Para lá do Túnel |
Ali perguntei-me, o que desejo para os meus filhos, para os meus sobrinhos, para os amigos deles ou mesmo para todos os jovens? – “Que sejam a geração coragem”. É a resposta que rebenta dentro do peito de qualquer das mães que ali estava.
“Coragem” é uma palavra que provém (seguindo uma busca breve que fiz) do latim “cor” que significa “coração”. E, no dizer do dicionário – coragem é “firmeza de espírito, ânimo, valentia e perseverança”. Mas também a palavra “cor” tem no dicionário o sentido “coração, coragem, afecto, desejo”. Aliás, a antiga expressão popular “saber de cor” significa que o coração era tido como o centro da capacidade de saber e de memória. Em latim “cor” também significa “ ânimo, qualidade espiritual de bravura e tenacidade”. Daí a palavra coragem ter vindo do latim “coratium” de coratum (em francês “courage” de coração, “coeur”).
Quando ouvi aquela expressão “geração coragem” não resisti a perguntar – serão estes jovens aqueles que agem com o coração? Estes os jovens que ouvem o que lhes diz o coração? Que desejam para a vida? Nesta fase tão marcante como é o final da licenciatura, quais as perguntas que se formulam no coração de cada um? Por baixo da capa negra que envergam, o que palpita?
Há uns anos atrás fui convidada para intervir num ciclo de conferências de uma juventude partidária. Mandaram-me o programa das conferências cujos temas eram – 1. Aborto (este era o “meu” tema); 2. Casamento Gay; 3. Eutanásia; 4. Prostituição; 5. Drogas – Legalizar Sim ou Não? – Nessa altura questionei-me dos objectivos de vida daqueles jovens. Que temas tão cinzentos? São estas as preocupações dos nossos jovens?
Seis anos volvidos, talvez apenas alguns deles tenham estado na manifestação da “geração à rasca”… ou talvez não!
E os “Jovens Coragem” (que agem com o coração) como ocupam o seu pensar? Com a sua formação pessoal e profissional, o trabalho onde vão servir, o resultado no desporto que praticam, a família que vão constituir, a casa e o bairro onde vão viver, a educação dos filhos que vão ter, a prestação cívica que vão dar, como constroem os tempos lúdicos e de diversão…?
Naquele dia o Senhor Cardeal Patriarca deu-nos o mote.
A mim cabe-me a difícil e gratificante responsabilidade de olhar para os que me estão confiados e indicar-lhes aquela fasquia de uma geração que “age com o coração”. Com esta imensa liberdade de ouvir o que o coração lhes pede para fazer. Dizer sim a uma Verdade maior, realista, alegre, exigente e até mesmo contra-corrente mas que faz caminhar para a Felicidade. E não uma vida dominada pela “escravidão” dos temas que são impostos, que nos fazem “dobrar” perante um poder que não tem rosto e onde em última instância se vive na amargura, na tristeza e no desespero.
As gerações não se fazem sozinhas. São fruto das circunstâncias que as rodeiam, e das opções que cada “eu” vai tomando.
As especiais dificuldades de uma ou outra época têm ditado fibra, génio e capacidades imprevisíveis. Não temos medo.
Naquele sábado de Maio, na majestosa Alameda da Universidade, ouvi o meu Cardeal Patriarca, o Pastor daqueles milhares de jovens, chamar pela Geração Coragem…
isilda pegado, Presidente Federação Portuguesa pela Vida
INFORMAÇÕES MUITO BREVES [De vez em quando]2011.06.16