Tempo do Advento
(A pobreza que Jesus declarou bem-aventurada) está feita de desprendimento, de confiança em Deus, de sobriedade e disposição de partilhar com os outros, de sentido de justiça, de fome do reino dos céus, de disponibilidade para escutar a palavra de Deus e guardá-la no coração (cfr. Libertatis conscientia, 66)
Diferente é a pobreza que oprime a multidão de irmãos nossos no mundo e lhes impede o seu desenvolvimento integral como pessoas. Ante esta pobreza, que é carência e privação, a Igreja levanta a sua voz convocando e suscitando a solidariedade de todos para a debelar.
(joão Paulo II, Homília, México, 07.05.1999)
4º Domingo do Advento 19 de Dezembro
Evangelho: Mt 1, 18-24
18 A geração de Jesus Cristo foi deste modo: Estando Maria, Sua mãe, desposada com José, antes de coabitarem achou-se ter concebido por obra do Espírito Santo. 19 José, seu esposo, sendo justo, e não querendo expô-la a difamação, resolveu repudiá-la secretamente. 20 Pensando ele estas coisas, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos, e lhe disse: «José, filho de David, não temas receber em tua casa Maria, tua esposa, porque o que nela foi concebido é obra do Espírito Santo. 21 Dará à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o Seu povo dos seus pecados».22 Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo Senhor por meio do profeta que diz: 23 “Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho, e Lhe porão o nome de Emanuel, que significa: Deus connosco”. 24 Ao despertar José do sono, fez como lhe tinha mandado o anjo do Senhor, e recebeu em sua casa Maria, sua esposa.
Nota:
Durante o Tempo do Advento não publicamos o costumado Comentário e/ou Meditação sobre o Evangelho do dia. Convidamos o leitor a fazê-lo e a amabilidade de o “postar) em comentários.
Tema para consideração: A confissão frequente
B) A confissão (acusação) 1
1. O Concílio de Trento sublinha o facto de que não é necessário confessar os pecados veniais. «sessão 14, cap. 5º pag 27)
Objecto da confissão, só o podem ser pecados cometidos depois do baptismo. O que não é pecado não pode confessar-se. Assim, só podem confessar-se os pecados cometidos com conhecimento e vontade, os chamados pecados veniais deliberados ou intencionais; de igual modo os chamados pecados de fraqueza, em que incorremos por precipitação culpável, por excitação momentânea, por irreflexão, por falta de domínio sobre si próprio, ainda que não com plena liberdade. Não é necessário confessar o número e as circunstâncias que agravam os pecados veniais; todavia, seria conveniente tê-los em conta e inclui-los na confissão ao tratar-se de faltas mais importantes e arreigadas. São circunstâncias agravantes, por exemplo, mostrar-se falto de caridade para com um benfeitor imediatamente depois de comungar,. Antes discutia-se se podiam ou deviam confessar-se também as chamadas imperfeições, por exemplo, ter-se defendido quando teria sido mais perfeito (ainda que não um dever) calar-se; o permitir-se algo quando teria sido melhor renunciar a tal. Hoje é usual e corrente confessar também as imperfeições, primeiro porque no fundo delas geralmente se oculta algum descuido, e depois porque o seu conhecimento é útil ao confessor para a direcção espiritual. As distracções realmente não queridas, involuntárias, na oração, movimentos de impaciência, pensamentos que afloram contra a caridade, sentimentos de desamor, antipatias, juízos, se com segurança não são deliberados e involuntários, não são objecto de confissão.
Doutrina: CCIC – 594 Porque dizer: «Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós
perdoamos a quem nos tem ofendido»?
CIC – 2838-2839; 2862
Ao pedir a Deus Pai para nos perdoar, reconhecemo-nos pecadores diante d’Ele. E, ao mesmo tempo, confessamos a sua misericórdia, porque, no seu Filho e através dos sacramentos, «recebemos a redenção, o perdão dos pecados» (Col 1,14). Porém, o nosso pedido só será atendido se tivermos perdoado aos que nos ofenderam.
4ª Segunda-Feira do Advento 20 de Dezembro Evangelho: Lc 1, 26-38
26 Estando Isabel no sexto mês, foi enviado por Deus o anjo Gabriel a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27 a uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de David; o nome da virgem era Maria. 28 Entrando o anjo onde ela estava, disse-lhe: «Salve, ó cheia de graça; o Senhor é contigo». 29 Ela, ao ouvir estas palavras, perturbou-se e discorria pensativa que saudação seria esta. 30 O anjo disse-lhe: «Não temas, Maria, pois achaste graça diante de Deus; 31 eis que conceberás no teu ventre, e darás à luz um filho, a Quem porás o nome de Jesus. 32 Será grande e será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus Lhe dará o trono de Seu pai David; 33 reinará sobre a casa de Jacob eternamente e o Seu reino não terá fim». 34 Maria disse ao anjo: «Como se fará isso, pois eu não conheço homem?». 35 O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo descerá sobre ti e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a Sua sombra; por isso mesmo o Santo que há-de nascer de ti será chamado Filho de Deus. 36 Eis que também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na sua velhice; e este é o sexto mês da que se dizia estéril; 37 porque a Deus nada é impossível». 38 Então Maria disse: «Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra». E o anjo afastou-se dela.
Nota:
Durante o Tempo do Advento não publicamos o costumado Comentário e/ou Meditação sobre o Evangelho do dia. Convidamos o leitor a fazê-lo e a amabilidade de o “postar) em comentários.
Tema para consideração: A confissão frequente
B) A confissão (acusação) 2
2. Os que se dedicam seriamente à vida espiritual, sobretudo os religiosos, que por vocação estão obrigados a uma vida de perfeição cristã, depois de ter ultrapassado os começos da vida espiritual, deverão normalmente confessar aqueles pecados e faltas contra os quais estão resolvidos a lutar conscientes do seu fim. Assim, pois, não confessarão e todas e cada uma das faltas e imperfeições que tenham cometido, mas tão só aquelas contra as quais vai dirigido o seu propósito. Propósito e confissão (acusação dos pecados) correm paralelamente. Também aqui tem a sua aplicação aquilo que não muito e variado, mas pouco e, isso, bem; non multa, sed multum. Das faltas quotidianas e infidelidades, escolher-se-á aquela que pertinazmente tende a arreigar-se, que com maior consciência e vontade se comete, que nasce de um costume torcido ou de uma inclinação ou paixão perversa, aquela com que mais se faz sofrer o próximo. Esta acusação limitada é de aconselhar especialmente àqueles que, apesar de todos os seus bons desejos, por vezes se esquecem disso; àqueles que têm faltas habituais, faltas de temperamento de índole mais séria; aos que se sentem enervados e frouxos, sem força interior e sem verdadeiro desejo de aspirar à virtude; àqueles que se encontram em perigo de se tornarem tíbios e descuidados; ao que só com dificuldade se livram de determinadas faltas; finalmente, também àqueles que com facilidade se vêm atormentados pela dúvida de se tiveram dor e arrependimento suficientes pelos pecados confessados.
«Assim, pois, nós não fazemos senão interpretar segundo as nossas próprias opiniões a lei de Deus ao impormo-nos como dever o recitar toda uma litania de pecados veniais, de minuciosas circunstâncias e histórias. Expor tudo isso por completo é simplesmente impossível. Daí um sem-fim de angústias e escrúpulos que só se fundamentam em que por verdadeira impossibilidade omitimos algo do que sem nenhum pecado, com plena liberdade, teríamos podido calar.» No afã de confessar todos os pecados veniais, além de muito desconhecimento e incompreensão, há também muito egoísmo e orgulho; é que queremos estar satisfeitos com o nosso actuar e com a nossa confissão, queremos poder atribuir-nos o certificado de ter dito tudo quanto podíamos dizer. Muitas almas, além disso, dão-se assim com a ilusão de que pelo mero facto de ter-se confessado está tudo em ordem. Que erro tão prejudicial! O conhecimento da raiz dos pecados veniais, antes de mais a da falta principal, e o conhecimento das ocasiões que originam determinadas faltas, pode ser útil ao confessor. Convém falar disto de quando em quando na santa confissão.
Doutrina: CCIC – 595: Como é que é possível o perdão?
CIC – 2840-2845; 2862
A misericórdia penetra no nosso coração só se também nós soubermos perdoar, até aos nossos inimigos. Ora, mesmo que ao homem pareça impossível satisfazer esta exigência, o coração que se oferece ao Espírito Santo pode, como Cristo, amar até ao extremo do amor, mudar a ferida em compaixão, transformar a ofensa em intercessão. O perdão participa da misericórdia divina e é um vértice da oração cristã.
4ª Terça-Feira do Advento 21 de Dezembro
Evangelho: Lc 1, 39-45
Nota:
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Tema para consideração: A confissão frequente
B) A confissão (acusação) 3
3. Na prática há muitos meios de fazer bem e frutuosamente a acusação, e de aprofundar e simplificar a confissão frequente. Uns confessam todas as faltas ou, pelo menos, as mais importantes cometidas depois da última confissão. Assim muitas almas com razão e proveito.
Mas no caso de almas que com verdadeira seriedade procuram Deus, trate-se de leigos, sacerdotes ou religiosos, julgamos que devemos indicar os seguintes meios: Pode-se partir de uma determinada falta, cometida depois da última confissão. Em tal caso, a confissão decorrerá assim: «Com plena consciência julguei e falei com pouca caridade; durante a minha vida inteira pequei, de pensamento, de palavra, com juízos pouco caritativos contra o amor ao próximo, e acuso-me de todos estes pecados da minha vida; acuso-me igualmente de todos os outros pecados e faltas dos quais me tenha feito culpável ante Deus.» É uma forma muito simples e proveitosa de acusar-se na suposição de ter-se esforçado por despertar um sério arrependimento. Do arrependimento brota naturalmente um claro e concreto propósito: «Trabalharei par eliminar todo o juízo e palavra deliberadamente faltos de caridade».
Uma segunda forma de nos acusar-mos: a partir de um determinado mandamento, ou de uma paixão, um costume, uma inclinação; sempre de um ponto que, no momento actual, é de grande importância para a aspiração interior. Então a confissão far-se-á desta forma: »Excito-me facilmente com qualquer coisa; os outros irritam-me com frequência; falo e censuro e dou rédea solta à antipatia e ao mau humor. Acuso-me de ter cometido desta forma muitas faltas na minha vida. outros pecados e faltas dos quais me tenha feito culpável ante Deus.» è também uma forma fácil e proveitosa de confissão; ela pressupõe e exige que o penitente, consciente do fim, e por longo tempo, fixe a atenção num pecado determinado, como raiz de determinadas faltas ou num ponto importante da sua vida interior. O decisivo, também neste caso, é o arrependimento. Esta forma de confessar-se torna relativamente fácil para o confessor atender o penitente de uma forma pessoal e ajudá-lo nos seus esforços.
Finalmente, pode tomar-se como ponto de partida o ter pecado, por exemplo, contra um ou outro mandamento: «pequei amiúde e muito por impaciência, por falta de domínio de mim mesmo, por mau humor, por sensualidade. Acuso-me também de todos os outros pecados mortais e veniais de toda a minha vida».
Do dito resulta o seguinte: Quem quiser praticar a confissão frequente bem e com todo o fruto possível, tem de manter em boa ordem a sua vida interior. Deve ver com clareza que pontos são importantes e essenciais para ele; deve conhecer as suas próprias imperfeições e modelar-se a si próprio de modo consequente. Se o confessor, compreensivo e cheio de santo interesse pelo crescimento espiritual do seu penitente, também, colabora com ele de um modo consequente, a confissão frequente será um meio excelente para edificar e aperfeiçoar a vida religiosa e moral, par identificar-se com Cristo e com o seu espírito.
Doutrina: CCIC – 596: O que significa: «Não nos deixeis cair em tentação»?
CIC - 2846-2849; 2863
Pedimos a Deus Pai que não nos deixe sozinhos e à mercê da tentação. Pedimos ao Espírito para sabermos discernir entre a provação que ajuda a crescer no bem e a tentação que conduz ao pecado e à morte, e, ainda, entre ser tentados e consentir na tentação. Esta petição coloca-nos em união com Jesus, que, com a sua oração, venceu a tentação e solicita a graça da vigilância e da perseverança final.
Festa: S Pedro Canísio – Doutor da Igreja
Nota Histórica
Nasceu em 1521, em Nimega (Holanda). Estudou em Colónia e entrou na Companhia de Jesus. Foi ordenado sacerdote em 1546. Destinado à Alemanha, trabalhou denodadamente na defesa da fé católica com seus escritos e pregação. Publicou numerosas obras, entre as quais se destaca o seu Catecismo. Morreu em Friburgo (Suíça), no ano de 1597.
4ª Quarta-Feira do Advento 22 de Dezembro Evangelho: Lc 1, 46-56
46 Então Maria disse: «A minha alma glorifica o Senhor; 47 e o meu espírito exulta de alegria em Deus meu Salvador, 48 porque olhou para a humildade da Sua serva. Portanto, eis que, de hoje em diante, todas as gerações me chamarão ditosa, 49 porque o Todo-poderoso fez em mim grandes coisas. O Seu nome é Santo, 50 e a Sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que O temem. 51 Manifestou o poder do Seu braço, dispersou os homens de coração soberbo. 52 Depôs do trono os poderosos, elevou os humildes. 53 Encheu de bens os famintos, e aos ricos despediu de mãos vazias. 54 Tomou cuidado de Israel, Seu servo, lembrado da Sua misericórdia; 55 conforme tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência para sempre». 56 Maria ficou com Isabel cerca de três meses; depois voltou para sua casa.
Nota:
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Tema para consideração: A confissão frequente
A) O exame de consciência 1
1. O exame de consciência para a recepção do sacramento da penitência está muito estreitamente relacionado com a prática do exame de consciência em geral.
Enquanto os mestres da vida do espírito, começando pelos antigos monges e continuando até aos dos nossos dias, consideram e tratam o exame de consciência, quer o geral, quer o particular, como um elemento essencial da vida cristã verdadeiramente devota, existem hoje certos sectores católicos que não querem saber para nada de um exame de consciência que chegue aos detalhe. Antes de mais, rejeitam o exame de consciência particular e querem substituí-lo por uma «simples olhadela» ao estado da alma. Não vêm que, pelo menos para os principiantes, é absolutamente necessário descer ao particular se é que querem conhecer e emendar as suas faltas e as raízes das mesmas, as diversas paixões e atitudes interiores retorcidas. Cabalmente, os principiantes, estão expostos ao perigo de se contentarem com um olhar superficial, que não vai ao fundo da consciência e que deixa subsistir as paixões, os costumes retorcidos, etc. (Pio X exortação pag 31)
Aos sacerdotes e aos religiosos a Igreja impõe como dever o exame de consciência diário, e reprova expressamente a doutrina de Miguel Molinos de que «é uma graça não poder ver as próprias faltas» (Dz, 1230). Foi a conhecida quietista senhora Guyon quem opinou que basta simplesmente «expor-se» à luz divina. É característico que os escritores modernos, até para a auto-educação humana puramente natural, insistem de forma terminante sobre uma espécie de exame de consciência puramente natural.
Doutrina: CCIC – 597: Porque concluímos pedindo: «Mas livra-nos do Mal»?
CIC – 2850-2854; 2864
O Mal indica a pessoa de Satanás que se opõe a Deus e que é «o sedutor de toda a terra» (Ap12, 9). A vitória sobre o diabo já foi alcançada por Cristo. Mas nós pedimos para que a família humana seja libertada de Satanás e das suas obras. Pedimos também o dom precioso da paz e a graça da esperança perseverante da vinda de Cristo, que nos libertará definitivamente do Maligno.
4ª Quinta-Feira do Advento 23 de Dezembro
Evangelho: Lc 1, 57-66
57 Completou-se para Isabel o tempo de dar à luz e deu à luz um filho. 58 Os seus vizinhos e parentes ouviram falar da graça que o Senhor lhe tinha feito e congratulavam-se com ela. 59 Aconteceu que, ao oitavo dia, foram circuncidar o menino e chamavam-lhe Zacarias, do nome do pai. 60 Interveio, porém, sua mãe e disse: «Não; mas será chamado João». 61 Disseram-lhe: «Ninguém há na tua família que tenha este nome». 62 E perguntavam por acenos ao pai como queria que se chamasse. 63 Ele, pedindo uma tabuinha, escreveu assim: «O seu nome é João». Todos ficaram admirados.64 E logo se abriu a sua boca, soltou-se a língua e falava bendizendo a Deus. 65 O temor se apoderou de todos os seus vizinhos, e divulgaram-se todas estas maravilhas por todas as montanhas da Judeia. 66 Todos os que as ouviram as ponderavam no seu coração, dizendo: «Quem virá a ser este menino?». Porque a mão do Senhor estava com ele.
Nota:
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Tema para consideração: A confissão frequente
A) O exame de consciência 2
2. Com razão os mestres da vida espiritual recalcam que o exame de consciência é necessário e indispensável para a purificação da alma e para o adianto na vida de perfeição. Sem um exame de consciência bem ordenado, apenas nos damos conta a meias das nossas faltas. Estas acumulam-se; as más inclinações e as paixões perversas tornam-se mais fortes e ameaçam seriamente a vida da graça. Sobretudo, a caridade santa não poderá desenvolver-se plenamente.
O exame de consciência oferece diversas possibilidades: propõe-se como fim somente o conhecimento dos pecados veniais – não se trata agora dos mortais – que se cometem com plena consciência, ou também o conhecimento dos pecados de fraqueza, pouco ou mal conhecidos; ou, finalmente, reflecte como se tivesse podido e devido corresponder melhor à graça. É claro que um exame de consciência bom e acertado, só se pode fazer com o auxílio da graça sobrenatural.
O exame de consciência geral passa revista a todos os actos do dia, pensamentos, sentimentos, palavras e obras. Quando se faz regularmente, este exame de consciência não é difícil: a pessoa sabe em que ponto costuma cometer falta, e assim sem esforço especial dá-se conta das faltas eventuais do dia. No caso de haver uma infracção especial, esta de qualquer forma atormentaria a alma que procura seriamente a perfeição. Se há verdadeira vida religiosa, não tem que se ser minucioso neste exame de si próprio. Mais importante é o acto de arrependimento. Neste ponto é onde se pode dar mais vida e profundidade ao exame de consciência. Do arrependimento brota o propósito, que normalmente terminará no propósito da confissão.
O exame de consciência geral completar-se-á com o chamado exame particular.: este ocupa-se durante longo tempo de uma falta previamente determinada que se quer vencer ou eliminar, ou de um determinada virtude a que se propõe chegar. O exame das faltas orienta-se primeiramente para as exteriores, que incomodam ou aborrecem o próximo; depois para as interiores, as faltas de carácter propriamente ditas, em direcção ao ponto débil do nosso ser e da nossa vida. Já quando se incorra na falta somente raras vezes ou em determinadas ocasiões, será conveniente passar ao exame positivo de determinados actos de virtude, exame que, ao progredir na vida do espírito, apresenta cada vez mais uma forma de fortalecimento da vontade em direcção a uma determinada virtude, e à forma de uma súplica a Deus para nos fortalecer e aperfeiçoar nesta virtude, por exemplo, o amor de Deus e do próximo, em espírito de fé, humildade e vida de oração. Com o objecto do exame particular coincidirá normalmente também o propósito próprio e especial da confissão frequente. Por isso precisamente para as almas religiosas e zelosas, é muito importante o exame particular, sobretudo na forma que acabamos de indicar: consolidação e afinco da vontade na virtude.
Doutrina: CCIC – 598: O que significa o Ámen final?
CIC – 2855 – 2856; 2865
«Depois, acabada a oração, tu dizes: Ámen, corroborando com o Ámen, que significa “Assim seja, que isso se faça”, tudo o que está contido na «oração que Deus nos ensinou»(S. Cirilo de Jerusalém)
Nota:
Acaba aqui a publicação do Compêndio da Doutrina da Igreja Católica
4ª Sexta-Feira do Avento 24 de Dezembro Evangelho: Lc 1, 67-79
67 Zacarias, seu pai, ficou cheio do Espírito Santo, e profetizou dizendo: 68 «Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e resgatou o Seu povo; 69 e suscitou uma força para nos salvar, na casa do Seu servo David, 70 conforme anunciou pela boca dos Seus santos profetas de outrora; 71 que nos livraria dos nossos inimigos, e das mãos de todos os que nos odeiam; 72 para exercer a Sua misericórdia a favor de nossos pais, e lembrar-Se da Sua santa aliança, 73 segundo o juramento que fez a nosso pai Abraão, de nos conceder 74 que, livres das mãos dos nossos inimigos, O sirvamos sem temor, 75 diante d'Ele com santidade e justiça, durante todos os dias da nossa vida. 76 E tu, menino, serás chamado o profeta do Altíssimo, porque irás à frente do Senhor, a preparar os Seus caminhos; 77 para dar ao Seu povo o conhecimento da salvação, pela remissão dos seus pecados, 78 graças à terna misericórdia do nosso Deus, que nos trará do alto a visita do Sol Nascente, 79 para alumiar os que jazem nas trevas e na sombra da morte; para dirigir os nossos pés no caminho da paz»
Nota:
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Tema para consideração: A confissão frequente
A) O exame de consciência 3
3. Não é suficiente conhecer só os actos, as faltas. Igualmente importante – inclusive mais importante – é examinar as atitudes interiores e os sentimentos. Para tal serve o chamado exame de consciência «habitual», quer dizer, o dirigir um olhar breve, frequente, ao próprio interior, observar a inclinação, a tendência momentânea dominante do coração, o sentimento, as aspirações que então prevalecem nele. Entre os muitos sentimentos que lutam no coração do homem e o assaltam, há sempre um sentimento que domina que dá a sua orientação ao coração e determina os seus movimentos. Seja um desejo de louvor, de temor de alguma censura, de alguma humilhação, de alguma dor, sejam zelos ou amargura por alguma injustiça sofrida, seja uma desconfiança, um afã desordenado de trabalho, de saúde. Outras vezes é um estado de certa falta de energia, de desalento ante certas dificuldades, fracassos e experiências. Mas este sentimento dominante poderá também ser o amor a Deus, o afã de sacrificar-se num arranque de zelo ardente, na alegria de servir a Deus, na submissão a Deus, na humildade, na aspiração à mortificação, na entrega a Deus: «Onde está o meu coração?» Qual é a inclinação capital que o determina, qual é a verdadeira olá que põe em movimento todas as partes do conjunto? Pode ser uma inclinação longa e duradoura, uma simpatia, uma amargura, uma antipatia; pode ser uma impressão momentânea, tão profunda e tão forte, que continua vibrando depois de longo tempo no coração. Perguntamos: «Onde está o meu coração?» Desta forma comprovamos frequentemente a inclinação momentânea, a orientação do coração, e avançamos até ao centro donde emanam os diversos actos, palavras e obras. Assim é como chegamos a conhecer os principais acontecimentos tanto no bem como no mal.
Este conhecimento serve para o exame de consciência, tanto particular como geral, e para o exame de consciência da santa confissão. Sem dificuldade descobrimos o que é importante e essencial para o nosso esforço, arrependemo-nos, damos graças a Deus ao ver ordem nos nossos sentimentos íntimos, imploramos de Deus a graça e a força. Descobrimos o que temos de ter em conta para a acusação na santa confissão e para o propósito; vemos em geral como com este rápido olhar interior e habitual, sempre e sempre renovado, começamos e afiançamos o exame de consciência, particular e geral.
Missa do Galo
Evangelho: Mt 1, 1-25
1 Genealogia de Jesus Cristo, filho de David, filho de Abraão. 2 Abraão gerou Isaac, Isaac gerou Jacob, Jacob gerou Judá e seus irmãos. 3 Judá gerou, de Tamar, Farés e Zara, Farés gerou Esron, Esron gerou Aram. 4 Aram gerou Aminadab, Aminadab gerou Naasson, Naasson gerou Salmon. 5 Salmon gerou Booz de Raab, Booz gerou Obed de Rut, Obed gerou Jessé. Jessé gerou o rei David. 6 David gerou Salomão daquela que foi mulher de Urias. 7 Salomão gerou Roboão, Roboão gerou Abias, Abias gerou Asa. 8 Asa gerou Josafat, Josafat gerou Jorão, Jorão gerou Ozias. 9 Ozias gerou Joatão, Joatão gerou Acaz, Acaz gerou Ezequias. 10 Ezequias gerou Manassés, Manassés gerou Amon, Amon gerou Josias. 11 Josias gerou Jeconias e seus irmãos, na época da deportação para Babilónia. 12 E, depois da deportação para Babilónia, Jeconias gerou Salatiel, Salatiel gerou Zorobabel. 13 Zorobabel gerou Abiud, Abiud gerou Eliacim, Eliacim gerou Azor. 14 Azor gerou Sadoc, Sadoc gerou Aquim, Aquim gerou Eliud. 15 Eliud gerou Eleazar, Eleazar gerou Matan, Matan gerou Jacob, 16 e Jacob gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo. 17 Assim, são catorze todas as gerações desde Abraão até David; e catorze gerações desde David até à deportação para Babilónia, e também catorze as gerações desde a deportação para Babilónia até Cristo. 18 A geração de Jesus Cristo foi deste modo: Estando Maria, Sua mãe, desposada com José, antes de coabitarem achou-se ter concebido por obra do Espírito Santo. 19 José, seu esposo, sendo justo, e não querendo expô-la a difamação, resolveu repudiá-la secretamente. 20 Pensando ele estas coisas, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos, e lhe disse: «José, filho de David, não temas receber em tua casa Maria, tua esposa, porque o que nela foi concebido é obra do Espírito Santo. 21 Dará à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o Seu povo dos seus pecados».22 Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo Senhor por meio do profeta que diz: 23 “Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho, e Lhe porão o nome de Emanuel, que significa: Deus connosco”. 24 Ao despertar José do sono, fez como lhe tinha mandado o anjo do Senhor, e recebeu em sua casa Maria, sua esposa. 25 E, sem que ele a tivesse conhecido, deu à luz um filho, e pôs-Lhe o nome de Jesus.
Comentário:
Lux fulgebit hodie super nos, quia natus est nobis Dominus, hoje brilhará sobre nós a luz, porque nos nasceu o Senhor! Eis a grande novidade que comove os cristãos e que, através deles, se dirige à humanidade inteira. Deus está aqui! Esta verdade deve tomar posse de nossas vidas. Cada Natal deve ser para nós um novo encontro especial com Deus, que deixe a sua luz e a sua graça penetrarem até o fundo da nossa alma.
Detemo-nos diante do Menino, de Maria e de José; estamos contemplando o Filho de Deus revestido da nossa carne... Vem-me à memória a viagem que fiz a Loreto, em 15 de agosto de 1951, para visitar a Santa Casa por um motivo muito íntimo. Lá celebrei a Santa Missa. Queria dizê-la com recolhimento, mas não tinha contado com o fervor da multidão. Não tinha calculado que, nesse grande dia de festa, muitas pessoas dos arredores viriam a Loreto, com a bendita fé dessa terra e com o amor que têm à Madona. E a sua piedade, considerando as coisas - como diria? - unicamente do ponto de vista das leis rituais da Igreja, levava-as a manifestações não muito apropriadas.
E assim, enquanto eu beijava o altar, nos momentos prescritos pelas rubricas da Missa, três ou quatro camponeses beijavam-no ao mesmo tempo. Distraía-me, mas estava emocionado. E também me atraía a atenção o pensamento de que naquela Santa Casa - que a tradição assegura ser o lugar onde viveram Jesus, Maria e José -, em cima da mesa do altar, se tinham gravado estas palavras: Hic Verbum caro factum est. Aqui, numa casa construída pelas mãos dos homens, num pedaço da terra em que vivemos, habitou Deus! (s. josemaria, Cristo que Passa, 12)
SANTO NATAL!