07/03/2018

Não cries necessidades

Não esqueças: tem mais aquele que precisa de menos. – Não cries necessidades. (Caminho, 630)


Há muitos anos – mais de vinte e cinco – eu costumava passar por um refeitório de caridade, para mendigos que não comiam em cada dia outro alimento senão o que ali lhes davam. Tratava-se de um local grande, entregue aos cuidados de um grupo de senhoras bondosas. Depois da primeira distribuição, acudiam outros mendigos, para recolher as sobras. Entre os deste segundo grupo houve um que me chamou a atenção: era proprietário de uma colher de lata! Tirava-a cuidadosamente do bolso, com avareza, olhava-a com satisfação e, quando acabava de saborear a sua ração, voltava a olhar para a colher com uns olhos que gritavam: é minha! Dava-lhe duas lambedelas para a limpar e guardava-a de novo, satisfeito, nas pregas dos seus andrajos. Efectiva mente era sua! Um pobre miserável que, entre aquela gente, companheira de desventura, se considerava rico.


Por essa altura, conhecia também uma senhora com título nobiliárquico, Grande de Espanha. Isto não conta nada diante de Deus: somos todos iguais, todos filhos de Adão e Eva, criaturas débeis, com virtudes e com defeitos, capazes dos piores crimes, se o senhor nos abandona. Desde que Cristo nos redimiu, não há diferença de raça, nem de língua, nem de cor, nem de estirpe, nem de riquezas... Somos todos filhos de Deus. Essa pessoa de que vos falo agora residia numa casa solarenga, mas não gastava consigo mesma nem duas pesetas por dia. Por outro lado, pagava muito bem aos seus empregados e o resto destinava-o a ajudar os necessitados, passando ela própria privações de todo o género. A esta mulher não lhe faltavam muitos desses bens que tantos ambicionam, mas ela era pessoalmente pobre, muito mortificada, completamente desprendida de tudo. Compreendestes bem? Aliás, basta escutar as palavras do Senhor: bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus.



Se desejas alcançar esse espírito, aconselho-te a que sejas sóbrio contigo e muito generoso com os outros. Evita os gastos supérfluos por luxo, por capricho, por vaidade, por comodidade...; não cries necessidades. Numa palavra, aprende com S. Paulo a viver na pobreza e a viver na abundância, a ter fartura e a passar fome, a ter de sobra e a padecer necessidade. Tudo posso naquele que me conforta. E, como o Apóstolo, também sairemos vencedores da luta espiritual, se mantivermos o coração desapegado, livre de ataduras. (Amigos de Deus, nn. 123–124)

Temas para meditar e reflectir

Eucaristia


Quando ouvia dizer a algumas pessoas que quereriam ser do tempo em que Cristo, nosso bem, andava pelo mundo, ria-me para comigo, parecendo-me que tendo-O tão verdadeiramente no Santíssimo Sacramento como agora, que mais queriam.


(SANTA TERESA DE JESUS, Caminho de perfeição, 34, 6)





Evangelho e comentário

Tempo de Quaresma

Evangelho: Mt 5, 17-19

17 «Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas. Não vim revogá-los, mas levá-los à perfeição. 18 Porque em verdade vos digo: Até que passem o céu e a terra, não passará um só jota ou um só ápice da Lei, sem que tudo se cumpra. 19 Portanto, se alguém violar um destes preceitos mais pequenos, e ensinar assim aos homens, será o menor no Reino do Céu. Mas aquele que os praticar e ensinar, esse será grande no Reino do Céu.

Comentários:

 Deve ser terrível a responsabilidade de alguém que propositadamente ensina, propaga o erro, a falsa doutrina

Quanto mais grave, quanto maior a inocência e fragilidade de quem é objecto de tal procedimento, mais “apertadas” serão as contas que terá de prestar.


(AMA, comentário sobre Mt 5, 17-19, HGSA, 23.02.2017)


Quaresma




Leitura espiritual

Jesus Cristo o Santo de Deus

CAPÍTULO VI

«TU AMAS-ME?»

O AMOR POR JESUS


2.Que significa amar Jesus Cristo

…/3

Mas vejamos como é que o dogma da única pessoa de Cristo pode dar uma resposta adequada a todos estes problemas postos no passado pela mística da essência divina e, nos nossos dias, pela difusão das formas da espiritualidade oriental.
Noutras palavras, vejamos como se pode dar uma justificação teológica à afirmação teológica segundo a qual absolutamente nada se deve antepor ao amor de Cristo, nem no âmbito humano, nem no âmbito divino.
Em quem, de facto, termina o amor?
Quem é o seu objecto?
Vimos mais atrás que o amor de concupiscência, o eros, pode terminar também nas coisas, ao passo que o amor de amizade, ou ágape, que é o do nosso caso, só pode terminar na pessoa, enquanto pessoa.
Mas quem é a pessoa de Cristo?
É Verdade que na linha das cristologias que falam de Cristo como de uma “pessoa humana”, tudo é diferente,
Segundo elas, não só é possível, mas absolutamente obrigatório transcender o próprio Cristo, se não se quiser permanecer no âmbito das coisas criadas.
Porém, se com a fé da Igreja acreditam que Cristo é “uma pessoa divina”, a pessoa do Filho de Deus, então o amor de Cristo é o próprio amor de Deus.
Sem diferença qualitativa.
Aliás é essa a forma que o amor de Deus tomou para com o homem em consequência da Encarnação.
Aquele que disse: «Quem Me odeia, odeia também a Meu Pai» [i], pode dizer também e de igual modo: «Quem Me ama, ama também o Meu Pai».
Em Cristo, nós alcançamos Deus directamente, sem intermediários.
Eu disse mais atrás que amar Jesus significa essencialmente fazer a vontade do Pai; vemos todavia que isto, em vez de criar diferença e inferioridade em relação ao Pai, cria igualdade.
O Filho é igual ao Pai, precisamente por causa da Sua dependência absoluta do Pai.

Se o significado perene da definição de Niceia é que, em todas as épocas e culturas, Cristo deve ser proclamado “Deus”, não numa acepção qualquer derivada ou secundária, mas sim na acepção mais forte que a palavra Deus tem em tais culturas, então também é verdade que Cristo não deve ser amado com um amor secundário ou derivado, mas como a Deus.
Noutras palavras, quem nenhuma cultura se pode conceber um ideal mais alto do que amar Jesus Cristo.

Todavia, é bem verdade que Jesus é também “homem”, e, enquanto tal, é um nosso “próximo”, um nosso “irmão” como Ele Se chama a Si próprio [ii],, ou melhor, o “primogénito entre muitos irmãos” [iii].
Portanto, Ele deve ser amado também com outro amor.
Ele é o vértice não somente do primeiro, mas também do segundo mandamento.
Ele é a síntese dos dois maiores mandamentos que n’Ele se tornam em certo sentido num único mandamento.
Ele é, como dizia S. Leão Magno, tudo pelo lado de Deus e tudo pelo nosso lado.
De resto, Ele próprio identificou-Se com o nosso próximo, dizendo que aquilo que se fizer ao mais pequena dos irmãos, será como fazê-lo a Ele mesmo [iv].

Houve alguns grandes pensadores e teólogos que, sem situarem o problema nestes mesmos nossos termos, obtiveram, porém, perfeitamente e exprimiram esta exigência central da fé cristã.
Um deles foi S. Boaventura.
Ele aponta algumas diferenças entre Cristo e Deus naquilo que diz respeito ao grande mandamento do amor.
Por vezes o seu objecto é “Deus”, outras vezes, é “o Senhor nosso Jesus Cristo”.
«Deve-se amar o Senhor Deus Jesus Cristo com todo o coração e toda a alma [v], escreveu ele comentando esta mandamento.
O amor de Cristo é para ele a forma definitiva e conveniente que para nós tomou o amor de Deus:
«Por isso me fiz homem visível – faz ele dizer ao Verbo de Deus – a fim de que, podendo veres-me tu, Eu pudesse ser amado por ti, já que Eu não podia ser amado por ti se não Me visses e Eu não fosse visível na Minha divindade.
Dá, portanto, o valor devido à Minha Encarnação e paixão, tu por quem Eu me fiz homem e padeci.
Eu dei-Me a ti, dá-te tu a Mim» [vi].

Ainda mais explícita e corajosa é a posição que toma Cabasillas, representando um rico filão do pensamento oriental.
Se eu cito tão frequentemente este autor da Idade Média bizantina e tão pouco conhecido, é porque considero que na sua Vida em Cristo representa em absoluto uma das obras-primas da literatura teológico-espiritual do cristianismo.
Toda ela está baseada sobre esta instituição de fundo tao simples e grandiosa. O homem, criado em Cristo e para Cristo, não encontra a sua meta e o seu repouso a não ser no amor de Cristo.
«Os olhos – escreve ele – foram criados para a luz, os ouvidos para os sons, e todas coisas para aquilo que lhes compete.
Mas o desejo da alma tende unicamente para Cristo.
É n’Ele que reside o seu repouso, porque só Ele é o bem, a verdade, e tudo aquilo que inspira amor.
O homem tende para Cristo com a sua natureza, a sua vontade, os seus pensamentos, não somente pela divindade de Cristo que é o fim de todas as coisas, mas também pela Sua humanidade:
O amor do homem encontra repouso em Cristo, Cristo é a delícia dos seus pensamentos» [vii].



(cont)
rainiero cantalamessa, Pregador da Casa Pontifícia.





[i] Jo 15,23
[ii] Cfr. Mt 28,10
[iii] Rm8,29
[iv] Cfr.25,35ssss
[v] S. Boaventura, De perf. Vitae ad soror, 7
[vi] S. Boaventura, Vitis mystica, 24
[vii] N. Cabasillas, Vida em Cristo, II, 9; VI, 10

Devoción a la Virgen



Un oficial del Ejército de EEUU explica cómo descubrió la verdadera masculinidad a través de la Virgen María

Pequena agenda do cristão

Quarta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)






Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?