Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
15/05/2020
Uma vez baptizados, somos todos iguais
Afirmas que vais compreendendo pouco a pouco o
que quer dizer "alma sacerdotal"... Não te zangues se te respondo que
os factos demonstram que o compreendes apenas em teoria. Todos os dias te
acontece o mesmo: ao anoitecer, no exame, tudo são desejos e propósitos; de
manhã e à tarde, no trabalho, tudo são dificuldades e desculpas. Assim vives o
"sacerdócio santo, para oferecer vítimas espirituais, agradáveis a Deus
por Jesus Cristo"? (Sulco,
499)
Na Igreja há igualdade: uma vez baptizados,
somos todos iguais, porque somos filhos do mesmo Deus, Nosso Pai. Como
cristãos, não há qualquer diferença entre o Papa e a última pessoa a
incorporar-se na Igreja. Mas esta igualdade radical não implica a possibilidade
de mudar a constituição da Igreja, naquilo que foi estabelecido por Cristo. Por
expressa vontade divina temos uma diversidade de funções, que comporta também
uma capacidade diversa, um carácter indelével conferido pelo Sacramento da
Ordem para os ministros sagrados. No vértice dessa ordenação está o sucessor de
Pedro e, com ele, e sob ele, todos os bispos: com a sua tríplice missão de
santificar, de governar e de ensinar.
Permitam-me que insista repetidamente: as
verdades de fé e de moral não se determinam por maioria de votos, porque
compõem o depósito – depositum fidei
– entregue por Cristo a todos os fiéis e confiado, na sua exposição e ensino
autorizado, ao Magistério da Igreja.
Seria um erro pensar que, pelo facto de os
homens já terem talvez adquirido mais consciência dos laços de solidariedade
que mutuamente os unem, se deva modificar a constituição da Igreja, para a pôr
de acordo com os tempos. Os tempos não são dos homens, quer sejam ou não
eclesiásticos; os tempos são de Deus, que é o Senhor da história. E a Igreja só
poderá proporcionar a salvação às almas, se permanecer fiel a Cristo na sua
constituição, nos seus dogmas, na sua moral. (Amar a Igreja, 30–31)
Orações de Maio
Oração
XAXUM
Lembrai-Vos, ó piíssima Virgem Maria, que
nunca se ouviu dizer que algum daqueles que têm recorrido à vossa protecção,
implorado a vossa assistência, e reclamado o vosso socorro, fosse por Vós
desamparado.
Animado
eu, pois, de igual confiança, a Vós, Virgem entre todas singular, como a Mãe
recorro, de Vós me valho e, gemendo sob o peso dos meus pecados, me prostro aos
Vossos pés.
Não
desprezeis as minhas súplicas, ó Mãe do Filho de Deus humanado, mas dignai-Vos
de as ouvir propícia e de me alcançar o que Vos rogo.
Amen.
(São Bernardo de Claraval)
LEITURA ESPIRITUAL
São Lucas
Cap. XV
1 Aproximavam-se
dele todos os cobradores de impostos e pecadores para o ouvirem. 2 Mas os
fariseus e os doutores da Lei murmuravam entre si, dizendo: 'Este acolhe os
pecadores e come com eles'. 3 Jesus propôs-lhes, então, esta parábola: 4 Qual é o homem dentre vós que,
possuindo cem ovelhas e tendo perdido uma delas, não deixa as noventa e nove no
deserto e vai à procura da que se tinha perdido, até a encontrar? 5 Ao
encontrá-la, põe-na alegremente aos ombros 6 e, ao chegar a casa, convoca os
amigos e vizinhos e diz-lhes: ‘Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha
ovelha perdida.’ 7 Digo-vos Eu: Haverá mais alegria no Céu por um só pecador
que se converte, do que por noventa e nove justos que não necessitam de
conversão. 8 Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas, se perde uma, não
acende a candeia, não varre a casa e não procura cuidadosamente até a
encontrar? 9 E, ao encontrá-la, convoca as amigas e vizinhas e diz:
‘Alegrai-vos comigo, porque encontrei a dracma perdida.’ 10 Digo-vos: Assim há
alegria entre os anjos de Deus por um só pecador que se converte. 11 Disse ainda: Um homem tinha dois filhos. 12 O mais
novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte dos bens que me corresponde.’ E o pai
repartiu os bens entre os dois. 13 Poucos dias depois, o filho mais novo,
juntando tudo, partiu para uma terra longínqua e por lá esbanjou tudo quanto
possuía, numa vida desregrada. 14 Depois de gastar tudo, houve grande fome
nesse país e ele começou a passar privações. 15 Então, foi colocar-se ao
serviço de um dos habitantes daquela terra, o qual o mandou para os seus campos
guardar porcos. 16 Bem desejava ele encher o estômago com as alfarrobas que os
porcos comiam, mas ninguém lhas dava. 17 E, caindo em si, disse: ‘Quantos
jornaleiros de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui a morrer de fome! 18 Levantar-me-ei,
irei ter com meu pai e vou dizer-lhe: 'Pai, pequei contra o Céu e contra ti; 19 já
não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus jornaleiros.’
20 E, levantando-se, foi ter com o pai. Quando ainda estava longe, o pai viu-o
e, enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço e cobriu-o de
beijos. 21 O filho disse-lhe: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não
mereço ser chamado teu filho.’ 22 Mas o pai disse aos seus servos: ‘Trazei
depressa a melhor túnica e vesti-lha; dai-lhe um anel para o dedo e sandálias
para os pés. 23 Trazei o vitelo gordo e matai-o; vamos fazer um banquete e
alegrar-nos, 24 porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e
foi encontrado.’ E a festa principiou. 25 Ora, o filho mais velho estava no
campo. Quando regressou, ao aproximar-se de casa ouviu a música e as danças. 26
Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que era aquilo. 27 Disse-lhe ele: ‘O teu
irmão voltou e o teu pai matou o vitelo gordo, porque chegou são e salvo.’ 28 Encolerizado,
não queria entrar; mas o seu pai, saindo, suplicava-lhe que entrasse. 29 Respondendo
ao pai, disse-lhe: ‘Há já tantos anos que te sirvo sem nunca transgredir uma
ordem tua, e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos;
30 e agora, ao chegar esse teu filho, que gastou os teus bens com meretrizes,
mataste-lhe o vitelo gordo.’ 31 O pai respondeu-lhe: ‘Filho, tu estás sempre
comigo, e tudo o que é meu é teu. 32 Mas tínhamos de fazer uma festa e
alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; estava perdido e foi
encontrado'.
Comentários:
1-3.11-32 -
O
génio literário de São Lucas manifesta-se magistralmente nesta parábola de
Jesus. A parábola é belíssima e, realmente, aplica-se profundamente aos temas
da Misericórdia, do Amor do Pai, da Alegria do regresso do filho perdido. Este Pai que está sempre à nossa
espera perscrutando na lonjura do caminho onde tantas vezes nos perdemos
na esperança amorosa de nos estender os braços e nos devolver a
dignidade perdida por causa das nossas faltas e, mais, festejar
com largueza a volta à casa paterna. Uma vez mais me ocorre exclamar:
Ó félix culpa! Vale a pena o
arrependimento, o bem que se alcança tem uma "medida" divina e, por
isso mesmo, impossível de "contabilizar". Um anel no dedo, calçado nos pés, o vestido mais precioso! Fica-se sem palavras perante tal
magnificência! Não nos interroga por onde andámos, o que fizemos, só Lhe
interessa que estejamos de novo ali, de onde nunca deveríamos ter-nos afastado:
A alegria, a tranquilidade, a paz, a saciedade da casa paterna onde nada nos
falta!
1-10
-
Esta alegria do
pai que vê regressar o filho à casa paterna donde se afastou por vontade
própria, está bem espelhada nos exemplos da dracma perdida e da ovelha
tresmalhada e, magistralmente, na parábola do filho pródigo. Há, contudo, uma
diferença entre as duas primeiras e esta última. Naquelas é o pastor e a dona
de casa que deixam tudo para recuperar o que estava perdido, nesta última é o
próprio extraviado que regressa por decisão própria. O que está presente, nos
três exemplos que dou, é a alegria do reencontro, da recuperação do perdido.
alegria tão grande que não pode reservar-se e tem de se comunicar aos outros. É
esta mesma alegria que cada um de nós sente quando, pela oração e a acção,
alguém arrepia caminho e volta ao convívio da Igreja. Valem, pois, a pena todos
os nossos esforços nesse trabalho de apostolado.
A necessidade de um pastor para
nos guiar pelos caminhos da vida está bem evidenciada nesta passagem do
Evangelho. Um pastor que guie, com sabedoria e segurança, sem dúvida mas,
também, um pastor que nos ensine a proteger-nos, a resguardar-nos dos perigos
e "barrancos" que a cada passo se nos deparam e onde, por imprudência,
ignorância ou ousadia podemos cair e perder-nos do rebanho.
«Alegrai-vos
comigo» quer o Senhor dizer-nos quando alguém transviado regressa à Casa
Paterna. Deus quer partilhar com todos os seus Filhos a Sua alegria! Tal
espanta-nos e comove-nos. Um Deus assim que é AMOR, não guarda só para Si
absolutamente nada, deseja partilhar tudo com toda a Sua Família Divina, a que
está no Céu – os Anjos e Santos – e a que está na terra que somos todos os homens.
Rezemos com frequência diária para que se convertam e regressem muitos dos
nossos irmãos transviados e assim, dando glória a Deus, partilharemos da Sua
Alegria. Haverá maior alegria que ser perdoado? E… qual a dimensão dessa
alegria quando o perdão nos vem directamente do ofendido? E… quando o Ofendido
é o próprio Senhor? Este perdão divino é, pois, a suprema alegria do reencontro
de um Pai Amoroso e Misericordioso e um filho fraco e volúvel.
Desde
muito pequeno guardei a imagem dos emigrantes que regressavam a casa para passar
o Natal com as famílias. Os tempos eram agrestes, as comunicações difíceis e
algo perigosas pelo que, as longas viagens, para os que esperavam os entes queridos, criavam uma expectativa mista de apreensão e alegria. Com o que Jesus narra no
Evangelho de hoje podemos ver esse emigrante - familiar ou amigo - perdido num
caminho de regresso, talvez num atalho que o desviou da rota correcta ou, pior,
precipitado num barranco para onde o atirou a imprudência, o cansaço, o excesso
de confiança nas próprias capacidades. A verdade é que, quando finalmente chega
a casa, é recebido com esfuziante alegria e atenções de todo género, parecendo
que passou a ser a pessoa mais importante da família. De facto, todos nós somos
como emigrantes neste mundo em busca da casa do Pai comum que estará à nossa
espera, expectante, de braços abertos. Para nos guiar pelos caminhos mais
convenientes, enviou-nos pastores dispostos a ajudar-nos. Não desprezemos,
nunca, essa ajuda. Ela é preciosa e indispensável para não nos perdermos ou,
caso tal tenha acontecido, a voltar sobre o andado e retomar o rumo certo.
Parece talvez um
exagero tanto trabalho e tanta alegria por uma única ovelha que se perdeu.
Acaso não havia ainda um numeroso rebanho: noventa e nove ovelhas? Talvez, até,
alguém acabasse por encontrá-la e a devolvesse ao dono ou, a própria ovelha
sentindo o apelo irresistível do aprisco, voltasse ao rebanho. Talvez… mas o
Pastor não se detém a considerar estas possibilidades. Além disso, existe sempre
o perigo de qualquer animal feroz encontrar a ovelha e a devorar perdendo-a
para sempre. Trata-se de um pastor competente, dedicado ao seu rebanho e, para
ele, não há alternativa. Enquanto não encontrar a que está perdida sente que o
seu rebanho está incompleto e as contas que terá de dar ao dono têm de ser
justificadas: 'Fiz tudo para encontrar a ovelha perdida'.
É
absolutamente lógica a afirmação do Senhor sobre a alegria dos Santos Anjos
pela conversão de um pecador, porque, se alguém faz penitência com o intuito de
reparar por um pecado, então está a converter-se. Porque os Anjos da Guarda que
Deus coloca junto de cada ser humano não têm outra missão nem encargo que não
seja conduzir a criatura ao seio de Deus. Por isso mesmo lhes devemos estar
muito gratos e manter com eles uma relação de intimidade muito estreita e
confiada. É incalculável o poder e a importância da sua intervenção nas nossas
vidas. Milhões de crianças aprenderam das suas mães: “Santo Anjo do Senhor,
meu zeloso guardador, pela piedade divina, para sempre me protege, guarda e ilumina". Não nos cansemos de repetir amiúde esta belíssima e singela invocação.
Sobre os ombros fortes deste Pastor
Divino, ombros que suportaram o tremendo peso do madeiro da Cruz, sentimo-nos
protegidos quando nos carrega e às nossas faltas e pecados, de volta à casa do
Pai donde, tão amiúde, nos afastamos. Esta certeza de que Ele nunca desiste de
nos procurar até que nos encontre, é para nós, homens fracos e pecadores,
esperança confiante que o regresso é sempre possível e que nos bastará
deixarmo-nos conduzir com docilidade para recuperarmos a alegria perdida.
Nada nos dá
maior tranquilidade que pertencer a este rebanho cujo Pastor cuida de nós com um
zelo inexcedível. Andamos livremente por onde queremos e a pastagem nos parece
mais atractiva e apetecível. Sentimo-nos bem e seguros porque, à distância,
escutamos o seu silvo tranquilizador que nos guia e avisa dos perigos. E, se, na
nossa tonta ambição, nos afastamos demais e caímos nalgum barranco, Ele não
descansará enquanto não nos encontrar e nos trouxer de volta ao aprisco
acolhedor e seguro.
1-32 -
Pródigo porque regresso humilhado e contrito.
Pródigo porque me lanço a Teus pés implorando misericórdia. Pródigo porque não
tenho onde me acolher senão na “casa” de onde nunca devia ter saído. Pródigo
porque me converto e me reconheço naquilo que sou: um “filho” em viajem
permanente a caminho da casa do Pai.
O filho mais velho da parábola revela-se,
talvez, como a personagem “chave” da mesma. Parece evidente que Jesus contasse
esta parábola para ilustrar aos Seus ouvintes, a grandeza da misericórdia do pai,
da bondade divina. Um pai que, não só perdoa como se alegra profundamente com o
arrependimento do filho. Mas… onde estamos nós, de facto retratados? No Filho
que se afasta e, depois de se perder, reencontra o caminho de casa? Ter
prescindido do convívio com o Pai, regressa humilhado e contrito? Mas…
realmente, o Pai nunca cessou de o amar e, o reencontro, é a prova disso mesmo.
Mas o filho mais velho deseja ser o mais importante no amor do Pai e, mais, não
quer que esse amor seja repartido com o irmão mais novo. Não percebe que o Pai
ama os dois igualmente, não por aquilo que fazem, mas pelo que são: Seus filhos!
A
parábola de Jesus que São Lucas nos transmite de forma magistral é de uma
riqueza impressionante! Cada palavra tem um significado próprio, obviamente, e
inserida num contexto fluido e absorvente, deixa rapidamente de ser uma
parábola, uma história imaginada, para se tornar no retrato fiel da vida diária
de todos os homens. Os nossos desejos incontidos, a busca da felicidade a
qualquer preço, mesmo que, para tal, se corram riscos enormes e se chegue à
degradação pessoal, ao aviltamento e vergonha inconcebíveis. O prazer procurado
por si mesmo, a busca incessante de fazer o que no momento a vontade sugere,
deixar que a ambição cegue a realidade dos factos e da própria vida, são
atitudes muito mais frequentes que o que possamos imaginar. Já nos colocamos, a
nós próprios nessa figura do Filho Pródigo? Este, o exame que temos de fazer, a
consequência prática da leitura deste Evangelho! Quando nos deixamos levar pela
tentação – pequena ou grande – as consequências podem ser devastadoras e,
sempre, nos afastam da casa paterna, do alimento saudável e excelente que o Pai
nos tem guardado. Rasgamos a túnica que recebemos no Baptismo, perdemos o anel
que identifica a nossa linhagem de filhos de Deus e, inclusivamente, perdemos as
sandálias que nos levam pelo único caminho que nos deve interessar: seguir
Cristo!
Durante a Quaresma, a Liturgia apresenta-nos esta Parábola por várias
vezes. Nada mais adequado a um Tempo Litúrgico que nos fala de reconvenção,
arrependimento, mudança de vida, correcção dos erros e defeitos que este texto
em que São Lucas refere de forma magistral as palavras do Senhor exactamente
acerca desses temas. Não é nunca demais, saborear cada frase, determo-nos em
cada palavra interiorizando o que realmente o Senhor nos diz, fazendo como que
uma síntese, de modo a guardarmos bem no nosso coração e entendimento o que Ele
nos quer dizer: Deus é um Pai generoso que não nega nada aos Seus filhos e que está sempre pronto a perdoar quando estes fazem mau uso do que lhes dá.
3-7 -
A
devoção ao Sagrado Coração de Jesus é uma tradição muito antiga. Em casa dos
meus Pais, como era costume em famílias cristãs, um quadro votivo ao Sagrado
Coração ocupava lugar proeminente, normalmente na sala de família. Sempre
adornado com uma pequena jarra com flores frescas, substituídas todas as
semanas, era para todos os da casa uma referência de suma importância como que
a lembrar que aquela casa era Sua pertença e estava sob a Sua protecção. Ainda
hoje lá está e sempre que por ali passo não deixo de dizer-lhe – como a minha
querida Mãe me ensinou em criança – Sagrado Coração de Jesus fazei que o meu
coração seja igual ao Vosso. São costumes antigos! Pois são, mas deveriam ser
de sempre!
De
facto o Senhor pôs sobre os Seus ombros todos os meus pecados quando carregou o
madeiro da Cruz a caminho do Calvário. Não obstante eu, de vez, em quando perco-me
do rebanho e, depois, pela infinita misericórdia do Pastor, regresso uma e
outra vez. E sinto uma alegria enorme com esta certeza absoluta: que o Senhor
não descansa enquanto eu não estiver junto dele, no meio dos Seus.
Só
a alegria do reencontro consegue anular e fazer esquecer a tristeza do
afastamento. Sempre pronto a procurar-me, quando me afasto, O Senhor não Se
cansa de me chamar uma e outra vez. E, eu, apesar do descanso que é estar junto
deLe, da serenidade que desfruto com a Sua companhia, prefiro, tantas vezes,
uma solidão pateta e sem sentido e entrego-me a mim próprio e aos meus
devaneios por outras paragens que não me dizem nada. Como São Josemaria, Te
peço: “Senhor, que eu nunca Te perca”. (AMA - Santo Rosário, 5º Mistério Gozoso)
1-32 -
Não posso deixar de dizer que és o
Filho de Deus vivo, porque a minha fé mo dita, a minha inteligência conclui e o
meu amor confirma. Sei muito bem Quem és porque, constantemente, Tu próprio mo
revelas quando me acolhes tão prontamente como se eu fosse de suma importância
para Ti, porque não Te bastou salvares-me com a Tua morte na Cruz mas me
mantens vivo ajudando-me a levar as cruzes que eu próprio construo. Como não
dizer, bem alto, a todos que és O Salvador, O Redentor, O Cristo, O único Caminho, A própria Verdade, A Vida que vale a pena.
Não
é possível comentar este Evangelho sem nos introduzirmos na cena que descreve o
reencontro do Pai com o filho. Constatamos que o Pai está na expectativa do
regresso do seu filho à casa paterna porque o avista quando ainda vem longe e,
o amor que vê longe, reconhece-o imediatamente e não pode esperar mais, corre
ao seu encontro. Aí está o Nosso Pai do Céu na expectativa permanente do nosso
regresso e, quando se confirma o Seu desejo e se apercebe que queremos
regressar, nem ouve o que termos para Lhe dizer, antes se dá pressa em
restituir-nos a dignidade que tínhamos perdido. Voltando a assumir a nossa
suprema categoria, como podemos deixar o regresso para mais tarde? Agora! Agora
é o tempo de voltar!
A parábola tem um detalhe que ilustra
bem duas coisas: a justiça da actuação do Pai e a falta de razão do irmão mais
velho, ou seja: não favoreceu nem um nem outro filho, tratou ambos de igual
modo porque “repartir” significa exactamente dar por igual.
De
facto o pai não respondeu: quando me pediste alguma coisa, um cabrito, e eu to
neguei? Mas sim: «estás sempre comigo,
tudo o que é meu é teu». Aqui esta a "chave" da parábola, a grande
maravilha da misericórdia divina: Não isto, este bem, esta fortuna, mas «tudo o que é meu». Que pai terreno
poderia alguma vez dizer tal coisa a um filho, sobretudo a um filho ingrato e
invejoso? Só este Pai Divino, tem para com os Seus filhos tal magnanimidade e,
felicidade a minha, este é O meu Pai! Que mais posso querer? Tranquilamente vou
pensando na minha herança, mas, também na imensa fortuna do meu Pai que, é, já
e agora, também minha desde que eu esteja com Ele. Senhor, que nunca me afaste
de Ti.
Pode
parecer um “atrevimento” comentar esta parábola, autêntico “best seller” de conhecimento geral,
porque, atentando bem, está lá tudo, absolutamente, o que precisamos saber
sobre a relação de Deus com os homens. Mas, mais que comentar, para outros
lerem, interessa meditar em cada palavra, em cada situação mesmo correndo o
risco de nos deixarmos absorver pela beleza do texto e a síntese de uma
história que se repete em cada dia que passa. Este “filho pródigo” parece ser a
figura central da parábola mas, de facto não é. Quem avulta é a figura do Pai: Benevolente:
distribui o que o filho pede; Misericordioso: recebe-o de volta; Atento:
reinveste-o na posição que tinha anteriormente. Acontece connosco isto mesmo
sempre que recorremos ao Sacramento da Penitência e o Confessor nos concede a
Absolvição reintegrando-nos onde, voluntariamente, nos tínhamos afastado.
«Quantos jornaleiros há em casa de meu pai
que têm pão em abundância e eu aqui morro de fome!» Nada do que Jesus diz e
o Evangelho regista foi dito e registado "por acaso". Jesus não
refere "os jornaleiros" sem
acrescentar "quantos" o que
bem significa que nem todos «têm pão em
abundância» devido a estarem «em casa
de meu pai». Para ter pão, o pão divino que alimente e sacia é necessário,
mais que estar na casa do Pai, viver como Ele quer que vivamos e,
evidentemente, cumprir a Sua Vontade. Não fazendo isto não temos nem direito ao
pão nem a possibilidade de o receber. Faça-mos, primeiro, a Vontade de Deus e
logo o pão nos será dado com abundância.
A
alegria de um Pai quando um filho seu volta para a casa paterna, ao seu
convívio, ultrapassa qualquer “ressentimento” por mais grave que tenha sido o
motivo do seu afastamento e se o foi por pouco ou muito tempo. Podemos imaginar
a alegria no Céu inteiro com o Pai comum a acolher o regressado e a determinar
que assuma, sem mais, a posição que antigamente ocupava.
3-7-
A alegria do reencontro com Cristo é, pode dizer-se,
proporcional à tristeza de O ter perdido. A Liturgia fala da " "felix
culpa", como que dando a entender que até do próprio pecado o Senhor tira
bem. Ou, vendo de outra forma, que a maior alegria de Deus é ter a oportunidade
de perdoar aos homens as suas faltas. Isto nada tem de misterioso ou
extraordinário, quando se recupera a saúde depois e uma doença grave, depressa
se esquece o sofrimento causado por aquela. Ser assim é com o nosso corpo o que
não é com a nossa alma?
SANTO ROSÁRIO rezar com São João Paulo II
Rezar com São João Paulo II:
SANTO ROSÁRIO - Ladainha de Nossa Senhora
Memórias de Fátima
O que me liga a Fátima - o
O primeiro Reitor do Santuário que tenho memória,
chamava-se Amílcar Martins Fontes, que tinha sido nomeado em 1941, porque até
ali o Santuário apenas tinha Capelão.
Era coadjuvado pelo Padre Carlos, pessoa muito
simpática que tinha o seu quarto no topo da torre sul do primeiro edifício –
Hospital – e tinha um canário cuja gaiola tinha a porta sempre aberta.
Era fascinante ver o passarinho – que trinava
maravilhosamente – a esvoaçar por todo o quarto e, às vezes, arriscar-se nuns
voozitos pelo exterior.
(AMA,
Memórias de Fátima)
Temas para reflectir e meditar
Fazer
o que nos apetece ou agrada não custa nada, logo que mérito pode ter?
Inversamente,
fazer o que se deve, é conveniente e muito meritório.
(AMA,
reflexões, 08.10.2019)
FILOSOFIA E RELIGIÃO
COMUNISMO
O manifesto desprezo do homem,
nesta resposta de Lenine, a alguém que lhe censurava o sacrifício de tantas
vítimas nas suas experiências revolucionárias: Que importa?
Racha-se lenha: saltam cavacos! Ainda que fosse preciso empregar dez
milhões de corpos humanos, na edificação dor comunismo, sempre haviam de
sobejar os suficientes para povoar o nosso território.
(HENRI Massis, A
nova Rússia, Livraria Tavares Martins, Porto, I945, pag. 117)
Virtudes 4
Beata quae sine
morte meruit martyrii palmam: o martírio da vida quotidiana.
Desde o começo os
cristãos consideraram uma honra sofrer o martírio, pois reconheciam que os
levavam a uma plena identificação com Cristo. A Igreja manteve ao longo da
história uma tradição de particular veneração pelos mártires, que por especial
disposição da Providência derramaram o seu sangue para proclamar a sua adesão a
Jesus, oferecendo assim o maior exemplo não só de fortaleza, mas também de
testemunho cristão. (Cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 2473. Como se sabe, a palavra latina
martyr deriva do grego mártys, que significa testemunha)
Mesmo que não
tenham faltado em cada época histórica, incluída a nossa, essas testemunhas do
Evangelho, o facto é que na vida corrente em que a maior parte dos cristãos se
encontra, dificilmente chegaremos a essas condições. Não obstante, como
recordava Bento XVI, há também um “martírio da vida quotidiana”, de cujo
testemunho o mundo de hoje está especialmente necessitado: “o testemunho
silencioso e heróico de tantos cristãos que vivem o Evangelho sem compromissos,
cumprindo o seu dever e dedicando-se generosamente ao serviço aos pobres”. (Bento XVI,
Angelus, 28 de outubro de 2007. (São Josemaria descrevia este martírio
incruento em Caminho, n. 848) Neste
sentido, o olhar dirige-se a Santa Maria, pois Ela esteve ao pé da Cruz de seu
Filho, dando exemplo de extraordinária fortaleza sem padecer a morte física, de
modo que pode dizer-se que foi mártir sem morrer, segundo o teor de uma antiga
oração litúrgica. (“Bem-aventurada a Virgem Maria, que mereceu sem morrer a palma do martírio
ao pé da Cruz do Senhor”. Trata-se da Communio da festa da Virgem
Dolorosa no antigo Missal de São Pio V, que, com um leve retoque, passou a ser,
na forma corrente do rito latino, a antífona do aleluia do capítulo n. 11 do
Ordinário da Santíssima Virgem: “Beata est Maria Virgo, quae sine morte
meruit martyrii palmam sub cruce Domini” (cf. Pedro Rodríguez, n. 622 de
Camino, edição crítico-histórica, Rialp, Madrid 2004) “Admira a firmeza
de Santa Maria: ao pé da cruz, com a maior dor humana – não há dor como a sua
dor -, cheia de fortaleza.- E pede-lhe essa firmeza, para que saibas também
estar junto da Cruz. ((São Josemaria, Caminho, n. 508)
Pequena agenda do cristão
PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito:
Contenção; alguma privação; ser humilde.
Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.
Lembrar-me:
Filiação divina.
Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.
Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?
Temas para reflectir e meditar
APOSTOLADO
Inúmeras oportunidades se oferecem aos leigos para exercerem o apostolado e evangelização e santificação.
O próprio testemunho da vida cristã e as obras, feitas com espírito sobrenatural, têm eficácia par atrair os homens à fé e a Deus; diz o Senhor:
"Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, de modo que vejam as vossas boas obras e dêem glória ao vosso Pai que está nos Céus".
Inúmeras oportunidades se oferecem aos leigos para exercerem o apostolado e evangelização e santificação.
O próprio testemunho da vida cristã e as obras, feitas com espírito sobrenatural, têm eficácia par atrair os homens à fé e a Deus; diz o Senhor:
"Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, de modo que vejam as vossas boas obras e dêem glória ao vosso Pai que está nos Céus".
(Concílio Vaticano II, Decreto Apostolicam Actuositatem, nr. 6)
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