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Morreu ontem, aos 84 anos, vítima de cancro, o médico e activista pró-vida Bernard Nathanson. Nathanson dedicou a maior parte da sua vida a lutar pela questão do aborto: inicialmente, manifestou-se a favor da legalização do aborto; mais tarde, depois de um doloroso processo interior, manifestou-se contra.
Formado em 1949, especializou-se em obstetrícia e ginecologia.
Testemunhou em primeira mão as complicações resultantes de abortos ilegais nas mulheres pobres que acorriam ao hospital de Manhattan e convenceu-se da necessidade de lutar pela legalização do aborto nos Estados Unidos. Uma vez legalizada a prática, Nathanson tornou-se director do Centro de Saúde Sexual e Reprodutiva em Nova Iorque. Durante a sua vigência, o centro praticou cerca de 60 mil abortos. A estes acrescentava cinco mil feitos directamente por ele e outros 10 mil por residentes sob as suas ordens.
Em fi nais dos anos 70, começou a ter dúvidas sobre as suas práticas.
Numa conferência em Lisboa, em 1998, explicou que ele e os seus colegas apresentavam graves perturbações do sono, problemas no casamento e pesadelos.
“O Grito S “O Grito Silencioso” ilencioso” Com o avanço da tecnologia ecográfica, Nathanson acabaria por mudar radicalmente de opinião. Dedicou a sua vida “a tentar desfazer o mal que tinha feito”, falando em todo o mundo, incluindo Portugal, e apresentando-se sempre em público como “responsável por mais de 75 mil abortos”, alertando para “as técnicas propagandísticas dos adeptos da despenalização”.
Em 1985, narrou um curto documentário, chamado “O Grito Silencioso”, que acompanha a gestação e mostra imagens reais de um aborto a ser praticado. No vídeo, vê-se o feto a recuar perante a agulha e a abrir a boca, no que aparenta ser um grito.
Apesar das suas origens judaicas e ateístas, baptizou-se na Igreja Católica em 1996.
Pagina 1 Filipe d’Avillez