26/01/2023

Publicações em Janeiro 26

  


(Re Mc 4, 1-20)

«Quem tem ouvidos para ouvir, oiça».

Talvez que possa considerar que esta declaração de Jesus encerra quanto preciso saber para cumprir o meu dever de cristão.

Ouvir a Palavra, ler o Evangelho só terão efeito real e com frutos abundantes se estudar, apreciar detidamente quanto oiço ou leio. Só assim poderei levar a cabo essa missão que é a de todo o cristão, de transmitir a Palavra de Deus, espalhando-a o como semeador faz quando semeia um campo.

Não posso, não devo usar uma semente que não conheça em detalhe, uma semente boa, de boa origem que me garanta que os frutos que irá produzir serão não só abundantes mas, sobretudo eficazes.

BIOÉTICA

Parte 1

Pessoa humana e princípios fundamentais.

A bioética, por estar ao serviço do homem, tem de conhecer quem é a pessoa humana. O primeiro dado que há a realçar é a diferença entre coisas e pessoas, já presente na linguagem.

1.   Coisas e pessoas

As coisas são objectos; os homens são sujeitos pessoais.

Note-se a diferença linguística nas perguntas e nas respostas:

- Que queres?

Reposta: Un licor.

- Quem és?

Resposta: Um médico

- Quem és?

Resposta: o Papa.

 

Não é correcto colocar a pergunta: O que é o homem?, mas: Quem é o homem? Porque o homem não é um objecto, uma coisa, um instrumento que se fabrica ou produz; é um sujeito pessoal, singular e irrepetível. Os direitos e os deveres são dos sujeitos peesoais, não dos objectos.

 

2.   O homem é um ser material e espiritual.

Para entender quem é o homem observemos os factos que a experiência nos apresenta.

Primeiro facto: o homem é um organismo vivo. Como qualquer organismo, é um conjunto de matéria formado por átomos e moléculas. Pertence ao mundo visível eé corpo entre os corpos. Ocupa um espaço e vive num determinado tempo. Pode-se medir e pesar.

AS suas células e órgãos podem ser contadas e analizadas ao microscópio. Como organismo vivo, nasce, cresce e desenvolve-se passando de criança  a adulto, mas em que mude a identidade no tempo: é a mesma e idêntica pessoa durante toda a vida. Está sujeito a toas as leis da matéria orgânicas e não pode evitar nem a doença nem a morte. Ao organismo material, pelo qual homem está no mundo, chamamos-lhe “corpo humano”. O corpo humano é o primero registo do meu valor e diversidade dos outros homens.  No meu bilhete de identidade estão as fotos e os dados do meu corpo, e estes dados identificam-me. O primeiro facto, portanto, é que o homem é um ser material.

Segundo facto: entre os actos que o homem leva a cabo vemos que alguns são causados directamente pelo corpo: alimentar-se, deslocar-se de um lugar para outro, ver com os olhos e tocar com as mãos; outros, pelo contrário, não dependem directamente do corpo.

. Com os olhos posso ver uma jóia concreta, por exemplo: uma pérola majórica, num determinado lugar, como na orelha da minha amiga Maria, e num preciso momento, durante a festa dos seus 18 anos. Estes actos são concrectos, particulares e materiais; podemos medi-los.  Todavia, alguns comportamentos do homem requerem  outro tipo de actos, como o pensar, o querer, a livre escolha, a angústia, a compaixão.

. Com o pensamento, o homem constrói “ideias” abstractas, universais e imateriais. Posso pensar não numa jóia em particular, mas na jóia; não só conheço esta mulher, mas as mulheres; não só tenho a ideia desta ou daquela árvore, mas também da árvore enquanto tal. O homem tem a ideia da jóia, da mulher, da árvore, etc., todas ideias abstractas e universais; estas ideias não têm tempo, não ocupam espaço, não podem ser pesadas nem medidas.

. Com as ideias abstractas fazemos juízos e considerações, por exemplo: «o brinco de Maria é muito bonito». A partir da observação da natureza, o homem formula leis gerais: «os corpos caiem», ideias, juizos e considerações empregam uma linguagem. O homem fala. O falar é uma característica específicamente humana.Também os animais comunicam uns com outros animais através de sinais, mas não falam. Alinguagem anaimal usa sinais de comunicação fixas e imutáveis: o cão ladra, o leão ruge, mas sempre do mesmo modo, em todas as partes do mundo e em todas as épocas. Ao contrário, a linguagem humana muda de povo para povo, de época para épocae está formada por palavras convencionais, de tal forma que homens de tempos e lugares diferentes usam palavras diferentes para indicar a mesma coisa e palavras iguais para indicar coisas diferentes. Assim ao que os espanhóis chamam «casa», os antigos romanos chamavam-lhe «domus» e os ingleses de hoje  chamam-lhe «house»; tal como a palavra «lira» pode significar uma moeda, um isntrumento musical, uma constelação astral.

. Além do mais, nós amamos os amigos, os pais, os irmãose irmãs. O nosso amor não pesa, não coupa espaço, não pode ser medido com o metro; mas nem por isso o meu amor pela minha amiga Maria é menos real que o brinco que vejo na sua orelha. Além disso, a minha capacidade de amar não tem «espaço limitado», antes posso sempre amar melhor e mais, sem ter de libertar espaço; o disco duro do meu computador é de capacidade limitada; o meu coração dilata-se sempre mais com o amor.

. Por último, cada um de nós tem a capacidade de eleger livremente, de querer uma coisa em vez de outra. Sou livre para tomar um café ou um sumo de laranja, de continuar a leitura deste livro ou de adiá-la, de estudar ou ir divertir-me com uns amigos. Detas livre escolhas, eu sinto a responsabiliade, o peso da decisão, e que está no meu poder decidir-me por uma ou outra coisa. E depois da decisão sentimo-nos responsáveis, dignos de louvor e de reprovação. Os nossos actos de liberdade confrontam-se com o valor moral; deste modo, as nossas escolhas são boas ou más.

Todos este actos requerem ou supõem no homemuma força-capacidade qualitativamente diferente da material, quer dizer: abstracta, universal e imaterial. Uma vez que estes actos são espirituais, quer dizer, não confinadas ás noções espácio-temporais, a dita capacidade é chamada espírito ou alma espiritual. A diferença da matéria, a existência da alma não pode demosntra-se científícamente porque não é uma realidade empírica; mas, por igual razão, tampouco poderá negar-se cientifícamente.A prova e demonstração será racional, de acordo com a alógica e exigências da nossa racionalidade. Ora bem, a nossa racionalidade exige que todo o efeito tenha uma causa adequada; quer dizer, o efeito não pode ser superior à causa. Portanto, se há em nós actos não materiais, tem de haver também uma causa não material. Portanto, o segundo facto é que o homem é um ser espiritual.

 

 

(Explicame la Bioética, guia explicativo dos temas mais controversos sobre a vida humana por Ramón Lucas y Lucas, trad de AMA).

 

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