Amar a Igreja
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É
esta uma contínua exigência da Igreja que se - por um lado - introduz na nossa
alma o aguilhão do zelo apostólico, por outro, manifesta também claramente a
misericórdia infinita de Deus para com as criaturas.
S.
Tomás explica assim:
O Sacramento do baptismo
pode faltar de dois modos. Em primeiro lugar, quando não se recebeu nem de
facto, nem de desejo. É o caso de quem não se baptizou nem quer baptizar-se.
Esta atitude, nos que têm
uso da razão, implica desprezo pelo Sacramento.
E, em consequência,
aqueles a quem falta desta forma o baptismo, não podem entrar no reino dos
céus: já que não se incorporam a Cristo nem sacramentalmente nem
espiritualmente e unicamente d'Ele é que procede a salvação.
Em segundo lugar, pode
também faltar o Sacramento do baptismo a uma pessoa, mas não o seu desejo, como
no caso daquele que, embora se deseje baptizar, é surpreendido pela morte antes
de receber o Sacramento.
A quem isto suceder, pode
salvar-se sem o baptismo actual e só com o desejo do Sacramento.
Este desejo procede da fé
que age pela caridade, através da qual Deus, que não ligou o seu poder aos
Sacramentos visíveis, santifica interiormente o homem.
Apesar
de ser completamente gratuita e de não se dever a ninguém por título algum - e
menos ainda depois do pecado-, Deus Nosso Senhor não recusa a ninguém a
felicidade eterna e sobrenatural: a Sua generosidade é infinita.
É
coisa notória que aqueles que sofrem de ignorância invencível acerca da nossa
santíssima religião, quando guardam cuidadosamente a lei natural e os seus
preceitos, esculpidos por Deus nos corações de todos, e estão dispostos a
obedecer a Deus e levam uma vida honesta e recta, podem alcançar a eterna, por
intermédio da acção operante da luz divina e da graça.
Só
Deus sabe o que se passa no coração de cada homem, e Ele não trata as almas em
massa, mas uma a uma.
Não
corresponde a ninguém nesta terra julgar sobre a salvação ou condenação eternas
num caso concreto.
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Mas
não esqueçamos que a consciência pode deformar-se de modo culpável, endurecer-se
no pecado e resistir à acção salvadora de Deus.
Daí,
a necessidade de pregar a doutrina de Cristo, as verdades de fé e as normas
morais; e daí também a necessidade dos Sacramentos, todos instituídos por Jesus
Cristo como causas instrumentais da Sua graça e remédio para as misérias
consequentes ao nosso estado de natureza caída.
Daí
se deduz também que convém recorrer frequentemente à Penitência e à Comunhão
Eucarística.
Fica,
portanto, bem concretizada a tremenda responsabilidade de todos na Igreja e
especialmente dos pastores com estes conselhos de S. Paulo:
Conjuro-te diante de Deus
e de Jesus Cristo que há-de julgar os vivos e os mortos, pela Sua vinda e pelo
Seu reino: prega a palavra de Deus, insiste a tempo e fora de tempo, repreende,
suplica, admoesta com toda a paciência e doutrina. Porque virá tempo em que os
homens não suportarão a sã doutrina, mas multiplicarão para si mestres conforme
os seus desejos, levados pelo prurido de ouvir doutrinas acomodadas às suas
paixões. E afastarão os ouvidos da verdade e os aplicarão às fábulas.
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Tempo de provação
Eu
não saberia dizer quantas vezes se cumpriram estas palavras proféticas do
Apóstolo. Mas só um cego deixaria de ver como actualmente se estão a verificar
quase à letra.
Rejeita-se
a doutrina dos mandamentos da Lei de Deus e da Igreja, tergiversa-se sobre o
conteúdo das bem-aventuranças dando-lhe um significado político-social: e quem
se esforça por ser humilde, manso e limpo de coração, é tratado como um
ignorante ou um atávico defensor de coisas passadas.
Não
se suporta o jugo da castidade e inventam-se mil maneiras de ludibriar os
preceitos divinos de Cristo.
Há
um sintoma que os engloba todos: a tentativa de desviar os fins sobrenaturais
da Igreja.
Por
justiça, alguns já não entendem a vida de santidade, mas uma luta política
determinada, mais ou menos tingida de marxismo, que é inconciliável com a fé
cristã.
Por
libertação, não admitem a batalha pessoal para fugir do pecado, mas uma tarefa
humana, que pode ser nobre e justa em si mesma, mas que carece de sentido para
o cristão quando implica a desvirtuação da única coisa necessária, a salvação
eterna das almas, uma a uma.
SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
(cont)