RESUMOS DA FÉ CRISTÃ
TEMA 18 O Baptismo e a Confirmação
O
Baptismo outorga ao cristão a justificação. Com a Confirmação completa-se o
património baptismal com os dons sobrenaturais da maturidade cristã.
Baptismo 1. Fundamentos bíblicos e
instituição
De
entre as numerosas prefigurações veterotestamentárias do Baptismo, destaca-se o
dilúvio universal, a travessia do Mar Vermelho e a circuncisão, visto se
encontrarem explicitamente mencionadas no Novo Testamento ao aludirem a este
sacramento (cf. 1 Pe 3, 20-21; 1 Cor 10, 1; Cl 2, 11-12).
Com
S. João Baptista, o rito da água, ainda sem eficácia salvadora, une-se à
preparação doutrinal, à conversão e ao desejo da graça, pilares do futuro
catecumenato.
Jesus
é baptizado nas águas do rio Jordão no início do Seu ministério público (cf. Mt
3, 13-17), não por necessidade, mas por solidariedade redentora.
Nessa
ocasião fica definitivamente indicada a água como elemento material do signo
sacramental.
Além
disso, abrem-se os céus, desce o Espírito Santo em forma de pomba e ouve-se a
voz de Deus Pai que confirma a filiação divina de Cristo: acontecimentos que
revelam nos primórdios da futura Igreja o que depois se realizará sacramentalmente
nos seus membros.
Depois
disso, teve lugar o encontro com Nicodemos, durante o qual Jesus afirma o
vínculo pneumatológico que existe entre a água baptismal e a salvação, daí a
sua necessidade: «quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no
Reino de Deus» (Jo 3, 5).
O
mistério pascal confere ao baptismo o seu valor salvífico.
Jesus,
com efeito, «já tinha falado da sua paixão, que ia sofrer em Jerusalém, como
dum “baptismo” com que devia ser baptizado (Mc 10, 38; cf. Lc 12, 50).
O
sangue e a água que manaram do lado aberto de Jesus crucificado (cfr. Jo 19,
34) são tipos do Baptismo e da Eucaristia, sacramentos da vida nova»
(Catecismo, 1225).
Antes
de subir aos céus, o Senhor disse aos Apóstolos:
«Ide, pois, fazei discípulos de todos os
povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os
a cumprir tudo quanto vos tenho mandado» (Mt 28, 19-20).
Este
mandato é seguido fielmente a partir do Pentecostes e marca o sentido
primordial da evangelização, que continua a ser actual. Comentando estes
textos, disse S. Tomás de Aquino que a instituição do Baptismo foi múltipla: no
que se refere à matéria, no Baptismo de João; a sua necessidade foi afirmada em
Jo 3, 5; o seu começou quando Jesus enviou os seus discípulos a pregar e a
baptizar; a sua eficácia provém da Paixão; a sua difusão foi imposta em Mt 28,
19 [1].
2. A justificação e os efeitos do
Baptismo
Lê-se
na Epístola aos Romanos (Rm 6, 3-4):
«Ou
ignorais que todos nós, que fomos baptizados em Cristo Jesus, fomos baptizados
na sua morte? Pelo Baptismo fomos, pois, sepultados com Ele na morte, para que,
tal como Cristo foi ressuscitado de entre os mortos pela glória do Pai, também
nós caminhemos numa vida nova».
O
Baptismo, que reproduz no fiel a passagem de Jesus Cristo pela Terra e a sua
acção salvadora, outorga ao cristão a justificação.
Para
isto mesmo aponta Cl 2, 12: «Sepultados com Ele no Baptismo, foi também com Ele
que fostes ressuscitados, pela fé que tendes no poder de Deus, que o ressuscitou
dos mortos».
Acrescente-se
agora a incidência da fé que, com o rito da água, nos «revestimos de Cristo»,
como afirma Gl 3, 26-27: «É que todos vós sois filhos de Deus em Cristo Jesus,
mediante a fé; pois todos os que fostes baptizados em Cristo, revestistes-vos
de Cristo mediante a fé».
Esta
realidade de justificação pelo Baptismo traduz-se em efeitos concretos na alma
do cristão, que a teologia apresenta como efeitos curativos e santificantes.
Os
primeiros referem-se ao perdão dos pecados, como sublinha a pregação petrina:
«Pedro
respondeu-lhes: “Convertei-vos e peça cada um o baptismo em nome de Jesus
Cristo, para a remissão dos seus pecados; recebereis, então, o dom do Espírito
Santo”» (Act 2, 38).
Isto
inclui o pecado original e, nos adultos, todos os pecados pessoais. Ocorre
também a remissão da totalidade da pena temporal e eterna.
No
entanto, permanecem no baptizado «certas consequências temporais do pecado,
como os sofrimentos, a doença, a morte, ou as fragilidades inerentes à vida,
como as fraquezas de carácter, etc., assim como uma inclinação para o pecado a
que a Tradição chama concupiscência ou, metaforicamente, a “isca” ou “aguilhão”
do pecado (“fomes peccati”)»
(Catecismo, 1264).
O
aspecto santificante consiste na efusão do Espírito Santo; com efeito, «num só
Espírito, fomos todos baptizados» (1 Cor 12, 13).
Porque
se trata do próprio «Espírito de Cristo» (Rm 8, 9), recebemos «um Espírito que
faz de vós filhos adoptivos» (Rm 8, 15), como filhos no Filho.
Deus
concede ao baptizado a graça santificante, as virtudes teologais e morais e os
dons do Espírito Santo.
Com
esta realidade de graça «o Baptismo marca o cristão com um selo espiritual
indelével («charactere») da sua
pertença a Cristo.
Esta
marca não é apagada por nenhum pecado, embora o pecado impeça o Baptismo de
produzir frutos de salvação» (Catecismo, 1272).
Como
fomos baptizados num só Espírito «para formar um só corpo» (1 Cor 12, 13), a
incorporação em Cristo é contemporaneamente incorporação na Igreja, e nela
ficamos vinculados com todos os cristãos, também com aqueles que não estão em
comunhão plena com a Igreja Católica.
Finalmente,
recordemos que os baptizados são «linhagem escolhida, sacerdócio régio, nação
santa, povo adquirido em propriedade, a fim de proclamarem as maravilhas
daquele que os chamou das trevas para a sua luz admirável» (1 Pe 2, 9):
participam do sacerdócio comum dos fiéis, «”devem confessar diante dos homens a
fé que de Deus receberam por meio da Igreja” (LG 11 ) e participar na
actividade apostólica e missionária do povo de Deus»(Catecismo, 1270).
3. Necessidade
A
catequese neotestamentária afirma categoricamente de Cristo que «não há no Céu
outro nome dado aos homens pelo qual sejamos salvos».
E
visto que ser «baptizados em Cristo» equivale a ser «revestido de Cristo» (Gl
3, 27), devem entender-se com toda a sua força aquelas palavras de Jesus
segundo as quais «quem acreditar e for baptizado será salvo; mas, quem não
acreditar será condenado» (Mc 16, 16). Daqui deriva a fé da Igreja sobre a
necessidade do Baptismo para a salvação.
Deve-se
entender esta última afirmação segundo a cuidadosa formulação do Magistério: «O
Baptismo é necessário para a salvação de todos aqueles a quem o Evangelho foi
anunciado e que tiveram a possibilidade de pedir este sacramento (cf. Mc 16,
16).
A
Igreja não conhece outro meio a não ser o Baptismo para garantir a entrada na
bem-aventurança eterna.
Por
isso, tem cuidado em não negligenciar a missão que recebeu do Senhor de fazer
“renascer da água e do Espírito” todos os que podem ser baptizados.
Deus
ligou a salvação ao sacramento do Baptismo; mas Ele próprio não está
prisioneiro dos seus sacramentos» (Catecismo, 1257).
Com
efeito, existem situações especiais nas quais os principais frutos do Baptismo
se podem adquirir sem a mediação sacramental.
Mas
precisamente porque não há signo sacramental, não existe a certeza da graça
conferida.
O
que a tradição eclesial chamou Baptismo de sangue e Baptismo de desejo não são
«actos recebidos», mas um conjunto de circunstâncias que concorrem num sujeito,
determinando as condições para que se possa falar de salvação.
Entende-se
assim «a firme convicção de que aqueles que sofrem a morte por causa da fé, sem
terem recebido o Baptismo, são baptizados pela sua morte por Cristo e com
Cristo» (Catecismo, 1258).
De
modo análogo, a Igreja afirma que «todo o homem que, na ignorância do Evangelho
de Cristo e da sua Igreja, procura a verdade e faz a vontade de Deus conforme o
conhecimento que dela tem, pode salvar-se. Podemos supor que tais pessoas
teriam desejado explicitamente o Baptismo se dele tivessem conhecido a
necessidade» (Catecismo, 1260).
As
situações de Baptismo de sangue e de desejo não incluem as crianças mortas sem
Baptismo.
A
essas, «a Igreja não pode senão confiá-las à misericórdia de Deus, como o faz
no rito do respectivo funeral.
De
facto, a grande misericórdia de Deus, “que quer que todos os homens se salvem”
(1 Tm 2, 4) (...) permite-nos esperar que haja um caminho de salvação para as
crianças que morrem sem Baptismo» (cf. Catecismo, 1261).
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