15/09/2021

NUNC COEPI Publicações em Setembro 15

 


PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO

Quarta-Feira 

 

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)

 

Propósito: Simplicidade e modéstia.

Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.

Lembrar-me: Do meu Anjo da Guarda.

Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de corres-pondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos. 

Pequeno exame: Cumpri o propósito que me propus ontem?

 


LEITURA ESPIRITUAL

 

Evangelho

 

Jo XVII, 1-26

 

Jesus pede por Si

 

1 Assim falou Jesus. Depois, levantando os olhos ao céu, exclamou: «Pai, chegou a hora! Manifesta a glória do teu Filho, de modo que o Filho manifeste a tua glória, 2 segundo o poder que lhe deste sobre toda a Humanidade, a fim de que dê a vida eterna a todos os que lhe entregaste. 3 Esta é a vida eterna: que te conheçam a ti, único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem Tu enviaste. 4 Eu manifestei a tua glória na Terra, levando a cabo a obra que me deste a realizar. 5 E agora Tu, ó Pai, manifesta a minha glória junto de ti, aquela glória que Eu tinha junto de ti, antes de o mundo existir.

 

Jesus pede pelos Apóstolos

6 Dei-te a conhecer aos homens que, do meio do mundo, me deste. Eles eram teus e Tu mos entregaste e têm guardado a tua palavra. 7 Agora ficaram a saber que tudo quanto me deste vem de ti, 8 pois as palavras que me transmitiste Eu lhas tenho transmitido. Eles receberam-nas e reconheceram verdadeiramente que Eu vim de ti, e creram que Tu me enviaste. 9 É por eles que Eu rogo. Não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me confiaste, porque são teus. 10 Tudo o que é meu é teu e o que é teu é meu; e neles se manifesta a minha glória.11 Doravante já não estou no mundo, mas eles estão no mundo, e Eu vou para ti. Pai santo, Tu que a mim te deste, guarda-os em ti, para serem um só, como Nós somos! 12 Enquanto estava com eles, Eu guardava-os em ti, em ti que a mim te deste. Guardei-os e nenhum deles se perdeu, a não ser o homem da perdição, cumprindo-se desse modo a Escritura. 13 Mas agora vou para ti e, ainda no mundo, digo isto para que eles tenham em si a plenitude da minha alegria. 14 Entreguei-lhes a tua palavra, e o mundo odiou-os, porque eles não são do mundo, como também Eu não sou do mundo. 15 Não te peço que os retires do mundo, mas que os livres do Maligno. 16 De facto, eles não são do mundo, como também Eu não sou do mundo. 17 Faz que eles sejam teus inteiramente, por meio da Verdade; a Verdade é a tua palavra. 18 Assim como Tu me enviaste ao mundo, também Eu os enviei ao mundo, 19 e por eles totalmente me entrego, para que também eles fiquem a ser teus inteiramente, por meio da Verdade.

 

Jesus pede pela Sua Igreja

20 Não rogo só por eles, mas também por aqueles que hão-de crer em mim, por meio da sua palavra, 21 para que todos sejam um só, como Tu, Pai, estás em mim e Eu em ti; para que assim eles estejam em Nós e o mundo creia que Tu me enviaste. 22 Eu dei-lhes a glória que Tu me deste, de modo que sejam um, como Nós somos Um. 23 Eu neles e Tu em mim, para que eles cheguem à perfeição da unidade e assim o mundo reconheça que Tu me enviaste e que os amaste a eles como a mim. 24 Pai, quero que onde Eu estiver estejam também comigo aqueles que Tu me confiaste, para que contemplem a minha glória, a glória que me deste, por me teres amado antes da criação do mundo. 25 Pai justo, o mundo não te conheceu, mas Eu conheci-te e estes reconheceram que Tu me enviaste. 26 Eu dei-lhes a conhecer quem Tu és e continuarei a dar-te a conhecer, a fim de que o amor que me tiveste esteja neles e Eu esteja neles também.»

 

Comentário 

 

As palavras para comentar este trecho do discurso de Jesus pecam por exíguas e mal conseguem exprimir quanto nos vai na alma. Poderíamos dizer que é um discurso poderoso, final, definitivo - e sem dúvida que é - mas podemos adivinhar perfeitamente o estado de alma do Senhor quando o pronunciou. Desta forma, estas palavras soam-nos como um testamento cuidadosamente elaborado, onde a principal preocupação é a felicidade futura dos herdeiros e o amor entranhado que lhes tem.

O Senhor revela um pouco sobre os planos de Deus a respeito da humanidade e, sobretudo, o fim para que criou o homem. A vida eterna está aqui bem explicada:  «Esta é a vida eterna: que te conheçam a ti, único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem Tu enviaste». Para aqui chegar, temos de seguir Cristo pelo caminho que Ele nos preparou e descobriu e que, em síntese, consiste em fazer em tudo – absolutamente – a Vontade de Deus. A verdade santifica, é clara esta afirmação de Cristo. Sendo Ele a Verdade é Ele Quem nos santifica. Para ser santo, o que todos devemos desejar ser, não há outro caminho, seguir Cristo, imitar Cristo,  viver em Cristo.

Neste longo discurso de Jesus que ocupa todo o Capítulo XVII do Evangelho escrito por São João, avulta, principalmente, o desejo intenso de Cristo pela unidade dos filhos de Deus – os discípulos de então e os cristãos de todos os tempos. Se é bem verdade que “a união faz a força” conclui-se que Cristo aconselha veementemente a unidade entre os Seus irmãos, os homens, e, com Ele, com Deus Pai. Este “feixe” uno e coeso resistirá a tudo, mesmo às piores e mais elaboradas tentações e garantirá que o Reino de Deus não terá fim e sairá sempre vencedor. O resultado desta unidade é a conquista da alegria plena e da felicidade eterna. Só a união faz a força! E que união será esta? A que Jesus quer e deseja de tal modo a considera importante que deu a Sua vida por ela. E de que força ser trata? A força da filiação divina, da família de Deus Nosso Senhor que nos leva a todos os homens a lutar por uma só coisa:  a salvação eterna. Juntos, unidos, será muito mais fácil porque o irmão que ajuda o irmão é como uma cidade amuralhada e as forças do mal nada poderão contra ela. O Senhor continua o Seu longo discurso a que chamo testamentário porque nele se contem quanto é necessário para fortalecer a fé neLe próprio. Por isso mesmo faz revelações – diria – que sintetizam quanto foi dizendo ao longo do tempo sobre Ele Próprio as Suas “relações” de intimidade plena com O Pai, que se consubstanciam na unidade perfeita. É essa unidade que o Senhor propõe como o ideal para os Seus seguidores, os cristãos. E, de facto, sem unidade não há coesão nem de princípios nem de práticas o que, inevitavelmente, levará à confusão e desnorte que, infelizmente, aconteceram do seio da Igreja e, ainda hoje, surgem. O Papa é o símbolo - e a garantia - dessa unidade e todos os cristãos têm estrita obrigação de pedir a Deus que o ajude na sua tarefa de guia e chefe e proteja dos seus inimigos. Dominus conservat eum, vivicet eum et beatum faciam eum in terra et non tradant in animan inimicorum eius

 

(AMA, 2017)


 

REFLEXÃO

Exame pessoal 6

 

Há duas posições que parecem antagónicas mas, de facto não são.

A primeira é considerar-se um desgraçado cheio de defeitos e debilidades incapaz de merecer o que for.

A segunda é ter-se como alguém impecável que procede bem e credor de reconhecimento das suas qualidades.

Como dizia parecem antagónicas, mas na verdade têm pelo menos um ponto em comum: ambas são exageradas e fogem à realidade. Quando se tem uma consciência bem formada, isto é, se consegue quase sem esforço distinguir o bem do mal - não no sentido abstracto ou subjectivo mas no aspecto simples e formal - o que pode ser conveniente ou o que não interessa, temos com certeza facilidade em fazer exame.

Por exemplo: O fiz hoje de bom? O que fiz mal? O que podia ter evitado? O que deveria fazer melhor?

Perguntas simples e concretas que requerem respostas ao mesmo nível. Ah e sempre – condição sine-qua-non, com honestidade intelectual. Depois, naturalmente, como consequência lógica, surgirá um propósito, um desejo de melhoria que pode incluir compromisso de correcção.

(AMA, 2018)

 

Nossa Senhora das Dores



 

SÃO JOSEMARIA – textos

 

Não te fias em nada de ti, e te fias em tudo de Deus

Nunca te tinhas sentido tão livre, libérrimo, como agora que a tua liberdade está tecida de amor e desprendimento, de segurança e insegurança, porque já não te fias em nada de ti, e te fias em tudo de Deus. (Sulco, 787)

O amor de Deus é ciumento; não fica satisfeito, se nos apresentarmos com condições no encontro marcado: espera com impaciência que nos entreguemos totalmente, que não guardemos no coração recantos escuros, onde o gozo e a alegria da graça e dos dons sobrenaturais não consigam chegar. Talvez pensem: responder sim a esse Amor exclusivo não é, porventura, perder a liberdade? (…) Cada um de nós sabe por experiência que, algumas vezes, seguir Cristo Nosso Senhor implica dor e fadiga. Negar esta realidade significaria não se ter encontrado com Deus. A alma apaixonada sabe que essa dor é uma impressão passageira e bem depressa descobre que o seu peso é leve e a sua carga suave, porque Ele a leva às costas, tal como se abraçou ao madeiro quando estava em jogo a nossa felicidade eterna. Mas há homens que não entendem, que se revoltam contra o Criador – uma rebelião impotente, mesquinha, triste –, que repetem cegamente a queixa inútil que o Salmo regista: Quebremos os seus laços! Para longe de nós o seu jugo. Resistem a realizar, com silêncio heróico, com naturalidade, sem brilho e sem lamentações, o trabalho duro de cada dia. Não compreendem que a Vontade divina, mesmo quando se apresenta com matizes de dor, de exigências que ferem, coincide exactamente com a liberdade, que só reside em Deus e nos seus desígnios. São almas que fazem barricadas com a liberdade. A minha liberdade, a minha liberdade! Têm-na e não a seguem; olham-na e põem-na como um ídolo de barro dentro do seu entendimento mesquinho. É isso liberdade? Que aproveitam dessa riqueza sem um compromisso sério, que oriente toda a existência? Um tal comportamento opõe-se à categoria própria, à nobreza, da pessoa humana. Falta a rota, o caminho claro que oriente os seus passos na terra; essas almas – decerto já as encontraram, como eu – depressa se deixarão arrastar pela vaidade pueril, pela presunção egoísta, pela sensualidade. (Amigos de Deus, 28–29)