28/12/2020

É tempo de esperança

 


*É tempo de esperança, e eu vivo desse tesouro. Não é uma frase, Padre; é uma realidade", dizes-me. Então... o mundo inteiro, todos os valores humanos que te atraem com uma força enorme (amizade, arte, ciência, filosofia, teologia, desporto, natureza, cultura, almas...), tudo isso, deposita-o na esperança – na esperança de Cristo. (Sulco, 293)

 

*Vós sabeis por experiência pessoal – e têm-me ouvido repetir com frequência, para evitar desânimos – que a vida interior consiste em começar e recomeçar todos os dias; e notam no vosso coração, como eu noto no meu, que precisamos de lutar continuamente. Terão observado no vosso exame – a mim acontece-me o mesmo: desculpem que faça referências a mim próprio, mas enquanto falo convosco vou pensando com Nosso Senhor nas necessidades da minha alma – que sofrem repetidamente pequenos reveses, que às vezes parecem descomunais, porque revelam uma evidente falta de amor, de entrega, de espírito de sacrifício, de delicadeza. Fomentem as ânsias de reparação, com uma contrição sincera, mas não percam a paz. (Amigos de Deus, 13)

São José


                   CARTA APOSTÓLICA PATRIS CORDE 


DO PAPA FRANCISCO

POR OCASIÃO DO 150º ANIVERSÁRIO DA DECLARAÇÃO DE SÃO JOSÉ COMO PADROEIRO UNIVERSAL DA IGREJA

 

4. Pai no acolhimento

 

José acolhe Maria, sem colocar condições prévias. Confia nas palavras do anjo. «A nobreza do seu coração fá-lo subordinar à caridade aquilo que aprendera com a lei; e hoje, neste mundo onde é patente a violência psicológica, verbal e física contra a mulher, José apresenta-se como figura de homem respeitoso, delicado que, mesmo não dispondo de todas as informações, se decide pela honra, dignidade e vida de Maria. E, na sua dúvida sobre o melhor a fazer, Deus ajudou-o a escolher iluminando o seu discernimento».[18]

 

Na nossa vida, muitas vezes sucedem coisas, cujo significado não entendemos. E a nossa primeira reação, frequentemente, é de desilusão e revolta. Diversamente, José deixa de lado os seus raciocínios para dar lugar ao que sucede e, por mais misterioso que possa aparecer a seus olhos, acolhe-o, assume a sua responsabilidade e reconcilia-se com a própria história. Se não nos reconciliarmos com a nossa história, não conseguiremos dar nem mais um passo, porque ficaremos sempre reféns das nossas expectativas e consequentes desilusões.

 

A vida espiritual que José nos mostra, não é um caminho que explica, mas um caminho que acolhe. Só a partir deste acolhimento, desta reconciliação, é possível intuir também uma história mais excelsa, um significado mais profundo. Parecem ecoar as palavras inflamadas de Job, quando, desafiado pela esposa a rebelar-se contra todo o mal que lhe está a acontecer, responde: «Se recebemos os bens da mão de Deus, não aceitaremos também os males?» (Job 2, 10).

 

José não é um homem resignado passivamente. O seu protagonismo é corajoso e forte. O acolhimento é um modo pelo qual se manifesta, na nossa vida, o dom da fortaleza que nos vem do Espírito Santo. Só o Senhor nos pode dar força para acolher a vida como ela é, aceitando até mesmo as suas contradições, imprevistos e desilusões.

 

A vinda de Jesus ao nosso meio é um dom do Pai, para que cada um se reconcilie com a carne da sua história, mesmo quando não a compreende totalmente.

 

O que Deus disse ao nosso Santo – «José, Filho de David, não temas…» (Mt 1, 20) –, parece repeti-lo a nós também: «Não tenhais medo!» É necessário deixar de lado a ira e a desilusão para – movidos não por qualquer resignação mundana, mas com uma fortaleza cheia de esperança – dar lugar àquilo que não escolhemos e, todavia, existe. Acolher a vida desta maneira introduz-nos num significado oculto. A vida de cada um de nós pode recomeçar miraculosamente, se encontrarmos a coragem de a viver segundo aquilo que nos indica o Evangelho. E não importa se tudo parece ter tomado já uma direção errada, e se algumas coisas já são irreversíveis. Deus pode fazer brotar flores no meio das rochas. E mesmo que o nosso coração nos censure de qualquer coisa, Ele «é maior que o nosso coração e conhece tudo» (1 Jo 3, 20).

 

Reaparece aqui o realismo cristão, que não deita fora nada do que existe. A realidade, na sua misteriosa persistência e complexidade, é portadora dum sentido da existência com as suas luzes e sombras. É isto que leva o apóstolo Paulo a dizer: «Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus» (Rm 8, 28). E Santo Agostinho acrescenta: tudo, «incluindo aquilo que é chamado mal».[19] Nesta perspetiva global, a fé dá significado a todos os acontecimentos, sejam eles felizes ou tristes.

 

Assim, longe de nós pensar que crer signifique encontrar fáceis soluções consoladoras. Antes, pelo contrário, a fé que Cristo nos ensinou é a que vemos em São José, que não procura atalhos, mas enfrenta de olhos abertos aquilo que lhe acontece, assumindo pessoalmente a responsabilidade por isso.

 

O acolhimento de José convida-nos a receber os outros, sem exclusões, tal como são, reservando uma predileção especial pelos mais frágeis, porque Deus escolhe o que é frágil (cf. 1 Cor 1, 27), é «pai dos órfãos e defensor das viúvas» (Sal 68, 6) e manda amar o forasteiro.[20] Posso imaginar ter sido do procedimento de José que Jesus tirou inspiração para a parábola do filho pródigo e do pai misericordioso (cf. Lc 15, 11-32).

Francisco

 

Notas:

[18] Francisco, Homilia na Santa Missa com Beatificações (Villavicencio – Colômbia, 8 de setembro de 2017): AAS 109 (2017), 1061.

[19] «… etiam illud quod malum dicitur», in Enchiridion de fide, spe et caritate, 3.11: PL 40, 236.

[20] Cf. Deuteronómio 10, 19; Êxodo 22, 20-22; Lucas 10, 29-37.

 

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LEITURA ESPIRITUAL Dez 28

 

Evangelho

 

Mt XVI 21 – 28; XVII 1 – 13

 

Jesus prediz a Sua morte e ressurreição

 

21 Desde então começou Jesus a manifestar a Seus discípulos que devia ir a Jerusalém e padecer muitas coisas dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas, ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia. 22 Tomando-O Pedro à parte, começou a repreendê-l'O, dizendo: «Deus tal não permita, Senhor; não Te sucederá isto». 23 Ele, voltando-Se para Pedro, disse-lhe: «Retira-te de Mim, Satanás! Tu serves-Me de escândalo, porque não tens a sabedoria das coisas de Deus, mas dos homens».

 

Necessidade da abnegação

 

24 Então, Jesus disse aos Seus discípulos: «Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. 25 Porque quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder a sua vida por amor de Mim, acha-la-á. 26 Pois, que aproveitará a um homem ganhar todo o mundo, se vier a perder a sua alma? Ou que dará um homem em troca da sua alma? 27 Porque o Filho do Homem há-de vir na glória de Seu Pai com os Seus anjos, e então dará a cada um segundo as suas obras. 28 Em verdade vos digo que, entre aqueles que estão aqui presentes, há alguns que não morrerão antes que vejam vir o Filho do Homem com o Seu reino».

 

Transfiguração

 

1 Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e seu irmão João, e levou-os, só a eles, a um alto monte. 2 Transfigurou-se diante deles: o seu rosto resplandeceu como o Sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. 3 Nisto, apareceram Moisés e Elias a conversar com Ele. 4 Tomando a palavra, Pedro disse a Jesus: «Senhor, é bom estarmos aqui; se quiseres, farei aqui três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias.» 5 Ainda ele estava a falar, quando uma nuvem luminosa os cobriu com a sua sombra, e uma voz dizia da nuvem: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus todo o meu agrado. Escutai-o.» 6 Ao ouvirem isto, os discípulos caíram com a face por terra, muito assustados. 7 Aproximando-se deles, Jesus tocou-lhes, dizendo: «Levantai-vos e não tenhais medo.» 8 Erguendo os olhos, os discípulos apenas viram Jesus e mais ninguém.

 

Elias há-de vir

 

9 Enquanto desciam do monte, Jesus ordenou-lhes: «Não conteis a ninguém o que acabastes de ver, até que o Filho do Homem ressuscite dos mortos.» 10 Os discípulos fizeram a Jesus esta pergunta: «Então, porque é que os doutores da Lei dizem que Elias há-de vir primeiro?» 11 Ele respondeu: «Sim, Elias há-de vir e restabelecerá todas as coisas. 12 Eu, porém, digo-vos: Elias já veio, e não o reconheceram; trataram-no como quiseram. Também assim hão-de fazer sofrer o Filho do Homem.» 13 Então, os discípulos compreenderam que se referia a João Baptista.

 

 


Caridade (ou Amor):

 

  A Fé não surge por simples vontade ou desejo do homem.

A Fé depende de Deus que a concederá gratuitamente mas, de facto, para se manter, depende da vontade e desejo humanos, isto porque, como já vimos, Deus não impõe nada, antes respeita a liberdade pessoal do homem.

  Compreende-se que das três virtudes teologais, a Fé é fundamental para que existam as outras duas que são como que o complemento natural dela.

 A Esperança fundamenta-se na Fé, que lhe dá as razões pelas quais existe.

  A Caridade emana da Fé porque, ao acreditar em Deus o homem é conduzido naturalmente para a prática do Mandamento Novo.

  Sendo assim, a Caridade é a mais importante e o fundamento das virtudes.

 

  As virtudes humanas:

  São perfeições estáveis da inteligência e da vontade humanas.

Regulam os actos, ordenam as paixões guiando a conduta humana segundo a razão e a fé. Adquiridas e reforçadas por actos moralmente bons e repetidos, estas virtudes são penetradas pela graça divina que as purifica e eleva.

  Entre as virtudes humanas destacam-se as Virtudes Cardeais, que são consideradas as principais por serem os apoios à volta dos quais giram as demais virtudes humanas:

  Prudência

  Que dispõe a razão para discernir em todas as circunstâncias o verdadeiro bem e a escolher os justos meios para o atingir. Ela conduz a outras virtudes, indicando-lhes a regra e a medida;

 Justiça

  Que é uma constante e firme vontade de dar a Deus e aos outros o que lhes é devido;

  Fortaleza

  Que assegura a firmeza nas dificuldades e a constância na procura do bem;

  Temperança

  Que modera a atracção dos prazeres, assegura o domínio da vontade sobre os instintos e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados.

  Podemos ainda considerar muitas outras virtudes que emanam das anteriores, por exemplo:

  Paciência; Fidelidade; Paz; Confiança; Constância; Generosidade; Obediência; Simplicidade; Mansidão; Humildade; Serenidade; Bom Humor; Amizade; Optimismo; Flexibilidade.

  Prudência

  Na Grécia, no frontispício do Oráculo do deus da harmonia, lê-se: “Conhece-te a ti mesmo”!

  Então, pode ter-se como condição “sine qua non” para se ser prudente, o conhecimento próprio. Aliás, se não me conhecer, não posso realmente fazer nada humanamente aceitável, quer dizer, como um acto humano racional.

  As nossas capacidades, virtudes, dons, características únicas, as várias facetas do carácter, têm de ser objecto do nosso conhecimentos pessoal quanto mais profundo e detalhado melhor.

Só este conhecimento nos permitirá agir com verdade seriedade, de forma justa e moderada, com fidelidade e paciência, merecer a confiança dos outros a ser constantes nas nossas acções.

  Esse entrar em nós mesmos – introspecção – com serena preocupação de nos conhecer, é uma tarefa à qual nos dedicaremos toda a nossa vida, desde a idade da razão até ao último momento.

  Porquê?

  Porque naturalmente, evoluímos com o tempo e vamos adquirindo novos contornos, esquinas, arestas que constantemente formatam o nosso carácter.

  Tal pode fazer-se sozinho, sem dúvida, e se se fizer de forma séria obtêm-se resultados; mas, em princípio, ninguém é bom juiz em causa própria, daí que recorrer ao auxílio de alguém em quem possamos confira, dotado de experiência e são critério, é uma excelente medida para levar a cabo essa necessidade.

  A nossa formação pessoal – contínua e permanente – tem muito a ganhar com esta opção na medida em que sendo absolutamente sinceros com quem nos escuta podemos chegar a conclusões que talvez nos escapassem se o fizéssemos sozinhos.

  O nosso – chamemos-lhe assim – director espiritual, está numa posição privilegiada para avaliar o nosso comportamento e sugerir a forma, se for caso disso, de corrigir o que não estiver bem e, também, incentivar evoluções positivas no nosso carácter que nos conduzam a um melhor aproveitamento das nossas qualidades e outras características para nosso próprio bem e dos outros.

Ao contrário do que alguém possa pensar, o director espiritual não está tão empenhado em apontar-nos o que está mal como ajudar-nos a descobrir co que e como devemos fazer para melhorar a prática do bem.

Ou seja, não tem um papel crítico mas de uma acção construtiva e benévola. (…) 

 

 

 

 

 

 

Pequena agenda do cristão

 

 SeGUNDa-Feira



Pequena agenda do cristão

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.

Senhor que eu faça "boa cara" que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.

Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.

Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.

Que o Senhor assista e vivifique o Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.

Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.

Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?