18/07/2015

O que pode ver em NUNC COEPI em Jul 21

O que pode ver em NUNC COEPI em Jul 21

São Josemaria - Textos 

Guy de Broglie, Matrimónio, Q'uest-ce que l'amour conjugal (Guy

Bento XVI - Pensamentos espirituais

AMA - Comentários ao Evangelho Mt 12 46-50, Amigos de Deus (S. Josemaria), São Josemaria Escrivá

Aborto, Defesa da vida


Agenda Terça-Feira

O que pode ver em NUNC COEPI em Jul 18

O que pode ver em NUNC COEPI em Jul 18

São Josemaria – Textos

AMA - Comentários ao Evangelho Mt 12 14-21, Amigos de Deus (S. Josemaria), São Josemaria Escrivá

Aborto, Defesa da vida

Suma Teológica - Tratado da Vida de Cristo - Quest 31- Art 3,São Tomás de Aquino


Agenda Sábado

Pequena agenda do cristão



SÁBADO


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

Lembrar-me:

Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?


Defesa da vida

Questões sobre o aborto

…/3

Por que razão há leis frequentemente violadas que não são suprimidas?
O Estado tem-se mostrado até cada vez mais interventivo em matérias como a fuga ao fisco ou os excessos na condução. Por que razão, em matérias, como o aborto ou o consumo de drogas, se pretende seguir o processo inverso?
Quem decide que uns actos não devem ter fiscalização social e outros sim? Com que fundamento toma essa decisão?

No caso do aborto, ao admitir a consciência como único juiz do acto, poder-se-iam adivinhar um rol de consequências de transcendência social:

1) Morre um inocente, que não é quem emite o juízo de consciência;

2) Actua sob cobertura legal alguém que mata inocentes;

3) No caso de se querer opor ao aborto, a mulher fica sem protecção legal que contrabalance as pressões familiares e sociais;

4) A mulher que venha a sofrer o trauma pós-aborto encontrar-se-á numa situação em que alguém a terá de tratar: a equipa que procedeu ao aborto, ocupar-se-á da situação?;

5) Em caso de legalização, o Estado recrutará pessoas (pagando os contribuintes) para realizar o aborto a pedido;

6) Corre-se o risco de haver profissionais da saúde e estudantes de medicina impelidos a cooperar, mais ou menos “diplomaticamente”, com actos que violam as suas consciências;

7) Mais difícil de demonstrar em poucas linhas, é a diminuição da sensibilidade perante a vida humana.

Refiramos apenas um exemplo. Em Portugal, está legalizado o aborto eugenésico em determinadas condições.
Quando o Estado permite matar embriões pelo facto de terem uma deficiência, como olhará a sociedade para as pessoas com algum “handicap”?
Em rigor, uma sociedade humanista desdobrar-se-ia em medidas que visassem proteger aqueles que são portadores de alguma dificuldade adicional. Quando se permite a sua morte intra-útero o Estado dá um sinal de que esses cidadãos interessam menos do que os outros.
Não é, pois, estranho que várias associações que protegem as pessoas com deficiências protestem pela crescente falta de sensibilidade para com eles. 

Perante estas e outras questões, por que razão há-de ser o aborto uma questão de “mera consciência” da mulher?


(cont)

Tratado da vida de Cristo 19

Questão 31: Da concepção do Salvador quanto à matéria de que o Seu corpo foi concebido

Art. 3 — Se a genealogia de Cristo foi bem discriminada pelos Evangelistas.

O terceiro discute-se assim. — Parece que a genealogia de Cristo não foi bem discriminada pelos Evangelistas.

1. — Pois, diz a Escritura, de Cristo: Quem contará a sua geração? Logo, não se devia contar a geração de Cristo.

2. Demais. — É impossível um mesmo homem ter dois pais. Ora, Mateus diz, que Jacob gerou a José, esposo de Maria; e Lucas, por seu lado, que José era filho de Heli. Logo, escreveu um o contrário do outro.

3. Demais. — Mateus e Lucas fazem relações diversas. Assim, Mateus, no princípio do livro, começando de Abraão e descendo até José, enumera quarenta e duas gerações. Lucas, por seu lado, depois do babtismo de Cristo, refere a geração de Cristo, começando por ele e, levando o número das gerações até Deus, conta setenta e sete gerações, computando os extremos. Logo, parece que discriminam mal a geração de Cristo.

4. Demais. — Na Escritura lê-se, que Jorão gerou Ocosias: a quem sucedeu o filho Joás; a este, o seu filho Amásias; depois, reinou o filho deste, Azarias; chamado Osias: a quem sucedeu Joatan, seu filho. Mateus, porém, diz que Jorão gerou Osias. Logo, parece mal discriminada uma geração de Cristo, que omite, no meio, três reis.

5. Demais. — Todos os assinalados na geração de Cristo tiveram pais e mães; e muitos deles, também irmãos. Ora, Mateus, na geração de Cristo, enumera só três mães, a saber, Tamar, Rut e a esposa de Urias. Como irmãos designa Judas e Jeconias, e além deles, Fares e Zarâo. Ora, Lucas não menciona nenhum desses. Logo, parece que os Evangelistas discriminaram mal a genealogia de Cristo.

Mas, em contrário, a autoridade da Escritura.

Como diz o Apóstolo, toda a Escritura é divinamente inspirada. Ora, as coisas divinas realizam-se de maneira ordenadíssima, segundo ainda o Apóstolo: As causas de Deus são ordenadas. Donde, a genealogia de Cristo foi bem discriminada pelos Evangelistas.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Como ensina Jerónimo, Isaías refere-se à geração da divindade de Cristo. Ao passo que Mateus narra a geração de Cristo segundo a humanidade; não, certamente, explicando o modo da Encarnação, que é inefável também; mas, enumerando os pais de que Cristo procedeu segundo a carne.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Essa objecção, suscitada por Juliano o Apóstata, recebeu soluções diversas. Assim, alguns, como Gregório Nazianzeno opinam, que ambos os Evangelistas enumeram o mesmo personagem, Jacob e Heli, mas com dois nomes diferentes. - O que não é admissível, porque Mateus enumera Salomão um dos filhos de David; ao passo que Lucas enumera outro, que é Natan, os quais consta terem sido irmãos, segundo a Escritura.

Por isso, outros disseram, que Mateus nos dá a verdadeira genealogia de Cristo; ao passo que a de Lucas é putativa, e o começar assim – Jesus era, como se julgava, filho de José. Pois, havia alguns judeus, que por causa dos pecados dos reis de Judá, criam que Cristo nasceria de David, não mediante os reis, mas por uma linhagem privada. Outros, porém, disseram que Mateus numerou os pais carnais; ao passo que Lucas, os espirituais, isto é, os varões justos, denominados pais pela honestidade da sua vida.

Segundo outra opinião, responde-se que não devemos pensar que Lucas chama a José filho de Heli, mas sim, que diz terem sido Heli e José pais de Cristo, descendente diversamente de David. Por isso diz que Cristo era, como se julgava, Filho de José, e que também o próprio Cristo foi filho de Reli; quase como se dissesse que Cristo pela mesma razão por que é chamado filho de José pode ser também cognominado filho de Heli e de todos os reis descendentes da raça de Davdi. Assim, diz o Apóstolo: de quem, isto é, dos judeus, descende também segundo a carne.

Mas Agostinho, resolve essa dificuldade de três modos, dizendo: Há três vias seguidas singularmente pelos Evangelistas. — Ou então um Evangelista designa o pai que realmente gerou a José, ao passo que o outro designou-lhe o avô materno ou um dos seus mais próximos parentes. Ou um era o pai natural de José e o outro pai adoptivo. — Ou, segundo o costume dos Judeus, quando um homem morria sem deixar filhos, um dos seus próximos tomava-lhe a mulher, sendo o filho que ele engendrasse imputado ao morto. O que também constitui um certo género de adoção legal, como o próprio Agostinho o afirma. E esta última via é a mais verdadeira, que também Jerónimo apresenta; e Eusébio Cesariense refere o historiador Júlio Africano e preconiza. Assim, dizem que Matan e Melqui procriaram em tempos diversos, da mesma esposa, chamada Esta, um filho chamado Jacob. Porque Matan, descendente de Salomão, foi quem primeiro a tomou por mulher e morreu deixando um filho chamado Jacob. Mas depois da morte de Matan, como a lei não proibia a viúva casar com outro homem, Melqui, também da mesma tribo, por Matan, embora não da mesma família, tomou como esposa a viúva de Matan, da qual também houve um filho chamado Reli. Donde vem que, nascidos de pais diferentes, Jacob e Heli eram irmãos uterinos. Desses, um, Jacob, tendo casado, por disposição da lei, com a viúva de seu irmão Heli, morto sem filhos, gerou a José, na verdade e naturalmente filho seu, tornado porém, pelo preceito da lei, filho de Heli. Por isso diz Mateus que Jacob gerou a José; enquanto Lucas, descrevendo a geração legal, não usa, na sua genealogia, o verbo gerar. Embora, porém, Damasceno diga que a Santa Virgem Maria era parente de José, por este descender de Heli, considerado como seu pai, e isto porque ele a faz descender de Heli, devemos contudo crer que ela também descendia de Salomão de algum modo, mediante os antepassados da enumeração de Mateus que narra a geração carnal de Cristo; sobretudo que Ambrósio diz ter Cristo descendido da raça de Jeconias.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Como diz Agostinho, o desígnio de Mateus era fazer conhecer a pessoa real de Cristo, ao passo que Lucas, a sua pessoa sacerdotal. Por isso, a genealogia de Mateus indica que N. S. J. Cristo assumiu os nossos pecados, tendo assumido a semelhança da carne do pecado, pela sua origem carnal. Ao passo que a genealogia de Lucas significa que os nossos pecados foram delidos pelo sacrifício de Cristo. Por isso a genealogia de Mateus enumera os descendentes, e a de Lucas, os ascendentes. - Também por isso é que Mateus desce de David, passando por Salomão, em cuja mãe David pecou; ao passo que Lucas sobe até David, por Matan, porque foi por um profeta desse nome que Deus perdoou o pecado de David. - Donde vem ainda que, querendo Mateus significar que Cristo desceu até à nossa mortalidade, mencionou, desde o início, no seu Evangelho, as gerações desde Abraão, até José, em ordem descendente, até a natividade de Cristo. Ao passo que Lucas começa a enumerar as gerações, não do início, mas do baptismo de Cristo, e não em ordem descendente, mas ascendente, querendo assim frisar que Cristo foi o sacerdote da expiação dos pecados e por isso invocou o testemunho de João, quando este disse: Eis o que tira os pecados do mundo. E, na ordem ascendente, Lucas passou por Abraão e chegou a Deus com o qual fomos reconciliados depois de purificados e expiados. - E com razão também, na sua genealogia, Lucas indicou a ordem de adopção, pois, esta nos torna filhos de Deus; ao passo que pela geração carnal o Filho de Deus foi feito filho do homem. E suficientemente demonstrou que, quando disse ser José filho de Heli, não quis com isso considerá-lo como gerado por Heli, mas, como adoptado por este; pois, também disse que Adão foi filho de Deus, embora fosse feito por Deus.
Quanto ao número quadragenário, refere-se ao tempo da vida presente, por causa das quatro partes do mundo, onde transcorre a nossa vida mortal, guiados por Cristo nosso rei. Pois, quarenta contém quatro vezes dez; e este último número, por sua vez, resulta da adição dos números que vão de um a quatro. Mas também o número denário podia referir-se ao Decálogo; e o quaternário, à vida presente, ou ainda aos quatro Evangelhos, pelos quais Cristo reina em nós. Por isso Mateus, a fim de louvar a pessoa real de Cristo, enumerou quarenta personagens, exceptuando Cristo. Mas isto deve entender-se assim, se o Jeconias enumerado no fim do segundo quaternário e no princípio do terceiro é o mesmo personagem. Conforme Santo Agostinho, essa dupla menção de Jeconias significa que por ele, quando do cativeiro de Babilónia, fez-se um êxodo para as nações estrangeiras; o que também prefigurava Cristo, que passou dos povos circuncisos para os incircuncisos. Mas Jerónimo diz, que houve dois Joaquins, isto é, Jeconias, a saber, o pai e o filho; ambos os quais foram incluídos na geração de Cristo, para que constasse a distinção das gerações, que o Evangelista divide em três séries de catorze. O que sobe a quarenta e duas pessoas. Número esse que também se adapta à santa Igreja. Pois, quarenta e dois é formado de seis, que significa o labor da vida quotidiana, e do número sete, que significa o repouso da vida futura; pois, seis vezes sete são quarenta e dois. E também o número catorze, resultante da soma de dez e de quatro, é susceptível do mesmo simbolismo atribuído ao número quarenta, cujo total é o produto da multiplicação dos mesmos números quatro e dez.

Quanto ao número, de que se serve Lucas, das gerações até Cristo, ele representa a totalidade dos pecados. Pois, o número dez, como o número da Justiça, manifesta-se nos dez preceitos da lei. Ora, o pecado é a transgressão da lei. E o número que vai além de dez ou o transgride é o número onze. Quanto ao número sete, ele significa a totalidade, porque o tempo se consumou totalmente com o número dos sete dias. Ora, como sete vezes onze são setenta e sete, esse total significa a universalidade dos pecados, que Cristo define.

RESPOSTA À QUARTA. — Como diz Jerónimo, por o rei Jorão se ter aliado à família da impíssima Jezabel, por isso a sua memória foi suprimida até a terceira geração, a fim de que ela não aparecesse na genealogia sagrada da natividade. E assim, como diz Crisóstomo, tão grande foi a bênção derramada sobre Jehu, por ter exercido vingança sobre a casa de Acab e de Jezabel, como foi grande a maldição sobre a casa de Jorão, por causa da filha do iníquo Acab e Jezabel; e seus filhos foram eliminados do número dos reis até a quarta geração, como se lê na Escritura: Vingarei a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração. E ainda devemos atender a que também os outros reis, enumerados na genealogia de Cristo, foram pecadores; mas a impiedade deles não foi continuada. Assim, como diz um autor, Salomão foi mantido como rei, pelos méritos de seu pai; Roboão, pelos méritos de Osa, filho de Abias e seu neto. Pelo contrário, a impiedade dos três reis em questão perdurou até o fim.

RESPOSTA À QUINTA. — Como diz Jerónimo, a genealogia do Salvador não enumera nenhuma das santas mulheres, mas só as censuradas na Escritura; porque aquele que veio por causa dos pecadores devia, nascendo de pecadoras, delir os pecados de todos. Por isso é mencionada Tamar, censurada por causa das suas relações com o cunhado; e Raab, que foi meretriz; e Rut, que era alienígena; e Bersabé, mulher de Urias, que foi adúltera. A qual, porém, não é designada com o seu nome próprio, mas com o nome de seu marido. Quer por causa do seu pecado, pois praticou conscientemente o adultério e o homicídio; quer também para, com a nomeação do marido, fazer memória do pecado de David. - E como Lucas visava designar a Cristo como expiador dos pecados, não faz menção dessas mulheres. - Faz menção porém dos irmãos de Judas, para mostrar que pertenciam ao povo de Deus, embora Ismael, irmão de Isaac, e Esaú, irmão de Jacob, fossem separados do povo de Deus, e por isso não se faz menção deles na genealogia de Cristo. E também para excluir o orgulho da nobreza. Pois, muitos dos irmãos de Judas nasceram de escravos; mas todos foram a um tempo Patriarcas e chefes de tribos. - Quanto a Farés e a Zarão, foram simultaneamente nomeados, como diz Ambrósio, como símbolos das duas vidas que vivem os povos – uma, segundo a lei, significa da por Zarão; outra, segundo a fé, significada por Farés. - Quanto aos irmãos de Jeconias, são mencionados porque todos reinaram em tempos diversos; o que não se deu com os outros reis. Ou porque foi semelhante a iniquidade e a miséria deles.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.



Evangelho, comentário, L. Espiritual



Tempo comum XV Semana


Evangelho: Mt 12, 14-21

14 Os fariseus, saindo dali, tiveram conselho contra Ele sobre o modo de O levarem à morte. 15 Jesus, sabendo isto, retirou-Se daquele lugar. Muitos seguiram-n'O, e curou-os a todos. 16 Ordenou-lhes que não O descobrissem, 17 para que se cumprisse o que tinha sido anunciado pelo profeta Isaías: 18 “Eis o Meu servo, que Eu escolhi, o Meu amado, em Quem a Minha alma pôs as suas complacências. Farei repousar sobre Ele o Meu Espírito, e Ele anunciará a justiça às nações. 19 Não discutirá, nem clamará, nem ouvirá alguém a Sua voz nas praças; 20 não quebrará a cana rachada, nem apagará a torcida que fumega, até que faça triunfar a justiça; 21 e as nações esperarão no Seu nome”.

Comentário:

A prudência é uma virtude muito mais difícil de alcançar do que possa pensar-se.

Confunde-se, muitas vezes, prudência com hesitação, medo, cobardia e não tem nada a ver.

Ser prudente é, antes de mais, uma medida inteligente porque, em suma, se trata de obter as informações e referências que permitam decidir melhor o que fazer, que atitude tomar.

A prudência é, pois, oposta à precipitação, ao repentismo.

Prudência é, também, obter conselho de quem dá garantias de boa e sólida formação.

(ama, comentário sobre Mt 12, 14-21, 2011.07.16)


Leitura espiritual




São Josemaria Escrivá

Amigos de Deus


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Como o bater do coração

Enquanto falo, sei que vós, na presença de Deus, procurais ir revendo o vosso comportamento.
Não é verdade que a maioria dessas preocupações que têm inquietado a tua alma, dessas faltas de paz, deriva de não teres correspondido aos convites divinos ou talvez de estares a percorrer o caminho dos hipócritas, porque te procuravas a ti próprio?
Com o triste desejo de manter perante os que te rodeiam a mera aparência de uma atitude cristã, no teu interior negavas-te a aceitar a renúncia, a mortificar as tuas paixões tortuosas, a dares-te sem condições, abnegadamente, como Jesus Cristo.

Reparai, nestes momentos de meditação perante o sacrário, não vos podeis limitar a ouvir as palavras que o sacerdote pronuncia como que materializando a oração íntima de cada um.
Apresento-te umas considerações, indico-te uns pontos, para que os recebas activamente e reflictas por tua conta, convertendo-os em tema de um colóquio pessoalíssimo e silencioso entre ti e Deus, de maneira que os apliques à tua situação actual e, com as luzes que o Senhor te der, distingas na tua conduta o que vai direito do que vai por mau caminho, a fim de rectificares com a sua graça.

Agradece ao Senhor esse cúmulo de boas obras que realizaste, desinteressadamente, porque podes cantar com o salmista: Ele tirou-me do abismo de miséria e do lodo profundo. E firmou os meus pés sobre a rocha e dirigiu os meus passos.
Pede-lhe também perdão pelas tuas omissões ou pelos teus passos em falso, quando te meteste nesse lamentável labirinto da hipocrisia, ao afirmar que desejavas a glória de Deus e o bem do teu próximo, mas na verdade só procuravas honras para ti mesmo...

Sê audaz, sê generoso e diz que não, que já não queres defraudar mais o Senhor e a humanidade.

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É a hora de recorreres à tua Mãe bendita do Céu, para que te acolha nos seus braços e te consiga do seu Filho um olhar de misericórdia.
E procura depois fazer propósitos concretos: corta de uma vez, ainda que custe, esse pormenor que estorva e que é bem conhecido de Deus e de ti.
A soberba, a sensualidade, a falta de sentido sobrenatural aliar-se-ão para te sussurrarem: isso?
Mas se se trata de uma circunstância tonta, insignificante!
Tu responde, sem dialogar mais com a tentação: entregar-me-ei também nessa exigência divina!
E não te faltará razão: o amor demonstra-se especialmente em coisas pequenas.
Normalmente, os sacrifícios que o Senhor nos pede, os mais árduos, são minúsculos, mas tão contínuos e valiosos como o bater do coração.

Quantas mães conheceste como protagonistas de um acto heróico, extraordinário?
Poucas, muito poucas.
E contudo, mães heróicas, verdadeiramente heróicas, que não aparecem como figuras de nada espectacular, que nunca serão notícia - como se diz - tu e eu conhecemos muitas: vivem sacrificando-se a toda a hora, renunciando com alegria aos seus gostos e passatempos pessoais, ao seu tempo, às suas possibilidades de afirmação ou de êxito, para encher de felicidade os dias dos seus filhos.

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Tomemos outros exemplos, também da vida corrente. S. Paulo menciona-os: todos os que combatem na arena de tudo se abstêm, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém esperamos uma incorruptível.
Basta deitar um olhar à nossa volta.
Reparai a quantos sacrifícios se submetem de boa ou má vontade, eles e elas, para cuidar do corpo, para defender a saúde, para conseguir a estima alheia...
Não seremos nós capazes de nos comover perante esse imenso amor de Deus, tão mal correspondido pela humanidade, mortificando o que tiver de ser mortificado, para que a nossa mente e o nosso coração vivam mais pendentes do Senhor?

Alterou-se de tal forma o sentido cristão em muitas consciências que, ao falar de mortificação e de penitência, se pensa apenas nesses grandes jejuns e cilícios que se mencionam nos admiráveis relatos de algumas biografias de santos.
Ao iniciar esta meditação, aceitámos a premissa evidente de que temos de imitar Jesus Cristo, como modelo de conduta.
É certo que Ele preparou o começo da sua pregação retirando-se para o deserto, a fim de jejuar durante quarenta dias e quarenta noites, mas antes e depois praticou a virtude da temperança com tanta naturalidade, que os seus inimigos aproveitaram para rotulá-lo caluniosamente de glutão e bebedor de vinho, amigo dos publicanos e dos pecadores.

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Interessa-me que descubrais em toda a sua profundidade esta simplicidade do Mestre, que não faz alarde da sua vida penitente, porque isso mesmo te pede Ele a ti: quando jejuais, não vos mostreis tristes como os hipócritas, que desfiguram os seus rostos para mostrar aos homens que jejuam.
Na verdade vos digo que já receberam a sua recompensa.
Mas tu, quando jejuas, unge a tua cabeça e lava o teu rosto, a fim de que não pareça aos homens que jejuas, mas a teu Pai, que está presente ao que há de mais secreto, e teu Pai, que vê no secreto, te dará a recompensa.

Assim te deves exercitar no espírito de penitência: na presença de Deus e como um filho, como o pequenito que demonstra a seu pai quanto o ama, renunciando aos seus poucos tesouros de escasso valor - um carro de linhas, um soldado sem cabeça, uma carica; custa-lhe dar esse passo, mas no fim o carinho pode mais e estende satisfeito a mão.


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Permiti-me que vos repita uma e outra vez o caminho que Deus espera que cada um percorra, quando nos chama para o servir no meio do mundo, para santificar e nos santificarmos através das ocupações normais.
Com um sentido comum colossal, ao mesmo tempo cheio de fé, pregava S. Paulo que na lei de Moisés está escrito: não atarás a boca ao boi que debulha o grão.

E pergunta-se: Porventura preocupar-se-á Deus com os bois?
Ou, pelo contrário, dirá isto sobretudo por nós?
Sim, com certeza que se escreveram estas coisas por nós; porque a esperança faz lavrar o que lavra, e o que debulha fá-lo com esperança de participar dos frutos.

Nunca se reduziu a vida cristã a uma trama angustiante de obrigações, que deixa a alma submetida a uma desesperada tensão; a vida cristã adapta-se às circunstâncias individuais como a luva à mão e pede que no exercício das nossas tarefas habituais, nas grandes e nas pequenas, na oração e na mortificação, não percamos nunca o ponto de vista sobrenatural.
Pensai que Deus ama apaixonadamente as suas criaturas, e como trabalhará o burro se não se lhe dá de comer nem dispõe de tempo para restaurar as forças ou se se quebranta o seu vigor com excessivas pauladas?
O teu corpo é como um burrico - um burrico foi o trono de Deus em Jerusalém - que te carrega pelos caminhos divinos da terra: é necessário dominá-lo para que não se afaste dos caminhos de Deus e animá-lo para que o seu trote seja o mais alegre e brioso que se pode esperar de um jumento.

(cont)