Tempo comum XXXIII Semana
Evangelho:
Lc 19, 45-48
45 Tendo entrado no
templo, começou a expulsar os vendedores, 46 dizendo-lhes: «Está
escrito: “A Minha casa é casa de oração; e vós fizestes dela um covil de
ladrões”». 47 Todos os dias ensinava no templo. Mas os príncipes dos
sacerdotes, os escribas e os chefes do povo procuravam perdê-l'O; 48
porém, não sabiam como proceder, porque todo o povo estava suspenso quando O
ouvia.
Comentário:
Alguém
poderá ser tentado a pensar que hoje em dia este Evangelho não se aplica: não
se exploram negócios nas Igrejas.
Não?
Ir
à Igreja para “ser visto”, para marcar uma posição social conveniente não é um
“negócio”, pior ainda, não é “defraudar o dono da casa” que espera que O
visitem com recta intenção?
(ama, comentário sobre Lc 19, 45-48, 2014.11.22)
Leitura espiritual
RESUMOS DA FÉ CRISTÃ
TEMA
10. A Paixão e Morte na Cruz
…/2
b) Eliminou o pecado com a
sua entrega.
Concretamente a Cruz
revela a misericórdia e a justiça de Deus:
a)
A misericórdia.
A Sagrada Escritura refere
com frequência que o Pai entregou o seu Filho nas mãos dos pecadores [i],
que não poupou o seu próprio Filho. Pela unidade das Pessoas divinas na
Trindade, em Jesus Cristo, Verbo encarnado, está sempre presente o Pai que O
envia.
Por este motivo, depois da
decisão livre de Jesus de entregar a sua vida por nós, está a entrega que o Pai
nos faz do seu Filho amado, entregando-O aos pecadores.
Esta entrega manifesta,
mais do qualquer outro gesto da história da salvação, o amor do Pai para com os
homens e a Sua misericórdia.
b)
A Cruz revela-nos também a justiça de Deus.
Esta não consiste tanto em
fazer pagar o homem pelo pecado, mas antes em conduzir o homem ao caminho da
verdade e do bem, restaurando os bens que o pecado destruiu.
A fidelidade, a obediência
e o amor de Cristo ao seu Pai Deus; a generosidade, a caridade e o perdão de
Jesus aos seus irmãos os homens; a sua veracidade, a sua justiça e inocência,
mantidas e afirmadas na hora da paixão e morte, cumprem esta função: esvaziam o
pecado da sua força condenatória e abrem os nossos corações à santidade e à
justiça, pois entrega-Se por nós. Deus livra-nos dos nossos pecados pela via da
justiça, pela justiça de Cristo.
Como fruto do sacrifício
de Cristo e pela presença da sua força salvadora, podemos sempre comportar-nos
como filhos de Deus, em qualquer situação por que passemos.
Jesus conheceu, desde o
princípio e do modo adequado, o progresso da sua missão e da sua consciência
humana, que o rumo da sua vida o conduziria à Cruz.
E aceitou-o plenamente;
veio cumprir a vontade do Pai até aos últimos pormenores [ii]
e esse cumprimento levou-O a «dar a sua
vida para redenção de todos»[iii].
Na realização da tarefa
que o Pai Lhe tinha encomendado, encontrou a oposição das autoridades
religiosas de Israel, que consideravam Jesus um impostor.
De modo que «alguns chefes
de Israel acusaram Jesus de agir contra a Lei, contra o Templo de Jerusalém, e
em particular, contra a fé no Deus único, porque Ele se proclamava Filho de
Deus.
Por isso, O entregaram a
Pilatos, para que o condenasse à morte»[iv].
Os que condenaram Jesus
pecaram ao recusar a Verdade que é Cristo.
Na realidade, todo o
pecado é uma recusa de Jesus e da verdade que Ele nos trouxe da parte de Deus.
Neste sentido, todo o
pecado encontra lugar na Paixão de Jesus.
«A paixão e a morte de
Jesus não podem ser imputadas indistintamente ao conjunto dos judeus então
vivos, nem aos outros judeus que depois viveram no tempo e no espaço. Cada
pecador, ou seja, cada homem, é realmente causa e instrumento dos sofrimentos
do Redentor e culpa maior têm aqueles, sobretudo se são cristãos, que mais
frequentemente caem no pecado e se deleitam nos vícios» [v].
Jesus morreu pelos nossos
pecados [vi]
para nos livrar deles e nos resgatar da escravidão que o pecado introduz na
vida humana.
A Sagrada Escritura diz
que a paixão e morte de Cristo é:
a) Sacrifício de aliança,
b) Sacrifício de expiação,
c) Sacrifício de
propiciação e de reparação pelos pecados,
d) Acto de redenção e
libertação dos homens.
a)
Jesus, oferecendo a sua vida a Deus na
Cruz, instituiu a Nova Aliança, quer dizer, a nova forma de união de Deus com
os homens que tinha sido profetizada por Isaías [vii],
Jeremias [viii].
O novo Pacto é a aliança
selada no corpo de Cristo entregue e no seu sangue derramado por nós [ix].
b) O sacrifício de Cristo
na Cruz tem um valor de expiação, quer dizer, de limpeza e purificação do
pecado [x].
b)
A Cruz é sacrifício de propiciação e de
reparação pelo pecado[xi].
Cristo manifestou ao Pai o
amor e a obediência que os homens Lhe tínhamos negado com os nossos pecados.
A sua entrega fez justiça
e satisfez o amor paterno de Deus, que tínhamos recusado desde a origem da
história.
c)
A Cruz de Cristo é acto de redenção e de
libertação do homem.
Jesus pagou a nossa
liberdade com o preço do seu sangue, quer dizer, dos seus sofrimentos e da sua
morte [xii].
Mereceu com a sua entrega
a nossa salvação para nos incorporar no reino dos céus: «Ele livrou-nos do
poder das trevas e transferiu-nos para o Reino do Seu muito amado Filho, no
Qual temos a redenção, a remissão dos pecados» [xiii].
Principal efeito da Cruz é
eliminar o pecado e tudo o que se opõe à união do homem com Deus.
A Cruz, além de eliminar
os pecados, livra-nos também do diabo, que dirige ocultamente a trama do pecado
e da morte eterna.
O diabo não pode nada
contra quem está unido a Cristo [xiv]
e a morte deixa de ser separação eterna de Deus e fica apenas como porta de
acesso ao último destino[xv].
Removidos todos estes
obstáculos, a Cruz abre a via da salvação para a humanidade, a possibilidade
universal da graça.
Juntamente com a
Ressurreição e a gloriosa Exaltação, a Cruz é causa da justificação do homem,
quer dizer, não só da eliminação do pecado e dos outros obstáculos, mas também
da infusão da vida nova (a graça de Cristo que santifica a alma).
Cada sacramento é um modo
diverso de participar na Páscoa de Cristo e de se apropriar da salvação que
dela provém.
Concretamente, o Baptismo
livra-nos da morte introduzida pelo pecado original e permite-nos viver a vida
nova do Ressuscitado.
Jesus é a causa única e
universal da salvação humana, o único mediador entre Deus e os homens.
Toda a graça de salvação
dada aos homens provém da sua vida e, em particular, do seu mistério pascal.
Como acabamos de dizer, a
Redenção operada por Cristo na Cruz é universal, estende-se a todo o género
humano.
Mas é preciso que chegue a
aplicar-se a cada um o fruto e os méritos da Paixão e Morte de Cristo,
principalmente por meio da fé e dos Sacramentos.
Nosso Senhor Jesus Cristo
é o único mediador entre Deus e os homens [xvi].
Mas Deus Pai quis que
fôssemos, não só redimidos, mas também co-redentores [xvii].
Chama-nos a tomar a sua
Cruz e a segui-Lo[xviii],
porque Ele «sofreu por nós deixando-nos exemplo para que sigamos as Suas pegadas»
[xix].
São Paulo escreve:
a) «Estou pregado com
Cristo na Cruz; vivo, mas já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim»[xx];
para alcançar a identificação com Cristo há que abraçar a Cruz;
b) «Completo na minha
carne o que falta à Paixão de Cristo, pelo seu Corpo que é a Igreja»[xxi];
podemos ser corredentores com Cristo.
Deus não nos quis livrar
de todas as adversidades desta vida, para que, aceitando-as, nos identifiquemos
com Cristo, mereçamos a vida eterna e cooperemos na tarefa de levar aos outros
os frutos da Redenção.
A doença e a dor,
oferecidas a Deus em união com Cristo, obtêm grande valor redentor, como também
a mortificação corporal praticada com o mesmo espírito com que Cristo padeceu,
livre e voluntariamente, na sua Paixão por amor a fim de nos redimir expiando
pelos nossos pecados.
Na Cruz, Jesus Cristo
dá-nos exemplo de todas as virtudes:
a)
De caridade:
«Não há maior amor do que
dar a própria vida pelos seus amigos»[xxii];
b)
De obediência:
Fez-se «obediente até à
morte, e morte de Cruz» [xxiii];
c)
De humildade , mansidão, paciência:
Suportou os sofrimentos
sem os evitar nem os suavizar, como manso cordeiro[xxiv];
d)
De desprendimento das coisas terrenas:
O Rei dos Reis e Senhor
dos que dominam aparece na Cruz nu, zombado, cuspido, açoitado e coroado de
espinhos, tudo por Amor.
O Senhor quis associar a
sua Mãe, mais intimamente do que ninguém, ao mistério do Seu sofrimento redentor
[xxv].
Nossa Senhora ensina-nos a
estar junto da Cruz do seu Filho [xxvi].
antonio ducay
Bibliografia
básica:
Catecismo
da Igreja Católica, 599-618.
Compêndio
do Catecismo da Igreja Católica, 112-124.
João
Paulo II, O Valor redentor da Paixão de Cristo, Catequese: 7-IX-1988,
8-IX-1988, 5-X-1988, 19-X-1988, 26-X-1988.
João
Paulo II, A Morte de Cristo: o seu carácter redentor, Catequese: 14-XII-88,
11-I-89.
Leituras recomendadas:
São Josemaria, Homilia «A
morte de Cristo vida do cristão», em Cristo que Passa, 95-101.
Diccionario de Teología,
C. Izquierdo et al. (ed.), vozes: Jesucristo (IV) e Cruz, Eunsa, Pamplona 2006.
[viii] cf. Jr 31, 31-33 e
Ezequiel cf. Ez 37,26
[x] cf. Rm 3,25; Hb
1,3; 1 Jo 2,2; 4,10
[xi] cf. Rm 3,25; Heb
1,3; 1 Jo 2,2; 4,10
[xxv] cf. Lc 2,35;
Catecismo, 618
[xxvi] Cf. São Josemaria,
Caminho, 508