Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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21 Desde então começou Jesus a
manifestar a Seus discípulos que devia ir a Jerusalém e padecer muitas coisas
dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas, ser morto, e
ressuscitar ao terceiro dia. 22 Tomando-O Pedro à parte, começou a
repreendê-l'O, dizendo: «Deus tal não permita, Senhor; não Te sucederá isto». 23
Ele, voltando-Se para Pedro, disse-lhe: «Retira-te de Mim, Satanás! Tu
serves-Me de escândalo, porque não tens a sabedoria das coisas de Deus, mas dos
homens». 24 Então, Jesus disse aos Seus discípulos: «Se alguém quer
vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. 25
Porque quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder a sua vida por
amor de Mim, acha-la-á. 26 Pois, que aproveitará a um homem ganhar
todo o mundo, se vier a perder a sua alma? Ou que dará um homem em troca da sua
alma? 27 Porque o Filho do Homem há-de vir na glória de Seu Pai com
os Seus anjos, e então dará a cada um segundo as suas obras. 28 Em
verdade vos digo que, entre aqueles que estão aqui presentes, há alguns que não
morrerão antes que vejam vir o Filho do Homem com o Seu reino».
17
1 Seis dias depois, tomou Jesus consigo
Pedro, Tiago e João, seu irmão, e levou-os à parte a um monte alto, 2
e transfigurou-Se diante deles. O Seu rosto ficou refulgente como o sol, e as
Suas vestes tornaram-se luminosas de brancas que estavam. 3 Eis que
lhes apareceram Moisés e Elias falando com Ele. 4 Pedro, tomando a
palavra, disse a Jesus: «Senhor, que bom é nós estarmos aqui; se queres, farei
aqui três tendas, uma para Ti, uma para Moisés, e outra para Elias». 5
Estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem resplandecente os envolveu; e saiu
da nuvem uma voz que dizia: «Este é o Meu Filho muito amado em Quem pus toda a
Minha complacência; ouvi-O». 6 Ouvindo isto, os discípulos caíram de
bruços, e tiveram grande medo. 7 Porém, Jesus aproximou-Se deles,
tocou-os e disse-lhes: «Levantai-vos, não temais». 8 Eles, então,
levantando os olhos, não viram ninguém, excepto só Jesus. 9 Quando
desciam do monte, Jesus fez-lhes a seguinte proibição: «Não digais a ninguém o
que vistes, até que o Filho do Homem ressuscite dos mortos». 10 Os
discípulos perguntaram-Lhe: «Porque dizem, pois, os escribas que Elias deve vir
primeiro?». 11 Ele respondeu-lhes: «Elias certamente há-de vir e
restabelecerá todas as coisas. 12 Digo-vos, porém, que Elias já
veio, e não o reconheceram, antes fizeram dele o que quiseram. Assim também o
Filho do Homem há-de padecer às suas mãos». 13 Então os discípulos
compreenderam que falava de João Baptista.
CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO
LIVRO DÉCIMO
CAPÍTULO XII
A memória e as matemáticas
A memória guarda também as relações e inumeráveis leis dos números e
dimensões, sendo que nenhuma dessas ideias foi impressa em nós pelos sentidos
do corpo, porque não têm cor, nem som, nem têm cheiro, nem gosto, nem são
tangíveis. Ouço, quando delas se fala, os sons das palavras que as exprimem,
mas uma coisa são os sons, e outra bem diferente são as ideias que elas significam.
As palavras soam de modo diferente em grego e em latim, mas as ideias
nem são gregas, nem latinas, nem de nenhuma outra língua.
Vi linhas traçadas por artistas, finas como um fio de aranha. Mas as
linhas materiais não são a imagem das que vi com os meus olhos carnais. Para
reconhecê-las não há necessidade alguma de se pensar num corpo qualquer, pois,
é no espírito que as reconhecemos.
Também conheci os números mediante os sentidos do corpo: mas a ideia de
número é bem diferente: não são imagens dos primeiros, possuindo por isso mesmo
um ser muito mais real.
Ria-se de mim quem não compreender o que disse, eu terei compaixão de
seu riso.
CAPÍTULO XIII
A memória da memória
Guardo na minha memória tudo isso eu, assim como o modo pelo qual o
aprendi.
Também guardo na memória as muitas argumentações infundadas que ouvi
contra essas verdades. Essas objeções sem dúvida são falsas, mas não é falso
recordá-las. E lembro de ter sabido distinguir entre essas verdades e os erros
que se lhe opunham.
Vejo agora que uma coisa é essa distinção, que faço hoje, e outra o
recordar ter feito muitas vezes tal distinção, ao considerá-las. Lembro-me,
portanto, de ter muitas vezes compreendido isso, e confio à memória o acto actual
de distingui-las e compreendê-las, para me lembrar, mais tarde, de que hoje as compreendi.
Lembro-me então de que me lembrei, e se mais tarde lembrar de que agora
pude recordar essas coisas, será ainda por força da memória.
CAPÍTULO XIV
A lembrança dos sentimentos
Essa mesma memória conserva também os afectos da alma, não do modo como
os sente a alma quando da vivência, mas de modo muito diverso, segundo o exige
a força da memória.
Lembro-me de ter estado alegre, ainda que não o esteja agora, recordo
minha tristeza passada, sem estar triste, lembro-me de ter sentido medo, sem
senti-lo de novo, lembro-me de desejo antigo, sem que o mesmo sinta agora.
Outras vezes, pelo contrário, lembro-me com alegria a tristeza passada,
e com tristeza uma alegria passada. Isto nada tem para admirar quando se trata de
emoções corporais, porque uma coisa é a alma e outra o corpo, e assim não é
maravilha que me lembre com alegria de um sofrimento físico já passado.
Porém, aqui o espírito é a própria memória. Quando confiamos uma tarefa
a alguém, dizemos: “Não o guardei no espírito”, “fugiu-me do espírito”.
É, portanto, a memória que chamamos de espírito.
Sendo assim, por que ao evocar com alegria uma tristeza passada, o meu espírito
sente alegria e minha memória, tristeza?
Se o meu espírito se alegra com a alegria que tem em si, por que a
memória não se entristece com a tristeza, que também tem em si?
Seria a memória estranha ao espírito?
Quem ousará afirmá-lo?
Sem dúvida a memória é como o estômago da alma, e a alegria e a tristeza
são como alimentos, doce ou amargo, quando tais emoções são confiadas à
memória, depois de passarem, digamos, por esse estômago, podem ali serem
guardadas, mas já perderam o sabor. Seria ridículo comparar emoções e alimento
como semelhantes. Contudo, elas não são totalmente diferentes.
É ainda da memória que tiro a distinção entre as quatro emoções da alma:
o desejo, a alegria, o medo e a tristeza.
Assim, todo raciocínio que eu teça, dividindo cada uma delas nas espécies
de seus géneros, definindo-as, é na memória que encontro o que tenho a dizer, e
de lá tiro tudo o que digo.
Contudo, ao recordar essas emoções, não me perturbo com nenhuma delas.
E antes mesmo que eu as recordasse para discuti-las, elas ali estavam, e
por isso puderam ser tiradas da memória mediante a lembrança.
Talvez a lembrança tire da memória essas emoções como o acto de ruminar
tira do estômago os alimentos. Mas então, por que aquele que rumina sobre tais
paixões não sente na boca do pensamento a doçura da alegria ou a amargura da tristeza?
Estará justamente nisto a diferença entre tais factos?
De facto, quem gostaria de falar dessas emoções se, todas as vezes que
falássemos do medo ou da tristeza, nos víssemos tristes ou temerosos?
Contudo, certamente não poderíamos falar deles se não encontrássemos na
memória não só os sons dessas palavras, segundo a imagem gravada em nós pelos
sentidos, mas ainda as noções que elas exprimem. Essas noções, nós não as
recebemos por nenhuma porta da carne, mas a própria alma, sentindo-as pela
experiência das próprias emoções, confiou-as à memória, ou então a própria
memória as reteve, sem que ninguém lhas confiasse.
CAPÍTULO XV
A memória das coisas ausentes
Mas quem poderá explicar se a recordação se faz por meio de imagens ou
não?
Por exemplo: se digo pedra, ou digo sol, sem que tais objectos estejam
presentes a meus sentidos, certamente tenho as suas imagens na memória, à minha
disposição.
Evoco uma dor do corpo, que está ausente de mim, já que nada me dói.
Contudo, se a imagem da dor não estivesse na minha memória, não saberia o que
dizia, e ao raciocinar não a distinguiria do prazer.
Falo de saúde do corpo, estando são, neste caso, está em mim o próprio objecto.
No entanto, se a sua imagem não estivesse na minha memória, de modo algum
lembraria o significado dessa palavra. Os doentes, ouvindo falar de saúde, não
saberiam do que se trata, não fosse o poder da memória a conservar a imagem da
ausência da realidade.
Falo dos números com que calculamos, e eles se apresentam na memória,
não suas imagens, mas os próprios números.
Evoco a imagem do sol, e esta se apresenta à minha memória, e não evoco
a imagem de uma imagem, mas a própria imagem, disponível à recordação.
Falo em memória, e reconheço o que falo, mas de onde o sei, senão da própria
memória?
Estará ela presente a si própria por sua imagem, e não por si mesma?
CAPÍTULO XVI
A memória do esquecimento
E quando falo do esquecimento, e reconheço de que falo, como poderia eu
reconhecê-lo se dele não lembrasse?
Não falo do som da palavra, mas da realidade que ela exprime. Se eu a tivesse
esquecido, não seria capaz de reconhecer o significado de tal som. Por isso,
quando me lembro da memória é por ela mesmo que se apresenta a mim, mas quando
me lembro do esquecimento, este e a memória estão presentes simultaneamente: a
memória, com que me recordo, e o esquecimento, de que me recordo.
Mas, que é o esquecimento, senão falta de memória?
E como pode ele estar presente na minha lembrança, se a sua lembrança
significa não lembrar?
Mas se nos lembramos, o guardamos na memória, e se nos é impossível
reconhecer o que significa a palavra esquecimento, quando a ouvimos, a não ser
que dele nos lembremos, logo a memória é a que retém o esquecimento.
Ele está na memória, pois do contrário, nós o esqueceríamos, mas, ele
presente, nós nos esquecemos. Segue-se que ele não está presente na memória por
si mesmo, quando nos lembramos dele, mas pela sua imagem. De contrário, o
esquecimento não faria com que nos lembrássemos, mas com que nos esquecêssemos.
Mas, enfim, quem poderá descobrir, quem poderá compreender o modo como
isto se realiza?
Mas, Senhor, esgota-me esta busca e é, portanto, sobre mim mesmo que me
canso, tornei-me para mim mesmo uma terra de dificuldades e árduos labores.
Por que não exploro agora as regiões do firmamento, nem meço as
distâncias dos astros, nem busco as leis do equilíbrio da terra. Sou eu que me
lembro, eu, o meu espírito. Não é de admirar que esteja longe de mim tudo o que
não sou eu. Todavia, que há mais perto de mim do que eu mesmo?
No entanto, é-me impossível compreender a natureza da minha memória, sem
a qual eu nem poderia pronunciar meu próprio nome.
Que direi então, desde que tenho a certeza que me lembro do esquecimento?
Diria talvez que não está em minha memória o que recordo?
Ou direi, talvez, que o esquecimento está na minha memória, para que não
o esqueça?
Ambas hipóteses são grandes absurdos.
Vejamos uma terceira hipótese: poderei eu afirmar que minha memória
retém a imagem do esquecimento, e não o esquecimento em si, quando dele me
lembro?
Com que fundamento, pois, poderei dizê-lo, se para que se grave na
memória a imagem de um objecto, é necessário que este esteja presente antes, de
onde emana a imagem a ser gravada?
É assim que me lembro de Cartago, e assim de todos os outros lugares por
que passei, assim me lembro do rosto dos homens que vi e das coisas que meus
sentidos me deram a conhecer, assim me lembro ainda da dor física, coisas cujas
imagens a memória fixou quando estavam presentes, para que eu as pudesse
contemplar e repassar em espírito, quando eu as evocasse na sua ausência.
Se, pois, é a imagem do esquecimento que está na memória, e não ele
mesmo, é evidente que nalgum momento esteve presente para que sua imagem fosse
fixada. Mas, se estava presente, como podia gravar na memória a sua imagem, se
o esquecimento apaga com a sua presença tudo o que lá está impresso?
Contudo, seja qual for o mecanismo desse fenómeno, e por mais
incompreensível e inexplicável que seja, estou certo de que me lembro do
esquecimento, que apaga da memória, todas as nossas lembranças.
(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)
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