09/03/2014

NUNC COEPI 09 Mar 2014

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Evangelho diário e comentário

Tempo de Quaresma Semana I
Evangelho: Mt 4, 1-11

1 Então Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo demónio. 2 Jejuou quarenta dias e quarenta noites, e depois teve fome. 3 E, aproximando-se d'Ele o tentador, disse-Lhe: «Se és Filho de Deus, diz que estas pedras se convertam em pães». 4 Jesus respondeu: «Está escrito: “Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”». 5 Então o demónio transportou-O à cidade santa, pô-l'O sobre o pináculo do templo, 6 e disse-Lhe: «Se és Filho de Deus, lança-Te daqui a baixo, porque está escrito: “Mandou aos seus anjos em teu favor, eles te levarão nas suas mãos, para que o teu pé não tropece em alguma pedra”». 7 Jesus disse-lhe: «Também está escrito: “Não tentarás o Senhor teu Deus”». 8 De novo o demónio O transportou a um monte muito alto, e Lhe mostrou todos os reinos do mundo e a sua magnificência, 9 e disse-Lhe: «Tudo isto Te darei, se, prostrado, me adorares». 10 Então, Jesus disse-lhe: «Vai-te, satanás, porque está escrito: “Ao Senhor teu Deus adorarás e a Ele só servirás”». 11 Então o demónio deixou-O; e eis que os anjos se aproximaram e O serviram.

Comentário:

Ninguém está "a salvo" das tentações do demónio e, quanto mais se progride na santidade pessoal mais se encarniça o tentador, por isso, não devemos admirar-nos de em qualquer idade ou circunstância sermos tentados.

Por vezes, a tentação incomoda bastante pelo "despropósito" ou pela "realidade" e nitidez do quadro apresentado.

Mas, perigosa é aquela que se apresenta subtil, quase despercebida que se insinua sub-reptícia de tal modo que, quando nos damos conta já nos dominou o pensamento ou a imaginação.

(ama, comentário sobre Mt 4, 1-11, 2011.03.13)

Leitura espiritual para 09 Mar

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)

Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Evangelho: Lc 6, 1-26

1 Num sábado, passando Jesus pelas searas, os Seus discípulos colhiam espigas e debulhando-as nas mãos, as comiam. 2 Alguns dos fariseus disseram-lhes: «Porque fazeis o que não é permitido aos sábados?». 3 Jesus respondeu-lhes: «Não lestes o que fez David, quando teve fome, ele e os que com ele estavam? 4 Como entrou na casa de Deus, tomou os pães da proposição, comeu deles e deu aos seus companheiros, embora não fosse permitido comer deles senão aos sacerdotes?». 5 Depois acrescentou: «O Filho do Homem é Senhor também do sábado». 6 Aconteceu que, noutro sábado, entrou Jesus na sinagoga e ensinava. Estava ali um homem que tinha a mão direita atrofiada. 7 Os escribas e os fariseus observavam-n'O para ver se curava ao sábado, a fim de terem de que O acusar. 8 Mas Ele conhecia os seus pensamentos, e disse ao homem que tinha a mão atrofiada: «Levanta-te e põe-te em pé no meio». Ele, levantando-se, pôs-se de pé. 9 Jesus disse-lhes: «Pergunto-vos se é lícito, aos sábados, fazer bem ou mal, salvar a vida ou tirá-la». 10 Depois, percorrendo a todos com o olhar, disse ao homem: «Estende a tua mão». Ele estendeu-a, e a sua mão ficou curada. 11 Eles encheram-se de furor e falavam uns com os outros para ver que fariam contra Jesus. 12 Naqueles dias Jesus retirou-se para o monte a orar, e passou toda a noite em oração a Deus. 13 Quando se fez dia, chamou os Seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de Apóstolos: 14 Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro, seu irmão André, Tiago, João, Filipe, Bartolomeu, 15 Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Simão, chamado o Zelote, 16 Judas, irmão de Tiago, e Judas Iscariotes, que foi o traidor. 17 Descendo com eles, parou numa planície. Estava lá um grande número dos Seus discípulos e uma grande multidão de povo de toda a Judeia, de Jerusalém, do litoral de Tiro e de Sidónia, 18 que tinham vindo para O ouvir, e para ser curados das suas doenças. Os que eram atormentados pelos espíritos imundos ficavam também curados. 19 Todo o povo procurava tocá-l'O, porque saía d'Ele uma virtude que os curava a todos. 20 Levantando os olhos para os Seus discípulos, dizia: «Bem-aventurados vós os pobres, porque vosso é o reino de Deus. 21 Bem-aventurados os que agora tendes fome, porque sereis saciados. Bem-aventurados os que agora chorais, porque haveis de rir. 22 Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, vos repelirem, vos carregarem de injúrias e rejeitarem o vosso nome como infame, por causa do Filho do Homem. 23 Alegrai-vos nesse dia e exultai, porque será grande a vossa recompensa no céu. Era assim que os pais deles tratavam os profetas. 24 «Mas, ai de vós, os ricos, porque tendes já a vossa consolação. 25 Ai de vós os que estais saciados, porque vireis a ter fome. Ai de vós os que agora rides, porque gemereis e chorareis. 26 Ai de vós, quando todos os homens vos louvarem, porque assim faziam aos falsos profetas os pais deles.



EXORTAÇÃO APOSTÓLICA
EVANGELII GAUDIUM
DO SANTO PADRE FRANCISCO
AO EPISCOPADO, AO CLERO ÀS PESSOAS CONSAGRADAS E AOS FIÉIS LEIGOS
SOBRE
O ANÚNCIO DO EVANGELHO NO MUNDO ACTUAL

Capítulo III

O ANÚNCIO DO EVANGELHO

Todos somos discípulos missionários

119. Em todos os baptizados, desde o primeiro ao último, actua a força santificadora do Espírito que impele a evangelizar. O povo de Deus é santo em virtude desta unção, que o torna infalível «in credendo», ou seja, ao crer, não pode enganar-se, ainda que não encontre palavras para explicar a sua fé. O Espírito guia-o na verdade e condu-lo à salvação. 96 Como parte do seu mistério de amor pela humanidade, Deus dota a totalidade dos fiéis com um instinto da fé – o sensus fidei – que os ajuda a discernir o que vem realmente de Deus. A presença do Espírito confere aos cristãos uma certa conaturalidade com as realidades divinas e uma sabedoria que lhes permite captá-las intuitivamente, embora não possuam os meios adequados para expressá-las com precisão.

120. Em virtude do Baptismo recebido, cada membro do povo de Deus tornou-se discípulo missionário (cf. Mt 28, 19). Cada um dos baptizados, independentemente da própria função na Igreja e do grau de instrução da sua fé, é um sujeito activo de evangelização, e seria inapropriado pensar num esquema de evangelização realizado por agentes qualificados enquanto o resto do povo fiel seria apenas receptor das suas acções. A nova evangelização deve implicar um novo protagonismo de cada um dos baptizados. Esta convicção transforma-se num apelo dirigido a cada cristão para que ninguém renuncie ao seu compromisso de evangelização, porque, se uma pessoa experimentou verdadeiramente o amor de Deus que o salva, não precisa de muito tempo de preparação para sair a anunciá-lo, não pode esperar que lhe deem muitas lições ou longas instruções. Cada cristão é missionário na medida em que se encontrou com o amor de Deus em Cristo Jesus; não digamos mais que somos «discípulos» e «missionários», mas sempre que somos «discípulos missionários». Se não estivermos convencidos disto, olhemos para os primeiros discípulos, que logo depois de terem conhecido o olhar de Jesus, saíram proclamando cheios de alegria: «Encontrámos o Messias» (Jo 1, 41). A Samaritana, logo que terminou o seu diálogo com Jesus, tornou-se missionária, e muitos samaritanos acreditaram em Jesus «devido às palavras da mulher» (Jo 4, 39). Também São Paulo, depois do seu encontro com Jesus Cristo, «começou imediatamente a proclamar (…) que Jesus era o Filho de Deus» (Act 9, 20). Porque esperamos nós?

121. Certamente todos somos chamados a crescer como evangelizadores. Devemos procurar simultaneamente uma melhor formação, um aprofundamento do nosso amor e um testemunho mais claro do Evangelho. Neste sentido, todos devemos deixar que os outros nos evangelizem constantemente; isto não significa que devemos renunciar à missão evangelizadora, mas encontrar o modo de comunicar Jesus que corresponda à situação em que vivemos. Seja como for, todos somos chamados a dar aos outros o testemunho explícito do amor salvífico do Senhor, que, sem olhar às nossas imperfeições, nos oferece a sua proximidade, a sua Palavra, a sua força, e dá sentido à nossa vida. O teu coração sabe que a vida não é a mesma coisa sem Ele; pois bem, aquilo que descobriste, o que te ajuda a viver e te dá esperança, isso é o que deves comunicar aos outros. A nossa imperfeição não deve ser desculpa; pelo contrário, a missão é um estímulo constante para não nos acomodarmos na mediocridade, mas continuarmos a crescer. O testemunho de fé, que todo o cristão é chamado a oferecer, implica dizer como São Paulo: «Não que já o tenha alcançado ou já seja perfeito; mas corro para ver se o alcanço, (…) lançando-me para o que vem à frente» (Fl 3, 12-13).

A força evangelizadora da piedade popular

122. Da mesma forma, podemos pensar que os diferentes povos, nos quais foi inculturado o Evangelho, são sujeitos colectivos activos, agentes da evangelização. Assim é, porque cada povo é o criador da sua cultura e o protagonista da sua história. A cultura é algo de dinâmico, que um povo recria constantemente, e cada geração transmite à seguinte um conjunto de atitudes relativas às diversas situações existenciais, que esta nova geração deve reelaborar face aos próprios desafios. O ser humano «é simultaneamente filho e pai da cultura onde está inserido». 97 Quando o Evangelho se inculturou num povo, no seu processo de transmissão cultural também transmite a fé de maneira sempre nova; daí a importância da evangelização entendida como inculturação. Cada porção do povo de Deus, ao traduzir na vida o dom de Deus segundo a sua índole própria, dá testemunho da fé recebida e enriquece-a com novas expressões que falam por si. Pode dizer-se que «o povo se evangeliza continuamente a si mesmo». 98 Aqui ganha importância a piedade popular, verdadeira expressão da actividade missionária espontânea do povo de Deus. Trata-se de uma realidade em permanente desenvolvimento, cujo protagonista é o Espírito Santo. 99

123. Na piedade popular, pode-se captar a modalidade em que a fé recebida se encarnou numa cultura e continua a transmitir-se. Vista por vezes com desconfiança, a piedade popular foi objecto de revalorização nas décadas posteriores ao Concílio. Quem deu um impulso decisivo nesta direcção, foi Paulo VI na sua Exortação Apostólica Evangelii nuntiandi. Nela explica que a piedade popular «traduz em si uma certa sede de Deus, que somente os pobres e os simples podem experimentar» 100 e «torna as pessoas capazes para terem rasgos de generosidade e predispõe-nas para o sacrifício até ao heroísmo, quando se trata de manifestar a fé». 101 Já mais perto dos nossos dias, Bento XVI, na América Latina, assinalou que se trata de um «precioso tesouro da Igreja Católica» e que nela «aparece a alma dos povos latino-americanos». 102

124. No Documento de Aparecida, descrevem-se as riquezas que o Espírito Santo explicita na piedade popular por sua iniciativa gratuita. Naquele amado Continente, onde uma multidão imensa de cristãos exprime a sua fé através da piedade popular, os Bispos chamam-na também «espiritualidade popular» ou «mística popular». 103 Trata-se de uma verdadeira «espiritualidade encarnada na cultura dos simples». 104 Não é vazia de conteúdos, mas descobre-os e exprime-os mais pela via simbólica do que pelo uso da razão instrumental e, no acto de fé, acentua mais o credere in Deum que o credere Deum. 105 É «uma maneira legítima de viver a fé, um modo de se sentir parte da Igreja e uma forma de ser missionários»; 106 comporta a graça da missionariedade, do sair de si e do peregrinar: «O caminhar juntos para os santuários e o participar em outras manifestações da piedade popular, levando também os filhos ou convidando a outras pessoas, é em si mesmo um gesto evangelizador». 107 Não coarctemos nem pretendamos controlar esta força missionária!

125. Para compreender esta necessidade, é preciso abordá-la com o olhar do Bom Pastor, que não procura julgar mas amar. Só a partir da conaturalidade afectiva que dá o amor é que podemos apreciar a vida teologal presente na piedade dos povos cristãos, especialmente nos pobres. Penso na fé firme das mães ao pé da cama do filho doente, que se agarram a um terço ainda que não saibam elencar os artigos do Credo; ou na carga imensa de esperança contida numa vela que se acende, numa casa humilde, para pedir ajuda a Maria, ou nos olhares de profundo amor a Cristo crucificado. Quem ama o povo fiel de Deus, não pode ver estas acções unicamente como uma busca natural da divindade; são a manifestação duma vida teologal animada pela acção do Espírito Santo, que foi derramado em nossos corações (cf. Rm 5, 5).

126.Na piedade popular, por ser fruto do Evangelho inculturado, subjaz uma força activamente evangelizadora que não podemos subestimar: seria ignorar a obra do Espírito Santo. Ao contrário, somos chamados a encorajá-la e fortalecê-la para aprofundar o processo de inculturação, que é uma realidade nunca acabada. As expressões da piedade popular têm muito que nos ensinar e, para quem as sabe ler, são um lugar teológico a que devemos prestar atenção particularmente na hora de pensar a nova evangelização.

De pessoa a pessoa

127. Hoje que a Igreja deseja viver uma profunda renovação missionária, há uma forma de pregação que nos compete a todos como tarefa diária: é cada um levar o Evangelho às pessoas com quem se encontra, tanto aos mais íntimos como aos desconhecidos. É a pregação informal que se pode realizar durante uma conversa, e é também a que realiza um missionário quando visita um lar. Ser discípulo significa ter a disposição permanente de levar aos outros o amor de Jesus; e isto sucede espontaneamente em qualquer lugar: na rua, na praça, no trabalho, num caminho.

128. Nesta pregação, sempre respeitosa e amável, o primeiro momento é um diálogo pessoal, no qual a outra pessoa se exprime e partilha as suas alegrias, as suas esperanças, as preocupações com os seus entes queridos e muitas coisas que enchem o coração. Só depois desta conversa é que se pode apresentar-lhe a Palavra, seja pela leitura de algum versículo ou de modo narrativo, mas sempre recordando o anúncio fundamental: o amor pessoal de Deus que Se fez homem, entregou-Se a Si mesmo por nós e, vivo, oferece a sua salvação e a sua amizade. É o anúncio que se partilha com uma atitude humilde e testemunhal de quem sempre sabe aprender, com a consciência de que esta mensagem é tão rica e profunda que sempre nos ultrapassa. Umas vezes exprime-se de maneira mais directa, outras através dum testemunho pessoal, uma história, um gesto, ou outra forma que o próprio Espírito Santo possa suscitar numa circunstância concreta. Se parecer prudente e houver condições, é bom que este encontro fraterno e missionário conclua com uma breve oração que se relacione com as preocupações que a pessoa manifestou. Assim ela sentirá mais claramente que foi ouvida e interpretada, que a sua situação foi posta nas mãos de Deus, e reconhecerá que a Palavra de Deus fala realmente à sua própria vida.

129. Contudo não se deve pensar que o anúncio evangélico tenha de ser transmitido sempre com determinadas fórmulas pré-estabelecidas ou com palavras concretas que exprimam um conteúdo absolutamente invariável. Transmite-se com formas tão diversas que seria impossível descrevê-las ou catalogá-las, e cujo sujeito colectivo é o povo de Deus com seus gestos e sinais inumeráveis. Por conseguinte, se o Evangelho se encarnou numa cultura, já não se comunica apenas através do anúncio de pessoa a pessoa. Isto deve fazer-nos pensar que, nos países onde o cristianismo é minoria, para além de animar cada baptizado a anunciar o Evangelho, as Igrejas particulares hão-de promover activamente formas, pelo menos incipientes, de inculturação. Enfim, o que se deve procurar é que a pregação do Evangelho, expressa com categorias próprias da cultura onde é anunciado, provoque uma nova síntese com essa cultura. Embora estes processos sejam sempre lentos, às vezes o medo paralisa-nos demasiado. Se deixamos que as dúvidas e os medos sufoquem toda a ousadia, é possível que, em vez de sermos criativos, nos deixemos simplesmente ficar cómodos sem provocar qualquer avanço e, neste caso, não seremos participantes dos processos históricos com a nossa cooperação, mas simplesmente espectadores duma estagnação estéril da Igreja.

Carismas ao serviço da comunhão evangelizadora

130. O Espírito Santo enriquece toda a Igreja evangelizadora também com diferentes carismas. São dons para renovar e edificar a Igreja. 108 Não se trata de um património fechado, entregue a um grupo para que o guarde; mas são presentes do Espírito integrados no corpo eclesial, atraídos para o centro que é Cristo, donde são canalizados num impulso evangelizador. Um sinal claro da autenticidade dum carisma é a sua eclesialidade, a sua capacidade de se integrar harmoniosamente na vida do povo santo de Deus para o bem de todos. Uma verdadeira novidade suscitada pelo Espírito não precisa de fazer sombra sobre outras espiritualidades e dons para se afirmar a si mesma. Quanto mais um carisma dirigir o seu olhar para o coração do Evangelho, tanto mais eclesial será o seu exercício. É na comunhão, mesmo que seja fadigosa, que um carisma se revela autêntica e misteriosamente fecundo. Se vive este desafio, a Igreja pode ser um modelo para a paz no mundo.

131. As diferenças entre as pessoas e as comunidades por vezes são incómodas, mas o Espírito Santo, que suscita esta diversidade, de tudo pode tirar algo de bom e transformá-lo em dinamismo evangelizador que actua por atracção. A diversidade deve ser sempre conciliada com a ajuda do Espírito Santo; só Ele pode suscitar a diversidade, a pluralidade, a multiplicidade e, ao mesmo tempo, realizar a unidade. Ao invés, quando somos nós que pretendemos a diversidade e nos fechamos em nossos particularismos, em nossos exclusivismos, provocamos a divisão; e, por outro lado, quando somos nós que queremos construir a unidade com os nossos planos humanos, acabamos por impor a uniformidade, a homologação. Isto não ajuda a missão da Igreja.

Cultura, pensamento e educação

132. O anúncio às culturas implica também um anúncio às culturas profissionais, científicas e académicas. É o encontro entre a fé, a razão e as ciências, que visa desenvolver um novo discurso sobre a credibilidade, uma apologética original 109 que ajude a criar as predisposições para que o Evangelho seja escutado por todos. Quando algumas categorias da razão e das ciências são acolhidas no anúncio da mensagem, tais categorias tornam-se instrumentos de evangelização; é a água transformada em vinho. É aquilo que, uma vez assumido, não só é redimido, mas torna-se instrumento do Espírito para iluminar e renovar o mundo.

133.Uma vez que não basta a preocupação do evangelizador por chegar a cada pessoa, mas o Evangelho também se anuncia às culturas no seu conjunto, a teologia – e não só a teologia pastoral – em diálogo com outras ciências e experiências humanas tem grande importância para pensar como fazer chegar a proposta do Evangelho à variedade dos contextos culturais e dos destinatários. 110 A Igreja, comprometida na evangelização, aprecia e encoraja o carisma dos teólogos e o seu esforço na investigação teológica, que promove o diálogo com o mundo da cultura e da ciência. Faço apelo aos teólogos para que cumpram este serviço como parte da missão salvífica da Igreja. Mas, para isso, é necessário que tenham a peito a finalidade evangelizadora da Igreja e da própria teologia, e não se contentem com uma teologia de gabinete.

134.As universidades são um âmbito privilegiado para pensar e desenvolver este compromisso de evangelização de modo interdisciplinar e inclusivo. As escolas católicas, que sempre procuram conjugar a tarefa educacional com o anúncio explícito do Evangelho, constituem uma contribuição muito válida para a evangelização da cultura, mesmo em países e cidades onde uma situação adversa nos incentiva a usar a nossa criatividade para se encontrar os caminhos adequados. 111

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Notas:
96 Cf. Conc. Ecum. Vat.II, Const. dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, 12.
97 João Paulo II, Carta enc. Fides et ratio (14 de Setembro de 1998), 71: AAS 91 (1999), 60.
98 III Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, Documento de Puebla (23 de Março de 1979), 450; cf. V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, Documento de Aparecida (29 de Junho de 2007), 264.
99 Cf. João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Ecclesia in Asia (6 de Novembro de 1999), 21: AAS 92 (2000), 482-484.
100 N.º 48: AAS 68 (1976), 38.
101 Ibid., 48: o. c., 38.
102 Discurso na Sessão inaugural da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe (13 de Maio de 2007), 1: AAS 99 (2007), 446-447.
103 V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, Documento de Aparecida (29 de Junho de 2007), 262.
104 Ibid., 263.
105 Cf. São Tomás de Aquino, Summa theologiae II-II, q. 2, a. 2.
106 V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, Documento de Aparecida (29 de Junho de 2007), 264.
107 Ibid., 264.
108 Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, 12.
109 Cf. Propositio 17.
110 Cf. Propositio 30.
111 Cf. Propositio 27.


Tratado dos vícios e pecados 26

Questão 74: Do sujeito dos pecados.

Art. 9 ― Se na razão superior, enquanto directiva das potências inferiores, i. é, enquanto consente no acto do pecado, pode haver pecado venial.

(II Sent., dist. XXIV q. 3, a. 5; de Verit., q. 15 a. 5; De Malo, q. 7, a. 5)

O nono discute-se assim. ― Parece que na razão superior, enquanto directiva das potências inferiores, i. é, enquanto consente no acto do pecado, não pode haver pecado venial.

1. ― Pois, como diz Agostinho, a razão superior adere às razões eternas 1. Ora, pecar mortalmente é afastar-se dessas razões. Logo, parece que não pode haver, na razão superior, senão pecado mortal.

2. Demais. ― A razão superior exerce, na vida espiritual, a função de princípio, como a exerce o coração, na vida corpórea. Ora, as doenças do coração são mortais. Logo, também os pecados da razão superior.

3. Demais. ― O pecado venial torna-se mortal, se for resultante do desprezo. Ora, parece que implica desprezo o pecarmos por deliberação, embora venialmente. E como o consentimento da razão superior é sempre acompanhado de deliberação sobre a lei divina, daí resulta o não poder por causa do desprezo dessa mesma lei deixar de implicar pecado mortal. 

Mas, em contrário. ―O consentimento no acto do pecado pertence à razão superior, como já se disse (a. 7). Ora, o consentimento no acto do pecado venial é pecado venial. Logo, pode haver pecado venial na razão superior.

Como diz Agostinho, a razão superior adere às razões eternas, contemplando-as ou consultando-as 2, contemplando-as, quando lhes perscruta a verdade, consultando-as quando de acordo com elas procede aos seus juízos e disposições: i. é, quando mediante as razões eternas e deliberadamente consente em algum acto ou dele se afasta. Ora, pode acontecer que a desordem do acto, em que consente, não encontre as razões eternas, por não implicar desvio do fim último, como as contraria o acto do pecado mortal, mas, não colide com elas, como o acto do pecado venial. Donde, quando a razão superior consente no acto do pecado venial não se volta contra as razões eternas, e portanto peca, não mortal, mas só venialmente. Donde se deduz a resposta à Primeira Objecção.

RESPOSTA À SEGUNDA. ― Há dupla doença do coração. Uma, que lhe atinge a própria substância e lhe imuta a compleição natural, e essa é sempre mortal. Outra, proveniente de alguma desordem do seu movimento ou de alguma víscera que lhe é anexa, e essa nem sempre é mortal. Do mesmo modo, há sempre pecado mortal na razão superior quando ela deixa de ordenar-se para o objecto próprio, que são as razões eternas. Mas, quando a desordem só é relativa a este, não é mortal o pecado, mas venial.

RESPOSTA À TERCEIRA. ― O consentimento deliberado no pecado nem sempre implica desprezo da lei divina, mas só quando o pecado contraria a essa lei.

Revisão da tradução portuguesa por ama

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Notas:
1. XII De Trinit. (cap. VII).

2. XII De Trinit., cap. VII.

Sim, tu e eu, é que precisamos de purificação!

"Cor Mariae perdolentis, miserere nobis!". Invoca o Coração de Santa Maria, com o ânimo e a decisão de te unires à sua dor, em reparação dos teus pecados e dos homens de todos os tempos. E pede-Lhe – para cada alma – que essa sua dor aumente em nós a aversão ao pecado, e que saibamos amar, como expiação, as contrariedades físicas ou morais de cada jornada. (Sulco, 258)

Segundo a Lei de Moisés, uma vez decorrido o tempo da purificação da Mãe, é preciso ir com o Menino a Jerusalém, para O apresentar ao Senhor (Lc II, 22).

E desta vez, meu amigo, hás-de ser tu a levar a gaiola das rolas. – Estás a ver? Ela – a Imaculada! – submete-se à Lei como se estivesse imunda.

Aprenderás com este exemplo, menino tonto, a cumprir a Santa Lei de Deus, apesar de todos os sacrifícios pessoais?

Purificação! Sim, tu e eu, é que precisamos de purificação! Expiação e, além da expiação, o Amor. – Um amor que seja cautério: que abrase a imundície da nossa alma, e fogo que incendeie, com chamas divinas, a miséria do nosso coração.


Um homem justo e temente a Deus, que, movido pelo Espírito Santo, veio ao templo – tinha-lhe sido revelado que não havia de morrer, antes de ver Cristo – toma o Messias nos braços e diz-Lhe: Agora, Senhor, agora sim; podes levar deste mundo, em paz, o Teu servo, conforme a tua promessa... porque os meus olhos viram o Salvador (Lc II, 25–30). (Santo Rosário, IV mistério gozoso).

Temas para meditar 37

Amor a Deus

Aquele que deseja deveras aproximar-se e contentar Deus, entenda que uma das coisas principais para tal necessárias é o cumprimento deste mandamento de amor, de forma que este amor não seja despido e seco, mas acompanhado de todos os afectos e obras que ao verdadeiro amor costumam seguir-se, porque de outra forma não mereceria o nome de amor... (...) debaixo deste nome de amor, entre muitas outras coisas, encerram-se assinaladamente estas seis que convém saber: amar, aconselhar, socorrer, sofrer, perdoar e edificar.


(Fr. luís de granadaGuia de Pecadores, I, 2, 16)

Pequena agenda do cristão