Evangelho
Mt
XVI 21 – 28; XVII 1 – 13
Jesus prediz a Sua morte e ressurreição
21 Desde então começou Jesus a manifestar a Seus
discípulos que devia ir a Jerusalém e padecer muitas coisas dos anciãos, dos
príncipes dos sacerdotes e dos escribas, ser morto, e ressuscitar ao terceiro
dia. 22 Tomando-O Pedro à parte, começou a repreendê-l'O, dizendo: «Deus tal
não permita, Senhor; não Te sucederá isto». 23 Ele, voltando-Se para Pedro,
disse-lhe: «Retira-te de Mim, Satanás! Tu serves-Me de escândalo, porque não
tens a sabedoria das coisas de Deus, mas dos homens».
Necessidade da abnegação
24 Então, Jesus disse aos Seus discípulos: «Se
alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. 25
Porque quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder a sua vida por
amor de Mim, acha-la-á. 26 Pois, que aproveitará a um homem ganhar todo o
mundo, se vier a perder a sua alma? Ou que dará um homem em troca da sua alma?
27 Porque o Filho do Homem há-de vir na glória de Seu Pai com os Seus anjos, e
então dará a cada um segundo as suas obras. 28 Em verdade vos digo que, entre
aqueles que estão aqui presentes, há alguns que não morrerão antes que vejam
vir o Filho do Homem com o Seu reino».
Transfiguração
1 Seis
dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e seu irmão João, e levou-os, só
a eles, a um alto monte. 2 Transfigurou-se diante deles: o seu rosto
resplandeceu como o Sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. 3 Nisto,
apareceram Moisés e Elias a conversar com Ele. 4 Tomando a palavra, Pedro disse
a Jesus: «Senhor, é bom estarmos aqui; se quiseres, farei aqui três tendas: uma
para ti, uma para Moisés e outra para Elias.» 5 Ainda ele estava a falar,
quando uma nuvem luminosa os cobriu com a sua sombra, e uma voz dizia da nuvem:
«Este é o meu Filho muito amado, no qual pus todo o meu agrado. Escutai-o.» 6 Ao
ouvirem isto, os discípulos caíram com a face por terra, muito assustados. 7 Aproximando-se
deles, Jesus tocou-lhes, dizendo: «Levantai-vos e não tenhais medo.» 8 Erguendo
os olhos, os discípulos apenas viram Jesus e mais ninguém.
Elias há-de vir
9 Enquanto
desciam do monte, Jesus ordenou-lhes: «Não conteis a ninguém o que acabastes de
ver, até que o Filho do Homem ressuscite dos mortos.» 10
Os discípulos fizeram a Jesus esta pergunta: «Então, porque é que os doutores
da Lei dizem que Elias há-de vir primeiro?» 11 Ele respondeu: «Sim, Elias há-de
vir e restabelecerá todas as coisas. 12 Eu, porém, digo-vos: Elias já veio, e
não o reconheceram; trataram-no como quiseram. Também assim hão-de fazer sofrer
o Filho do Homem.» 13 Então, os discípulos compreenderam que se referia a João
Baptista.
Caridade (ou Amor):
A Fé não surge por simples vontade ou desejo
do homem.
A
Fé depende de Deus que a concederá gratuitamente mas, de facto, para se manter,
depende da vontade e desejo humanos, isto porque, como já vimos, Deus não impõe
nada, antes respeita a liberdade pessoal do homem.
Compreende-se que das três virtudes
teologais, a Fé é fundamental para que existam as outras duas que são como que
o complemento natural dela.
A Esperança fundamenta-se na Fé, que lhe dá as
razões pelas quais existe.
A Caridade emana da Fé porque, ao acreditar em
Deus o homem é conduzido naturalmente para a prática do Mandamento Novo.
Sendo assim, a Caridade é a mais importante e
o fundamento das virtudes.
As virtudes humanas:
São perfeições estáveis da inteligência e da
vontade humanas.
Regulam
os actos, ordenam as paixões guiando a conduta humana segundo a razão e a fé.
Adquiridas e reforçadas por actos moralmente bons e repetidos, estas virtudes
são penetradas pela graça divina que as purifica e eleva.
Entre as virtudes humanas destacam-se as Virtudes
Cardeais, que são consideradas as principais por serem os apoios à volta
dos quais giram as demais virtudes humanas:
Prudência
Que dispõe a razão para discernir em todas as
circunstâncias o verdadeiro bem e a escolher os justos meios para o atingir.
Ela conduz a outras virtudes, indicando-lhes a regra e a medida;
Justiça
Que é uma constante e firme vontade de dar a
Deus e aos outros o que lhes é devido;
Fortaleza
Que assegura a firmeza nas dificuldades e a
constância na procura do bem;
Temperança
Que modera a atracção dos prazeres, assegura
o domínio da vontade sobre os instintos e proporciona o equilíbrio no uso dos
bens criados.
Podemos ainda considerar muitas outras
virtudes que emanam das anteriores, por exemplo:
Paciência; Fidelidade; Paz; Confiança;
Constância; Generosidade; Obediência; Simplicidade; Mansidão; Humildade;
Serenidade; Bom Humor; Amizade; Optimismo; Flexibilidade.
Prudência
Na Grécia, no frontispício do Oráculo do deus
da harmonia, lê-se: “Conhece-te a ti mesmo”!
Então, pode ter-se como condição “sine qua
non” para se ser prudente, o conhecimento próprio. Aliás, se não me conhecer,
não posso realmente fazer nada humanamente aceitável, quer dizer, como um acto humano
racional.
As nossas capacidades, virtudes, dons,
características únicas, as várias facetas do carácter, têm de ser objecto do
nosso conhecimentos pessoal quanto mais profundo e detalhado melhor.
Só
este conhecimento nos permitirá agir com verdade seriedade, de forma justa e
moderada, com fidelidade e paciência, merecer a confiança dos outros a ser
constantes nas nossas acções.
Esse entrar em nós mesmos – introspecção –
com serena preocupação de nos conhecer, é uma tarefa à qual nos dedicaremos
toda a nossa vida, desde a idade da razão até ao último momento.
Porquê?
Porque naturalmente, evoluímos com o tempo e
vamos adquirindo novos contornos, esquinas, arestas que constantemente formatam
o nosso carácter.
Tal pode fazer-se sozinho, sem dúvida, e se
se fizer de forma séria obtêm-se resultados; mas, em princípio, ninguém é bom
juiz em causa própria, daí que recorrer ao auxílio de alguém em quem possamos
confira, dotado de experiência e são critério, é uma excelente medida para
levar a cabo essa necessidade.
A nossa formação pessoal – contínua e
permanente – tem muito a ganhar com esta opção na medida em que sendo
absolutamente sinceros com quem nos escuta podemos chegar a conclusões que
talvez nos escapassem se o fizéssemos sozinhos.
O nosso – chamemos-lhe assim – director
espiritual, está numa posição privilegiada para avaliar o nosso comportamento e
sugerir a forma, se for caso disso, de corrigir o que não estiver bem e, também,
incentivar evoluções positivas no nosso carácter que nos conduzam a um melhor
aproveitamento das nossas qualidades e outras características para nosso
próprio bem e dos outros.
Ao
contrário do que alguém possa pensar, o director espiritual não está tão
empenhado em apontar-nos o que está mal como ajudar-nos a descobrir co que e
como devemos fazer para melhorar a prática do bem.
Ou
seja, não tem um papel crítico mas de uma acção construtiva e benévola. (…)