Tempo comum XI Semana
Evangelho:
Mt 6, 7-15
7 Nas
vossas orações não useis muitas palavras como os gentios, os quais julgam que
serão ouvidos à força de palavras. 8 Não os imiteis, porque vosso
Pai sabe o que vos é necessário, antes que vós Lho peçais. 9 «Vós,
pois, orai assim: Pai-nosso, que estás nos céus, santificado seja o Teu nome. 10
«Venha o Teu reino. Seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu. 11
O pão nosso supersubstancial nos dá hoje. 12 Perdoa-nos as nossas
dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores. 13 E não nos
deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal. 14 «Porque, se vós
perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai celeste vos perdoará.
15 Mas, se não perdoardes aos homens, também o vosso Pai não
perdoará as vossas ofensas.
Comentário:
Penso que o
próximo Pai Nosso que rezar será para pedir ao Senhor que me proteja de o rezar
com rotina.
(ama comentário sobre Mt 6,
7-15, 2015.02.24)
Leitura espiritual
Misericordiae Vultus
BULA
DE PROCLAMAÇÃO
DO JUBILEU EXTRAORDINÁRIO DA MISERICÓRDIA
FRANCISCO
BISPO DE ROMA
SERVO DOS SERVOS DE DEUS
A QUANTOS LEREM ESTA CARTA
GRAÇA, MISERICÓRDIA E PAZ
1.
Jesus Cristo é o
rosto da misericórdia do Pai.
14. A peregrinação é um sinal peculiar no Ano Santo,
enquanto ícone do caminho que cada pessoa realiza na sua existência.
A vida é uma peregrinação e o ser humano é viator, um peregrino que
percorre uma estrada até à meta anelada.
Também para chegar à Porta Santa, tanto em Roma como em cada um
dos outros lugares, cada pessoa deverá fazer, segundo as próprias forças, uma
peregrinação.
Esta
será sinal de que a própria misericórdia é uma meta a alcançar que exige
empenho e sacrifício.
Por
isso, a peregrinação há-de servir de estímulo à conversão: ao atravessar a
Porta Santa, deixar-nos-emos abraçar pela misericórdia de Deus e
comprometer-nos-emos a ser misericordiosos com os outros como o Pai o é
connosco.
O Senhor Jesus indica as etapas da peregrinação através das
quais é possível atingir esta meta:
«Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis
condenados; perdoai e sereis perdoados.
Dai e
ser-vos-á dado: uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante será lançada no
vosso regaço.
A
medida que usardes com os outros será usada convosco» .
Ele
começa por dizer para não
julgar nem condenar.
Se uma
pessoa não quer incorrer no juízo de Deus, não pode tornar-se juiz do seu
irmão.
É que
os homens, no seu juízo, limitam-se a ler a superfície, enquanto o Pai vê o
íntimo.
Que
grande mal fazem as palavras, quando são movidas por sentimentos de ciúme e
inveja!
Falar
mal do irmão, na sua ausência, equivale a deixá-lo mal visto, a comprometer a
sua reputação e deixá-lo à mercê das murmurações.
Não julgar nem condenar
significa, positivamente, saber individuar o que há de bom em cada pessoa e não
permitir que venha a sofrer pelo nosso juízo parcial e a nossa pretensão de
saber tudo.
Mas isto ainda não é suficiente para se exprimir a misericórdia.
Jesus pede também para perdoar e dar.
Ser
instrumentos do perdão, porque primeiro o obtivemos nós de Deus.
Ser
generosos para com todos, sabendo que também Deus derrama a sua benevolência
sobre nós com grande magnanimidade.
Misericordiosos como o Pai é, pois, o «lema» do Ano Santo.
Na misericórdia, temos a prova de como Deus ama.
Ele dá
tudo de Si mesmo, para sempre, gratuitamente e sem pedir nada em troca.
Vem em
nosso auxílio, quando O invocamos.
É
significativo que a oração diária da Igreja comece com estas palavras:
«Deus, vinde em nosso auxílio! Senhor, socorrei-nos e
salvai-nos» .
O auxílio que invocamos é já o primeiro passo da misericórdia de
Deus para connosco.
Ele vem
para nos salvar da condição de fraqueza em que vivemos. E a ajuda d’Ele
consiste em fazer-nos sentir a sua presença e proximidade.
Dia
após dia, tocados pela sua compaixão, podemos também nós tornar-nos compassivos
para com todos.
15. Neste Ano Santo, poderemos fazer a experiência de abrir o
coração àqueles que vivem nas mais variadas periferias existenciais, que muitas
vezes o mundo contemporâneo cria de forma dramática.
Quantas situações de precariedade e sofrimento presentes no
mundo actual!
Quantas feridas gravadas na carne de muitos que já não têm voz,
porque o seu grito foi esmorecendo e se apagou por causa da indiferença dos
povos ricos.
Neste Jubileu, a Igreja sentir-se-á chamada ainda mais a cuidar
destas feridas, aliviá-las com o óleo da consolação, enfaixá-las com a
misericórdia e tratá-las com a solidariedade e a atenção devidas.
Não nos
deixemos cair na indiferença que humilha, na habituação que anestesia o
espírito e impede de descobrir a novidade, no cinismo que destrói.
Abramos
os nossos olhos para ver as misérias do mundo, as feridas de tantos irmãos e
irmãs privados da própria dignidade e sintamo-nos desafiados a escutar o seu
grito de ajuda.
As
nossas mãos apertem as suas mãos e estreitemo-los a nós para que sintam o calor
da nossa presença, da amizade e da fraternidade. Que o seu grito se torne o
nosso e, juntos, possamos romper a barreira de indiferença que frequentemente
reina soberana para esconder a hipocrisia e o egoísmo.
É meu vivo desejo que o povo cristão reflicta, durante o
Jubileu, sobre as obras de
misericórdia corporal e espiritual.
Será
uma maneira de acordar a nossa consciência, muitas vezes adormecida perante o
drama da pobreza, e de entrar cada vez mais no coração do Evangelho, onde os
pobres são os privilegiados da misericórdia divina.
A
pregação de Jesus apresenta-nos estas obras de misericórdia, para podermos perceber
se vivemos ou não como seus discípulos.
Redescubramos
as obras de misericórdia
corporal:
Dar de comer aos famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os
nus, acolher os peregrinos, dar assistência aos enfermos, visitar os presos,
enterrar os mortos.
E não
esqueçamos as obras de misericórdia
espiritual:
Aconselhar os indecisos, ensinar os ignorantes, admoestar os
pecadores, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar com paciência as
pessoas molestas, rezar a Deus pelos vivos e defuntos.
Não podemos escapar às palavras do Senhor, com base nas quais
seremos julgados: se demos de comer a quem tem fome e de beber a quem tem sede;
se acolhemos o estrangeiro e vestimos quem está nu; se reservamos tempo para
visitar quem está doente e preso .
De igual modo ser-nos-á perguntado se ajudamos a tirar da
dúvida, que faz cair no medo e muitas vezes é fonte de solidão; se fomos
capazes de vencer a ignorância em que vivem milhões de pessoas, sobretudo as
crianças desprovidas da ajuda necessária para se resgatarem da pobreza; se nos
detivemos junto de quem está sozinho e aflito; se perdoamos a quem nos ofende e
rejeitamos todas as formas de ressentimento e ódio que levam à violência; se
tivemos paciência, a exemplo de Deus que é tão paciente connosco; enfim se, na
oração, confiamos ao Senhor os nossos irmãos e irmãs.
Em cada um destes «mais pequeninos», está presente o próprio
Cristo.
A sua
carne torna-se de novo visível como corpo martirizado, chagado, flagelado,
desnutrido, em fuga ... a fim de ser reconhecido, tocado e assistido
cuidadosamente por nós.
Não esqueçamos as palavras de São João da Cruz:
«Ao entardecer desta vida, examinar-nos-ão no amor» .
16. No Evangelho de Lucas, encontramos outro aspecto importante
para viver, com fé, o Jubileu.
Conta o evangelista que Jesus voltou a Nazaré e ao sábado, como
era seu costume, entrou na sinagoga.
Chamaram-No
para ler a Escritura e comentá-la.
A
passagem era aquela do profeta Isaías onde está escrito:
«O espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me
ungiu: enviou-me para levar a boa-nova aos que sofrem, para curar os
desesperados, para anunciar a libertação aos exilados e a liberdade aos
prisioneiros; para proclamar um ano de misericórdia do Senhor» .
«Um ano de misericórdia»: isto é o que o Senhor anuncia e que
nós desejamos viver.
Este Ano Santo traz consigo a riqueza da missão de Jesus que
ressoa nas palavras do Profeta: levar uma palavra e um gesto de consolação aos
pobres, anunciar a libertação a quantos são prisioneiros das novas escravidões
da sociedade contemporânea, devolver a vista a quem já não consegue ver porque
vive curvado sobre si mesmo, e restituir dignidade àqueles que dela se viram
privados. A pregação de Jesus torna-se novamente visível nas respostas de fé
que o testemunho dos cristãos é chamado a dar.
Acompanhem-nos as palavras do Apóstolo: «Quem pratica a
misericórdia, faça-o com alegria» .
17. A Quaresma deste Ano Jubilar seja vivida mais intensamente
como tempo forte para celebrar e experimentar a misericórdia de Deus.
Quantas
páginas da Sagrada Escritura se podem meditar, nas semanas da Quaresma, para
redescobrir o rosto misericordioso do Pai! Com as palavras do profeta Miqueias,
podemos também nós repetir: Vós,
Senhor, sois um Deus que tira a iniquidade e perdoa o pecado, que não Se
obstina na ira mas Se compraz em usar de misericórdia.
Vós,
Senhor, voltareis para nós e tereis compaixão do vosso povo. Apagareis as
nossas iniquidades e lançareis ao fundo do mar todos os nossos pecados ).
As páginas do profeta Isaías poderão ser meditadas, de forma
mais concreta, neste tempo de oração, jejum e caridade.
«O jejum que me agrada é este: libertar os que foram presos
injustamente, livrá-los do jugo que levam às costas, pôr em liberdade os
oprimidos, quebrar toda a espécie de opressão, repartir o teu pão com os
esfomeados, dar abrigo aos infelizes sem casa, atender e vestir os nus e não
desprezar o teu irmão.
Então,
a tua luz surgirá como a aurora, e as tuas feridas não tardarão a
cicatrizar-se.
A tua
justiça irá à tua frente, e a glória do Senhor atrás de ti.
Então
invocarás o Senhor e Ele te atenderá, pedirás auxílio e te dirá: “Aqui estou!”
Se
retirares da tua vida toda a opressão, o gesto ameaçador e o falar ofensivo, se
repartires o teu pão com o faminto e matares a fome ao pobre, a tua luz
brilhará na escuridão, e as tuas trevas tornar-se-ão como o meio-dia.
O
Senhor te guiará constantemente, saciará a tua alma no árido deserto, dará
vigor aos teus ossos. Serás como um jardim bem regado, como uma fonte de águas
inesgotáveis» .
(cont)
(Revisão
da versão portuguesa por ama)