Tempo Comum III Semana
Evangelho: Mc 4 35-41
35 Naquele mesmo
dia, ao cair da tarde, disse-lhes: «Passemos à outra margem». 36
Eles, deixando a multidão, levaram-n'O consigo, assim como estava, na barca.
Outras embarcações O seguiram. 37 Então levantou-se uma grande
tempestade de vento, e as ondas lançavam-se sobre a barca, de tal modo que a
barca se enchia de água. 38 Jesus estava na popa a dormir sobre um
travesseiro. Acordaram-n'O e disseram-Lhe: «Mestre, não Te importas que
pereçamos?». 39 Ele levantou-Se, ameaçou o vento e disse para o mar:
«Cala-te, emudece». O vento amainou e seguiu-se uma grande bonança. 40
Depois disse-lhes: «Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?». Ficaram
cheios de grande temor, e diziam uns para os outros: 41 «Quem será
Este, que até o vento e o mar Lhe obedecem?».
Comentário:
A
bonança que se segue à tempestade faz esquecer a violência e o temor que
provocou.
Assim
a paz de espírito que se instala no nosso coração depois da Confissão
Sacramental. O bem alcançado passa, assim, a ser muito mais importante que o
mal-estar anterior.
A
absolvição que, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo o Sacerdote nos
concede é o lenitivo necessário e conveniente para a inquietação e humilhações
que o pecado provocou.
Vale
a pena!!!
(ama, meditação sobre Mc 4, 35-41, 2014.02.01)
Leitura espiritual
São Josemaria Escrivá
Temas actuais do
cristianismo [i]
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Como
Grão-Chanceler da Universidade de Navarra, desejaríamos que nos falasse dos
princípios que a inspiraram ao fundá-la e do seu significado actual no âmbito
da Universidade espanhola.
A
Universidade de Navarra surgiu em 1952 - depois de rezar durante anos e anos,
sinto alegria ao dizê-lo - com a aspiração de dar vida a uma instituição
universitária na qual se plasmassem os ideais culturais e apostólicos de um
grupo de professores profundamente interessados na missão docente. Desejou
então - e deseja agora - contribuir, lado a lado com as outras universidades,
para resolver os graves problemas educativos da Espanha e de muitos outros
países que necessitam de homens bem preparados para constituírem uma sociedade
mais justa.
Quando
foi fundada, aqueles que a iniciaram não eram estranhos à Universidade
espanhola: eram professores que se tinham formado e exercido o seu magistério
em Madrid, Barcelona, Sevilha, Santiago, Granada e em várias outras
universidades. Esta colaboração estreita - atrever-me-ia a dizer que mais
estreita que a que mantêm entre si universidades inclusivamente vizinhas - tem
continuado, mediante frequentes intercâmbios e visitas de professores,
congressos nacionais nos quais se trabalha em conjunto, etc. O mesmo contacto
se tem mantido com as melhores universidades de outros países, como foi
confirmado pelo recente doutoramento honoris causa de professores da Sorbonne,
Harvard, Coimbra, Munique e Lovaina.
A
Universidade de Navarra tem servido também para orientar a ajuda de tantas
pessoas que vêem nos estudos universitários uma base fundamental do progresso
do país, quando estão abertos a todos aqueles que merecem estudar, sejam quais
forem os seus recursos económicos. É uma realidade a Associação de Amigos da
Universidade de Navarra que, com a sua contribuição generosa, já conseguiu
distribuir um elevado número de bolsas de estudo. Este número aumentará cada
vez mais, como aumentará a afluência de estudantes afro-asiáticos e
latino-americanos.
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Algumas
pessoas escreveram que a Universidade de Navarra é uma Universidade para ricos
e que, ainda por cima, recebe subsídios avultados do Estado. Quanto ao primeiro
ponto, sabemos que não é assim, porque somos também estudantes e conhecemos os
nossos companheiros; quais são, na realidade, esses subsídios estatais?
Existem
dados concretos, ao alcance de toda a gente, porque foram difundidos pela
imprensa, que permitem ver como - sendo o custo aproximadamente o mesmo das
restantes universidades - o número de universitários que recebem ajuda
económica para os seus estudos na Universidade de Navarra é superior ao de
qualquer outra Universidade do país. Posso dizer-vos que este número irá
aumentar para procurar alcançar uma percentagem mais alta ou, pelo menos, semelhante
à da Universidade não espanhola que mais se distinguir pelo seu trabalho de
promoção social.
Compreendo
que desperte as atenções ver a Universidade de Navarra como um organismo vivo
que funciona admiravelmente e que isto faça pensar na existência de ingentes
meios económicos. Mas não se tem em conta, ao discorrer assim, que não bastam
os recursos materiais para que uma iniciativa progrida com garbo: a vida deste
centro deve-se principalmente à dedicação, ao entusiasmo e ao trabalho que
professores, alunos, empregados, contínuos, estas benditas e queridíssimas
mulheres navarras que fazem a limpeza, todos, enfim, consagram à sua
Universidade. Não fora isto e a Universidade não teria podido aguentar-se.
A
Universidade tem sido financiada mediante subsídios. Em primeiro lugar, o da
Deputação Foral de Navarra, para despesas de manutenção. É preciso mencionar
também a cedência de terrenos por parte do Município de Pamplona, para a
construção dos edifícios, como é prática habitual dos municípios de tantos
países. Sabeis por experiência o interesse moral e económico que tem para uma
região como Navarra, e concretamente para Pamplona, contar com uma Universidade
moderna que abre, a todos, a possibilidade de receber um bom ensino superior.
Perguntais-me
por subsídios do Estado. O Estado espanhol não ajuda a cobrir as despesas de
sustentação da Universidade de Navarra. Concedeu apenas alguns subsídios para a
criação de novos postos escolares, os quais aliviam o grande esforço económico
requerido pelas novas instalações.
Outra
fonte de receitas, concretamente para a Escola Técnica Superior de Engenheiros
Industriais, são os subsídios da "Caja de Ahorros Provincial de
Guipúzcoa".
Tiveram
especial importância, desde os começos da Universidade, as ajudas prestadas por
fundações espanholas ou estrangeiras, estatais e privadas: assim, um vultoso
donativo oficial dos Estados Unidos, para dotar de aparelhagem científica a
Escola de Engenheiros Industriais; a contribuição da obra assistencial alemã
Misereor para o plano dos novos edifícios; a da Fundação Huarte para a
investigação sobre o cancro; as da Fundação Gulbenkian, etc.
Depois,
a ajuda que, se é possível, mais se agradece: a de milhares de pessoas de todas
as classes sociais, muitas delas de escassos recursos económicos, que em
Espanha e fora de Espanha, estão a colaborar, na medida das suas
possibilidades, na sustentação da Universidade.
Finalmente,
é preciso não esquecer as empresas que se interessam e cooperam nas tarefas de
investigação da Universidade, ou a ajudam de qualquer modo.
Talvez
penseis que, com tudo isto, o dinheiro acabe por sobrar. Não é assim: a
Universidade de Navarra continua a ser deficitária. Desejava que nos ajudassem
ainda mais pessoas e mais fundações, para podermos continuar com mais extensão
esta tarefa de serviço e de promoção social.
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Como
fundador do Opus Dei e impulsionador de uma ampla gama de instituições
universitárias em todo o Mundo, poder-nos-ia descrever que motivações levaram o
Opus Dei a criá-las e quais são os traços principais do contributo do Opus Dei
para este nível de ensino?
O
fim do Opus Dei é fazer com que muitas pessoas em todo o Mundo saibam, na
teoria e na prática, que é possível santificar a sua actividade corrente, o
trabalho de cada dia; que é possível buscar a perfeição cristã no meio da rua,
sem abandonar as actividades a que Nosso Senhor nos quis chamar. Por isso, o
apostolado mais importante do Opus Dei é aquele que é realizado individualmente
pelos seus sócios, através da sua actuação profissional exercida com a maior
perfeição humana - apesar dos meus erros pessoais e dos que cada um possa ter -
em todos os ambientes e em todos os países: porque pertencem ao Opus Dei
pessoas de umas setenta nações, de todas as raças e condições sociais.
Além
disso, o Opus Dei, como corporação, promove, com o concurso de um grande número
de pessoas que não estão associadas à Obra - e que muitas vezes não são cristãs
- trabalhos corporativos, com que procura contribuir para a resolução dos
problemas que o mundo actual enfrenta: centros educativos, assistenciais, de
promoção e habilitação profissional, etc.
As
instituições universitárias são apenas um aspecto destas actividades. As linhas
que as caracterizam podem resumir-se assim: educação na liberdade pessoal e na
responsabilidade também pessoal. Com liberdade e responsabilidade trabalha-se
com gosto, rende-se, não há necessidade de controles nem de vigilância, porque
todos se sentem em sua casa e basta um simples horário. Depois, o espírito de
convivência, sem discriminações de nenhuma espécie. É na convivência que se
formam as pessoas, até que cada qual aprenda que, para poder exigir que respeitem
a sua liberdade, deve saber respeitar a liberdade dos outros. Finalmente, o
espírito de fraternidade humana: os talentos próprios devem ser postos ao
serviço dos outros, pois sem isso de pouco valem. As obras corporativas que o
Opus Dei promove em todo o Mundo estão sempre ao serviço dos outros, porque são
um serviço cristão.
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Em
Maio, numa reunião que teve com os estudantes da Universidade de Navarra,
prometeu um livro sobre temas estudantis e universitários. Poder-nos- -ia dizer
se demorará muito a aparecer?
Permiti
a um velho de mais de sessenta anos esta pequena vaidade: confio em que o livro
sairá e poderá ser útil a professores e alunos. Pelo menos porei nele todo o
carinho que tenho pela Universidade, um carinho que nunca perdi desde que nela
pus os pés pela primeira vez há... tantos anos!
Talvez
demore ainda um pouco a aparecer, mas chegará. Prometi noutra ocasião, aos
estudantes de Navarra uma imagem da Santíssima Virgem para a colocar no meio do
campus, donde abençoasse o amor limpo, são, da vossa juventude. A estátua
demorou um pouco a chegar, mas chegou por fim: Santa Maria, Mãe do Amor
Formoso, benzida expressamente pelo Santo Padre para vós.
Acerca
do livro, devo dizer-vos que não espereis que agrade a todos. Exporei nele as
minhas opiniões, confiando em que serão respeitadas pelos que pensem o
contrário, como eu respeito todas as opiniões diferentes da minha, como
respeito aqueles que têm um coração grande e generoso, ainda que não
compartilhem comigo a fé de Cristo. Vou contar-vos uma coisa que me tem
sucedido muitas vezes, a última delas aqui, em Pamplona. Aproximou-se de mim um
estudante que queria cumprimentar-me.
-
"Monsenhor, eu não sou cristão" - disse-me - "sou
maometano" - "És filho de Deus como eu" - respondi- -lhe. E
abracei-o com toda a minha alma.
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Finalmente,
pode dizer-nos alguma coisa a nós, que trabalhamos na imprensa universitária?
O
jornalismo é uma grande coisa, também o jornalismo universitário. Podeis
contribuir muito para promover entre os vossos companheiros o amor aos ideais
nobres, o afã de superação do egoísmo pessoal, a sensibilidade ante os afazeres
colectivos, a fraternidade. E agora, uma vez mais, não posso deixar de vos
convidar a amar a verdade.
Não
vos oculto que me repugna o sensacionalismo de alguns jornalistas que dizem a
verdade a meias. Informar não é ficar a meio caminho entre a verdade e a
mentira. Isso nem se pode chamar informação, nem é moral, nem se podem chamar
jornalistas aqueles que misturam, com poucas meias verdades, bastantes erros e
mesmo calúnias premeditadas; não se podem chamar jornalistas porque não são
mais do que as engrenagens - mais ou menos lubrificadas - de qualquer
organização propaladora de falsidades, que sabe que serão repetidas até à
saciedade sem má fé, pela ignorância e estupidez de muitos. Tenho de
confessar-vos que, pela minha parte, esses falsos jornalistas ficam a ganhar,
porque não há dia em que não reze carinhosamente por eles, pedindo a Nosso
Senhor que lhes esclareça as consciências.
Rogo-vos,
pois, que difundais o amor ao bom jornalismo, que é aquele que não se contenta
com rumores infundados, com os boatos inventados por imaginações febris.
lnformai com factos, com resultados, sem julgar as intenções, mantendo a
legítima diversidade de opiniões, num plano equânime, sem descer ao ataque
pessoal. É difícil que haja verdadeira convivência onde falte a verdadeira
informação; e a informação verdadeira é aquela que não tem medo à verdade e que
não se deixa levar por desejos de subir, de falso prestígio ou de vantagens
económicas.
(cont)
[i]
Entrevista
realizada por Andrés Garrigó, publicada em "Gaceta Universitaria"
(Madrid, 5 de Outubro de 1967).