24/01/2021

Nunca amarás bastante

Por muito que ames, nunca amarás bastante. O coração humano tem um coeficiente de dilatação enorme. Quando ama, dilata-se num crescendo de carinho que supera todas as barreiras. Se amas o Senhor, não haverá criatura que não encontre lugar no teu coração. (Via Sacra, 8ª Estação, n. 5)

Vede agora o mestre reunido com os seus discípulos na intimidade do Cenáculo. Ao aproximar-se o momento da sua Paixão, o Coração de Cristo, rodeado por aqueles que ama, abre-se em inefáveis labaredas: dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros e que, do mesmo modo que eu vos amei, vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros. (Ioh XIII, 34–35.) (...). Senhor, porque chamas novo a este mandamento? Como acabamos de ouvir, o amor ao próximo estava prescrito no Antigo Testamento e recordareis também que Jesus, mal começa a sua vida pública, amplia essa exigência com divina generosidade: ouvistes que foi dito: amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo. Eu peço-vos mais: amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos aborrecem e orai pelos que vos perseguem e caluniam. Senhor, deixa-nos insistir: porque continuas a chamar novo a este preceito? Naquela noite, poucas horas antes de te imolares na Cruz, durante aquela conversa íntima com os que - apesar das suas fraquezas e misérias pessoais, como as nossas - te acompanharam até Jerusalém. Tu revelaste-nos a medida insuspeitada da caridade: como eu vos amei. Como não haviam de te entender os Apóstolos, se tinham sido testemunhas do teu amor insondável! Se professamos essa mesma fé, se ambicionamos verdadeiramente seguir as pegadas, tão nítidas, que os passos de Cristo deixaram na terra, não podemos conformar-nos com evitar aos outros os males que não desejamos para nós mesmos. Isto é muito, mas é muito pouco, quando compreendemos que a medida do nosso amor é definida pelo comportamento de Jesus. Além disso, Ele não nos propõe essa norma de conduta como uma meta longínqua, como o coroamento de toda uma vida de luta. É – e insisto que deve sê-lo para que o traduzas em propósitos concretos – o ponto de partida, porque Nosso Senhor o indica como sinal prévio: nisto conhecerão que sois meus discípulos. (Amigos de Deus, 222-223)

 

LEITURA ESPIRITUAL Janeiro 24

Evangelho

 

Mc I 23 – 45

 

Milagre na Sinagoga

23 Na sinagoga deles encontrava-se um homem com um espírito maligno, que começou a gritar: 24 «Que tens a ver connosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos arruinar? Sei quem Tu és: o Santo de Deus.» 25 Jesus repreendeu-o, dizendo: «Cala-te e sai desse homem.» 26 Então, o espírito maligno, depois de o sacudir com força, saiu dele dando um grande grito. 27 Tão assombrados ficaram que perguntavam uns aos outros: «Que é isto? Eis um novo ensinamento, e feito com tal autoridade que até manda aos espíritos malignos e eles obedecem-lhe!» 28 E a sua fama logo se espalhou por toda a parte, em toda a região da Galileia.

 

Cura da sogra de Pedro

29 Saindo da sinagoga, foram para casa de Simão e André, com Tiago e João. 30 A sogra de Simão estava de cama com febre, e logo lhe falaram dela. 31Aproximando-se, tomou-a pela mão e levantou-a. A febre deixou-a e ela começou a servi-los.

 

Outros milagres

32 À noitinha, depois do sol-pôr, trouxeram-lhe todos os enfermos e possessos, 33 e a cidade inteira estava reunida junto à porta. 34 Curou muitos enfermos atormentados por toda a espécie de males e expulsou muitos demónios; mas não deixava falar os demónios, porque sabiam quem Ele era. 35 De madrugada, ainda escuro, levantou-se e saiu; foi para um lugar solitário e ali se pôs em oração. 36 Simão e os que estavam com Ele seguiram-no. 37 E, tendo-o encontrado, disseram-lhe: «Todos te procuram.» 38 Mas Ele respondeu-lhes: «Vamos para outra parte, para as aldeias vizinhas, a fim de pregar aí, pois foi para isso que Eu vim.» 39 E foi por toda a Galileia, pregando nas sinagogas deles e expulsando os demónios.

 

Cura de um leproso

40 Um leproso veio ter com Ele, caiu de joelhos e suplicou: «Se quiseres, podes purificar-me.» 41 Compadecido, Jesus estendeu a mão, tocou-o e disse: «Quero, fica purificado.» 42 Imediatamente a lepra deixou-o, e ficou purificado. 43 E logo o despediu, dizendo-lhe em tom severo: 44 «Livra-te de falar disto a alguém; vai, antes, mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que foi estabelecido por Moisés, a fim de lhes servir de testemunho.» 45 Ele, porém, assim que se retirou, começou a proclamar e a divulgar o sucedido, a ponto de Jesus não poder entrar abertamente numa cidade; ficava fora, em lugares despovoados. E de todas as partes iam ter com Ele.

 


A filiação divina e vida interior (cont)

  A construção da Vida Interior passa, assim, a ser um trabalho constante com a finalidade de, pode dizer-se, tornar-se uma pessoa completa, carne e espírito, com domínio da vontade, agindo sob determinação do que considera conveniente e bom em detrimento da cedência fácil ao instinto ou apelo mais ou menos mirífico de felicidade.

A couraça, por chamar-lhe assim, que se vai construindo, alicerçada nos valores que se têm - e sabem – como sérios, válidos, importantes e fundamentais, vai-se fortalecendo constantemente não só com o esforço de interiorização, mas com a prática continuada de actos bons e meritórios que tornam verdadeiros e credíveis os desejos de melhoria interior.

  Por aqui se vê que a Vida Interior não é uma atitude estática, não se estabelece um qualquer patamar a partir do qual se considera completa e satisfeita a ânsia de melhoria, é, antes, um esforço contínuo de aperfeiçoamento que nunca se dá por satisfeito nem completo.

  À medida que os obstáculos vão sendo removidos, surgem novas arestas a limar, contornos a definir, emoções a estabilizar.

Evidentemente que tem a ver com a estreita ligação com Deus porque a consciência leva a orientar-se a vida de forma a agradar-lhe em tudo e num desejo de satisfazer a Sua vontade nas coisas pequenas como nas grandes.

  O pensador, a pessoa que por feitio ou profissão está em permanente evolução de pensamento, se não orienta esta acção para Deus fica-se sempre muito aquém de uma satisfação completa.

Trata-se de insistir nos pequenos vencimentos diários, ultrapassagens de obstáculos pouco importantes, metas intermédias que se vão alcançando sem desprezar qualquer oportunidade ou ensejo, não cedendo à tentação de deixar para depois, para uma ocasião que, por uma razão qualquer, se ache mais propícia.

  Esta ocasião ideal, de facto, nunca surge porque o ideal, o que convém realmente, é fazer o que tem de ser feito quando deve ser feito.

  Uma tarefa adiada è uma tarefa meio perdida ou, talvez, nunca concluída porque entretanto, outras surgiram que mereceram atenção e requereram acção da nossa parte.

  A Vida Interior não é uma postura mas um estado de alma, quer dizer, não é algo que se tenha de vez em quando mas sempre, seja qual for o ambiente ou circunstância.

  Por isso ligámos tão estreitamente a Vida Interior à Filiação Divina porque a constatação da segunda como sendo uma realidade, leva a considerar a primeira como uma necessidade.

  Com uma Vida Interior sólida, a pessoa é naturalmente alegre, com aquela alegria sã e serena que advém da certeza de que os actos que se praticam são convenientes e agradam a Deus, ao mesmo tempo que as preocupações ou adversidades que a vida corrente sempre traz consigo, nunca tomam dimensões desproporcionadas nem condicionam desmesuradamente a vida pessoal.

Antes são encaradas com naturalidade e a predisposição para as resolver e ultrapassar é muito maior porque não se encaram esses incidentes como fardos insuportáveis ou insolúveis mas, antes, vem ao de cima a confiança, a esperança e a certeza que nada é superior às próprias forças porque se sabe, com segurança, que Deus, se permite a carga também proporciona os meios para a suportar.

  Porque é que São Josemaria, como já se disse, é de facto um santo dos nossos dias com algo de revolucionário?

Porque, realmente, veio ensinar uma nova forma de focar a vida comum e corrente: ‘Os cristãos são para o mundo o que a alma é para o corpo. Vivem no mundo, mas não são mundanos, como a alma está no corpo, mas não é corpórea. Habitam em todos os povos, assim como a alma está em todas as partes do corpo. Actuam pela sua vida interior sem se fazerem notar, como a alma pela sua essência. Vivem como peregrinos entre coisas perecíveis, na esperança da incorruptibilidade dos céus, assim como a alma imortal vive agora numa tenda mortal. Multiplicam-se de dia para dia no meio das perseguições, assim como a alma se embeleza mortificando-se... E não é lícito aos cristãos abandonarem a sua missão no mundo, como não é permitido à alma separar-se voluntariamente do corpo.» ([1]); ou ainda:

  ‘A filiação divina é uma verdade feliz, um mistério consolador. A filiação divina empapa toda a nossa vida espiritual, porque nos ensina a procurar, conhecer e amar o nosso Pai do Céu, e assim cumula de esperança a nossa luta interior e nos dá a simplicidade confiante dos filhos pequenos. Mais ainda: precisamente porque somos filhos de Deus, esta realidade leva-nos também a contemplar com amor e com admiração todas as coisas que saíram das mãos de Deus Pai Criador. E deste modo somos contemplativos no meio do mundo, amando o mundo.» [2] 

  A constatação da nossa Filiação Divina leva-nos à necessidade da contemplação de tão magnífico dom.

Ser filho de Deus, com todos os direitos e prerrogativas que tal implica, é algo que não se apreende na totalidade.

Deus ama-nos como seres criados por Ele próprio mas, como se tal não bastasse, outorga-nos, com o Baptismo, essa filiação autêntica, real, efectiva!

Fazemos parte da Sua família íntima, somos amados verdadeira e incondicionalmente, sem mérito algum da nossa parte. E, este amor preenche por completo as nossas necessidades porque é um amor imenso, divino, sem comparação alguma com o mais excelente amor humano.

  Como todo o amor, pede retorno, - já vimos que amar é dar e receber - e o interessante e de espantar é que Deus, nosso Senhor e Criador, que não precisa do nosso amor para nada, espera verdadeiramente que Lhe retribuamos - tentemos sériamente retribuir - o Seu amor divino com o nosso amor humano, para o divinizar e devolver expurgado de qualquer impureza que possa conter.

  Quantas vezes, ao longo do dia, nas situações mais correntes, nos detemos nem que sejam uns escassos segundos a interiorizar estas realidades?

E não é nada de mais se considerarmos que Ele nos vê e nos ouve sempre, sempre!

 E, a Vida Interior é, finalmente, isso mesmo:

Essa disposição da alma para considerar a presença de Deus na nossa vida e, tomando consciência disto, fazer tudo para Lhe agradar como forma de retribuir tão grande bem.

  Educar a consciência, formar o carácter, esclarecer a mente, ter claras e bem definidas as balizas dentro das quais decorre a nossa vida com essa tendência e desejo de a concretizar:

Tudo, absolutamente, para Ti, meu Senhor e meu Deus: que tudo, absolutamente em Ti comece e acabe sempre!

 

 



[1] são josemaria escrivá,  Amigos de Deus, 63

           [2] s. josemaria escrivá, Cristo que Passa, 65

Sacramentos

 O Matrimónio

O divórcio é uma ofensa grave à lei natural. Pretende romper o contrato livremente aceite pelos esposos de viverem um com o outro até à morte. O divórcio é uma injúria contra a aliança da salvação, de que o matrimónio sacramental é sinal (Catecismo , 2384). Pode acontecer que um dos cônjuges seja a vítima inocente do divórcio declarado pela lei civil; esse, então, não viola o preceito moral. Há uma grande diferença entre o cônjuge que sinceramente se esforçou por ser fiel ao sacramento do matrimónio e se vê injustamente abandonado, e aquele que, por uma falta grave da sua parte, destrói um matrimónio canonicamente válido. (Catecismo, 2386)

Festas

 



São Francisco de Sales, bispo e doutor da Igreja

Pequena agenda do cristão

 


DOMINGO

Pequena agenda do cristão

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?



[i] Cfr. Lc 1, 38
[ii] AMA, orações pessoais
[iii] AMA, orações pessoais
[iv] AMA, orações pessoais
[v] Btº Álvaro del Portillo (oração pessoal)