Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
09/09/2018
Pequena agenda do cristão
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito:
Viver a família.
Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.
Lembrar-me:
Cultivar a Fé
São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.
Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?
Temas para reflectir e meditar
Quando tinha quinze anos
cheguei a casa radiante pois tinha um "presente de Natal" para o meu
Pai.
Entreguei-lho orgulhoso:
'Aqui tem, Pai, a
caderneta com as minhas notas deste período: terceiro classificado na classe
com média de dezoito valores!
O meu Querido Pai recebeu
a caderneta, conferiu e disse-me:
Muito bem!
Mas, continuou, se bem
entendo, houve, pelo menos dois colegas teus que tiveram médias de dezanove e
vinte e que foram os segundo e primeiro classificados!
Isto, claro, era
absolutamente verdade, mas eu fiquei chocado e desiludido.
Fui para o meu quarto
pensando na tremenda injustiça com que fora tratado.
Durante as férias não se
falou mais no assunto.
A verdade é que chegadas
as férias da Páscoa a caderneta que ofereci ao meu Pai atestava uma média de
vinte valores e o Primeiro lugar na minha turma.
O meu Pai dando-me um
enorme beijo só me disse:
Vês como eu tinha razão?
Tu podes e, se podes tens
de alcançar!
E, claro, uma vez mais, o
meu Pai tinha inteira razão.
AMA,
reflexões, 29.05.2018
Evangelho e comentário
Evangelho: Mc 7, 31-37
31 Tornando a sair da região de Tiro,
veio por Sídon para o mar da Galileia, atravessando o território da Decápole.
32 Trouxeram-lhe um surdo tartamudo e rogaram-lhe que impusesse as mãos sobre
ele. 33 Afastando-se com ele da multidão, Jesus meteu-lhe os dedos nos ouvidos
e fez saliva com que lhe tocou a língua. 34 Erguendo depois os olhos ao céu,
suspirou dizendo: «Effathá», que quer dizer «abre-te.» 35 Logo os ouvidos se
lhe abriram, soltou-se a prisão da língua e falava correctamente. 36 Jesus
mandou-lhes que a ninguém revelassem o sucedido; mas quanto mais lho
recomendava, mais eles o apregoavam. 37 No auge do assombro, diziam: «Faz tudo
bem feito: faz ouvir os surdos e falar os mudos.»
Comentário:
«Effathá», abre-te! E, a estas palavras, abriram-se os ouvidos do
surdo!
Muitas vezes esperamos por
algo semelhante, a exclamação que nos desperte da nossa modorra, um gesto que
nos urja a levantarmo-nos do nosso torpor e a seguir o caminho, enfim, algo que
nos entusiasme, nos anime e faça decidir a continuar o caminho traçado.
E, algumas vezes, nada
disto acontece, ou melhor, não nos damos conta que aconteça, de tal forma
estamos absorvidos com os nossos próprios problemas e as soluções que procuramos
para os mesmos. Entregamo-nos com ardor e pertinácia na busca dessas soluções,
desses remédios e descuramos o que está mesmo à nossa frente, ao nosso alcance.
Ele que nos diz, «Effathá», não nos deixa nunca, não se
afasta e, quando nos afastamos – porque somos nós que nos afastamos – espera
pacientemente que retrocedamos sobre os nossos passos e nos deixemos curar pela
Sua ciência de Médico Divino.
(ama, comentário sobre Mc 7, 31-37, V.
Moura, 2012.09.19)
Tens de ir ao passo de Deus; não ao teu
Dizes-me
que sim, que estás firmemente decidido a seguir Cristo. – Então tens de ir ao
passo de Deus; não ao teu! (Forja, 531)
–
Qual é o fundamento da nossa fidelidade?
–
Dir-te-ia, a traços largos, que se baseia no amor de Deus, que faz vencer todos
os obstáculos: o egoísmo, a soberba, o cansaço, a impaciência...
Um
homem que ama calca-se a si próprio; sabe que, até amando com toda a sua alma,
ainda não sabe amar bastante. (Forja, 532)
Na
vida interior, como no amor humano, é preciso ser perseverante.
Sim,
hás-de meditar muitas vezes os mesmos assuntos, insistindo até descobrir um
novo aspecto.
–
E como é que não tinha visto isto antes, assim tão claramente? –
perguntar-te-ás surpreendido. – Simplesmente, porque às vezes somos como as
pedras, que deixam resvalar a água, sem absorver nem uma gota.
Por
isso é necessário voltar a discorrer sobre o mesmo, que não é o mesmo!, para
nos embebermos das bênçãos de Deus. (Forja,
540)
Deus
não se deixa ganhar em generosidade e – podes ter a certeza! – concede a
fidelidade a quem se lhe rende. (Forja,
623)
Leitura espiritual
São Josemaria Escrivá
Cristo que passa
56
José foi, no aspecto
humano, mestre de Jesus; conviveu com Ele diariamente, com carinho delicado, e
cuidou dele com abnegação alegre. Não será esta uma boa razão para
considerarmos este varão justo, este Santo Patriarca, no qual culmina a Fé da
Antiga Aliança, Mestre de vida interior?
A vida interior não é
outra coisa senão o convívio assíduo e intimo com Cristo, para nos
identificarmos com Ele.
E José saberá dizer-nos
muitas coisas sobre Jesus.
Por isso, não deixeis
nunca de conviver com ele; ite ad Joseph, como diz a tradição cristã com uma
frase tomada do Antigo Testamento.
Mestre da vida interior,
trabalhador empenhado no seu trabalho, servidor fiel de Deus em relação
contínua com Jesus: este é José.
Ite
ad Joseph.
Com S. José o cristão
aprende o que é ser Deus e estar plenamente entre os homens, santificando o
mundo.
Ide a José e encontrareis
Jesus. Ide a José e encontrareis Maria, que encheu sempre de paz a amável
oficina de Nazaré.
57
Entramos no tempo da
Quaresma: tempo de penitência, de purificação, de conversão.
Não é fácil tarefa.
O cristianismo não é um
caminho cómodo; não basta estar na Igreja e deixar que os anos passem.
Na nossa vida, na vida dos
cristãos, a primeira conversão - esse momento único, que cada um de nós
recorda, em que advertimos claramente tudo o que o Senhor nos pede - é
importante; mas ainda mais importantes e mais difíceis são as conversões
sucessivas.
É preciso manter a alma
jovem, invocar o Senhor, saber ouvir, descobrir o que corre mal, pedir perdão,
para facilitarmos o trabalho da graça divina nessas sucessivas conversões.
Invocabit me et ego
exaudiam eum, lemos na liturgia deste Domingo: Se me chamardes, Eu vos
escutarei, diz o Senhor.
Reparai nesta maravilha
que é o cuidado que Deus tem por nós, sempre disposto a ouvir-nos, atento em
cada momento à palavra do homem.
Em qualquer altura - mas
agora de modo especial, porque o nosso coração está bem disposto, decidido a
purificar-se - Ele nos ouve e não deixará de atender ao que Lhe pede um coração
contrito e humilhado.
O Senhor ouve-nos para
intervir, para Se meter na nossa vida, para nos livrar do mal e encher-nos de
bem: eripiam eum et glorificabo eum, Eu o livrarei e o glorificarei, diz do
homem.
Portanto: esperança do
Céu.
E aqui temos, como doutras
vezes, o começo desse movimento interior que é a vida espiritual.
A esperança da
glorificação acentua a nossa fé e estimula a nossa caridade. E, deste modo, as
três virtudes teologais - virtudes divinas que nos assemelham ao nosso Pai,
Deus - põem-se em movimento.
Haverá melhor maneira de
começar a Quaresma?
Renovamos a Fé, a
Esperança, a Caridade. Esta é a fonte do espírito de penitência, do desejo de
purificação.
A Quaresma não é apenas
uma ocasião de intensificar as nossas práticas externas de mortificação; se
pensássemos que era isso apenas, escapar-nos-ia o seu sentido profundo na vida
cristã, porque esses actos externos são, repito, fruto da Fé, da Esperança e do
Amor.
58
A arriscada segurança do
Cristão
Qui habitat in adiutorio
Altissimi in protectione Dei coelí commorabitur - Habitar sob a protecção de
Deus, viver com Deus: eis a arriscada segurança do cristão.
É necessário
convencermo-nos de que Deus nos ouve, de que está sempre solícito por nós, e
assim se encherá de paz o nosso coração. Mas viver com Deus é indubitavelmente
correr um risco, porque o Senhor não Se contenta compartilhando; quer tudo.
E aproximar-se d'Ele um
pouco mais significa estar disposto a uma nova rectificação, a escutar mais
atentamente as suas inspirações, os santos desejos que faz brotar na nossa
alma, e a pô-los em prática.
Desde a nossa primeira
decisão consciente de viver integralmente a doutrina de Cristo, é certo que
avançámos muito pelo caminho da fidelidade à sua Palavra.
Mas não é verdade que
restam ainda tantas coisas por fazer?
Não é verdade que resta,
sobretudo, tanta soberba?
É precisa, sem dúvida, uma
outra mudança, uma lealdade maior, uma humildade mais profunda, de modo, que,
diminuindo o nosso egoísmo, cresça em nós Cristo, pois illum oportet crescere,
me autem minui, é preciso que Ele cresça e que eu diminua.
Não é possível deixar-se
ficar imóvel.
É necessário avançar para
a meta que S. Paulo apontava: não sou eu quem vive; é Cristo que vive em mim.
A ambição é alta e
nobilíssima: a identificação com Cristo, a santidade. Mas não há outro caminho,
se se deseja ser coerente com a vida divina que, pelo Baptismo, Deus fez nascer
nas nossas almas. O avanço é o progresso na santidade; o retrocesso é negar-se
ao desenvolvimento normal da vida cristã.
Porque o fogo do amor de
Deus precisa de ser alimentado, de aumentar todos os dias arreigando-se na
alma; e o fogo mantém-se vivo queimando novas coisas.
Por isso, se não aumenta,
está a caminho de se extinguir.
Recordai as palavras de
Santo Agostinho: Se disseres basta, estás perdido. Procura sempre mais, caminha
sempre, progride sempre. Não permaneças no mesmo sítio, não retrocedas, não te
desvies.
A Quaresma coloca-nos
agora perante estas perguntas fundamentais: Avanço na minha fidelidade a
Cristo?
Em desejos de santidade?
Em generosidade apostólica
na minha vida diária, no meu trabalho quotidiano entre os meus companheiros de
profissão?
Cada um que responda a
estas. perguntas, sem ruído de palavras, e verá como é necessária uma nova
transformação para que Cristo viva em nós, para que a sua imagem se reflicta
limpidamente na nossa conduta.
Se alguém quer vir atrás
de Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz de cada dia, e siga-Me.
Cristo repete-o a cada um
de nós, ao ouvido, intimamente: a Cruz de cada dia.
Não só - escreve S.
Jerónimo - em tempo de perseguição, ou quando se apresenta a possibilidade do
martírio, mas em todas as situações, em todas as actividades, em todos os
pensamentos, em todas as palavras, neguemos aquilo que antes éramos e
confessemos o que agora somos, visto que renascemos em Cristo.
Estas considerações não
são, afinal, senão o eco das do Apóstolo: Outrora éreis trevas, mas agora sois
luz no Senhor. Comportai-vos como filhos da luz, porque o fruto da luz consiste
na bondade, na justiça e na verdade. Procurai o que é agradável ao Senhor.
A conversão é coisa de um
instante; a santificação é tarefa para toda a vida.
A semente divina da
caridade, que Deus pôs nas nossas almas, aspira a crescer, a manifestar-se em
obras, a dar frutos que correspondam em cada momento ao que é agradável ao
Senhor.
Por isso, é indispensável
estarmos dispostos a recomeçar, a reencontrar - nas novas situações da nossa
vida - a luz, o impulso da primeira conversão.
E essa é a razão pela qual
havemos de nos preparar com um exame profundo, pedindo ajuda ao Senhor para
podermos conhecê-Lo melhor e conhecer-nos melhor a nós mesmos.
Não há outro caminho para
nos convertermos de novo.
(Continua)
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