Tempo comum XXXIV Semana
Evangelho:
Lc 21, 34-36
34 «Velai, pois,
sobre vós, para que não suceda que os vossos corações se tornem pesados com o
excesso do comer e do beber e com os cuidados desta vida, e para que aquele dia
não vos apanhe de improviso; 35 porque ele virá como uma armadilha
sobre todos os que habitam a superfície de toda a terra. 36 Vigiai,
pois, orando sem cessar, a fim de que vos torneis dignos de evitar todos estes
males que devem suceder, e de aparecer com confiança diante do Filho do Homem».
Comentário:
Eis
o “remédio” a solução para manter uma vida digna séria: a oração!
A
pessoa que reza com assiduidade mantém um contacto estreito e contínuo com Deus
e, naturalmente, este contacto ajuda-o a manter-se como costume dizer-se “na
linha” evitando os excessos que Jesus Cristo menciona neste trecho do Evangelho
e que condicionam fortemente o nosso comportamento.
(ama,
comentário sobre Lc 21 34-36 2014.11.29)
Leitura espiritual
Catequeses sobre a família 3
Queridos
irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje
continuamos com as catequeses sobre a Igreja e faremos uma reflexão sobre a
Igreja mãe.
A
Igreja é mãe.
A
nossa Santa mãe Igreja.
Nestes
dias a liturgia da Igreja colocou diante dos nossos olhos o ícone da Virgem
Maria Mãe de Deus.
O
primeiro dia do ano é a festa da Mãe de Deus, à qual se segue a Epifania, com a
recordação da visita dos Magos.
Escreve
o evangelista Mateus:
«Entrando na casa, acharam o menino com
Maria, sua mãe. Prostrando-se diante dele, adoraram-no» [i].
É
a Mãe que, depois de o ter gerado, apresenta o Filho ao mundo.
Ela
dá-nos Jesus, ela mostra-nos Jesus, ela faz-nos ver Jesus.
Continuamos
com as catequeses sobre a família e na família há a mãe.
Cada
pessoa humana deve a vida a uma mãe, e quase sempre lhe deve muito da própria
existência sucessiva, da formação humana e espiritual.
Contudo,
a mãe, embora seja muito exaltada sob o ponto de vista simbólico — muitas
poesias, muitas coisas bonitas se dizem poeticamente sobre a mãe — é pouco
escutada e pouco ajudada no dia-a-dia, pouco considerada no seu papel central
na sociedade.
Aliás,
muitas vezes aproveita-se da disponibilidade das mães a sacrificar-se pelos
filhos para «economizar» nas despesas sociais.
Acontece
também que na comunidade cristã a mãe nem sempre é valorizada, é pouco ouvida.
Todavia,
no centro da vida da Igreja está a Mãe de Jesus.
Talvez
as mães, prontas para muitos sacrifícios pelos filhos, e frequentemente também
pelos dos outros, deveriam ser escutadas. Seria necessário compreender melhor a
sua luta quotidiana para serem eficientes no trabalho e diligentes e afectuosas
em família; seria necessário compreender melhor quais são as suas aspirações a
fim de expressar os frutos melhores e autênticos da sua emancipação. Uma mãe
com os filhos tem sempre problemas, trabalhos.
Lembro-me
que em casa, éramos cinco filhos e enquanto um fazia uma travessura, o outro
fazia outra, e a minha pobre mãe corria de um lado para o outro, mas era feliz.
Deu-nos
tanto.
As
mães são o antídoto mais forte contra o propagar-se do individualismo egoísta.
«Indivíduo»
quer dizer «que não se pode dividir».
As
mães, ao contrário, «dividem-se», a partir do momento que hospedam um filho
para o dar à luz e fazer crescer.
São
elas, as mães, que mais odeiam a guerra, que mata os seus filhos.
Muitas
vezes pensei naquelas mães quando receberam uma carta: «Digo-lhe que o seu
filho morreu em defesa da pátria...».
Pobres
mulheres!
Como
sofre uma mãe!
São
elas que testemunham a beleza da vida.
O
arcebispo Oscar Arnulfo Romero dizia que as mães vivem um «martírio materno».
Na
homilia para o funeral de um sacerdote assassinado pelos esquadrões da morte,
ele disse, fazendo eco ao Concílio Vaticano II: «Todos devemos estar dispostos
a morrer pela nossa fé, ainda que o Senhor não nos conceda esta honra…
Dar
a vida não significa somente ser assassinado;
Dar
a vida, ter espírito de martírio, é dar no dever, no silêncio, na oração, no
cumprimento honesto do dever;
Naquele
silêncio da vida quotidiana;
Dar
a vida pouco a pouco?
Sim,
como a dá uma mãe que, sem temor, com a simplicidade do martírio materno,
concebe no seu seio um filho, dando-o à luz, amamentando-o, fazendo-o crescer e
cuidando dele com carinho.
É
dar a vida.
É
martírio».
Termino
aqui a citação.
Sim,
ser mãe não significa somente colocar um filho no mundo, mas é também uma
escolha de vida.
O
que escolhe uma mãe, qual é a escolha de vida de uma mãe?
A
escolha de vida de uma mãe é a escolha de dar a vida.
E
isto é grande, é bonito.
Uma
sociedade sem mães seria uma sociedade desumana, porque as mães sabem testemunhar
sempre, mesmo nos piores momentos, a ternura, a dedicação, a força moral.
As
mães transmitem, muitas vezes, também o sentido mais profundo da prática
religiosa: nas primeiras orações, nos primeiros gestos de devoção que uma
criança aprende, está inscrito o valor da fé na vida de um ser humano.
É
uma mensagem que as mães que acreditam sabem transmitir sem tantas explicações:
estas chegarão depois, mas a semente da fé está naqueles primeiros,
preciosíssimos momentos.
Sem
as mães, não somente não haveria novos fiéis, mas a fé perderia boa parte do
seu calor simples e profundo.
E
a Igreja é mãe, com tudo isso, é nossa mãe! Nós não somos órfãos, temos uma
mãe!
Nossa
Senhora, a mãe Igreja e a nossa mãe.
Não
somos órfãos, somos filhos da Igreja, somos filhos de Nossa Senhora e somos
filhos das nossas mães.
Queridas
mães, obrigado, obrigado por aquilo que sois na família e por que o dais à
Igreja e ao mundo.
E
a ti, amada Igreja, obrigado por ser mãe.
E
a ti, Maria, mãe de Deus, obrigado por nos fazer ver Jesus.
E
obrigado a todas as mães aqui presentes: saudemo-las com um aplauso!
papa francisco,
Audiência geral 7 de Janeiro de 2015