17/06/2019

Evangelho e comentário


TEMPO COMUM


Evangelho: Mt 5, 38-42

38 «Ouvistes o que foi dito: Olho por olho e dente por dente. 39 Eu, porém, digo-vos: Não oponhais resistência ao mau. Mas, se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra. 40 Se alguém quiser litigar contigo para te tirar a túnica, dá-lhe também a capa. 41 E se alguém te obrigar a acompanhá-lo durante uma milha, caminha com ele duas. 42 Dá a quem te pede e não voltes as costas a quem te pedir emprestado.»

Comentário:

A chamada Lei de Talião que imperava naqueles tempos bárbaros era o oposto da nova ordem que Jesus Cristo vinha instalar:

A ordem do amor que, depois há-de instituir como o mandato novo para todos os homens.

Não é fácil pagar o mal com o bem, mas na sua busca incessante pela paz a humanidade não terá outro caminho.


(AMA, comentário sobre Mt 5, 38-42, 18.06.2018)

Comunicação social


O nosso dever de comunicadores sociais é sermos os melhores intermediários da verdade e fazermos honestamente uma síntese ponderada dos acontecimentos, uma avaliação reflectida dos factos, uma análise prévia das notícias que temos de transmitir com seriedade e aguda orientação crítica para dar o justo relevo a cada acontecimento.

(JAVIER ABAD GÓMEZ, Fidelidade, Quadrante 1989, pg. 77)



Deixa-o exigir-te!


Deus quer-nos infinitamente mais do que tu próprio te queres... Deixa-o, pois, exigir-te! (Forja, 813)

O Senhor conhece as nossas limitações, o nosso individualismo e a nossa ambição: a dificuldade em nos conhecermos a nós mesmos e de nos entregarmos aos outros. Sabe o que é não encontrar amor e verificar que mesmo aqueles que dizem segui-Lo o fazem só a meias. Recordai as cenas tremendas que os evangelistas nos descrevem e em que vemos os apóstolos ainda cheios de aspirações temporais e de projectos exclusivamente humanos. Mas Jesus escolheu-os, mantém-nos juntos de Si e confia-lhes a missão que recebeu do Pai.

Também a nós nos chama e nos pergunta como a Tiago e João: Potestis bibere calicem quem ego bibiturus sum?; estais dispostos a beber o cálice (este cálice da completa entrega ao cumprimento da vontade do Pai) que eu vou beber? "Possumus"!. Sim, estamos dispostos! – é a resposta de João e Tiago... Vós e eu, estamos dispostos seriamente a cumprir, em tudo, a vontade do nosso Pai, Deus? Demos ao Senhor o nosso coração inteiro ou continuamos apegados a nós mesmos, aos nossos interesses, à nossa comodidade, ao nosso amor-próprio? Há em nós alguma coisa que não corresponda à nossa condição de cristãos e que nos impeça de nos purificarmos? Hoje apresenta-se-nos a ocasião de rectificar. (Cristo que passa, 15)

Pequena agenda do cristão

SeGUNDa-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.

Senhor que eu faça "boa cara" que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.

Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.

Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.

Que o Senhor assista e vivifique o Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.

Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.

Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?








Leitura espiritual


CARTA ENCÍCLICA

HAURIETIS AQUAS

DO SUMO PONTÍFICE PAPA PIO XII
AOS VENERÁVEIS IRMÃOS PATRIARCAS, PRIMAZES,
ARCEBISPOS E BISPOS E OUTROS ORDINÁRIOS DO LUGAR
EM PAZ E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA

SOBRE O CULTO DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS



V
EXORTAÇÃO À PRÁTICA
MAIS PURA E MAIS EXTENSA DO CULTO
AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS



2) Grande utilidade do culto ao sagrado coração de Jesus nas actuais necessidades da Igreja


67. Veneráveis irmãos, embora a devoção ao sagrado coração de Jesus tenha produzido em toda parte frutos salutares de vida cristã, contudo ninguém ignora que a Igreja militante na terra, e sobretudo a sociedade civil, ainda não alcançaram o grau de perfeição que corresponde aos desejos de Jesus Cristo, esposo místico da Igreja e Redentor do género humano. Não são poucos os filhos da Igreja que com numerosas manchas e rugas deturpam o rosto materno que em si mesmos reflectem; nem todos os cristãos brilham por santidade de costumes, à qual por vocação divina são chamados; nem todos os pecadores que em má hora abandonaram a casa paterna têm voltado para de novo vestir-se nela com "a veste preciosa"[1] e pôr no dedo o anel, símbolo de fidelidade para com o esposo de sua alma; nem todos os infiéis se incorporaram ainda ao corpo místico de Cristo. Há mais. Porque, se bem que nos encha de amarga dor o ver a fé definhar nos bons, e contemplar como, pelo falaz atractivo dos bens terrenos, lhes decresce nas almas e aos poucos se apaga o fogo da caridade divina, muito mais nos atormentam as maquinações dos ímpios, que, agora mais do que nunca, parecem incitados pelo inimigo infernal no seu ódio implacável e aberto contra Deus, contra a Igreja e, sobretudo, contra aquele que representa na terra a pessoa do divino Redentor e a sua caridade para com os homens, consoante a conhecidíssima frase do doutor de Milão, "(Pedro) é interrogado sobre aquilo de que há dúvida, mas não o duvida o Senhor; pergunta, não para saber, mas para ensinar àquele que, na sua ascensão ao céu, ele nos deixava como vigário do seu amor".[2]

68. Certamente, o ódio contra Deus e contra os que legitimamente lhe fazem as vezes é o maior crime que o homem pode cometer, criado como foi este à imagem e semelhança de Deus, destinado a gozar da sua amizade perfeita e eterna no céu; visto que pelo ódio a Deus o homem se afasta o mais possível do sumo Bem, sente-se impelido a repelir de si e do seu próximo tudo quanto vem de Deus, tudo quanto une com Deus, tudo quanto conduz a gozar de Deus, ou seja a verdade, a virtude, a paz e a justiça.[3]


69. Podendo, pois, observar que, por desgraça, cresce em algumas partes o número dos que se jactam de ser inimigos do Senhor eterno, e que os falsos princípios do "materialismo" se difundem teórica e praticamente; e ouvindo como continuamente se exalta a licença desenfreada das paixões, como estranharmos que em muitas almas se arrefeça a caridade, que é a suprema lei da religião cristã, o fundamento mais firme da verdadeira e perfeita justiça, o manancial mais abundante da paz e das castas delícias?

Já o advertiu o nosso Salvador:
"Pela inundação dos vícios, arrefecer-se-á a caridade de muitos"[4].


3) O culto ao sagrado coração de Jesus, lábaro de salvação também para o mundo moderno

70. À vista de tantos males que, hoje como nunca, transtornaram profundamente os indivíduos, as famílias, as nações e o orbe inteiro, onde acharmos, veneráveis irmãos, um remédio eficaz?
Poderemos encontrar alguma devoção que se avantaje ao culto augustíssimo do coração de Jesus, que corresponda melhor à índole própria da fé católica, que com mais eficácia satisfaça as necessidades actuais da Igreja e do género humano?
Que homenagem religiosa mais nobre, mais suave e mais salutar do que este culto que se dirige todo à própria caridade de Deus?[5]

Por último, que pode haver de mais eficaz do que a caridade de Cristo – que a devoção ao sagrado coração promove e fomenta cada dia mais – para estimular os cristãos a praticarem em sua vida a lei evangélica, sem a qual não é possível haver entre os homens paz verdadeira, como claramente ensinam aquelas palavras do Espírito Santo:

"Obra da justiça será a paz"[6]?

71. Pelo que, seguindo o exemplo do nosso imediato antecessor, queremos lembrar de novo a todos os nossos filhos em Cristo a exortação que, ao expirar o século passado, Leão XIII, de feliz memória, dirigiu a todos os cristãos e a quantos se sentiam sinceramente preocupados com a sua própria salvação e com a salvação da sociedade civil:

"Vede hoje ante vossos olhos um segundo lábaro consolador e divino: o sacratíssimo coração de Jesus..., que brilha com refulgente esplendor por entre as chamas. Nele devemos pôr toda a nossa confiança; a ele devemos suplicar e dele devemos esperar a nossa salvação".[7]


72. Também vivamente desejamos que todos os que se gloriam do nome de cristãos e lutam activamente por estabelecer o reino de Jesus Cristo no mundo, considerem a devoção ao Coração de Jesus como bandeira e manancial de unidade, de salvação e de paz.
Ninguém pense que esta devoção prejudique no que quer que seja as outras formas de piedade com que, sob a direção da Igreja, o povo cristão venera o divino Redentor.
Ao contrário, uma fervorosa devoção ao coração de Jesus fomentará e promoverá, sobretudo, o culto a santíssima cruz, não menos do que o amor ao augustíssimo sacramento do altar. E, em realidade – como o evidenciam as revelações de Jesus Cristo a Santa Gertrudes e a Santa. Margarida Maria – podemos afirmar que ninguém chegará a sentir devidamente a respeito de Jesus Cristo crucificado se não for penetrando nos arcanos do Seu coração:

Nem será fácil entender o ímpeto do amor com que Jesus Cristo se deu a nós por alimento espiritual se não é fomentando a devoção ao Coração Eucarístico de Jesus; a qual – para nos valermos das palavras do nosso predecessor Leão XIII, de feliz memória – nos recorda "aquele acto de amor supremo com que, entornando todas as riquezas do Seu Coração, afim de prolongar a sua estada connosco até à consumação dos séculos, o nosso Redentor instituiu o adorável sacramento da Eucaristia".[8]

Certamente, "não é pequena a parte que na Eucaristia teve o seu coração, sendo tão grande o amor do seu coração com que ele no-la deu".[9]


73. Finalmente, desejando ardentemente opor segura barreira as ímpias maquinações dos inimigos de Deus e da Igreja, como também fazer as famílias e as nações voltarem ao amor de Deus e do próximo, não duvidamos em propor a devoção ao sagrado coração de Jesus como escola eficacíssima de caridade divina; dessa caridade divina sobre a qual se há de construir o reino de Deus nas almas dos indivíduos, na sociedade doméstica e nas nações, como sabiamente advertiu o nosso mesmo predecessor, de piedosa memória: "Da caridade divina recebe o reino de Jesus Cristo a sua força e a sua beleza; o seu fundamento e a sua síntese é amar santa e ordenadamente. Donde necessariamente se segue o cumprir integralmente os próprios deveres, o não violar os direitos alheios, o considerar os bens naturais como inferiores aos sobrenaturais, e o antepor o amor de Deus a todas as coisas".[10]


74. A fim de que a devoção ao coração augustíssimo de Jesus produza frutos mais copiosos na família cristã e mesmo em toda a humanidade, procurem os fiéis unir a ela estreitamente a devoção ao coração imaculado da Mãe de Deus. Foi vontade de Deus que, na obra da redenção humana, a santíssima virgem Maria estivesse inseparavelmente unida a Jesus Cristo; tanto que a nossa salvação é fruto da caridade de Jesus Cristo e dos seus padecimentos, aos quais foram intimamente associados o amor e as dores de sua Mãe. Por isso, convém que o povo cristão, que de Jesus Cristo, por intermédio de Maria, recebeu a vida divina, depois de prestar ao sagrado coração o devido culto, renda também ao amantíssimo coração de sua Mãe celestial os correspondentes obséquios de piedade, de amor, de agradecimento e de reparação. Em harmonia com esse sapientíssimo e suavíssimo desígnio da divina Providência, nós mesmo, por ato solene, dedicamos e consagramos a santa Igreja e o mundo inteiro ao coração imaculado da santíssima Virgem Maria.([11])


4) Convite para celebrar dignamente o primeiro centenário da festa do Sagrado Coração de Jesus na Igreja universal


75. Completando-se felizmente este ano, como antes indicamos, o primeiro século da instituição da festa do Sagrado Coração de Jesus em toda a Igreja, instituição promovida pelo nosso predecessor Pio IX, de feliz memória, é vivo desejo nosso, veneráveis irmãos, que o povo cristão celebre este centenário solenemente em toda parte, com actos públicos de adoração, de acção de graças e de reparação ao coração divino de Jesus. Com especial fervor serão, sem dúvida, celebradas estas solenes manifestações de alegria cristã e de cristã piedade – em união de caridade e em comunhão de orações com todos os demais fiéis naquela nação em que por desígnio de Deus, nasceu a santa Virgem que foi promotora e propagadora infatigável desta devoção.


76. Entrementes, animado de doce esperança, e já pressagiando os frutos espirituais que da devoção ao sagrado coração de Jesus hão-de transbordar copiosamente na Igreja se esta devoção, conforme explicamos, for entendida rectamente e praticada com fervor, a Deus suplicamos que, com o poderoso auxílio da sua graça, queira atender estes nossos vivos desejos, e fazer que, com a ajuda divina, as celebrações deste ano aumentem cada vez mais a devoção dos fiéis ao Sagrado Coração de Jesus, e assim se estenda mais por todo o mundo o seu império e reino suave; esse "reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, de amor e de paz".([12])

77. Como penhor destes dons celestiais, concedemo-vos de todo o coração a bênção apostólica, tanto a vós pessoalmente, veneráveis irmãos, como ao clero e a todos os fiéis confiados à vossa solicitude pastoral, e em especial àqueles que de propósito fomentam e promovem a devoção ao Sagrado Coração de Jesus.

Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia 15 de Maio de 1956, ano XVIII do nosso pontificado.



PIO PP. XII.

(Revisão da versão portuguesa por AMA)

Notas:



[1] Lc 15,22
[2] S. Ambrósio, Exposit. in Evang. sec. Lucam, t. X, n.175: PL 15,1942.
[3] Cf. s. Tomás, Summa Teol., II-II, q. 34, a. 2; ed. Leon. t. VIII,1895, p 274
[4] Mt 24;12
[5] Cf.  Enc. Miserentissimus Redemptor: AAS 20(1928), p.166.
[6] Is 32,17
[7] Enc. Annum sacrum: Acta Leonis, 19(1900,) p. 79; Enc. Miserentissimus Redemptor: AAS 20(1928), p.167.
[8] Carta Apost. quibus Archisodalitas a Corde Eucharístico lesu ad S. Joachim de Urbe erigitur". (17 de fevereiro de 1903): Acta Leonis, 22(1903), p. 307s; cf. Enc. Mirae caritatis, (22 de maio de 1902): Acta Leonis, 22(1903), p.116.
[9] S. Alberto Magno, De Eucharistia, dist. VI, tr. l, c. l: Opera Omnia, ed. Borguet, vol. 38, Paris,1890, p. 358.
[10] Enc. Tametsi: Acta Leonis, 20(1900), p. 303.
[11] Cf. AAS 34(1942), p. 345a.
[12] Do Missal Rom. Prefácio de Cristo Rei.