31/07/2010

Textos de Reflexão para 31 de Julho

Evangelho: Mt 14, 1-12

1 Naquele tempo, o tetrarca Herodes ouviu falar da fama de Jesus, 2 e disse aos seus cortesãos: «Este é João Baptista, que ressuscitou dos mortos, e por isso se operam por meio dele tantos milagres». 3 Porque Herodes tinha mandado prender João, e tinha-o algemado e metido no cárcere, por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe. 4 Porque João dizia-lhe: «Não te é lícito tê-la por mulher». 5 E, querendo matá-lo, teve medo do povo, porque este o considerava como um profeta. 6 Mas, no dia natalício de Herodes, a filha de Herodíades bailou no meio dos convivas e agradou a Herodes.7 Por isso ele prometeu-lhe com juramento dar-lhe tudo o que lhe pedisse.8 E ela, instigada por sua mãe, disse: «Dá-me aqui num prato a cabeça de João Baptista». 9 O rei entristeceu-se, mas, por causa do juramento e dos comensais, ordenou que lhe fosse entregue. 10 E mandou degolar João no cárcere. 11 A sua cabeça foi trazida num prato e dada à jovem, e ela levou-a à mãe. 12 Chegando os seus discípulos levaram o corpo e sepultaram-no; depois foram dar a notícia a Jesus.
Comentário:

Realmente de um homem perverso e mau pode esperar-se tudo. Os princípios, os sentimentos – quando os há – as regras mais elementares da decência e do decoro tudo pode ser relegado, num instante, para um plano inferior. Quem se rege apenas pelos seus instintos animalescos acaba por se tornar semelhante aos animais irracionais, não conseguindo distinguir o mal do bem, o que é justo e o que não o é. Não conhece barreiras nem se preocupa com critérios, os seus sentimentos são meras reacções físicas externas e não têm que ver com alguma preocupação interior.
São homens sem coração, capazes das maiores barbaridades, que, normalmente, tratam os outros com sumo desprezo, nada nem ninguém lhes importando a não ser a sua própria pessoa.
Atentemos bem em Herodes: nada o detém para lograr os seus objectivos, não exclui qualquer procedimento para atingir os seus fins.
Conhecemos alguém assim?
Rezamos por eles? 


(ama, comentário a Mt 14, 1-12, 2010.07.01

Tempo para recomeçar

Um tempo de descanso que permite recomeços sempre novos e reúne forças para outro ano de trabalho capaz de gerar, com criatividade, a construção do bem e da beleza

A história terá muito de realismo e alguma ficção. Conta, muito simplesmente, a "rotina" de um professor universitário. Ao longo de cada ano lectivo preparava aulas, reunia livros para as suas estantes já repletas, escrevia conferências e discursos. Na entrada de cada Verão eram bem visíveis as provas de um ano intenso de trabalho, ensino e investigação.

Antes das semanas de descanso, e contrariamente a qualquer estratégia mais ou menos previsível, não se preocupava em catalogar dossiers, agrupar temáticas estudadas ou ordenar arquivos. Porque a maioria dos papéis tinha por destino… a reciclagem! No ano seguinte era dever do "amigo do saber" iniciar novas procuras, reler fontes e reescrever planos de aulas ou palestras.

Moralismos à parte, serve a história para valorizar o tempo de férias como oportunidade para recomeçar, aperfeiçoar, recriar. Possível a partir de um tempo de paragem, de lazer, de estar com outros e com o Outro, sem temer a passagem das horas.

Um ciclo claramente experimentado por muitos "habitantes" da mobilidade humana, emigrantes ou imigrantes, que durante as férias têm a possibilidade de regressar à intimidade dos familiares, amigos e de todas as "coisas" da terra, pertença também da história de cada pessoa.

Entre nós, portugueses, essa experiência passa por estes dias. A chegada de quem está espalhado por muitas comunidades é uma oportunidade de encontro e lazer que se estende por todo o país.

Um tempo de descanso que permite recomeços sempre novos e reúne forças para outro ano de trabalho capaz de gerar, com criatividade, a construção do bem e da beleza. E quantas histórias de famílias migrantes não o demonstram!

Assim, as férias serão dias de desapego do acessório, de libertação do velho que permite a descoberta mais firme do essencial, da identidade. Para que o recomeço desponte como possibilidade de oferta pessoal na construção da felicidade comum.

Paulo Rocha (In ECCLESIA, 2010.07.20)