Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
08/03/2017
Fátima: Centenário - Oração diária
Senhora de Fátima:
Neste ano do Centenário da tua vinda ao nosso País, cheios de confiança vimos pedir-te que continues a olhar com maternal cuidado por todos os portugueses.
No íntimo dos nossos corações instala-se alguma apreensão e incerteza em relação a este nosso País.
Sabes bem que nos referimos às diferenças de opinião que se transformam em desavenças, desunião e afastamento; aos casais desfeitos com todas as graves consequências; à falta de fé e de prática da fé; ao excessivo apego a coisas passageiras deixando de lado o essencial; aos respeitos humanos que se traduzem em indiferença e falta de coragem para arrepiar caminho; às doenças graves que se arrastam e causam tanto sofrimento.
Faz com que todos, sem excepção, nos comportemos como autênticos filhos teus e com a sinceridade, o espírito de compreensão e a humildade necessárias para, com respeito de uns pelos outros, sermos, de facto, unidos na Fé, santos e exemplo para o mundo.
Que nenhum de nós se perca para a salvação eterna.
Como Paulo VI, aqui mesmo em 1967, te repetimos:
“Monstra te esse Matrem”, Mostra que és Mãe.
Isto te pedimos, invocando, uma vez mais, ao teu Dulcíssimo Coração, a tua protecção e amparo.
AMA, Fevereiro, 2017
Consummati in unum
Aos que procuram a unidade, temos de
colocá-los perante Cristo, que pede que estejamos consummati in unum, consumados na unidade. A fome de justiça deve
conduzir-nos à fonte originária da concórdia entre os homens: ser e saber-se
filhos do Pai, irmãos. (Cristo
que passa, 157)
Pobre ecumenismo o que anda na boca de muitos
católicos, que maltratam outros católicos! (Sulco, 643)
Uma vez disse ao Santo Padre João XXIII,
movido pelo encanto afável e paterno do seu trato: “Santo Padre, na nossa Obra,
todos os homens, católicos ou não, encontraram sempre um ambiente acolhedor:
não aprendi o ecumenismo de Vossa Santidade”. Ele riu-se emocionado, porque
sabia que, já desde 1950, a Santa Sé tinha autorizado o Opus Dei a receber como
associados Cooperadores os não católicos e até os não cristãos.
São muitos, efectivamente – e entre eles
contam-se pastores e até bispos das suas respectivas confissões –, os irmãos
separados que se sentem atraídos pelo espírito do Opus Dei e colaboram nos
nossos apostolados. E são cada vez mais frequentes – à medida que os contactos
se intensificam – as manifestações de simpatia e de cordial entendimento,
resultantes de os sócios do Opus Dei centrarem a sua espiritualidade no simples
propósito de viver com sentido de responsabilidade os compromissos e exigências
baptismais do cristão. O desejo de procurar a plenitude da vida cristã e de fazer
apostolado, procurando a santificação do trabalho profissional; a vida imersa
nas realidades seculares, respeitando a sua própria autonomia, mas tratando-as
com espírito e amor de almas contemplativas; a primazia que na organização dos
nossos trabalhos concedemos à pessoa, à acção do Espírito nas almas, ao
respeito da dignidade e da liberdade que provêm da filiação divina do cristão. (Temas Actuais do Cristianismo, 22)
Evangelho e comentário
Evangelho:
Lc 11, 29-32
Naquele
tempo, aglomerava-se uma grande multidão à volta de Jesus e Ele começou a
dizer: «Esta geração é uma geração perversa: pede um sinal, mas nenhum sinal
lhe será dado, senão o sinal de Jonas. Assim como Jonas foi um sinal para os
habitantes de Nínive, assim o será também o Filho do homem para esta geração.
No juízo final, a rainha do Sul levantar-se-á com os homens desta geração e
há-de condená-los, porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de
Salomão; e aqui está quem é maior do que Salomão. No juízo final, os homens de
Nínive levantar-se-ão com esta geração e hão-de condená-la, porque fizeram
penitência ao ouvir a pregação de Jonas; e aqui está quem é maior do que
Jonas».
Comentário:
Poderia
atrever-me e dizer que só um tonto poderia não ter muito em conta estas
palavras do Senhor.
Em síntese Ele diz-nos para pedir quanto necessitarmos sem receio nem qualquer temor de que o que pedimos seja adequado ou conveniente.
Essa
decisão cabe-lhe a Ele e que melhor garantia poderíamos ter de que será a mais
correcta e que melhor nos convém?
(ama, comentário sobre Lc 11, 29-32,
18.02.2016)
Leitura espiritual
Vol. 2
LIVRO IX
CAPÍTULO VIII
Definição, dada pelo platónico Apuleio, dos deuses celestes, demónios aéreos e homens terrestres.
Mas quê? Merecerá alguma atenção a definição que ele dá dos demónios (cujos termos a todos se aplicam) em que diz:
Os demónios são — quanto ao género, seres animados; passíveis, quanto ao ânimo; quanto à mente, racionais; aéreos, quanto ao corpo; quanto ao tempo, eternos [i].
Nestas cinco propriedades, nada, absolutamente nada, referiu em que os demónios parecessem ter de comum exclusivamente com os homens bons algum a coisa que não tivessem em comum com os maus. Efectivamente, descreve um pouco mais pormenorizadamente, no seu lugar próprio, homens, deles falando com o de seres ínfimos e terrestres, depois de ter falado dos deuses do Céu; e, uma vez evocados os dois extremos, inferior e superior, trata em último lugar dos demónios, que ocupam o meio. Escreve ele:
Portanto, os homens, — orgulhosos pela razão, poderosos pela palavra, dotados de alma
imortal, de membros votados à morte, de espírito ágil e inquieto, de corpos
pesados e débeis, de costumes dissemelhantes e erros parecidos, de audácia
obstinada e de esperança firme, de actividade estéril e de fortuna instável,
individualmente mortais, todos, porém, no seu género, perpétuos porque se
sucedem na renovação das gerações, de existência fugitiva, de tardia sabedoria,
de morte rápida, de vida lastimosa —, habitam na terra [ii].
Ao mencionar tantas coisas que se referem à maior parte dos
homens, acaso se calou acerca desse pormenor que sabia pertencer a um pequeno
número — a tardia sabedoria? Se o tivesse omitido, a sua descrição do género humano,
apesar de tão atento cuidado, ficaria na verdade incompleta. Pois bem — quando
põe em relevo a excelência dos deuses, frisou bem que ela consistia nessa
beatitude a que os homens pretendem chegar por meio da sabedoria. Por
conseguinte, se a sua intenção fosse a de dar a entender que há bons demónios,
teria juntado à sua descrição algum a propriedade donde parecesse que eles
possuem, em comum com os deuses, um a certa beatitude, ou, com os homens, algum
a sabedoria. Ora ele não lhes pôs em relevo qualquer destas boas qualidades que
permitem distinguir os bons dos maus. E, embora se tenha abstido de fazer ressaltar
demasiado livremente a sua malícia, fê-lo, não para os não ofender a eles, mas antes
para não ofender os seus adoradores, a quem se dirigia. Todavia permitiu que os
seus leitores precavidos compreendessem o que deviam pensar desses demónios:
assim, aos deuses, no seu entender
todos bons e felizes, pô-los absolutamente a salvo das paixões e, como ele mesmo confessa, das tempestades que agitam os demónios, e só os relacionou pela eternidade dos corpos; todavia, em relação à alma, declarou abertamente que os demónios se assemelham , não aos deuses, mas aos homens. E, mesmo esta semelhança, respeita não à sabedoria, bem de que os próprios homens podem participar, mas à perturbação das paixões que dominam os insensatos e os maus, que os sábios e os bons dominam, preferindo não as ter, a ter de as vencer.
todos bons e felizes, pô-los absolutamente a salvo das paixões e, como ele mesmo confessa, das tempestades que agitam os demónios, e só os relacionou pela eternidade dos corpos; todavia, em relação à alma, declarou abertamente que os demónios se assemelham , não aos deuses, mas aos homens. E, mesmo esta semelhança, respeita não à sabedoria, bem de que os próprios homens podem participar, mas à perturbação das paixões que dominam os insensatos e os maus, que os sábios e os bons dominam, preferindo não as ter, a ter de as vencer.
Se Apuleio quisesse dar a entender que os demónios têm de com um com os deuses, não a eternidade do corpo, mas a da alma, não teria decerto excluído os homens deste com um privilégio porque, como platónico que é pensa sem dúvida que também os homens têm alma imortal. Por isso é que, ao descrever esta espécie de seres animados, ele diz que os homens são dotados
Se, portanto, os homens não partilham da eternidade com os demónios porque têm um corpo mortal, é porque têm um corpo imortal que os demónios a possuem.
CAPÍTULO IX
Se o homem pode obter a amizade dos deuses por intercessão dos demónios.
De que raça são então esses mediadores entre os deuses e os homens, por intermédio dos quais poderão os homens aspirar à amizade com os deuses — se o que há de melhor nos seres animados, a alma, é o que neles, como nos homens, há de pior; e se o que há de pior nos seres animados, o corpo, é o que neles, como nos deuses, há de
melhor? Efectivamente, o ser animado ou animal é composto de alma e corpo. Destes dois, o melhor é, sem dúvida, a alma, mesmo que viciosa e doente seja ela, e perfeitamente são e vigoroso o corpo. E que a sua natureza é de ordem mais elevada; a mácula dos vícios não a faz descer abaixo do corpo. E assim como o ouro, que, mesmo impuro, tem maior valor do que a prata e o chumbo mais puros. Estes mediadores entre os deuses e os homens têm com o os deuses um corpo eterno e, com o os homens, uma alma viciosa — com o se a religião, pela qual pretendem que os homens se unem aos deuses por intermédio dos demónios, tivesse o seu fundamento mais no corpo do que na alma!
Enfim, que malícia, que castigo suspendeu estes falsos e falazes mediadores, como se, por assim dizer, estivessem de cabeça para baixo? É que a parte inferior do seu ser animado, isto é, o corpo, têm-na eles em comum com os seres superiores; mas a parte superior, isto é, a alma, têm-na em comum com os seres inferiores. Estão unidos aos deuses celestes pela parte que é escrava e, desgraçados, estão
unidos aos homens terrestres pela parte que domina. Realmente, o corpo é escravo, como diz Salústio:
e acrescenta:
ao falar dos homens que têm, como os brutos, um corpo mortal. Mas estes, que os filósofos nos propuseram como mediadores entre nós e os deuses, bem podem dizer do seu corpo e da sua alma: esta é comum a nós e aos homens, e aquele é comum a nós e aos deuses. Com a diferença, como disse, de que estão ligados e suspensos às avessas,
tendo o corpo escravo comum com os deuses bem-aventurados e a alma suspensa, com os desgraçados dos homens, ou seja: exaltados pela parte inferior e rebaixados pela parte superior. Donde se conclui: ainda que alguém julgue que eles têm de comum com os deuses a eternidade, porque morte nenhuma poderá, como acontece nos seres terrestres, separar o seu espírito do seu corpo, — mesmo assim não se pode considerar o seu corpo como veículo eterno de um corpo de seres dignos de honra, mas antes como eterno veículo de condenados.
CAPÍTULO X
Na opinião de Plotino, são menos desgraçados os homens num corpo mortal do que os demónios num corpo eterno.
Plotino é justamente louvado por ter, nos tempos mais recentes, compreendido Platão melhor que os seus outros discípulos. Diz ele, ao tratar das almas humanas:
Assim, o facto de os homens terem um corpo mortal, pensou ele atribuí-lo
à misericórdia de um Deus-pai, que não quis mantê-los sempre na miséria desta
vida. Desta misericórdia considerou indigna a iniquidade dos demónios, que, na
miséria duma alma sujeita às paixões, receberam, não um corpo mortal como o dos
homens, mas sim um corpo eterno. De certo que seriam mais felizes do que os homens
se, como estes, tivessem um corpo mortal e, como
os deuses, uma alma bem-aventurada. E seriam iguais aos homens se, com uma alma atribulada, tivessem ao menos merecido, como eles, um corpo mortal — contanto que, evidentemente, pudessem repousar, pelo menos depois da morte, das suas tribulações. Mas eles, devido à miséria da sua alma, não são mais felizes do que os homens, e, devido à perpétua prisão que é o seu corpo, são até mais infelizes do que os homens. Ao afirmar que eles são eternos, quis dar a entender que eles não poderiam transformar-se em deuses, porque os demónios não são capazes de progredir na prática da piedade e da sabedoria.
os deuses, uma alma bem-aventurada. E seriam iguais aos homens se, com uma alma atribulada, tivessem ao menos merecido, como eles, um corpo mortal — contanto que, evidentemente, pudessem repousar, pelo menos depois da morte, das suas tribulações. Mas eles, devido à miséria da sua alma, não são mais felizes do que os homens, e, devido à perpétua prisão que é o seu corpo, são até mais infelizes do que os homens. Ao afirmar que eles são eternos, quis dar a entender que eles não poderiam transformar-se em deuses, porque os demónios não são capazes de progredir na prática da piedade e da sabedoria.
(cont)
(Revisão da versão portuguesa por ama)
Onde e quando morreu Maria?
Ao longo da história,
tanto os teólogos quanto a piedade popular dividiram-se na opinião se Maria
morreu de facto ou se apenas adormeceu e foi levada ao céu em corpo e alma
pelos anjos. A basílica em sua honra em Jerusalém chama-se exactamente
“Dormitio Mariæ” e um dos documentos mais antigos que temos sobre os últimos
dias de Maria também tem esse título. O dogma da Assunção de Maria, proclamado
em 1950, não dirimiu a questão, afirmando que “a Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso de
sua vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celeste”. O corpo
de Maria, elevado ao céu, podia já ser um corpo glorificado, como o de Jesus
após a ressurreição.
Tanto os que falam em morte natural de Maria quanto os
que falam em sono profundo da Mãe de Deus têm os seus bons argumentos. Estes
últimos argumentam com sua conceição imaculada. Se a morte é consequência do
pecado, Maria, sem pecado e sem sombra de pecado, não podia morrer. Lembram
também que a imortalidade é uma característica da Igreja. Ora, sendo Maria o
protótipo da Igreja, Deus bem podia realizar nela o que fará com a Igreja no
final dos tempos, ou seja, ressuscitar os que morreram e “arrebatar com eles para as nuvens, ao encontro do Senhor nos ares os
que ainda estão vivos” (1Ts 4,16-17).
Os que afirmam a sua morte natural lembram que também
Jesus era imaculado e santíssimo e passou pela morte, destino de todos os
filhos de Adão, porta e parto necessários para a imortalidade. Maria é o modelo
de todos os resgatados por Cristo através de sua morte e ressurreição. Também
Maria, que se uniu a Ele no Calvário, ter-se-á configurado com Ele na morte e
na ressurreição. Assim como ela, sem pecado, passou por dores, angústias,
desconfortos, perseguição, também terá passado pela prova maior: a morte
corporal. Sem que com isso se afirme que o Seu corpo sofreu a decomposição.
As duas tradições são antiquíssimas. Nos nossos dias
prevalece a tese de que Maria passou pela morte à imitação de Jesus. Mas é ainda
e continuará a ser uma questão em aberto. Também não temos a certeza de onde e
quando Maria encerrou sua passagem terrena. Sabe-se que, na dispersão dos
Apóstolos, Maria acompanhou João, como recomendara Jesus na Cruz (Jo 19,16-27).
O Apóstolo João teria migrado para Éfeso, hoje sudoeste da Turquia, uns 600 km
ao sul de Istambul. Maria teria findado os seus dias em Éfeso. Esta tradição
tomou corpo a partir do século XVIII com as visões da camponesa alemã Ana
Catharina Emmerich (1774-1824) que, em sonho ou numa revelação, “viu” no alto
da montanha popularmente denominada “Colina do Rouxinol”, distante 7 km da
antiga cidade portuária de Éfeso, a capela Meryem Ana Evi (Casa da Mãe de
Deus), que seria a casa em que Maria teria terminado seus dias. Catharina viajou
para lá, encontrou tudo como “vira” em sonho e começou a restaurar a antiga
capela-casa de Maria, que ainda hoje os peregrinos podem visitar. Mães turcas,
católicas e muçulmanas visitam continuamente aquele santuário, para terem um
bom parto e sorte na educação dos filhos. No entanto, não há documentos
históricos que favoreçam essa tradição e as escavações arqueológicas mostraram
que a capela é certamente posterior ao século VI.
Uma outra tradição faz Maria terminara a sua jornada
terrena em Jerusalém, no Monte Sion e ser sepultada no lugar onde se encontra
hoje a Basílica da “Dormição de Nossa Senhora”, na região do Vale do Cedron,
local tradicional de sepulturas. Os estudos arqueológicos e outros indícios
fazem remontar o túmulo aos tempos romanos, ou seja, ao primeiro século da
nossa era. Além disso, foram encontradas grafites, escritas pelos primeiros
cristãos, que iam honrar o local do túmulo de Maria. Foram encontradas também
algumas sepulturas judeu-cristãs, que ladeiam a câmara mais interna. Temos
ainda a tradição oral de dois mil anos: os cristãos sempre foram lá venerar o
túmulo da Mãe de Deus. E temos, além disso, alguns relatórios de peregrinos
(famoso é o de Etérea), que por lá passavam e registravam as suas impressões
sobre a visita e a liturgia celebrada no local. Maria teria voltado de Éfeso
para Jerusalém, onde moravam os seus parentes, quando o Apóstolo João retornou
para participar do primeiro Concílio Ecuménico da Igreja (At 15,6-29).
Na década de 60, quase ao mesmo tempo em que o franciscano
Frei Bellarmino Bagatti fazia as escavações científicas junto ao túmulo de
Maria, foi descoberto, na biblioteca do Louvre, em Paris, um documento em grego
que possibilitou chegar a outros documentos, sobretudo a três, muito próximos
entre si tanto na informação quanto no estilo. São eles: De Transitu Mariæ (em
língua etíope), Dormitio Mariæ (em grego) e Transitus Mariæ (em latim). Estes
textos devem ser datados do final do segundo século até começos do século
quarto. Os três textos concordam em que Maria tenha terminado os seus dias em
Jerusalém.
A última referência bíblica a respeito de Maria temo-la
nos Atos, ainda quando os Apóstolos estavam no Cenáculo, depois da Ascensão de
Jesus: “Todos permaneciam unânimes na
oração com algumas mulheres, Maria, Mãe de Jesus, e seus irmãos” (At 1,14).
Mas até o século VIII o texto grego “Dormitio Mariæ” encontrava-se no final da
bíblia, depois do livro do Apocalipse. Hoje esse texto é considerado apócrifo,
isto é, não pertencente ao conjunto dos livros da Sagrada Escritura, portanto,
não revelado. Mas de todo respeito. Podia perguntar-se por que a Igreja não
aceitou esse livro como revelado. Porque o seu estilo é todo diferente e, no IV
século, quando se fixou a canonicidade dos livros da Escritura, esse livro tinha
muitos acréscimos heréticos e tendenciosos contra a divindade de Jesus, contra
a maternidade divina de Maria, contra a Santíssima Trindade, e já não se sabia
mais qual era o texto original. O texto descoberto agora é anterior a esses
acréscimos e, por isso, merece algum crédito e, diria, alguma veneração.
Segundo este texto e segundo o texto intitulado
“Transitus Mariæ”, teríamos os seguintes passos: Maria recebe o anúncio da sua
morte e garantia de amparo no momento da passagem; os Apóstolos reúnem-se
milagrosamente em torno do seu leito; Maria morre à semelhança de todos os
seres humanos; durante o funeral, os judeus promovem uma manifestação hostil;
depois do sepultamento, segue-se a ressurreição, sendo levada ao céu. Não
podemos esquecer que não estamos num terreno de fé. Mas de piedosa crença
popular. Na verdade, os últimos dias de Maria e a sua passagem para a
eternidade estão envoltos num véu de mistério que dificilmente a história ou a
teologia conseguirão desvendar.
Que idade teria Nossa Senhora quando terminou os seus
dias na terra?
Há um texto antigo que diz: “Dois anos depois de Cristo
ter vencido a morte e subido ao céu, Maria começou a chorar no refúgio do seu
quarto”, ou seja, Maria passou a viver os seus últimos dias. O texto passa a contar
esses últimos dias, inclusive a sua assunção ao céu. Se Maria concebeu Jesus
aos 14 anos, deu à luz aos 15 (idade normal naquele tempo na Ásia Menor para
casar) e Jesus morreu cerca dos 33 anos, Maria teria 50 anos ao morrer. Sabe-se
que era a idade média de vida das mulheres naquele tempo e naquela região.
Há uma tradição, que vem dos primeiros tempos da Igreja,
que conta que, chegado o momento do trânsito de Maria, Jesus teria vindo
buscá-la, acompanhado dos Arcanjos Miguel e Gabriel. O Arcanjo Miguel foi o
anjo vencedor de Lúcifer no paraíso terrestre (Ap 12,7-9) e o vencedor do
dragão de sete cabeças, que quis devorar o filho da mulher revestida de sol (Ap
12,3-5). No passamento de Maria, hora mais de triunfo e vitória do que de
morte, retorna, na piedade popular, o grande Arcanjo, como que para re-arrumar
o paraíso perdido e introduzir nele, agora celestial, a humanidade inteira,
representada em Maria Imaculada, virgem, esposa e mãe, Mãe de Deus. Retorna
Miguel, o protector da Igreja contra Satanás, para acompanhar na entrada da
glória aquela que é o protótipo da comunidade cristã redimida e santificada.
Retorna também, na piedosa crença popular, com o Cristo
glorioso, o Arcanjo Gabriel, o embaixador de Deus na Anunciação (Lc 1,26), a
testemunha da escolha da jovem Maria de Nazaré como Mãe do Filho de Deus, o
Messias Salvador. O Arcanjo, presente no início da história da salvação trazida
pelo Cristo e na qual Maria se envolvera cem por cento, retorna no momento em
que ela termina a sua missão e os seus dias na terra, entra gloriosa no seio da
Trindade para ser, no tempo e na eternidade, a Mãe da Igreja, a terníssima
Rainha do Céu e da Terra.
Maria esteve associada a Jesus a vida inteira (de facto,
os teólogos chamam-na “Sócia de Cristo”). Associada no corpo, fazendo uma
unidade com ele. Associada na missão redentora a ponto de ser chamada “Mãe da
Redenção”. Associada na morte e associada por toda a eternidade na glória.
Passando pela morte, Maria tornou-se para a humanidade a “feliz porta do céu, para
sempre aberta”.
(Frei Clarêncio Neotti, OFM, via Franciscanos)
Revisão da versão portuguesa por AMA.
Doutrina - 233
Compêndio
PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO
DA FÉ
PRIMEIRA SECÇÃO: «EU CREIO»
– «NÓS CREMOS»
CAPÍTULO SEGUNDO: DEUS VEM
AO ENCONTRO DO HOMEM
A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO
DIVINA
13. Como se realiza a
Tradição Apostólica?
A
Tradição Apostólica realiza-se de duas maneiras: mediante a transmissão viva da
Palavra de Deus (chamada também simplesmente a Tradição) e através da Sagrada
Escritura que é o próprio anúncio da salvação transmitido por escrito.
Epístolas de São Paulo – 8
I . O EVANGELHO QUE NOS DÁ A SALVAÇÃO (1,18-11,36)
Capítulo 7
A Lei e o Espírito
1Ou
ignorais, irmãos - falo a gente que sabe de leis - que a lei só tem poder sobre
o homem enquanto ele vive? 2Assim, a mulher casada só está vinculada por lei a
um homem, enquanto ele for vivo. Mas, se o marido morrer, fica liberta da lei
que a liga ao marido. 3Por conseguinte, enquanto o marido for vivo, será
declarada adúltera, se vier a dar-se a outro homem. Mas, se o marido morrer,
fica livre da lei e não comete adultério, ao dar-se a outro homem.
4Meus
irmãos, o mesmo acontece convosco: mediante o corpo de Cristo, morrestes para a
lei, para vos dardes a um outro, ao ressuscitado de entre os mortos, a fim de
produzirmos frutos para Deus.
5De
facto, quando estávamos na carne, eram as paixões pecaminosas, despertadas pela
lei, que agiam nos nossos membros, para produzirmos frutos que levam à morte.
6Mas agora fomos libertados da lei, ao morrermos para aquilo de que éramos
prisioneiros. É na nova existência do Espírito que somos servos e não na
existência caduca da letra da lei.
Escravos da Lei
7Que
devemos concluir? Que a Lei é igual ao pecado? De maneira nenhuma! Mas, eu não
conheci o pecado, senão por meio da Lei. Assim, não teria conhecido a cobiça,
se a Lei não dissesse: Não cobiçarás. 8O pecado aproveitou-se da ocasião dada
pelo mandamento e provocou em mim toda a espécie de cobiça. É que, sem a lei, o
pecado é coisa morta.
9Eu,
sem a lei, estava vivo outrora. Mas, ao chegar o mandamento, ganhou vida o
pecado 10e eu morri. E deparei-me com isto: o mandamento que me devia levar à
vida, esse mesmo levou-me à morte. 11É que o pecado, aproveitando-se da ocasião
dada pelo mandamento, seduziu-me e deu-me a morte, por meio dele. 12Por
conseguinte, a Lei é santa e o mandamento é santo, justo e bom.
13Será
então que aquilo que é bom se transformou em morte para mim? De maneira
nenhuma! O pecado é que, para se manifestar como pecado, se serviu do que é bom
e foi causa de morte para mim. Foi por meio do mandamento que o pecado ganhou
uma extrema força pecaminosa.
14Sabemos,
de facto, que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido como escravo ao
pecado. 15Assim, o que realizo, não o entendo; pois não é o que quero que
pratico, mas o que eu odeio é que faço.
16Ora,
se o que eu não quero é que faço, estou de acordo com a lei, reconheço que ela
é boa. 17Mas então já não sou eu que o realizo, mas o pecado que habita em mim.
18Sim, eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita coisa boa; pois o
querer está ao meu alcance, mas realizar o bem, isso não. 19É que não é o bem
que eu quero que faço, mas o mal que eu não quero, isso é que pratico.
20Ora,
se o que eu não quero é que faço, então já não sou eu que o realizo, mas o
pecado que habita em mim. 21Deparo, pois, com esta lei: em mim, que quero fazer
o bem, só o mal está ao meu alcance. 22Sim, eu sinto gosto pela lei de Deus,
enquanto homem interior. 23Mas noto que há outra lei nos meus membros a lutar
contra a lei da minha razão e a reter-me prisioneiro na lei do pecado que está
nos meus membros.
24Que
homem miserável sou eu! Quem me há-de libertar deste corpo que pertence à
morte? 25Graças a Deus, por Jesus Cristo, Senhor nosso!
Concluindo:
eu sou o mesmo que, com o espírito, sirvo a lei de Deus e, com a carne, a lei
do pecado.
Pequena agenda do cristão
Quarta-Feira
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito:
Simplicidade e modéstia.
Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.
Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.
Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.
Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.
Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?
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