estirado no chão como um trapo.
Nunca vistes os doentes com paralisias progressivas, que não conseguem ter força nem pôr-se de pé?
Às vezes nem sequer mexem a cabeça!
Pois isso acontece, na vida sobrenatural, aos que não são humildes e aos que se entregaram cobardemente à luxúria.
Não vêem, não ouvem, nem percebem nada.
Estão paralíticos e parecem loucos.
Cada um de nós deve invocar o Senhor e a Mãe de Deus e pedir-lhes a humildade e a decisão de aproveitar piedosamente o divino remédio da confissão.
Não permitais que se instale na vossa alma um foco de podridão, ainda que seja muito pequeno.
Falai!
Quando a água corre, é límpida; quando estagna, forma um charco, enche-se de porcaria repugnante e em vez de água potável passa a ser um caldo de bichos.

Que a castidade é possível e constitui uma fonte de alegria, sabei-lo tão bem como eu, muito embora tenhais consciência de que exige, de quando em quando, alguma luta.
Ouçamos de novo S. Paulo: Comprazo-me na lei de Deus, segundo o homem interior, mas, ao mesmo tempo, encontro nos meus membros outra lei, a qual resiste à lei do meu espírito e me subjuga à lei do pecado, que está nos membros do meu corpo. Oh, que homem tão infeliz eu sou! Quem me livrará deste corpo de morte?
Grita mais ainda, se precisas, mas não exageremos: sufficit tibi gratia mea, basta-te a minha graça, responde-nos o Senhor.

182 
       
Tive oportunidade de observar, em algumas ocasiões, como reluziam os olhos de um desportista, perante os obstáculos que tinha de saltar.
Que vitória!
Observai como domina as dificuldades!
Assim nos contempla Deus, que ama a nossa luta: seremos sempre vencedores, porque nunca nos nega a omnipotência da sua graça.
E não importa então que haja luta, porque Ele não nos abandona.

A castidade é combate e não renúncia, já que respondemos com uma afirmação gozosa, com uma entrega livre e alegre.
Não deves limitar-te a fugir da queda ou da ocasião, nem o teu comportamento deve reduzir-se, de maneira alguma, a uma negação fria e matemática.
Já te convenceste de que a castidade é uma virtude e, como tal, deve desenvolver-se e aperfeiçoar-se?
Não basta ser continente, cada um segundo o seu estado.
Insisto: temos de viver castamente, com virtude heróica.
Este comportamento é um acto positivo, com o qual aceitamos de boa vontade o pedido de Deus: Præbe, fili mi, cor tuum mihi et oculi tui vias meas custodiant, entrega-me, meu filho, o teu coração e espraia os teus olhos pelos meus campos de paz.

Pergunto-te eu, agora: como encaras tu esta batalha?
Bem sabes que a luta já está vencida, se a mantivermos desde o princípio. Afasta-te imediatamente do perigo, mal percebas as primeiras chispas de paixão, e até antes.
Fala, além disso, com quem dirige a tua alma; se possível antes, porque abrindo o coração de par em par não serás derrotado.
Um acto repetido várias vezes cria um hábito, uma inclinação, uma facilidade.
É preciso, pois, batalhar para alcançar o hábito da virtude, o hábito da mortificação, para não recusar o Amor dos Amores.

Meditai no conselho de S. Paulo a Timóteo: Te ipsum castum custodi, conserva-te a ti mesmo puro, para estarmos, também, sempre vigilantes, decididos a defender o tesouro que Deus nos entregou.
Ao longo da minha vida, quantas e quantas pessoas não ouvi queixarem-se: Ah! Se eu tivesse cortado ao princípio!
E diziam-no cheias de aflição e de vergonha.

183
         
Com o coração todo entregue

Devo recordar-vos que não encontrareis a felicidade fora das vossas obrigações cristãs.
Se as abandonardes, ficar-vos-á um enorme remorso e sereis uns pobres infelizes.
Então até mesmo as coisas mais correntes, que são lícitas e trazem um bocadinho de felicidade, se podem tornar amargas como fel, azedas como o vinagre, repugnantes como o rosalgar.

Peçamos a Jesus, cada um de vós e eu também: Senhor! Eu proponho-me lutar e sei que Tu não perdes batalhas.

E compreendo que, se alguma vez as perco, é porque me afastei de Ti!
Leva-me pela tua mão e não Te fies de mim!
Não me soltes!

Pensareis: mas eu sou tão feliz, Padre!
Eu amo Jesus Cristo e, ainda que seja de barro, desejo chegar à santidade com a ajuda de Deus e da sua Mãe Santíssima!
Não o duvido.
Apenas te previno com estas exortações para o caso de se te apresentar alguma dificuldade.

Tenho também de te repetir que a existência do cristão - a tua e a minha - é de Amor.
Este nosso coração nasceu para amar e, quando não se lhe dá um afecto puro, limpo e nobre, vinga-se e enche-se de miséria.
O verdadeiro amor de Deus, que pode traduzir-se por viver uma vida bem limpa, está tão longe da sensualidade como da insensibilidade e tão longe de qualquer sentimentalismo como da ausência de coração ou da sua dureza.

É uma pena não ter coração.
Os que nunca aprenderam a amar com ternura são uns infelizes.
Nós, os cristãos, estamos apaixonados pelo amor: o Senhor não nos quer secos, insensíveis, como matéria inerte.
Quer-nos impregnados do seu carinho!
Aquele que, por Deus, renunciou a um amor humano, não é um solteirão, como aquela pessoa triste, infeliz, que anda sempre de asa murcha, por ter desprezado a generosidade de amar limpamente.

(cont)


Pequena agenda do cristão

SÁBADO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

Lembrar-me:

Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?