Tempo comum XII Semana |
Evangelho: Mt 8, 1-4
1 Tendo Jesus descido do monte, seguiu-O uma grande multidão.2
E eis que, aproximando-se um leproso, se prostrou, dizendo: «Senhor, se Tu
quiseres, podes curar-me».3 Jesus, estendendo a mão, tocou-o,
dizendo-lhe: «Quero, sê curado». E logo ficou curado da sua lepra.4
E Jesus disse-lhe: «Vê, não o digas a ninguém, mas vai, mostra-te ao sacerdote,
e faz a oferta que Moisés preceituou em testemunho da tua cura».
Comentário:
Tal
como o agir, também o sofrimento (sob todas as suas formas) faz parte da
existência humana. Este deriva, por um lado, da nossa finitude e, por outro, da
súmula de erros que se acumularam ao longo da história e que ainda hoje não
cessa de aumentar.
É
preciso, obviamente, fazer tudo o que é possível para atenuar o sofrimento:
impedir, na medida possível, o sofrimento dos inocentes; amenizar as dores;
ajudar a superar os sofrimentos psíquicos. Tudo isto são deveres, tanto de
justiça como de amor, que se inserem nas exigências fundamentais da existência
cristã e de todas as vidas verdadeiramente humanas. Na luta contra a dor
física, conseguiram-se realizar grandes progressos; mas o sofrimento dos
inocentes e também os sofrimentos psíquicos aumentaram no decurso destas
últimas décadas.
Sim,
devemos fazer tudo para superar o sofrimento, mas eliminá-lo completamente do
mundo não está nas nossas possibilidades humanas, simplesmente porque não
podemos ultrapassar a nossa finitude e porque nenhum de nós é capaz de eliminar
o poder do mal, do erro, que – como constatámos – é uma fonte contínua de
sofrimento. Isto só Deus o poderia fazer: só um Deus que entra pessoalmente na
História tornando-se homem e sofrendo nela. Nós sabemos que este Deus existe e
que, por isso, este poder que «tira os pecados do mundo» (Jo 1,29)
está presente no mundo. Pela fé na existência deste poder, surgiu na História a
esperança da cura do mundo.
(bento xvi, Encíclica «Spe Salvi», 36)