A arma da oração
42.
Voltemos a ler umas palavras do beato João Paulo II, no dia da canonização do
fundador do Opus Dei: «para desempenhar uma missão tão comprometedora, é
necessário um incessante crescimento interior, alimentado pela oração. S.
Josemaria Escrivá foi um mestre no exercício da oração, que ele considerava
como uma ‘arma’ extraordinária para redimir o mundo. Assim, recomendava sempre:
“Em primeiro lugar, a oração; depois, a expiação; e em terceiro lugar, mas
somente ‘em terceiro lugar’, a ação” (Caminho, n. 82). Não se trata dum
paradoxo, prosseguia o Papa, mas duma verdade perene: a fecundidade do
apostolado depende sobretudo da oração e duma vida sacramental intensa e constante.
Em última análise, este é o segredo da santidade e do verdadeiro êxito dos
Santos» 79.
É
uma atitude espiritual que este santo sacerdote, o nosso Padre, pôs em prática
desde que o Senhor passou pela sua alma, e se reflete de modo diáfano nos primeiros
anos do Opus Dei, quando tudo estava por fazer. Em 1930, o Opus Dei era então
como uma criatura recém-nascida, S. Josemaria escrevia a Isidoro Zorzano, o
único fiel da Obra naqueles momentos, umas palavras que mantêm validade perene.
«Se queremos ser o que o Senhor e nós desejamos, anotava, havemos de
fundamentar-nos bem, antes de tudo na oração e na expiação (sacrifício). Orar:
nunca, repito, deixes a meditação ao levantar; e oferece em cada dia, como
expiação, todas as dificuldades e sacrifícios da jornada» 80.
Sigamos
este padrão de conduta, imprescindível para aumentar a nossa vida de fé e
cumprir a missão sobrenatural que o Mestre confia aos cristãos. Por isso, em
primeiro lugar havemos de crescer diariamente no relacionamento pessoal com
Jesus Cristo. Tanto no meio do trabalho profissional mais exigente, como na
quietude de uma capela ou igreja, ou no trânsito das ruas, também nos momentos
de diversão ou descanso e, naturalmente, nas ocupações familiares, na doença e
nas contrariedades, em todo o momento!, havemos de falar a Deus com a alma, com
o coração, com os sentidos, com os lábios, esforçando-nos por converter tudo o
que fazemos em oração grata a Deus, muitas vezes sem palavras. Mas, insisto, a
oração é fruto da vida de fé. É preciso muita fé para pedir realmente, com
convicção, como fez S. Josemaria: Jesus, diz-me algo, diz-me algo, Jesus.
Não
esqueçamos que a pessoa que reza a sério avança na virtude da humildade; tem a
alegria da filiação divina; sente a urgência do apostolado diário; atua sempre
com amabilidade e cordialidade; sabe servir; procura desaparecer e é dócil na
direção espiritual.
Copyright © Prælatura Sanctæ Crucis et
Operis Dei
Nota: Publicação devidamente
autorizada
____________________
Notas:
79
Beato João Paulo II, Homilia na Missa de canonização de S. Josemaria, 6-X-2002.
80
S. Josemaria, Carta a Isidoro Zorzano, 23-XI-1930.