A
entrega é o primeiro passo de uma corrida de sacrifício, de alegria, de amor,
de união com Deus. E, assim, toda a vida se enche de uma bendita loucura, que
faz encontrar felicidade onde a lógica humana não vê senão negação,
padecimento, dor. (Sulco, 2)
Como
a Nosso Senhor, também a mim me agrada muito falar de barcas e de redes, para
todos tirarmos propósitos firmes e concretos dessas cenas evangélicas. S. Lucas
conta-nos que uns pescadores lavavam e remendavam as redes à beira do lago de
Genesaré. Jesus aproxima-se de uma daquelas naves atracadas na margem e sobe a
uma delas, a de Simão. Com que naturalidade se mete o Mestre na vida de cada um
de nós para nos complicar a vida, como se repete por aí em tom de queixa. Nosso
Senhor cruzou-se convosco e comigo no nosso caminho, para nos complicar a
existência, delicadamente, amorosamente.
Depois
de pregar da barca de Pedro, dirige-se aos pescadores: duc in altum, et laxate
retia vestra in capturam, remai para o mar alto e lançai as redes! Fiados na
palavra de Cristo, obedecem e obtêm aquela pesca prodigiosa. Olhando para Pedro
que, como Tiago e João, estava pasmado, Nosso Senhor explica-lhe: não tenhas
medo; desta hora em diante serás pescador de homens. E, trazidas as barcas para
terra, deixando tudo, seguiram-no. (Amigos de Deus, 21)