Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
18/10/2020
SACRAMENTOS
A
liturgia e os sacramentos em geral
A liturgia cristã é
essencialmente actio Dei que nos une a Jesus através do Espírito (cf. Ex. ap. Sacramentum Caritatis, n. 37).
1.
O Mistério pascal: mistério vivo e vivificante
As palavras e as
acções de Jesus durante a Sua vida oculta em Nazaré e no Seu ministério público
eram salvíficas e antecipavam a força do Seu ministério pascal. «Uma vez
chegada a sua “Hora” (cf. Jo 13, 1;
17, 1.), Jesus
vive o único acontecimento da história que não passa jamais: morre, é
sepultado, ressuscita de entre os mortos e senta-Se à direita do Pai “uma vez
por todas” (Rm 6, 10; Heb 7,
27; 9, 12).
É um acontecimento real, ocorrido na nossa história, mas único; todos os outros
acontecimentos da história acontecem uma vez e passam, devorados pelo passado.
Pelo contrário, o mistério pascal de Cristo não pode ficar somente no passado,
já que pela Sua morte, Ele destruiu a morte; e tudo o que Cristo É, tudo o que
fez e sofreu por todos os homens, participa da eternidade divina, e assim
transcende todos os tempos e em todos se torna presente. O acontecimento da
cruz e da ressurreição permanece e atrai tudo para a vida» (Catecismo 1085).
Como sabemos, «no
início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o
encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte
e, desta forma, o rumo decisivo» (Bento
XVI, Enc. Deus Caritas Est, 25-XII-2005, 1) Daí que «a fonte da nossa fé e da liturgia
eucarística é o mesmo acontecimento: a doação que Cristo fez de Si próprio no
mistério pascal» (Bento XVI, Ex. ap.
Sacramentum Caritatis, 22-II-2007, 34. (Bento
XVI, Ex. ap. Sacramentum Caritatis, 22-II-2007, 34).
Juan
José Silvestre
Revisão
da versão portuguesa por AMA.
Bibliografia
básica
Catecismo
da Igreja Católica, 1066-1098; 1113-1143; 1200-1211 e 1667-1671.
Leituras
recomendadas
São
Josemaria, Homilia «A Eucaristia, mistério de fé e de amor», em Cristo que
Passa , 83-94; também os n. 70 e 80. Temas Actuais do Cristianismo, 115.
J. Ratzinger, Introdução ao Espírito da Liturgia, Edições Paulinas, 2002.
J.L. Gutiérrez-Martín, Belleza y misterio. La liturgia, vida de la Iglesia, EUNSA (Astrolabio), Pamplona 2006, pp. 53-84, 13-126.
União com Deus
União
com Deus
Procura
a união com Deus e enche-te de esperança - virtude segura! - porque Jesus te
iluminará, mesmo na noite mais escura, com a luz da Sua misericórdia. (Forja, 293)
Jesus
Christus, Deus Homo, Jesus Cristo,
Deus-Homem! Eis uma magnalia Dei (Act II, 11), uma das maravilhas de
Deus em que temos de meditar e que temos de agradecer a Este Senhor que veio
trazer a paz na terra aos homens de boa vontade (Lc 2, 14), a todos
os homens que querem unir a sua vontade à Vontade boa de Deus. Não só aos
ricos, nem só aos pobres! A todos os homens, a todos os irmãos! Pois irmãos
somos todos em Jesus; filhos de Deus, irmãos de Cristo. Sua Mãe é nossa Mãe.
É
preciso ver o Menino, nosso Amor, no seu berço. Olhar para Ele, sabendo que
estamos perante um mistério. Precisamos de aceitar o mistério pela fé,
aprofundar o seu conteúdo. Para isso necessitamos das disposições humildes da
alma cristã: não pretender reduzir a grandeza de Deus aos nossos pobres
conceitos, ás nossas explicações humanas, mas compreender que esse mistério, na
sua obscuridade, é uma luz que guia a vida dos homens. (Cristo que passa, 13)
Leitura espiritual Outubro 18
Cartas
de São Paulo
1.ª
Timóteo 4
Os falsos mestres –
1
O Espírito diz abertamente que, nos últimos tempos, alguns hão-de apostatar da
fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas diabólicas, 2 seduzidos
pela hipocrisia de mentirosos, cuja consciência foi marcada com ferro em brasa.
3 Proibirão o casamento e o uso de alimentos, que Deus criou para serem
consumidos em acção de graças, pelos que têm fé e conhecem a verdade. 4 Pois
tudo o que Deus criou é bom e nada deve ser rejeitado, quando tomado com acção
de graças. 5 Com efeito, tudo é santificado pela palavra de Deus e pela oração.
Modelo dos fiéis –
6
Expondo estas coisas aos irmãos, serás um bom servo de Cristo Jesus, alimentado
com as palavras da fé e da boa doutrina que tão diligentemente tens seguido. 7 Mas
rejeita as fábulas ímpias, coisa de comadres. Exercita-te na piedade. 8 O
exercício físico de pouco serve, mas a piedade é útil para tudo, pois tem a
promessa da vida presente e da futura. 9 É digna de fé e de toda a aceitação
esta palavra. 10 Pois se nós trabalhamos e lutamos, é porque pomos a nossa
esperança no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, sobretudo dos que
crêem. 11 Eis o que deves proclamar e ensinar. 12 Ninguém escarneça da tua
juventude; antes, sê modelo dos fiéis, na palavra, na conduta, no amor, na fé,
na castidade. 13 Enquanto aguardas a minha chegada, aplica-te à leitura, à
exortação, ao ensino. 14 Não descures o carisma que está em ti, e que te foi
dado através de uma profecia, com a imposição das mãos dos presbíteros. 15 Toma
a peito estas coisas e persevera nelas, a fim de que o teu progresso seja
manifesto a todos. 16 Cuida de ti mesmo e da doutrina, persevera nestas coisas,
porque, agindo assim, salvar-te-ás a ti mesmo e aos que te ouvirem.
Cristo que passa
56
José foi, no aspecto humano,
mestre de Jesus; conviveu com Ele diariamente, com carinho delicado, e cuidou
dele com abnegação alegre. Não será esta uma boa razão para considerarmos este
varão justo, este Santo Patriarca, no qual culmina a Fé da Antiga Aliança,
Mestre de vida interior?
A vida interior não é outra
coisa senão o convívio assíduo e intimo com Cristo, para nos identificarmos com
Ele.
E José saberá dizer-nos
muitas coisas sobre Jesus.
Por isso, não deixeis nunca
de conviver com ele; ite ad Joseph, como diz a tradição cristã com uma frase
tomada do Antigo Testamento.
Mestre da vida interior,
trabalhador empenhado no seu trabalho, servidor fiel de Deus em relação
contínua com Jesus: este é José.
Ite
ad Joseph.
Com São José o cristão
aprende o que é ser Deus e estar plenamente entre os homens, santificando o
mundo.
Ide a José e encontrareis
Jesus. Ide a José e encontrareis Maria, que encheu sempre de paz a amável
oficina de Nazaré.
57
Entramos no tempo da
Quaresma: tempo de penitência, de purificação, de conversão.
Não é fácil tarefa.
O cristianismo não é um
caminho cómodo; não basta estar na Igreja e deixar que os anos passem.
Na nossa vida, na vida dos
cristãos, a primeira conversão - esse momento único, que cada um de nós
recorda, em que advertimos claramente tudo o que o Senhor nos pede - é
importante; mas ainda mais importantes e mais difíceis são as conversões
sucessivas.
É preciso manter a alma
jovem, invocar o Senhor, saber ouvir, descobrir o que corre mal, pedir perdão,
para facilitarmos o trabalho da graça divina nessas sucessivas conversões.
Invocabit me et ego exaudiam
eum,
lemos na liturgia deste Domingo: Se me chamardes, Eu vos escutarei, diz o
Senhor.
Reparai nesta maravilha que
é o cuidado que Deus tem por nós, sempre disposto a ouvir-nos, atento em cada
momento à palavra do homem.
Em qualquer altura - mas
agora de modo especial, porque o nosso coração está bem disposto, decidido a
purificar-se - Ele nos ouve e não deixará de atender ao que Lhe pede um coração
contrito e humilhado.
O Senhor ouve-nos para
intervir, para Se meter na nossa vida, para nos livrar do mal e encher-nos de
bem: eripiam eum et glorificabo eum, Eu o livrarei e o glorificarei, diz do
homem.
Portanto: esperança do Céu.
E aqui temos, como doutras
vezes, o começo desse movimento interior que é a vida espiritual.
A esperança da glorificação
acentua a nossa fé e estimula a nossa caridade. E, deste modo, as três virtudes
teologais - virtudes divinas que nos assemelham ao nosso Pai, Deus - põem-se em
movimento.
Haverá melhor maneira de
começar a Quaresma?
Renovamos a Fé, a Esperança,
a Caridade. Esta é a fonte do espírito de penitência, do desejo de purificação.
A Quaresma não é apenas uma
ocasião de intensificar as nossas práticas externas de mortificação; se
pensássemos que era isso apenas, escapar-nos-ia o seu sentido profundo na vida
cristã, porque esses actos externos são, repito, fruto da Fé, da Esperança e do
Amor.
58
A arriscada segurança do
Cristão
Qui habitat in adiutorio
Altissimi in protectione Dei coelí commorabitur -
Habitar sob a protecção de Deus, viver com Deus: eis a arriscada segurança do
cristão.
É necessário convencermo-nos
de que Deus nos ouve, de que está sempre solícito por nós, e assim se encherá
de paz o nosso coração. Mas viver com Deus é indubitavelmente correr um risco,
porque o Senhor não Se contenta compartilhando; quer tudo.
E aproximar-se d'Ele um
pouco mais significa estar disposto a uma nova rectificação, a escutar mais
atentamente as suas inspirações, os santos desejos que faz brotar na nossa alma,
e a pô-los em prática.
Desde a nossa primeira
decisão consciente de viver integralmente a doutrina de Cristo, é certo que
avançámos muito pelo caminho da fidelidade à sua Palavra.
Mas não é verdade que restam
ainda tantas coisas por fazer?
Não é verdade que resta,
sobretudo, tanta soberba?
É precisa, sem dúvida, uma
outra mudança, uma lealdade maior, uma humildade mais profunda, de modo, que,
diminuindo o nosso egoísmo, cresça em nós Cristo, pois illum oportet crescere,
me autem minui, é preciso que Ele cresça e que eu diminua.
Não é possível deixar-se
ficar imóvel.
É necessário avançar para a
meta que S. Paulo apontava: não sou eu quem vive; é Cristo que vive em mim.
A ambição é alta e
nobilíssima: a identificação com Cristo, a santidade. Mas não há outro caminho,
se se deseja ser coerente com a vida divina que, pelo Baptismo, Deus fez nascer
nas nossas almas. O avanço é o progresso na santidade; o retrocesso é negar-se
ao desenvolvimento normal da vida cristã.
Porque o fogo do amor de
Deus precisa de ser alimentado, de aumentar todos os dias arreigando-se na
alma; e o fogo mantém-se vivo queimando novas coisas.
Por isso, se não aumenta,
está a caminho de se extinguir.
Recordai as palavras de
Santo Agostinho: Se disseres basta, estás perdido. Procura sempre mais, caminha
sempre, progride sempre. Não permaneças no mesmo sítio, não retrocedas, não te
desvies.
A Quaresma coloca-nos agora
perante estas perguntas fundamentais: Avanço na minha fidelidade a Cristo?
Em desejos de santidade?
Em generosidade apostólica
na minha vida diária, no meu trabalho quotidiano entre os meus companheiros de
profissão?
Cada um que responda a
estas. perguntas, sem ruído de palavras, e verá como é necessária uma nova
transformação para que Cristo viva em nós, para que a sua imagem se reflicta
limpidamente na nossa conduta.
«Se alguém quer vir atrás
de Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz de cada dia, e siga-Me».
Cristo repete-o a cada um de
nós, ao ouvido, intimamente: a Cruz de cada dia.
Não só - escreve São
Jerónimo - em tempo de perseguição, ou quando se apresenta a possibilidade do
martírio, mas em todas as situações, em todas as actividades, em todos os
pensamentos, em todas as palavras, neguemos aquilo que antes éramos e
confessemos o que agora somos, visto que renascemos em Cristo.
Estas considerações não são,
afinal, senão o eco das do Apóstolo: Outrora éreis trevas, mas agora sois luz
no Senhor. Comportai-vos como filhos da luz, porque o fruto da luz consiste na
bondade, na justiça e na verdade. Procurai o que é agradável ao Senhor.
A conversão é coisa de um
instante; a santificação é tarefa para toda a vida.
A semente divina da
caridade, que Deus pôs nas nossas almas, aspira a crescer, a manifestar-se em
obras, a dar frutos que correspondam em cada momento ao que é agradável ao
Senhor.
Por isso, é indispensável
estarmos dispostos a recomeçar, a reencontrar - nas novas situações da nossa
vida - a luz, o impulso da primeira conversão.
E essa é a razão pela qual
havemos de nos preparar com um exame profundo, pedindo ajuda ao Senhor para
podermos conhecê-Lo melhor e conhecer-nos melhor a nós mesmos.
Não há outro caminho para
nos convertermos de novo.
Pequena agenda do cristão
Outubro - Mês do Rosário
É uma cena comum, familiar e, ao mesmo tempo, de sociedade. E Cristo está presente como que a demonstrar que não Se alheia da vida comum dos Seus irmãos os homens por mais trivial ou simples que possa ser.
Sabemos por experiência própria que algumas vezes a vontade de Deus se apresenta como que difusa, pouco clara.
Outras vezes, trava-se uma luta no nosso íntimo entre aquilo que nos apetece fazer e o que sabemos nos convém que façamos.
E, o que nos convém, é sempre actuar com a meridiana certeza que fazemos o melhor que podemos em cada circunstância.
Os desejos, os propósitos têm sempre de estar estreitamente ligados à nossa consciência segura, bem formada que nunca deixará de nos alertar para o desvio, o desleixo, a comodidade.